Universidade Federal Da Bahia Política Na Performance
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE TEATRO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARTES CÊNICAS STEPHANIE BANGOURA POLÍTICA NA PERFORMANCE: WATUTSI NAS RUAS DE SALVADOR, BAHIA (1970-1989) Salvador 2012 STEPHANIE BANGOURA POLÍTICA NA PERFORMANCE: WATUTSI NAS RUAS DE SALVADOR, BAHIA (1970-1989) Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Artes Cênicas, Escola de Teatro, Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Artes Cênicas. Orientadora: Profª Drª Suzana Martins Salvador 2012 STEPHANIE BANGOURA POLÍTICA NA PERFORMANCE: WATUTSI NAS RUAS DE SALVADOR, BAHIA (1970-1989) Dissertação apresentada como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Artes Cênicas, Escola de Teatro, Universidade Federal da Bahia Aprovada em 04 de julho de 2011 Banca Examinadora Profª Drª Suzana Martins – Orientadora____________________________________ Universidade Federal da Bahia Profª Drª Jolanta Rekawek______________________________________________ Universidade Estadual de Feira de Santana Profª Drª Maria Albertina Grebler_________________________________________ Universidade Federal da Bahia Dedico este trabalho à minha filha Luisa Bangoura, uma afro-alemã que dança entre o racismo do negro contra o branco e o racismo do branco contra o negro, e corre rápido e longe do machismo com sua filosofia de vida: “só felicidade”. Dedico este trabalho para Núbia Kaftusi, filha de Kafuné e Watutsi, que gostou de provocar seu pai ausente, dizendo: “Eu gosto de ficar com os marginais, não tenho medo de morrer”. Também rebelde, orgulhosa, agressiva e corajosa, confrontou suas frustrações de não ser ouvida. Assassinada, seu corpo foi entregue na porta da casa de sua mãe Kafuné, em Brotas, Salvador, em abril de 2011. Dedico este trabalho a todas as filhas. AGRADECIMENTOS Ao Programa de Pós-Graduação em Artes Cênicas da UFBA, pelo apoio, infraestrutura, qualidade e simpatia dos professores e professoras, pesquisadores e funcionários. Ao CNPq, pelo apoio financeiro e, sobretudo, pelo estímulo proporcionado pela aceitação do meu trabalho. À Suzana Martins, orientadora, pelas reflexões, indicações, inspirações, uma guia determinada. À banca examinadora composta pelas professoras-doutoras Bete Grebler, do PPGAC/UFBA, e Jolanta Rekawek, da UEFS, pelas contribuições relevantes no processo de escrita desta dissertação. Aos entrevistados João Jorge, Clyde Morgan, Antonio Godi, Mestre King, Edo Omo Oguian, Raimundo Bujão, Bira Reis, Iraquitan, Negrizum, Nadir Nóbrega, Tânia Bispo, Vovô, Gabi Guedes, Jussara Santana, Ismine Lima e todos os outros artistas afro-contemporâneos, os quais celebram a força e o conhecimento das tradições africanas no contexto da pós-modernidade com os desafios da globalização. À família de Watutsi, sua mãe Dona Alexandrina, sua primeira esposa Kafuné e sua filha Núbia, por me receber nas conversas em seus lares. À esposa atual de Watutsi, Petra Sorge, por intermediar as conversas entre mim e Watutsi. À minha irmã, Bettina Walter, por me apresentar a Watutsi. À minha mãe e ao meu pai, que me apoiaram, independente da sua opinião sobre minha escolha de entrar no mundo acadêmico. A Watutsi, por sua confiança em meu cuidado em relação à exposição da sua imagem nesta pesquisa, que envolve também, segundo o próprio artista, um risco para a sua própria vida. Aos meus mestres, mestras, amigos e amigas Alexander Perreira, Frank Händeler, Mirella Misi, Verônica de Moraes, Jolanta Rekawek e Joana Mascarenhas, pelo encorajamento e apoio. RESUMO Esta dissertação tem como objetivo contextualizar e analisar as atuações performáticas do artista de rua afro-baiano Watutsi, as quais representam uma luta contra o racismo, na cidade de Salvador, entre 1970 a 1989, assim como investigar as possíveis relações entre arte, política e espiritualidade com o enfoque específico na dança afro-baiana. A pesquisa foi fertilizada pelo meu envolvimento artístico com o performer entre 1992 a 1996, na Alemanha, e depois, com a minha trajetória profissional relacionada com as danças das etnias Yorubá, Mandingue e Uolof, nas seguintes cidades: Dakar, Paris, Nova York, Havana e Salvador. Um destes trabalhos foi averiguar o fundamento, o valor artístico e sócio-político deste performer, considerado por muitos baianos entrevistados por mim como um artista anarquista e de vanguarda. Durante a pesquisa desenvolvida entre 2008 e 2011, realizei uma série de entrevistas, em Salvador, com os seus contemporâneos, que representam personalidades-chave na história e na atualidade da vida cultural baiana e do Movimento Negro de Salvador, e também com Watutsi, via correio eletrônico, por telefone e pessoalmente. Muitas destas entrevistas foram digitalizadas e transcritas. As ideias expostas nesta dissertação foram discutidas por