Do Ressentimento À Cicatriz: Memória E Exílio Em Ferreira Gullar

Total Page:16

File Type:pdf, Size:1020Kb

Do Ressentimento À Cicatriz: Memória E Exílio Em Ferreira Gullar VIVIANE APARECIDA SANTOS DO RESSENTIMENTO À CICATRIZ: MEMÓRIA E EXÍLIO EM FERREIRA GULLAR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS: TEORIA LITERÁRIA E CRÍTICA DA CULTURA Novembro de 2010 VIVIANE APARECIDA SANTOS DO RESSENTIMENTO À CICATRIZ: MEMÓRIA E EXÍLIO EM FERREIRA GULLAR Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Letras da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Letras. Área de Concentração: Teoria Literária e Crítica da Cultura Linha de Pesquisa: Literatura e Memória Cultural Orientadora: Profª. Drª. Maria Ângela de Araújo Resende PROGRAMA DE MESTRADO EM LETRAS: TEORIA LITERÁRIA E CRÍTICA DA CULTURA Novembro de 2010 VIVIANE APARECIDA SANTOS DO RESSENTIMENTO À CICATRIZ: MEMÓRIA E EXÍLIO EM FERREIRA GULLAR Banca Examinadora: Profª. Drª. Maria Ângela de Araújo Resende - UFSJ Orientadora Profa. Dra. Terezinha Maria Scher Pereira- UFJF Profa. Dra. Eliana da Conceição Tolentino – UFSJ Profa. Dra. Eliana da Conceição Tolentino Coordenadora do Programa de Mestrado em Letras São João del-Rei, 05 de novembro de 2010 A arte existe porque a vida não basta. Ferreira Gullar AGRADECIMENTOS A Deus, fonte primeira de inspiração e grande responsável por esta vitória. À Maria Ângela que, mais do que orientadora, foi uma amiga paciente e compreensiva, sempre apontando os caminhos a serem trilhados. Obrigada por acreditar na minha capacidade, por contribuir para o meu crescimento. Agradeço os direcionamentos, interferências e contribuições tão necessárias e decisivas para a realização deste trabalho. A meus pais, Heitor e Maria, a quem eu devo tudo o que tenho e sou. Obrigada pelo exemplo de vida que sempre foram para mim; pelo incentivo, apoio e paciência diários e pela confiança que sempre depositaram em meu potencial. Esta vitória é de vocês! A minha irmã, Ana Maria, pela paciência em dias conturbados e sem inspiração. A minha irmã, Andresa, que, onde quer que esteja, sei que pediu a Deus para que eu cumprisse esta etapa tão importante da minha vida. A minha avó, Herondina, por seu afeto e ternura. A meus professores do mestrado, com quem aprendi não apenas conteúdos acadêmicos, mas lições concretas de humildade e respeito. Agradeço a vocês pela competência, seriedade e compreensão. Não poderia deixar de mencionar de maneira especial minha gratidão à Profª. Adelaine, que desde a graduação sempre acreditou no meu potencial e incentivou-me a continuar meus estudos. Agradeço ainda ao Prof. Cláudio Leitão que, na graduação, concedeu a mim a oportunidade de pesquisar e conhecer Ferreira Gullar. Vocês foram (e são) muito importantes em minha formação acadêmica. Aos amigos do mestrado, Rafael, Erivelton, Aílton, Anielli, Kátia, Juçara, Sérgio, Anamélia e Michelli. Aprendi muito com vocês e com vocês vivi os momentos mais felizes do meu mestrado. Obrigada pelo companheirismo, apoio, desabafos e pela troca de experiências. A minhas amigas Bete e Natália, presentes desde o dia da prova de seleção do mestrado. Obrigada pelo apoio e incentivo naquele momento tão difícil e, agora, por comemorar comigo mais esta vitória. À Ana Paula, amiga que sempre procurou tranquilizar-me nos momentos de desespero e falta de inspiração. Obrigada por ouvir meus desabafos e sempre ter uma palavra de incentivo para mim. À Lílian, revisora do meu texto, por sua competência, seriedade e perfeccionismo. À CAPES, pelo apoio financeiro que foi fundamental durante o curso. RESUMO Este trabalho propõe uma leitura de Poema sujo (1976) e Rabo de foguete (1998), de Ferreira Gullar, através da reflexão sobre o processo de construção da escrita memorialista, de modo a estabelecer relações entre memória e exílio. Conceitos como história, identidade, autobiografia e ficção, propostos pelas recentes teorias, foram importantes para que se pudesse construir um modo de leitura dessas obras, não perdendo de vista o conjunto da obra do autor e sua atuação como intelectual nos últimos sessenta anos da história brasileira, através de sua atividade artística, literária e intelectual. Ao discutirmos parte da poética de Gullar, procuramos buscar os pontos-chave que a nortearam e que configuram sua temática. Considerando o entrelaçamento entre as duas obras estudadas e o papel não somente literário, mas também histórico e político desempenhado por elas, abordamos as questões que se colocaram a partir da conflituosa relação entre memória, ficção e exílio. Palavras-chave: