Luã Ferreira Leal Compassos E Descompassos
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LUÃ FERREIRA LEAL COMPASSOS E DESCOMPASSOS: A MÚSICA POPULAR E O TEMPO DA TRADIÇÃO CAMPINAS 2015 ¡ ¡¡ UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS LUÃ FERREIRA LEAL COMPASSOS E DESCOMPASSOS: A MÚSICA POPULAR E O TEMPO DA TRADIÇÃO ORIENTADOR: Prof. Dr. Renato José Pinto Ortiz Dissertação de mestrado apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas para obtenção do Título de Mestre em Sociologia Este exemplar corresponde à versão definitiva da dissertação defendida por Luã Ferreira Leal e orientada pelo Prof. Dr. Renato Ortiz, aprovada no dia 06/05/2015. CAMPINAS 6 de maio de 2015 ¡¡¡ Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas Cecília Maria Jorge Nicolau - CRB 8/3387 Leal, Luã Ferreira, 1991- L473c L ¡ Compassos e descompassos : a música popular e o tempo da tradição / Luã Ferreira Leal. – Campinas, SP : [s.n.], 2015. L ¡ Orientador: Renato José Pinto Ortiz. L ¡ Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. L ¡ 1. Cultura popular. 2. Historiografia. 3. Música popular. 4. Crítica musical. I. Ortiz, Renato,1947-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. III. Título. Informações para Biblioteca Digital Título em outro idioma: Measures and mismatches : popular music and the age of tradition Palavras-chave em inglês: Popular culture Historiography Popular music Musical criticism Área de concentração: Sociologia Titulação: Mestre em Sociologia Banca examinadora: Renato José Pinto Ortiz [Orientador] Michel Nicolau Netto José Roberto Zan Data de defesa: 06-05-2015 Programa de Pós-Graduação: Sociologia ✐ v vi Resumo O passado é ordenado mediante a definição de princípios de classificação e a atribuição de níveis de relevância dos fatos históricos. A música popular entre as décadas de 1960 e 1970 era objeto de reflexão na imprensa enquanto as pesquisas no âmbito universitário estavam voltadas para outros enfoques de interpretação da sociedade brasileira. Mesmo com a recente inserção da música popular nos debates de cientistas sociais e historiadores profissionais, a escrita da história efetuada por jornalistas ainda forma o núcleo dos “clássicos” da bibliografia sobre o tema. A fonte principal das referências sobre a música popular nos centros urbanos do Brasil pode ser encontrada em um conjunto de textos publicados desde o século XIX por memorialistas e cronistas. A partir da década de 1960, Ary Vasconcelos, José Ramos Tinhorão e Sérgio Cabral, devido à ampla circulação de seus textos e à dimensão de seus acervos com discos, documentos e objetos relacionados à história da música popular brasileira, conquistaram prestígio como “redescobridores” dos músicos do passado. A produção intelectual dos historiadores não acadêmicos – em sua maioria, profissionais das redações de jornais e revistas – pode ser analisada como diagnóstico das transformações sociais na segunda metade do século XX. Para os historiadores-jornalistas convertidos ao posto de pesquisadores da música, a alegada “autenticidade” do elemento popular confere os traços da identidade brasileira. Os textos de Ary Vasconcelos, José Ramos Tinhorão e Sérgio Cabral serão analisados para a compreensão da construção dos pilares do panteão da música popular brasileira entre a década de 1960 e o início da década de 1980. Na condição de defensores do “popular”, os três autores conciliam a busca pela preservação da música com características tidas como nacionais e a repreensão aos desvios à “tradição”, os quais ocorrem com a comercialização da cultura do “povo” brasileiro. Palavras-chave: cultura popular, historiografia, música popular, crítica musical. vii viii Abstract The past is ordered by the definition of classification principles and the assignment of levels of relevance of historical facts. Popular music in the 1960s and 1970s was an object of reflection in the press while research in the university was focused on other approaches to interpretation of Brazilian society. Despite the recent inclusion of popular music in discussions among social scientists and professional historians, the writing of history made by journalists still forms the core of the “classics” of literature on the theme. The main source of reference to popular music in urban centers in Brazil can be found in a set of texts published since the 19th century by witnesses and chroniclers. From the 1960s, Ary Vasconcelos, José Ramos Tinhorão and Sérgio Cabral — given the wide circulation of their texts and the size of their collections of records, documents and objects related to the history of Brazilian popular music — gained prestige as “rediscoverers” of the musicians of the past. The intellectual production of non-academic historians (mostly newspapers