O Globo Repórter Dos Anos 70

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O Globo Repórter Dos Anos 70 Departamento de Comunicação EXPERIÊNCIAS AUDIOVISUAIS ENTRE A TELEVISÃO E O CINEMA: O GLOBO REPÓRTER DOS ANOS 70 Aluno: Caíque Mello Orientadora: Andréa França Introdução Globo Repórter Quando eu fui fazer o , o que me chamou a ção era que eu poderia fazer imagem. O Globo Repórter aten às 11 da noite. A censura acabava às 10. Às onze da noite, a era censura era muito mais preocupada com o texto do locutor. Ela ão percebia que existia a imagem n ... E eu saquei isso de cara e passei a me dedicar a fazer imagem. Walter Lima Junior Globo Repórter é o único programa televisivo, de origem documental, que está no ar O é hoje. Surgiu no período mais repressivo do regime militar, nos anos 70, sobrevi à at vendo údo mais preocupada c ditadura e se adequando sobretudo a uma censura de conte om íveis provocações e críticas políticas do que com questões ligadas aos procedimentos de poss ístico de enorme sucesso de público e de crítica linguagem. Tratava-se de um programa jornal às 23 horas, dando continuidade a que estreou em 04 de abril de 1973, o seu precursor, o Globo-Shell Especial érie de documentários que entrou no ar pela primeira vez em 14 , uma s ém no horário das 23 horas. Os altos índices de audiência de de novembro de 1971, tamb Globo Repórter iriam fazer com que, um ano depois, em setembro de 1974, o programa ário nobre, às 21 horas, entre a novela das oito e a das dez. passesse a ocupar o hor ícula, já no início dos anos 80 o programa começaria a ser feito Inicialmente filmado em pel ídeo, uma alternativa mais barata e mais rápida dentr ção e edição em v o do processo de grava das imagens. ção de diretores brasileiros – A particularidade de que uma expressiva gera como ão Batista de Andrade, Geraldo Eduardo Coutinho, Maurice Capovilla, Walter Lima Jr., Jo ários na grade de Sarno, Hermano Penna, entre outros - tenha produzido e exibido document ção da Rede Globo durante o íodo mais repressivo do programa per regime militar, com filmes ções éticas que contribuiriam para problematizar/criticar a realidade brasileira e questionar op éticas comuns ao ário brasileiro daquele período, é uma das questões que esta e est document pesquisa vem estudando. Trata-se de uma particularidade a ser analisada porque muitos destes órias ligadas às questões da revolução nacional cineastas tiveram trajet -popular no Brasil dos às formas de engajamento político propostas pelo Cinema anos 60, alguns deles vinculados ão Nacional dos Estudantes (CPC da UNE Novo e pelo Centro Popular de Cultura da Uni ). Se, âncias fizeram com que o trabalho naqueles anos dent de fato, diversas circunst ro da Globo fosse menos controlado do que se poderia imaginar, a pesquisa vem investigando, nos filmes realizados e exibidos, o modo como a censura, interna e externa, ajudou os novos ão a abandonar a sua herança radiofônica e a nar ção sociológica, profissionais de televis ra ática comum no cinema docum ário brasileiro dos anos 60 ção da pr ent , em prol de uma explora éticas e narrativas. imagem mais preocupada em experimentar suas possibilidades est pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Departamento de Comunicação íodo é uma simbiose O que se percebe, em alguns dos filmes mais interessantes do per , é no mínimo intrigante entre diversos procedimentos documentais e ficcionais, cujo resultado íodo histórico e o contexto político do país. A importância desses quando consideramos o per ários feitos para a televisão está relacio ário document nada a um contexto de crise do document écada de 60 e, por conseguinte, a uma nova proposição de registro da realidade brasileiro na d ário encontramos cineastas social. Em busca dessa nova maneira de fazer document , dentro da ão mais crítica ís e, ainda, em TV, preocupados em trazer uma vis da sociedade e do pa ário e telejornal. discutir e propor novos modos de fazer cinema document é que a üidades, com a mão direita punia O que se percebe ditadura militar tinha ambig çadores – é mesmo artistas e intelectuais duramente os opositores que julgava mais amea at -, e ía um lugar dentro da ordem não só aos que se dispunham a colaborar, mas com a outra atribu ém a ção. Isso porque concomitante à censura e à repressão tamb intelectuais e artistas de oposi ítica, fic écada de 1970 a existência de um projeto modernizador em pol aria evidente na d ção e cultura órter um dos frutos deste projeto. comunica , sendo o programa Globo Rep Influências históricas: o cinema nacional-popular e o cinema direto ções nos anos 60 é fundamental para Apreender o significado do popular e suas varia órter surgiu. que