Batuko, Património Imaterial De Cabo Verde. Percurso Histórico-Musical

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Batuko, Património Imaterial De Cabo Verde. Percurso Histórico-Musical View metadata, citation and similar papers at core.ac.uk brought to you by CORE provided by Portal do Conhecimento Departamento de Ciências Sociais e Humanas Mestrado em Património e Desenvolvimento 2008/2010 BATUKO, PATRIMÓNIO IMATERIAL DE CABO VERDE. PERCURSO HISTÓRICO-MUSICAL Gláucia Aparecida Nogueira Dissertação apresentada à Universidade de Cabo Verde para obtenção do título de Mestre em Património e Desenvolvimento Orientadores: Professor Doutor Luís Mota Figueira Professora Doutora Juliana Braz Dias Praia, 2011 “Kapasidadi grandi de sobrivivénsa dizafianti di Batuku dja sta dimonstradu na si longu kaminhada, sen respeta frontera (…) Transformason ki el ta ba tem, sta sértamenti profundamenti ligadu ku kel ki Povo i Kultura kauberdianu ta i pode bem ten” * Tomé Varela da Silva Papel di batuku na nrikisimentu di kultura di Kauberdi (conferência proferida em Órgãos, em 18.04.2009) “Batuko e nos aima” ** Kaoberdiano Dambará Poema Batuko * A grande capacidade de sobrevivência desafiante do Batuko já está demonstrada na sua longa caminhada, sem respeitar fronteiras (…) As transformações que ele terá estão certamente profundamente ligadas àquelas que o Povo e a Cultura cabo-verdianos poderão vir a ter (tradução do crioulo feita pela autora da dissertação). ** O batuque é a nossa alma (tradução do crioulo feita pela autora da dissertação). Agradecimentos Aos meus orientadores. A todos os docentes do mestrado em Património e Desenvolvimento. A todos os entrevistados e pessoas que, de diferentes maneiras, contribuíram para a concretização deste trabalho, em especial Ângelo Barbosa, Casimiro Tavares, Francisco Fragoso, Gilberto Lopes, Jeff Hessney, Olav Aalberg, Princezito, Robert Sarwark, Tomé Varela da Silva, Susan Hurley- Glowa, Vasco Martins. Resumo O que pode o batuko revelar sobre o povo cabo-verdiano, no seu percurso histórico e cultural, se tomarmos diferentes períodos no tempo, cada um correspondendo a uma específica situação político-social, e analisarmos qual a visão que, nesses diferentes momentos, se teve/tem desta manifestação cultural tida como a mais africana de Cabo Verde? Este trabalho propõe mostrar que o percurso do batuko corresponde ao percurso do próprio povo cabo-verdiano, já que, enquanto património imaterial desta nação, reflecte diferentes momentos sócio-político-culturais e questões ideológicas que lhes são inerentes. Assim, procura-se esboçar a trajectória de uma expressão musical-coreográfica que no passado foi considerada “música de cafres” – selvagem, lúbrica e nociva aos bons costumes, reprimida pela Igreja Católica e pela administração colonial – e que a partir da independência de Cabo Verde passou a ser valorizada, como outras tradições populares, na esteira do pensamento nacionalista do novo poder instituído. Hoje, o batuko, tanto na sua vertente tida como tradicional como nas suas versões reelaboradas que se inserem no que se pode considerar a vanguarda musical do país, é uma expressão viva e pujante, exemplo de resistência e adaptação. Palavras-chave Cabo Verde, património cultural, música, batuko, inovação Abstract What can the batuko reveal about the Cape Verdean people in a historical and cultural context? We can look at different time periods, each one corresponding to a specific socio-political situation, and analyze different viewpoints that were held about what is regarded as the most African element of Cape Verdean culture art specific moments in history. This work proposes to show that the evolution of batuko corresponds to the evolution of the Cape Verdean people itself, for, as one of the aspects of the immaterial heritage of this nation, it reflects different socio-political/cultural moments and ideological issues that are inherent to them. As such, an attempt will be made to outline the trajectory of a musical and choreographic expression that in the past was considered “pagan music” – savage, lubricous and harmful to proper habits, repressed by the Catholic Church and by the colonial administration – and which, beginning with Cape Verde’s independence, began to be valued, similarly to other popular traditions, in the wake of the nationalist ideology of the newly- instituted power. Today, batuko, both in what could be called its traditional variant as well as in its re-elaborated versions, which are a part of what could be considered the country’s musical vanguard, is a living and powerful form of expression, an example of resistance and adaptation. Keywords Cape Verde, cultural heritage, music, batuko, innovation Lista de imagens Pag. Capítulo 2 Figura 1 – Esquema de rapica ………………………………………………. 36 Figura 2 – Iconografia de Santiago em livro do período colonial mostra a cimboa …………………………………………………….. 