and magazines newsrooms professionals) may be taken as a diagnosis of social changes in the second half of the 20th century. For these journalist-historians converted to the position of music researchers, the alleged “authenticity” of the popular element conveys the Brazilian identity. The writings of Ary Vasconcelos, José Ramos Tinhorão and Ségio Cabral are analyzed in order to understand the building of the Brazilian popular music pantheon pillars between the 1960s and the early 1980s. In the condition of guardians of “the popular”, the three authors concile the pursuit for preserving the music characterized as national and reprehending of deviations to the “tradition”, defined as commercialization of the brazilian “popular” culture. Keywords: popular culture, historiography, popular music, musical criticism. ix x Agradecimentos Esta dissertação de mestrado é resultado de um trabalho exaustivo. Somente consegui finalizar a árdua tarefa porque travei bons diálogos em eventos acadêmicos, reuniões de grupos de pesquisa e conversas informais. Consegui, assim, aprimorar as diretrizes da pesquisa. Agradeço a colaboração de quem comentou, criticou ou sugeriu caminhos para os meus estudos sobre “compassos e descompassos” da historiografia da música popular. Resultado de um processo colaborativo, as ideias expostas na dissertação foram comentadas por colegas e professores do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Unicamp. Todas as sugestões foram anotadas, mas somente consegui inserir algumas no trabalho. De qualquer forma, sinto-me lisonjeado por ter ouvido tantos comentários instigantes. Os funcionários da biblioteca do Centro Cultural do Banco do Brasil, da Divisão de Música e Arquivos Sonoros da Biblioteca Nacional, do CEDOC da Funarte e das bibliotecas da Unicamp, sobretudo das unidades do IFCH, do IA, do IEL, do IE e do setor de Obras Raras da BCCL, contribuíram de maneira significativa para a realização do levantamento bibliográfico. Durante o curso de mestrado, o Prof. Dr. Marcelo Ridenti e a Prof.ª Dr.ª Elide Rugai Bastos testemunharam alguns desdobramentos da pesquisa em sala de aula e no exame de qualificação. Os professores Michel Nicolau Netto e José Roberto Zan, titulares na banca de defesa, também colaboraram em diferentes momentos da jornada. Ao meu orientador, o Prof. Dr. Renato Ortiz, agradeço por acreditar no projeto. A bolsa concedida pela Capes foi fundamental para o desenvolvimento da pesquisa. xi xii Sumário Música Popular Brasileira: o ritmo da mudança e o tempo da tradição ........................... 1 Capítulo 1 O silêncio e os sons......................................................................................... 5 O desaparecimento do popular...................................................................................... 7 As lacunas ................................................................................................................... 16 Intérpretes do Brasil e da música popular brasileira................................................... 23 As tramas do passado no presente .............................................................................. 28 A definição das fontes: indícios dos horizontes de leitura.......................................... 51 Os emissores dos ruídos.............................................................................................. 56 Capítulo 2 “Jardim florido de amor e saudade”: tons cariocas sobre a música popular. 67 “Berço do samba e das lindas canções”...................................................................... 71 Do popular ao autêntico.............................................................................................. 82 A ida ao povo.............................................................................................................. 91 “O novo é o povo” ...................................................................................................... 97 Música, popular e brasileira...................................................................................... 105 A ida ao mercado ...................................................................................................... 111 A preservação da raiz................................................................................................ 119 Capítulo 3 Entre o novo e o povo................................................................................. 125 Música popular carioca............................................................................................. 127 “Estamos praticamente na estaca zero” .................................................................... 137 Da raiz aos frutos .....................................................................................................