Ferreira Gullar, Literatura, memória, exílio, autobiografia. ABSTRACT The aim of this work is to read Poema Sujo (1976) and Rabo de foguete (1998) by Ferreira Gullar, reflecting about the process of writing memories in order to establish relations between memory and exile. Concepts such as history, identity, autobiography and fiction proposed by current theories were important to build a way of reading these poems. The poems have been analyzed without disregarding the author’s collection of works and his performance as an intellectual in the last sixty years of Brazilian history, through his artistic, literary and intellectual activity. When discussing part of Gullar’s poetry, we tried to find the key facts which guided it and built its main themes. Bearing in mind the relation between the two studied poems and their literary, historical and political role, we have approached the questions raised by the conflicting relation among memory, fiction and exile. Keywords: Ferreira Gullar, Literature, memory, exile, autobiography. SUMÁRIO Introdução.............................................................................................................09 Capítulo 1. A trajetória poética de Ferreira Gullar ...........................................17 1.1. Da paixão nordestina à consciência artística: Gullar sai do Maranhão e ganha as terras cariocas....................................................21 1.2. Gullar: de A luta corporal (1954) a Muitas vozes (1999).................24 Capítulo 2. A vida à margem: exílios..................................................................58 2.1. Exílios..............................................................................................59 2.2. O exílio sob o viés da memória de Ferreira Gullar..........................64 Capítulo 3. Ferreira Gullar: militância política e poética................................105 3.1. Ferreira Gullar: do neoconcretismo ao cordel................................108 3.2. A cultura e a arte sob a ótica de Ferreira Gullar............................122 3.3. O intelectual resiste em tempos de ditadura..................................127 3.4. O intelectual exilado.......................................................................130 3.5. O intelectual hoje...........................................................................134 Considerações finais.........................................................................................137 Bibliografia.........................................................................................................143 INTRODUÇÃO A memória constitui tema de interesse consolidado na crítica contemporânea, uma vez que a escrita autobiográfica e a memorialista suscitam caminhos teóricos sempre novos. Assim, os debates atuais que abordam essa questão indicam um direcionamento voltado para a revisão do passado e a forma pela qual o passado e a tradição têm sido (re)inventados e transmitidos. Há um grande interesse, acadêmico ou não, pelo que foi feito, dito ou escrito. Andreas Huyssen, no texto “Passados presentes: mídia, política, amnésia” (2000), defende que tal interesse não se configura pelo mero desejo de armazenar ou recuperar informações, mas pela vontade de se repensar o passado e o presente e, ainda, por entender o modo como se dá a inserção do sujeito histórico nesse tempo de transição. O discurso memorialista, então, passa a ganhar cada vez mais terreno no campo intelectual, tendo em vista que esta forma de expressão vai além de um processo literário de escrita, estando intimamente ligada às representações culturais, históricas, políticas e identitárias. Segundo Huyssen (2000), essa memória poderia ser considerada um instrumento de revisão da memória oficial, aquela aceita pela maioria e oficializada através de uma “violência simbólica”, como diria Michael Pollak, no texto “Memória, esquecimento, silêncio” (1989), ao fazer uso da expressão antes cunhada por Pierre Bordieu. Essa violência simbólica seria a forma encontrada pelos grupos dominantes, por assim dizer, de “oficializar” seu modo de ser, pensar e agir, incutindo nas classes dominadas suas ideias e costumes. Trata-se da tentativa de legitimar o ilegítimo de maneira tão hábil e sutil que a dominação imposta seja vista como algo natural e inevitável. Essa forma de violência se dá em diversos âmbitos e proporções, mas a cultura é o principal elemento em que ela se manifesta. O teórico alemão, no entanto, posiciona-se em defesa das memórias coletivas não reconhecidas pelos sujeitos hegemônicos, com o intuito de preservar a memória cultural. Ao refletir sobre a chamada “cultura da memória”, Huyssen, agora no livro Memórias do modernismo (1996), afirma que, a partir dos anos de 1980, a cultura modernista, apostando no futuro, começou a mudar o foco de sua atenção, de modo que houve, em todo o mundo, uma verdadeira explosão do 11 discurso da memória como um grande sintoma cultural nas sociedades ocidentais (HUYSSEN, 1996, p.12). A ideia era, a partir daquele momento, recolocar passados no presente, como uma tentativa conservadora, política, cultural e ideológica de restaurar,
