Afirmando Outras Versões Da História... Memória E Identidade Nas Poéticas De Éle Semog E José Luis Hopffer Almada
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AFIRMANDO OUTRAS VERSÕES DA HISTÓRIA... MEMÓRIA E IDENTIDADE NAS POÉTICAS DE ÉLE SEMOG E JOSÉ LUIS HOPFFER ALMADA Ricardo Silva Ramos de Souza Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Relações Etnicorraciais como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Relações Etnicorraciais. Orientador: Sérgio Luiz de Souza Costa, Dr. Rio de Janeiro Dezembro / 2014 ii AFIRMANDO OUTRAS VERSÕES DA HISTÓRIA... MEMÓRIA E IDENTIDADE NAS POÉTICAS DE ÉLE SEMOG E JOSÉ LUIS HOPFFER ALMADA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Relações Etnicorraciais como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Relações Etnicorraciais. Ricardo Silva Ramos de Souza Aprovado por: ______________________________________________ Presidente, Sérgio Luiz de Souza Costa, D. Sc. (Orientador) ___________________________________________ Prof. Roberto Carlos da Silva Borges, D. Sc. ___________________________________________ Prof.ª Fernanda Felisberto da Silva, D. Sc. (UFRRJ) ___________________________________________ Prof. Renato Nogueira dos Santos Junior, D. Sc. (UFRRJ) Rio de Janeiro Dezembro / 2014 iii Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central do CEFET/RJ S729 Souza, Ricardo Silva Ramos de Afirmando outras versões da história... Memória e identidade nas poéticas de Éle Semog e José Hopffer Almada / Ricardo Silva Ramos de Souza.—2014. x, 146f. + anexos ; enc. Dissertação (Mestrado) Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, 2014. Bibliografia : f. 136-146 Orientador : Sérgio Luiz de Souza Costa 1. Racismo. 2. Racismo na literatura. 3. Literatura africana – História e crítica. 4. Literatura brasileira. 5. Negros na literatura. I. Costa, Sérgio Luiz de Souza (Orient.). II. Título. CDD 305.8 iv Agradecimentos Aos meus pais e toda minha família que sempre contribuíram com votos de confiança e força nos momentos mais difíceis. Aos escritores Éle Semog e José Luis Hopffer Almada, minha admiração e respeito profundo por toda ajuda e generosidade. Ao meu orientador Dr. Sérgio Costa, paciente e preciso com seus comentários e abertura para os meus delírios. Aprendi muito em suas aulas! À banca examinadora, Drª Fernanda Felisberto, Dr. Roberto Borges e Dr. Renato Noguera com seus importantes apontamentos para o futuro. Muito obrigado! À Fundação Capes, pela bolsa que possibilitou o desenvolvimento desta pesquisa. Às amigas e aos amigos da Babilônia, para sempre. À família Kitabu Livraria Negra (Fernanda Felisberto, Heloisa Marconde e Henrique Restier), importante para o desenvolvimento do meu ser negro. À amiga de muitas inquietações Geny Guimarães, parceira de incontáveis angústias do universo acadêmico e das questões raciais no Brasil. Ao amigo afrorrizomático Dr. José Henrique Freitas dos Santos, de aguçada inteligência, provocação e incentivo para os meus enegrecimentos necessários. Parceiro, esta dissertação seria muito mais difícil sem a sua amizade. Aos agentes da literatura negro-brasileira que sempre dedicaram atenção aos meus apontamentos e dúvidas, especialmente Lia Vieira, Miriam Alves, Cuti, Conceição Evaristo, Oswaldo de Camargo, José Carlos Limeira, Abelardo Rodrigues, Márcio Barbosa, Esmeralda Ribeiro, Cristiane Sobral, Ronald Augusto, Marciano Ventura, Coletivo Literário Ogum‘s Toques Negros. Aos artífices da literatura cabo-verdiana com especial agradecimento para Filinto Elísio, Márcia Souto, Dina Salústio, Abraão Vicente, António de Névada, Carlota de Barros, Mito Elias, Vera Duarte, Joaquim Arena, Tchale Figueira, Maria Helena Sato, Regina Correia, Pedro Matos, Oswaldo Osório e Eurídice Monteiro. Aos amigos do semanário cabo-verdiano A Nação, especialmente sr. Alexandre Semedo e sr. José Augusto Sanches. v À amiga Drª Norma Lima, quem primeiro me apresentou ao mundo das literaturas africanas de língua portuguesa. Tudo começou com você. Muito obrigado pela sua amizade, carinho e inspiração. À amiga Drª Sonia Santos, inquieta e incentivadora da causa negra. Às amigas e aos amigos da estrada acadêmica que alimentam de sabores os nossos saberes e inquietações, especialmente Amarino Queiróz, Luana Antunes, Eidson Miguel, Denise Guerra, Rute Pires, Lívia Natália, Jesiel Oliveira, Ana Lucia Silva Souza, Doris Barros, Kassandra Muniz, Luciane Silva, Eró Cunha, Valéria Lourenço, Hildália Fernandes, Cristian Salles, Claudia Cunha, Sabrina Oliveira, Cristina Maya. Aos professores e meus colegas do mestrado que sempre estimularam discussões, especialmente Renata Penajoia, Henrique, Eliane, Fernando Senzala, Patrícia, Nadson, Wallace, Sormani e Xicão. Aos Doutores de Literaturas Africanas que contribuíram para o meu aprendizado, tais como Simone Caputo Gomes, Maria