Ser Preso Na Bahia No Século Xix

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Ser Preso Na Bahia No Século Xix CLÁUDIA MORAES TRINDADE SER PRESO NA BAHIA NO SÉCULO XIX Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em História. Orientador: Professor Doutor João José Reis Salvador – Bahia 2012 CLÁUDIA MORAES TRINDADE SER PRESO NA BAHIA NO SÉCULO XIX Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia – UFBA, sob orientação do Professor Doutor João José Reis. Este exemplar corresponde à redação final da Tese defendida e aprovada pela Comissão Julgadora em 05/12/2012. BANCA Prof. Dr. João José Reis (orientador) – UFBA __________________________________ Profª Dra. Maria Cecília Velasco e Cruz (coorientadora) – UFBA __________________ Profª Dra. Gabriela dos Reis Sampaio – UFBA _________________________________ Prof. Dr. Marcos Luiz Bretas da Fonseca – UFRJ________________________________ Prof. Dr. Walter Fraga Filho – UFRB _________________________________________ Prof. Dr. Luiz Cláudio Lourenço – UFBA (suplente) _____________________________ Prof. Dr. Aldrin Armstrong Silva Castellucci (suplente) ___________________________ ___________________________________________________________________________ Trindade, Cláudia Moraes T833 Ser preso na Bahia no século XIX / Cláudia Moraes Trindade. – Salvador, 2012. 304f. : il. Orientador: Prof. Dr. João José Reis. Tese (Doutorado) – Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Salvador, 2012. 1. Prisão – Bahia – História – Século XIX. 2. Presos – Bahia – Século XIX. 3. Trabalho Penitenciário – Bahia – Século XIX. I. Reis, João José. II. Título. CDD – 365.34 Para meu pai e minha mãe. Para meu esposo, pelo apoio e carinho. Para meus filhos. RESUMO Esta tese estuda o cotidiano dos presos da Casa de Prisão com Trabalho na segunda metade do século XIX. A instituição, primeira penitenciária da Bahia, inaugurada em 1861, foi o principal símbolo da reforma prisional e do aprisionamento moderno da província. A partir das petições e cartas de presos identifico a existência de uma ordem costumeira na prisão com igual ou, em alguns aspectos, maior força do que a oficial, mas que não anulava a arbitrariedade e a violência desta última. Mas essa ordem paralela podia ser rompida a qualquer momento, fosse por confrontos entre os próprios presos ou entre estes e os funcionários. Dentre os meios de protesto, a escrita foi um dos mais utilizados pelos presos e, dependendo da estratégia sugerida nas cartas, era possível conquistar espaços sem romper com a ordem prisional. O recurso à escrita foi utilizado por presos, letrados ou não, de diferentes condições jurídicas - escravos, libertos e livres -, independentemente do tipo de pena que estivessem cumprindo. Para entender mais apuradamente esses temas, reconstituo as trajetórias de Francisco Ribeiro de Seixas, condenado pela morte de sua cunhada-amante, e de Julio Cesar Guanaes do Alfa, condenado pela morte de um padre. Suas biografias nos remetem à de muitos outros presos que percorreram caminhos parecidos, e permitem deslindar as complexas relações sociais que teciam o dia-dia da prisão e sua interação com a sociedade envolvente. Palavras-chaves: Presos; Casa de Prisão com Trabalho (Penitenciária); História - Bahia, Século XIX. ABSTRACT This dissertation is a study of the daily life of prisoners in the Casa de Prisão com Trabalho (Prison- Workhouse) in the second half of the 19th century. This institution, Bahia's first penitentiary, inaugurated in 1861, was the main symbol of prison reform and modern imprisonment in the province. Based on petitions and letters written by inmates, I was able to unveil the existence of a customary order in the prison that existed side by side with, and in some aspects stronger than the official order, which, nevertheless, did not obliterate the arbitrariness and the violence of rooted in the latter. This parallel order could be broken any time by conflicts involving prisoners, or between the latter and jailers. Among the different means of protest, writing was among the most used by prisoners and, depending on the strategy suggested in letters and petitions, it was possible to conquer breathing space without breaking with the prison order. Be they literate or not, enslaved, freed or free, regardless of the kind of setence they were serving, prisoners resorted to writing. In order to understand these issues more accurately, I reconstructed two life stories: that of Francisco Ribeiro de Seixas, convicted for killing his lover and sister-in-law, and that of Julio Cesar Guanaes do Alfa, convicted for killing a priest. Their biographies remind us of many other prisoners who walked on similar paths, and allow us to unravel the complex social relationships that