Recommended publications
  • UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO Os Livros Infantis Brasileiros Que Aqui Circulam, Não Circulam Como L
    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO RELATÓRIO DE PESQUISA Os livros infantis brasileiros que aqui circulam, não circulam como lá NORMA SANDRA DE ALMEIDA FERREIRA Campinas, março de 2009 PESQUISADOR RESPONSÁVEL Profª. Drª. Norma Sandra de Almeida Ferreira Docente do Departamento de Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte – DELART Faculdade de Educação – Universidade Estadual de Campinas – São Paulo – Brasil Endereço:Rua Bertrand Russell, 801, caixa postal: 6120 Cidade Universitária “Zeferino Vaz” – CEP 13083-970 telefones: Departamento: (0XX 19) 3521-5578 e-mail: [email protected] PROFESSOR INTERLOCUTOR Prof. Dr. António Branco (Professor Associado) Centro de Investigação em Artes e Comunicação Universidade do Algarve – Faro – Portugal Endereço: Campus de Gambelas, 8005-139 Faro, Portugal. e-mail: [email protected] 2 Os livros infantis brasileiros que aqui circulam, não circulam como lá RESUMO O presente estudo pretende investigar a circulação e recepção, em Portugal, de livros de literatura infantil escritos por autores brasileiros. Toma como desafio a identificação da presença e do circuito desses livros, cuja materialidade traz inscrita a percepção que os editores têm de seus leitores e de suas práticas de leitura. Indaga sobre quais são as obras e autores à disposição dos leitores portugueses; em que edições e projetos editoriais essas obras são encontradas; quais práticas de leitura esses livros suscitam e instigam, previstas e inscritas em seus projetos editoriais e quais são os leitores que procuram esses livros. O material a ser coletado consistirá de fichas preenchidas pelos leitores, depoimentos de bibliotecários e professores, os próprios livros, etc., no trabalho realizado em bibliotecas públicas de Portugal, mais especificamente nas cidades de Algarve e Lisboa, e será interpretado à luz dos estudos e reflexões oriundos da História Cultural (Chartier, 1996; 1998; Darnton, 1990;1992).
    [Show full text]
  • As Muitas Faces Da Morte Na Poesia De Ferreira Gullar
    UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE LITERATURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS MESTRADO EM LITERATURA COMPARADA William Lima Lial AS MUITAS FACES DA MORTE NA POESIA DE FERREIRA GULLAR Fortaleza – Ceará 2012 1 William Lima Lial AS MUITAS FACES DA MORTE NA POESIA DE FERREIRA GULLAR Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará, como requisito à obtenção do título de Mestre em Letras. Área de Concentração: Literatura Comparada. Orientador: Prof. Dr. Marcelo Almeida Peloggio Fortaleza – Ceará 2012 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências Humanas L66m Lial, William Lima. As muitas faces da morte na poesia de Ferreira Gullar / William Lima Lial,. – 2012. 131 f. , enc. ; 30 cm. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Departamento de Literatura, Programa de Pós-Graduação em Letras, Fortaleza, 2012. Área de Concentração: Literatura comparada. Orientação: Prof. Dr. Marcelo Almeida Peloggio. 1.Gullar,Ferreira,1930- – Crítica e interpretação.2.Morte na literatura. 3.Perda (Psicologia). I.Título. CDD B869.14 2 William Lima Lial AS MUITAS FACES DA MORTE NA POESIA DE FERREIRA GULLAR Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Letras da Universidade Federal do Ceará, como requisito à obtenção do título de Mestre em Letras. Área de Concentração: Literatura Comparada. Aprovada em 14 de Setembro de 2012. Banca Examinadora: __________________________________________ Orientador Prof. Dr. Marcelo Almeida Peloggio Universidade Federal Do Ceará – UFC __________________________________________ Profa. Dra. Sarah Diva da Silva Ipiranga Universidade Estadual do Ceará – UECE __________________________________________ Prof. Dra. Ana Márcia Alves Siqueira Universidade Federal Do Ceará – UFC __________________________________________ Profa.