meio de teorias que abordam o racismo e as questões das identidades culturais. Por outro lado, dos conceitos das Performance Studies, foram utilizados como conceitos teóricos operacionais para discutir a questão a negritude e Re-africanização (RISÉRIO, 1981). Desta forma, os conceitos, as concepções artísticas e os valores estéticos das performances de Watutsi são contemplados com o intuito de contribuir para dimensionar o seu papel na história da dança afro-baiana, na cidade de Salvador. PALAVRAS-CHAVE: Watutsi, racismo, performance, dança afro-baiana. RESÜMEE Ziel der vorliegenden Dissertation ist es, die Hintergründe der Arbeit des brasiliansichen Strassenperformer Watutsi vorzustellen und im historischen Kontext zu analysieren. Seine Arbeit ist als Kampf gegen Rassismus, gegen die Diskriminierung der “Schwarzen” durch die “Weissen” in Salvador zwischen 1970 und 1989 zu verstehen. Diese Arbeit untersucht die Beziehungen zwischen Kunst, Politik und Spiritualität mit Schwerpunkt auf die afrikanischen Tanzsprachen. Hauptanliegen ist es den künstlerischen Aspekte und die sozial-politische Wirkung der Arbeit, die als avantgardistisch und anarchisch bezeichnet wird, zu untersuchen,Theorien über Rassismus und kulturellen Identität. werden im Zusammenhang mit Performances, Negritude und Reafrikanisierung nach RISÉRIO, 1981diskutiert. Künstlerische Konzeption, Werte, Ethik und Ästhetik dieses zeitgenössischen Straßenkünstlers mit seinen sakralen und sozialpolitischen Performances sind erläutert um so seine Rolle in der Geschichte des afro-baianischen Tanzes in der Stadt Salvador erstmalig einzuordnen. Meine professionellen Erfahrungen mit dem Künstler zwischen 1992 und 1996 in Deutschland, sowie meine langjährigen Tanz-Studienaufenthalte in den afrikanischen Kultur-Hauptstädten Dakar, Paris, New York, Havanna und Salvador gaben mir die Möglichkeit mir einen ganz direkten Zugang zur den Protagonisten und Schauplätzen der afro-brasilianischen Tanzkultur.Während meiner Feldforschung von 2008 bis 2011 in Salvador habe ich zahlreiche Zeitgenossen von Watutsi interviewt,die wichtige historische Persönlichkeiten der Schwarzenbewegung und heute zentrale Positionen im kulturellen Leben von Salvador besetzen. Watutsi habe ich persönlich, über Telefon und Internet interviewt. Viele der Interviews sind digitalisiert und transkribiert. Schlüsselworte: Watutsi, Rassismus, Performance, afro-baianische Tänze LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Stephanie Bangoura e Doudou Rose.............................................................15 Figura 2 – Watutsi, Alemanha.........................................................................................21 Figura 3 – Performance de KAFTUSI, Forte Santo Antônio- Forte.................................28 Figura 4 – Bira Reis, músico............................................................................................29 Figura 5 – Performance KAFTUSI, Salvador, entre 1972 e 1989...........................................30 Figura 6 – Cartaz, Watutsi................................................................................................36 Figura 7 – Vovô, presidente do Bloco Afro Ilê Aiyê..........................................................40 Figura 8 – Mestre Didi, escultura.....................................................................................44 Figura 9 – Antonio Godi e Raimundo Bujão....................................................................46 Figura 10 –João Jorge, presidente do Bloco Afro Olodum........................................47 Figura 11 – Mestre King, aula de dança..........................................................................49 Figura 12 – Capa do livro histórico de Forte Santo Antônio..........................................61 Figura 13 – Planta baixo de Forte Santo Antônio..........................................................62 Figura 14 – Mestre Moraes............................................................................................64 Figura 15 – Bandafro no Forte Santo Antônio...............................................................68 Figura 16 – Performance: Jamaica, Watutsi no Forte...................................................81 Figura 17 – Watutsi com berimbau, Alemanha...............................................................85 Figura 18 – Performance, Watutsi e Yemanja, Alemanha..............................................92 Figura 19 – Aula, Stephanie Bangoura..........................................................................108 Figura 20 – Performance, Stephanie Bangoura, Escola de Dança,UFBA......................114 Figura 21 – Ensaio, Stephanie Bangoura, Escola de Dança, UFBA..............................114 Figura 22 – Performance Metamorfoses, Frank Händeler.............................................109