Nazareth Soares Fonseca, Cristina Prates, Carmen Lucia Tindó Secco, Maria Teresa Salgado, Iris Amancio, Rui Guilherme, Inocencia Mata, Érica Antunes, Jurema Oliveira e Tania Lima. vi “A nossa escrevivência não pode ser lida como histórias para “ninar os da casa grande” e sim para incomodá-los em seus sonos injustos.” (CONCEIÇÃO EVARISTO) “A Consciência Negra é uma atitude da mente e um modo de vida, o chamado mais positivo que num longo espaço de tempo vimos brotar do mundo negro. Sua essência é a conscientização pó parte do negro da necessidade de se unir a seus irmãos em torno da causa de sua opressão – a negritude de sua pele – e de trabalharem como um grupo para se libertarem dos grilhões que os prendem a uma servidão perpétua. Baseia-se num auto-exame que os levou finalmente a acreditar que, ao tentarem fugir de si mesmos e imitar o branco, estão insultando a inteligência de quem quer que os criou negros. A filosofia da Consciência Negra, portanto, expressa um orgulho grupal e a determinação dos negros de se levantarem e conseguirem a auto-realização desejada. A liberdade é a capacidade de autodefinição de cada um, tendo como limitação de suas potencialidades apenas a própria relação com Deus e com o ambiente natural, e não o poder exercido por terceiros. O negro quer, portanto, explorar por conta própria o ambiente em que vive e testar suas potencialidades – em outras palavras, conquistar a liberdade por quaisquer meios que considerar adequados. Na essência desse pensamento está a compreensão dos negros de que a arma mais poderosa nas mãos do opressor é a mente do oprimido. Se dentro de nosso coração estivermos livres, nenhuma corrente feita pelo homem poderá nos manter na escravidão; mas se nossa mente for manipulada e controlada pelo opressor a ponto de fazer com que o oprimido acredite que ele é uma responsabilidade do homem branco, então não haverá nada que o oprimido possa fazer para amedrontar seus poderosos senhores. Por isso, pensar segundo a linha da Consciência Negra faz com que o negro se veja como um ser completo em si mesmo. Torna-o menos dependente e mais livre para expressar sua dignidade humana. Ao final do processo, ele não poderá tolerar quaisquer tentativas de diminuir o significado de sua dignidade humana.” (STEVE BIKO) “Vocês me perguntam quem sou eu? Respondo: eu sou, primeiramente, o homem de uma comunidade historicamente situada, eu sou negro e isto é fundamental. Esta é a definição da minha identidade. Eu pertenço, pois, a uma história. É uma afirmação de uma fidelidade. Em meu espírito não há lugar para a negação, é também a afirmação de uma solidariedade. Isto significa que me sinto solidário com todos os homens que lutam pela liberdade, com todos os homens que sofrem, e antes de todo co aqueles que mais sofreram e foram freqüentemente esquecidos, eu falo dos Negros.” (AIMÉ CÉSAIRE) “Emancipate yourselves from mental slavery None but ourselves can free our minds” (BOB MARLEY) vii RESUMO AFIRMANDO OUTRAS VERSÕES DA HISTÓRIA... MEMÓRIA E IDENTIDADE NAS POÉTICAS DE ÉLE SEMOG E JOSÉ LUIS HOPFFER ALMADA Ricardo Silva Ramos de Souza Orientador: Prof. Sérgio Luiz de Souza Costa, D. Sc. Resumo da dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Relações Etnicorraciais do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca, CEFET/RJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do titulo de mestre em relações etnicorraciais. Esta dissertação propõe um diálogo da literatura negro-brasileira com a literatura cabo-verdiana para discussão da mestiçagem no Brasil e em Cabo Verde, a partir de poemas do brasileiro Éle Semog e do cabo-verdiano José Luis Hopffer Almada. A proposta de análise é questionar como essa discussão insere identidade e memória negras nas construções identitárias desses países. Para isso parte-se de abordagens epistemológicas para além das canônicas, trazendo para o centro do debate a questão racial problematizada por intelectuais negros como Carlos Moore, Edouard Glissant, Kabengele Munanga e Stuart Hall. Apresentar um viés negro para o debate literário implica lutar contra o esquecimento das diferenças, contra a história dos silenciamentos das vozes subalternizadas a partir da emergência de novos atores sociais que procuram desconstruir a homogeneização das classes dominantes diante de uma ordem pigmentocrática. Rediscutir o que é apresentado como nacional passa por disputas que precisam ser negociadas, questionando o cânone literário e o ideal de branqueamento, revisitando referenciais nas experiências literárias do Harlem Renaissance e da Negritude como características de textos literários negros que permanecem atuantes nas literaturas da diáspora africana e da África. Essas marcas de uma literatura negro-diaspórica desvelam linguagem contra-hegemônica para denunciar a condição de subalternidade