    [Show full text]
  • A Poesia Neoconcreta De Ferreira Gullar E a Teoria Do Não-Objeto
    A CRÍTICA DE ARTE DE FERREIRA GULLAR, E O DEBATE DA VANGUARDA NO FINAL DOS ANOS 1950 Renato Rodrigues da Silva, PhD Doutor em História e Crítica da Arte pela Universidade do Texas Professor da UNIRIO RESUMO: Considerando a crítica de Ferreira Gullar no Suplemento Dominical do Jornal do Brasil (1956–61) e a sua defesa da autonomia da arte, analisamos as diferenças entre Concretismo e Neoconcretismo. Assim, avaliamos a contribuição da sua parceria com Lygia Clark para o debate artístico do final dos anos 1950, entendendo que ela enfatizou a superfície como o elemento caracterizador e revolucionário da pintura. Nossa conclusão é que a crítica de Gullar foi transdisciplinar naquele período. PALAVRAS-CHAVE: Ferreira Gullar e o SDJB. Concretismo e Neoconcretismo. Lygia Clark e a superfície pictórica. O debate artístico do final dos anos 1950. Transdisciplinaridade. ABSTRACT: Considering Ferreira Gullar’s art criticism in the Sunday Supplement of Jornal do Brasil (1956–61) and his defense of art’s autonomy, we analyzed the differences between Concretism and Neoconcretism. Thus, we evaluated the importance of his partnership with Lygia Clark to the artistic debate of the late 1950s, understanding that she emphasized the surface as the characterizing and revolutionary element of painting. Our conclusion is that Gullar’s art criticism was transdisciplinary during that time. KEYWORDS: Ferreira Gullar and the SDJB. Concretism and Neoconcretism. Lygia Clark and the pictorial surface. The artistic debate in the late 1950s. Transdisciplinarity. PROMETEUS - Ano 9 - Número 19 – Janeiro-Junho/2016 - E-ISSN: 2176-5960 Introdução No “Manifesto Neoconcreto,” o crítico e poeta Ferreira Gullar (1930–) formalizou as divergências que tinham dividido o Concretismo Brasileiro em duas tendências.
    [Show full text]
  • Ferreira Gullar
    SEGUNDA-FEIRA, 5 DE DEZEMBRO DE 2016 CAPITAL E INTERIOR R$ 2.00 www.oimparcial.com.br DESPEDIDA Eu deixarei o mundo com fúria. Não importa o que aparentemente aconteça, se docemente me retiro (...) (...)Não chorarei. Não há soluço maior que despedir-se da vida. FERREIRA GULLAR 10-09-1930 4-12-2016 * + Morre Ferreira Gullar, fica a poesia imortal O imortal maranhense Ferreira Gullar estava internado no Hospital Copa d’Or, na zona sul do Rio de Janeiro, e faleceu de insuficiência respiratória, em decorrência de uma pneumonia. Gullar era membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 2014. PÁGINA TRÊS K.GEROMY\OIMP\D.A PRESSS Anticorrupção Manifestantes Natal Biblioteca Municipal fazem atos em 26 cidades realiza programação natalina Em São Luís, os manifestantes realizaram dois movimentos, um no período da A Biblioteca Municipal José Sarney realiza a campanha “Natal com Leitura”, manhã, na Avenida Litorânea, e outro à tarde, em frente à Assembleia Legislativa que tem como objetivo estimular a leitura. O projeto está recebendo doações do Estado do Maranhão, onde aconteceu um ato de lavagem das escadarias. VIDA de livros na sede da biblioteca, no Bairro de Fátima. IMPAR K.GEROMY\OIMP\D.A PRESSS Renan e Maia são alvos Quadrilha é presa com das manifestações 40 kg de maconha deste domingo em Santa Eigênia Cinco pessoas foram detidas em flagrante com As manifestações em favor da Operação Lava- mais de 40kg de maconha pronta para comércio, no Jato e contra mudanças no pacote de 10 medidas bairro da Santa Efigênia, em São Luís. A operação contra a corrupção, que tomaram as ruas de várias foi conduzida pelo Grupo Tático Móvel, do 6º cidades brasileiras ontem, pediam a saída dos Batalhão da Polícia Militar do Maranhão.