39 Figura 3 – Esquema de montagem do terreiro, segundo padrão tradicional …………………………………………………… 44 Capítulo 3 Figura 4 – Campanha de vacinação, VP 1987 ………………………………. 77 Figura 5 – Capa do LP Batuco, du grupo Bulimundo, 1982 ..………………. 81 Figura 6 – Folheto evento Interculturas .…………………………………… 86 Figura 7 – Nácia Gomi e seu grupo no livreto do CD Music from Cape Verde ……………………………………………… 88 Lista de siglas e abreviaturas Adevic – Associação dos Deficientes Visuais de Cabo Verde AULP – Associação das Universidades de Língua Portuguesa BO – Boletim Oficial CCP – Centro Cultural Português CEG-UL – Centro de Estudos Geográficos da Universidade de Lisboa CIDAC – Centro de Informação e Documentação Amílcar Cabral CNCDP – Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses DGC – Direcção Geral da Cultura (Cabo Verde) e/a – edição do autor (ou do grupo) EUA – Estados Unidos da América IAHN – Instituto do Arquivo Histórico Nacional (Cabo Verde) IBNL – Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro (Cabo Verde) ICL – Instituto Cabo-Verdiano do Livro ICLD – Instituto Cabo-Verdiano do Livro e do Disco IICT – Instituto de Investigação Científica e Tropical (Portugal) IIPC – Instituto de Investigação e do Património Culturais (Cabo Verde) IPC – Instituto de Promoção Cultural (Cabo Verde) ISE – Instituto Superior de Educação (Cabo Verde) MR – Manny Rodrigues NCV – Notícias de Cabo Verde NJCV – Novo Jornal de Cabo Verde (1974-1975) OMCV – Organização das Mulheres de Cabo Verde PAICV – Partido Africano para a Independência d e Cabo Verde PAIGC – Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde PC – Património Cultural PIDE – Polícia Internacional de Defesa do Estado PMI/PF – Protecção Materno-Infantil/Planeamento Familiar RCCV – Rádio Clube de Cabo Verde s/d – sem data Sida – Síndrome de Imunodeficiência Adquirida TVEC – Televisão Experimental de Cabo Verde UA – Universidade do Algarve (Portugal) UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Brasil) Unesco – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura Uni-CV – Universidade de Cabo Verde VP - Voz di Povo Glossário de termos utilizados relacionados com música e batuko Batuko – Grafia adoptada (para evitar confusões semânticas) para designar a música que é objecto deste estudo, aquela que é considerada como tradicional da ilha de Santiago. Batuque – palavra de etimologia controversa. O Novo Dicionário Banto do Brasil, citando várias fontes, aponta hipóteses como o termo “bater”, da língua portuguesa, e a fusão deturpada da expressão quimbunda ‘bu-atuka’ (onde se salta ou se pinoteia). O dicionário traz ainda “batuque” como um bailado de Angola e do Congo, mas assim chamado pelos portugueses e não pelos africanos. (LOPES, 2003 p. 40-41). No Brasil, designa diferentes manifestações ligadas à cultura afro-brasileira, inclusive uma de carácter religioso. Cimboa – instrumento de uma única corda (feita com fios de rabo de cavalo) fabricado com uma cabaça, madeira e pele de cabra, encontrado em várias regiões da África, Cabo Verde incluído. A grafia cimboa será utilizada como padrão, embora por vezes apareçam em citações “simboa” ou “cimbó”. Conbersu sabi – Ver “djanbu”. Djanbu – modalidade de poesia oral próxima ao finaçon, mas independente da música. Também chamada “conbersu sabi”, conforme a localização, segundo Gil Moreira. Faranganha – dança específica de Boa Entradinha, em que o homem participa, simulando um cortejo sexual à mulher, e neste aspecto assemelhando- se à dança do landu, tradicional da ilha da Boavista. Finaçon – parte de uma sessão de batuko em que se cantam cantigas em geral improvisadas de teor educativo, baseadas em provérbios e máximas populares, e ainda com carácter de louvor ou sátira. Nesta parte não se dança. “Finaçon” será a grafia adoptada ao longo deste trabalho, embora por vezes se encontre “finason”. Galion/galeom – termo com diferentes significados, conforme os autores. Seria um dos três ritmos da xabeta, assim como pam pam e rapicado. Pam pam (ou pã-pã, bam bam) – expressão claramente onomatopeica que refere o bater, ou seja percutir. Em geral vem no início da sessão de batuko, como um sinal para começar. Profeta – expressão controversa, para uns, a solista do batuko, para outros, a cantadeira de finaçon. Rabida (ou rapica xabeta) – é quando o batuko, ou sambuna, chega ao clímax, cada vez mais movimentada e empolgante. Não quer dizer, contudo, que o ritmo mude. Rabida (a melodia e o canto) é aquela fase explosiva, o texto reduz-se ao mínimo e a força emocional aumenta, a dança frenética, todo o terreiro naquela agitação (…) Quando se diz rapica, o solista é obrigado a entrar em rabida. (Tomé Varela da Silva, entrevista, 2010) Rafodjo – cantigas improvisadas, tradicionais da ilha do Fogo, cujas letras assumem por vezes carácter irónico e crítico. Entre cantadeiras que ficaram
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