possamos compreender o contexto em que o programa do Globo Rep ício da década de 60, os termos “povo” e “popular” estavam na ordem do dia. No in ínio, no final da década áfica Vera Cruz e sua Apesar do decl de 50, da Companhia Cinematogr éia de representar o povo imagem de cordialidade do povo brasileiro, a id , no entanto, ício da década seguinte. Barravento continuava presente nas telas de cinema, no in (1962), de é bastante Glauber Rocha, rompe com a proposta da Vera Cruz. A ruptura trazida pelo filme ática da época. A Vera Cruz produzia imagens dessa cordialidade que reveladora da problem à terra, ancorando toda imagem a uma nação. Essa cordialidade seria capaz de liga o homem ção natural entre o homem e seu lugar, e uma adequação entre a percepção criar uma integra ção. Glauber, por outro lado, apontava que essa harmonia não dava dos personagens e sua a á conta nem do todo nacional, nem era capaz de coloc -lo em crise. ência O fim da companhia Vera Cruz coincide com um momento de grande efervesc ís, do qual destacaremos duas principais vertentes. Uma delas, o Cinema Novo, cultural do pa ém da crítica cinematográfica, produzia foi animada decisivamente por Glauber Rocha, que, al ’s da UNE (Centro Popular de Cultura seus primeiros filmes. A outra era formada pelos CPC ão Nacional dos Estudantes), os quais estavam espalhados por todo o país, da Uni “arte engajada”. A esse movimento, chegaram preconizando um modelo nacional-popular de árias áreas, como o cineasta Eduardo Coutinho e o poeta Ferreira Gullar. a se unir artistas de v época, a esquerda nacional Nesta -popular reivindicava que a obra de arte tratasse da ‘realidade do país’, com uma linguagem acessível a um público o mais amplo possível. Os ’s ções tais como ‘cultura alienada’, ‘colonialismo’ e ‘autenticidade CPC lidavam com no ’, em busca de uma conscientização das massas e da constituição de uma arte cultural verdadeiramente popular. “Eficiente na escolha de um ‘modo de produção’ factível e lúcida ções em suas op éticas, a nova geração desenhou o projeto político de uma est cultura audiovisual ítica e conscientizadora quando o nacional cr -populismo parecia ainda uma alternativa ável para conduzir as reformas de estrutura ís apoiado pela militân vi do pa cia sindical e pelos partidos de esquerda. Neste momento, falou a voz do intelectual militante – mais do que a do profissional de cinema foi o momento de questionar o mito da écnica e da burocracia da ção em nome da liberdade de criação e do mergulho t produ ário que se traduziu na ‘estética da fome’, em que a escassez de na atualidade. Ide ça expressiva e o cinema encontrou a linguagem capaz recursos se transformou em for ça dramática os seus temas sociais, injetando a categoria do de elaborar com for pdfMachine A pdf writer that produces quality PDF files with ease! Produce quality PDF files in seconds and preserve the integrity of your original documents. Compatible across nearly all Windows platforms, simply open the document you want to convert, click “print”, select the “Broadgun pdfMachine printer” and that’s it! Get yours now! Departamento de Comunicação ário do cinema moderno que, na Europa, tematizava a questão nacional no ide da ” subjetividade no ambiente industrial em outros tempos. ém das influências dos movimentos nacionais Al -populares para os cineastas do Globo órter, existia outra revolução acontecendo f écnica Rep ora do Brasil, no campo da t áfica que iria provocar mudanças radicais no modo de se fazer filmes, em especial cinematogr ários. document Em artigo publicado em 1966, David Neves explicou o interesse dos ça brasileiros pelas novidades que vinham da Fran : “No Brasil, o interesse pelo cinema ênfase na medida em que eram -direto teve maior ários tanto nosso parque de equipamentos como a economia de produção de prec ção do panorama nossos filmes. Nos grupos em que fervilhava o interesse pela renova á cinematogr fico brasileiro, o novo tipo de cinema sempre despertou certa curiosidade. ção qu ícias do extraordinário Duas eram as fontes de informa e traziam as not çado pelos processos de filmagem e gravação: a revista francesa progresso alcan éma, com a ¯revelação‖ de Jean Rouch, e a revista americana Cahiers du Cin és de suas reportagens e seus anúncios”. American Cinematographer, atrav ção da técnica do direto, os cineastas que antes dispunham de imagens Com a inven ções e da fala controlada dos locutores (baseada em textos escritos, captadas em loca údio, agora também podiam sair às ruas, principalmente) e de outros sons produzidos no est ouvir as vozes, ser afetados por uma multiplicidade de falas e de sotaques.
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