    [Show full text]
  • A Passagem Do Tempo Na Obra Poema Sujo (Ferreira Gullar)
    SOARES, Mariana Baierle e AZEVEDO, Paulo Seben. A passagem do tempo na obra Poema Sujo (Ferreira Gullar). Revista FronteiraZ, São Paulo, n. 7, dezembro de 2011. A PASSAGEM DO TEMPO NA OBRA POEMA SUJO (FERREIRA GULLAR) Mariana Baierle Soares Mestranda (UFRGS / bolsista CNPq) Professor Doutor Paulo Seben de Azevedo (Orientador/ UFRGS) RESUMO: Poema Sujo (1976) foi escrito em Buenos Aires, onde Ferreira Gullar estava exilado. A oposição entre presente e passado é constante: o eu lírico demonstra insatisfação com o presente e nostalgia do passado. A passagem do tempo permeia todo o poema, mas é destaque em três momentos: 1) a vida, 2) o dia e a noite, 3) a cidade. A obra pode ser lida como uma crítica à ditadura através de um recuo insistente ao passado como artifício para negar e questionar o momento “sujo” do Brasil na década de 1970. PALAVRAS-CHAVE: Poema Sujo; tempo; ditadura; passado ABSTRACT: Dirty Poem (1976) was written in Buenos Aires, where Ferreira Gullar was exiled. The opposition between past and present is constant: the speaker demonstrates displeasure with the present and nostalgia of the past. The passage of time permeates the whole poem, but it is notable in three moments: 1) life, 2) the day and the night, 3) the city. The book can be read as a critique of the dictatorship through an insistent retreat to the past as a strategy to deny and question the “dirty” moment of Brazil in the 1970s. KEYWORDS: Dirty Poem; time; dictatorship; past 1 SOARES, Mariana Baierle e AZEVEDO, Paulo Seben. A passagem do tempo na obra Poema Sujo (Ferreira Gullar).
    [Show full text]
  • Poema Sujo Prefácio Antonio Cicero
    POEMA SUJO PREFÁCIO ANTONIO CICERO 14129 - Poema sujo.indd 3 8/17/16 6:14 PM Copyright © 2016 by Ferreira Gullar Grafia atualizada segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2009. Capa e projeto gráfico Elaine Ramos Preparação Carina Muniz Revisão Angela das Neves Jane Pessoa Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (cip) Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil Gullar, Ferreira Poema sujo / Ferreira Gullar ; prefácio de Antonio Cicero. — 1a- ed. — São Paulo : Companhia das Letras, 2016. isbn 978-85-359-2767-2 1. Poesia brasileira i. Cicero, Antonio. ii. Título. 16-04895 cdd-869.1 Índice para catálogo sistemático: 1. Poesia : Literatura brasileira 869.1 [2016] Todos os direitos desta edição reservados à editora schwarcz s.a. Rua Bandeira Paulista, 702, cj. 32 04532-002 – São Paulo – sp Telefone: (11) 3707-3500 Fax: (11) 3707-3501 www.companhiadasletras.com.br www.blogdacompanhia.com.br facebook.com/companhiadasletras instagram.com/companhiadasletras twitter.com/ciadasletras 14129 - Poema sujo.indd 4 8/17/16 6:14 PM Prefácio Antonio Cicero_ 7 A história do poema Ferreira Gullar_ 21 POEMA SUJO (1975)_ 29 Sobre o autor_ 105 14129 - Poema sujo.indd 5 8/17/16 6:14 PM Prefácio Antonio Cicero 14129 - Poema sujo.indd 7 8/17/16 6:14 PM Desde que foi escrito, o Poema sujo teve sua importância reconhecida por alguns dos maiores poetas e críticos brasileiros. Ficou famosa a declaração do poeta Vinicius de Moraes, segundo a qual “Ferreira Gullar […] acaba de escrever um dos mais importantes poemas deste meio século, pelo menos nas línguas que eu conheço; e certamente o mais rico, generoso (e paralelamente rigoroso) e transbordante de vida de toda a literatura brasileira”.1 E lembro que o crítico Otto Maria Carpeaux observou que “Poema sujo mereceria ser chamado ‘Poema nacional’, porque encarna todas as experiências, vitórias, derrotas e esperanças da vida do homem brasileiro.