wove the everyday life of the prison and its interaction with the surrounding society. Keywords: Prisoners, Prison-Workhouse (Penitentiary); History - Bahia, 19th Century. AGRADECIMENTOS Meu especial agradecimento ao professor João José Reis pela orientação competente e, acima de tudo, tranquila. Sempre esteve disponível para dirimir dúvidas, apontar e ampliar possibilidades de pesquisa. Seus comentários, críticas, indicações bibliográfica, principalmente a estrangeira, fontes documentais, foram decisivos para a elaboração desta tese. Também sou grata a ele pela confiança que sempre depositou em meu trabalho. Agradeço à professora Maria Cecília Velasco e Cruz pela coorientação segura e sempre presente. Desde os primeiros passos da pesquisa ela indicou bibliografia e apontou caminhos sempre certos. Seus comentários foram extremamente valiosos para o desenvolvimento da tese. Aos professores e funcionários do Programa de Pós-Graduação em História (PPGH) da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em especial aos professores Evergton Sales Souza e Ligia Belini. Aos colegas da pós-graduação, que discutiram a fase inicial do projeto dessa tese na disciplina de Metodologia. Ao grupo de pesquisa “Escravidão e Invenção da Liberdade”, do qual faço parte, pelas críticas e sugestões apresentadas na discussão dos capítulos 2, 3 e 4 da tese. Além disso, quero registrar o quanto tenho aprendido em nossas reuniões quinzenais e como elas têm contribuído para o meu amadurecimento intelectual. Sou grata a todos os membros do grupo. Agradeço aos funcionários dos arquivos e bibliotecas onde pesquisei, que sempre me receberam com muito carinho, profissionalismo e disponibilidade, especialmente os do Arquivo Público do Estado da Bahia, na pessoa de Maria Edite Pita Costa, onde está depositada a maioria dos documentos aqui utilizados. Agradeço a Marina da Silva Santos, da Biblioteca da FFCH/UFBA. No Laboratório Reitor Eugênio Veiga (LEV), da Universidade Católica do Salvador (UCSAL), que tem sob custódia a documentação do Arquivo da Cúria Metropolitana do Salvador, pesquisei os registros eclesiásticos de batismo, casamento e óbito. Sou grata aos professores Cândido da Costa e Silva e Venétia Durando Braga Rios pelos esclarecimentos dos costumes religiosos tratados em minha pesquisa. À querida amiga Renata Soraya Bahia de Oliveira, coordenadora do LEV, meu especial agradecimento pelo apoio, interlocução, solicitude e pelo competente trabalho de transcrição paleográfica dos anexos que se encontram no final desta tese. Agradeço também à professora Ana Maria Villar Leite, responsável pela restauração de documentos. Agradeço ao professor Walter Fraga Filho pela leitura atenta dos capítulos apresentados para a qualificação, que muito contribuiu para ampliar minhas ideias e melhorar a tese; às professoras Wlamyra Albuquerque e Lisa Earl Castillo pelas sugestões bibliográficas e indicações de fontes documentais. À professora Gabriela dos Reis Sampaio pela leitura cuidadosa, críticas e sugestões. Aos colegas Carlos Francisco da Silva Junior, Rafael Portela, Robério Santos Souza, Daniele Santos Souza e Valéria Costa, agradeço pela amizade e pela indicação de bibliografia e fontes, entre outras parcerias. Sou grata a André Luís Freire Lima Filho por me auxiliar na pesquisa durante alguns meses. Urano Andrade me ajudou decisivamente na coleta de dados ao longo de praticamente todo o período da pesquisa. Sem sua ajuda teria sido muito difícil dar conta de tantos documentos. Agradeço a Jacira Cristina Santos Primo pela sua ajuda competente na elaboração do banco de dados dos presos da Cadeia da Correção. Meu reconhecimento também ao professor Carlos Aguirre, do Departamento de História da Universidade de Oregon, pelo envio de material bibliográfico e por se ter colocado à disposição para dirimir dúvidas, quando necessário. Igualmente ao professor Marcos Luiz Bretas da Fonseca, pela interlocução, indicação de bibliografia e de fontes documentais, além da confiança e interesse que tem demonstrado em meu trabalho. Agradeço aos colegas Marilene Sant'Anna, Carlos Eduardo Araújo, Caiuá Cardoso Al- Alam, Marcos Pedrosa, Flávio de Sá Neto, Clarissa Nunes Maia, historiadores dedicados à história das prisões e dos presos no século XIX, pelo diálogo enriquecedor que temos travado nesses últimos anos. Agradeço os membros dos grupos de pesquisa Laboratório de Segurança Pública, Cidadania e Solidariedade (LASSOS) e Núcleo de Estudos Interdisciplinares em Saúde, Violência e Subjetividade (SAVIS), ambos da Universidade Federal da Bahia, pela interlocução multidisciplinar que muito contribuiu para o amadurecimento de minhas ideias. Sou especialmente grata aos professores
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