    [Show full text]
  • Como Citar Este Artigo Número Completo Mais Informações Do
    Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea ISSN: 1518-0158 ISSN: 2316-4018 Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea; Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) Santos, Silvana Maria Pantoja dos; Santos, Ethylla Suzanna Corrêa Lembranças do existir: narrativas de memória em A disciplina do amor, de Lygia Fagundes Telles Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, núm. 56, e568, 2019 Grupo de Estudos em Literatura Brasileira Contemporânea; Programa de Pós-Graduação em Literatura da Universidade de Brasília (UnB) DOI: https://doi.org/10.1590/2316-4018568 Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=323159613005 Como citar este artigo Número completo Sistema de Informação Científica Redalyc Mais informações do artigo Rede de Revistas Científicas da América Latina e do Caribe, Espanha e Portugal Site da revista em redalyc.org Sem fins lucrativos acadêmica projeto, desenvolvido no âmbito da iniciativa acesso aberto SEÇÃO TEMÁTICA: Lygia Fagundes Telles DOI: http://dx.doi.org/10.1590/2316-4018568 e-ISSN: 2316-4018 Recebido em 28 de fevereiro de 2018. Aprovado em 21 de setembro de 2018. Lembranças do existir: narrativas de memória em A disciplina do amor, de Lygia Fagundes Telles Memories of the existing: narratives of memories in A disciplina do amor, by Lygia Fagundes Telles Recuerdos del existir: narrativas de memoria en A disciplina do amor de Lygia Fagundes Telles Silvana Maria Pantoja dos Santos*,** Ethylla Suzanna Corrêa Santos*** Resumo O objetivo deste trabalho é analisar a representação da memória na obra A disciplina do amor (1980), de Lygia Fagundes Telles. Para tanto, problematiza-se o modo como a narradora revisita o passado na tentativa de compreensão do presente.
    [Show full text]
  • 000823999.Pdf (5.520Mb)
    0 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA Campus de Presidente Prudente Vivendo nos interstícios do Cerrado: encurralados entre o Agronegócio e Unidades de Conservação. Robson Munhoz de Oliveira Orientadora: Profa. Dra. Rosangela Aparecida de Medeiros Hespanhol Tese de Doutorado elaborada junto ao Programa de Pós-Graduação em Geografia - Área de Concentração: Produção do Espaço Geográfico, para obtenção do Título de Doutor em Geografia. Presidente Prudente 2015 1 Robson Munhoz de Oliveira Vivendo nos interstícios do Cerrado: encurralados entre o agronegócio e Unidades de Conservação. Orientadora: Profa. Dra. Rosangela Aparecida de Medeiros Hespanhol Presidente Prudente 2 Os mortos os mortos vêem o mundo pelos olhos dos vivos eventualmente ouvem, com nossos ouvidos, certas sinfonias algum bater de portas, ventanias Ausentes de corpo e alma misturam o seu ao nosso riso se de fato quando vivos acharam a mesma graça Ferreira Gullar Ao meu grande Pai, Valdomiro, in memoriam Ao meu saudoso Primo, Evandro, in memoriam 3 Agradecimentos Incontáveis pessoas contribuíram para o desenvolvimento deste trabalho, algumas, porém, por traição da minha memória não estão registradas. Perdoem-me! Mesmo assim, não poderíamos deixar de registrar aquelas que foram lembradas. Agradeço ao meu querido Pai, que esteve ali ao meu lado sempre, até que o destino o chamasse para virar uma estrela no céu; Agradeço à minha Mãe, que sempre esteve ao meu lado me incentivando e que considero co-autora desta tese; A minha irmã Rose, pelos conselhos,
    [Show full text]
  • Revista-Brasileira-37.Pdf
    Revista Brasileira o Fase VII OUTUBRO-NOVEMBRO-DEZEMBRO 2003 Ano IX N 37 Esta a glória que fica, eleva, honra e consola. Machado de Assis ACADEMIA BRASILEIRA REVISTA BRASILEIRA DE LETRAS 2003 Diretoria Diretor Alberto da Costa e Silva – presidente João de Scantimburgo Ivan Junqueira – secretário-geral Lygia Fagundes Telles – primeira-secretária Conselho editorial Carlos Heitor Cony– segundo-secretário Miguel Reale, Carlos Nejar, Evanildo Bechara – tesoureiro Arnaldo Niskier, Oscar Dias Corrêa Membros efetivos Produção editorial e Revisão Affonso Arinos de Mello Franco, Nair Dametto Alberto da Costa e Silva, Alberto Venancio Filho, Alfredo Bosi, Ana Maria Machado, Assistente editorial Antonio Olinto, Ariano Suassuna, Frederico de Carvalho Gomes Arnaldo Niskier, Candido Mendes de Almeida, Carlos Heitor Cony, Carlos Nejar, Celso Furtado, Projeto gráfico Eduardo Portella, Evandro Victor Burton Lins e Silva, Evanildo Cavalcante Bechara, Evaristo de Editoração eletrônica Moraes Filho, Pe. Fernando Bastos Estúdio Castellani de Ávila, Ivan Junqueira, Ivo Pitanguy, João de Scantimburgo, João Ubaldo ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS Ribeiro, José Sarney, Josué Montello, Av. Presidente Wilson, 203 – 4o andar Lêdo Ivo, Lygia Fagundes Telles, Rio de Janeiro – RJ – CEP 20030-021 Marcos Vinicios Vilaça, Miguel Reale, Telefones: Geral: (0xx21) 3974-2500 Moacyr Scliar, Murilo Melo Filho, Nélida Setor de Publicações: (0xx21) 3974-2525 Piñon, Oscar Dias Corrêa, Paulo Coelho, Fax: (0xx21) 2220.6695 Sábato Magaldi, Sergio Corrêa da Costa, E-mail: [email protected] Sergio Paulo Rouanet, Tarcísio Padilha, site: http://www.academia.org.br Zélia Gattai. As colaborações são solicitadas. Sumário Editorial . 5 PROSA JOSUÉ MONTELLO Uma explicação da conferência de Graça Aranha. 9 MIGUEL REALE Variações sobre a humildade .
    [Show full text]
  • Nise – the Heart of Madness
    AND PRESENT GLORIA PIRES in NISE – THE HEART OF MADNESS Directed by: Roberto Berliner Drama - 109 minutes-Not Rated In Brazilian Portuguese (With English Subtitles) Website: http://www.nisetheheartofmadness.com 1 SYNOPSIS 1940’s, Brazil- Dr. Nise da Silveira (Played by award-winning actress Gloria Pires) is at work in a psychiatric hospital on the outskirts of Rio de Janeiro and refuses to employ the new and violent electroshock therapy for the treatment of schizophrenics. Ridiculed by doctors, she is forced to take the abandoned Sector for Occupational Therapy, where she starts a revolution through paints, dogs and love. Through her efforts, renowned modern art museums opened their doors to artists nobody had ever heard of. Many critics pointed out that these exhibitions revealed painters that went on to be ranked amongst the best Brazillian artists of the century. Behind this miracle there was no art academy, patron or dealer. The artists were schizophrenic, poor, hospitalized for several decades, abandoned by their families and hopeless to all but da Silveira. NISE:THE HEART OF MADNESS tells the real life story of this "miracle" and the life of this rebellious, frail and engaging psychiatrist. FESTIVALS AND AWARDS Tokyo International Film Festival 2015 – Best Film and Best Actress Rio International Film Festival 2015 – Audience Award Aruanda Festival, João Pessoa 2015 – Audience Award, Best Soundrack and Best Production Design Gothenburg International Film Festival 2016 – Official Selection Glasgow International Film Festival 2016 – Official Selection Pachamama Festival, Rio Branco, Brazil 2015 – Closing Film São Paulo International Film Festival 2015 – Official Selection 2 ABOUT THE FILM “Nise always went against the grain, she always searched for her own truth, never rested, never was corrupted.
    [Show full text]
  • “Traduzir-Se”, De Ferreira Gullar, Pode Ser Tomado Como Exercício Lírico
    http://dx.doi.org/10.5007/2175-7917.2013v18n2p123 DEMANDAS DO PRESENTE: “TRADUZIR-SE”, DE FERREIRA GULLAR Sandro Adriano da Silva * Universidade de São Paulo Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão Resumo : O poema “Traduzir-se”, de Ferreira Gullar, pode ser tomado como exercício lírico- existencial, cuja elaboração estética articula metáforas sintomáticas de uma subjetividade cindida. A economia estética do poema ensaia uma arquitetura do desejo em “traduzir-se”, que manifesta a perplexidade do sujeito lírico diante do descentramento dessa experiência de “vertigem” e põe em suspeição sua tradução possível como arte. Neste artigo, apostamos em uma interpretação que considera rentável uma aproximação entre literatura e alguns pressupostos da psicanálise e da teoria e crítica de poesia, a fim de lançar um horizonte de compreensão sobre a emblemática poesia de Ferreira Gullar. O poema alude a uma autorreferencialidade do eu lírico e de suas marcas narcísicas, delineia um horizonte de ordem intersubjetiva, no qual se vislumbra um potencial alteritário do sujeito lírico, a emergência de uma subjetividade que se prenuncia híbrida, conflituosa: o eu poemático é gestado e ganha contornos existenciais num drama de linguagem. Uma “tradução” sempre contemporânea. Palavras-chave: Poesia. Subjetividade. Ferreira Gullar. “Não se diga, que é parte, sendo todo.” Gregório de Matos TRADUZIR-SE Uma parte de mim é todo mundo: outra parte é ninguém: fundo sem fundo. Uma parte de mim é multidão: outra parte estranheza e solidão. Uma parte de mim Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons . * Doutorando em Literatura Brasileira na Universidade de São Paulo, Mestradp em Letras pela Universidade Estadual de Maringá, Especialização em História e Cultura Afro-brasileira e Africana - União Pan-Americana de Ensino, graduação em Letras Português-Inglês pela Universidade Estadual do Oeste do Paraná e professor- Assistente do Departamento de Letras da Universidade Estadual do Paraná - UNESPAR/FECILCAM, campus de Campo Mourão/PR.
    [Show full text]
  • Ecos Do Subdesenvolvimento: As Ciências Sociais No Brasil E a Produção Cultural De Rogério Sganzerla
    Universidade de Lisboa Faculdade de Letras Ecos do subdesenvolvimento: As Ciências Sociais no Brasil e a Produção Cultural de Rogério Sganzerla Gabriel Paolillo Pace Tese orientada pela Professora Doutora Simone Frangella, especialmente elaborada para a obtenção do grau de Mestre em Estudos Brasileiros. 2019 “O Cinema está ficando um assunto sério demais” “Essa é a nossa famosa geração de merda, de frequentadores de cinema” Documentário, Rogério Sganzerla, 1966 2 Índice 1 – Introdução 5 2 – A semente de um pensamento 13 2.1 – O estruturalismo cepalino e a ideia de subdesenvolvimento 22 2.1.1 – O estruturalismo cepalino 24 2.1.2 – Celso Furtado e sua análise do subdesenvolvimento 29 2.2 – A superação do nacional-desenvolvimentismo e as análises da dependência 36 2.2.1 – Versão neomarxista 41 2.2.2 – Versão da dependência associada 45 3 – A cultura no subdesenvolvimento e o desenvolvimento da cultura 50 3.1 – O lugar da cultura no subdesenvolvimento 52 3.2 – Cultura como desenvolvimento 58 3.3 – O caso específico do cinema: uma trajetória no subdesenvolvimento 67 3.4 – O autor subdesenvolvido 78 4 – Rogério Sganzerla e os “filmecos” do subdesenvolvimento 82 4.1 – O incômodo de um cineasta à margem 84 4.2 – Obra crítica: por um cinema moderno 96 4.3 – Filmes de cinema: citação e agressão 105 5 – Considerações finais 115 6 – Referências Bibliográficas 119 3 Resumo A partir da revisão e análise da produção das ciências sociais brasileiras das décadas de 1950 a 1970, a presente dissertação procura caracterizar os conceitos de subdesenvolvimento e teoria da dependência. Em seguida, tendo como base estes conceitos, procura-se expandir a discussão ao lugar da cultura nas relações subdesenvolvidas e, mais especificamente, da produção cinematográfica.
    [Show full text]