A Memória Do Samba Na Capital Do Trabalho: Os Sambistas Paulistanos E a Construção De Uma Singularidade Para O Samba De São Paulo (1968-1991)
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL A Memória do Samba na Capital do Trabalho: os sambistas paulistanos e a construção de uma singularidade para o samba de São Paulo (1968-1991) Lígia Nassif Conti Versão Corrigida São Paulo 2015 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL A Memória do Samba na Capital do Trabalho: os sambistas paulistanos e a construção de uma singularidade para o samba de São Paulo (1968-1991) Lígia Nassif Conti Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Doutora em História Social. Orientadora: Profª Drª Maria Inez Machado Borges Pinto Coorientador: Prof. Dr. Carlos Sandroni Versão Corrigida São Paulo 2015 À minha mãe, Helena Nassif Conti, dedico este trabalho, indubitável fruto de sua dedicação e vitória. À memória de meu pai, Fábio Conti. Agradecimentos Tal qual um samba entoado na roda, também este trabalho carrega em si a dimensão do coletivo, as muitas vozes, o improviso, a inspiração. Desde os primeiros e vagos devaneios do qual partiram algumas das inquietações que moveram este projeto, tive o imenso prazer de sentir a acolhida, o interesse e a entusiasmada torcida pelo trabalho e pelo tema. Ao longo dessa trajetória fui presenteada com livros, discos, textos, documentários, ideias, amigos. Pessoas que se dispuseram a interceder por uma desconhecida, sambistas que me ofereceram horas de suas histórias e canções, professores que se tornaram amigos, amigos que se tornaram informais orientadores. Só mesmo transitando pelas “quebradas do mundaréu” é que um trabalho acadêmico poderia contar com tantos e quantos olhares de diversa inspiração, aos quais eu dedico algumas palavras improvavelmente capazes de abarcar minha gratidão. São polifônicas as vozes dessa batucada! À minha orientadora, profª Maria Inez Machado Borges Pinto, que com grande generosidade acolheu meu projeto ainda em construção e corajosamente aceitou orientá- lo, agradeço pela oportunidade e pela confiança que tornaram possíveis a realização deste trabalho. Ao prof. Carlos Sandroni, que tão gentil e prontamente aceitou a tarefa de coorientar este trabalho, agradeço por me acompanhar e amparar a cada nova dificuldade enfrentada. Agradeço pelas valiosas sugestões e imprescindível respaldo musicológico, sem os quais eu dificilmente teria concluído com êxito os objetivos propostos. Sou honrada pela parceria! À Capes, sou grata pelo indispensável financiamento concedido para que a pesquisa pudesse se realizar a contento, e, modestamente, espero ter feito jus à confiança. Aos professores que acompanharam os primeiros resultados deste trabalho na ocasião do exame de qualificação, Cacá Machado e Marcos Napolitano, agradeço por terem tornado aquele momento o mais importante norteador dos objetivos e das perspectivas da pesquisa. Agradeço profundamente ao Alberto Ikeda pela acolhida com que recebeu este trabalho nos derradeiros meses do meu doutorado e penso ser uma pena não tê-lo conhecido antes. E ainda ao Adalberto Paranhos – que tomou parte, juntamente de Cacá Machado, Marcos Napolitano e Alberto Ikeda, na banca examinadora desta tese – sou grata pela leitura minuciosa atenta que dedicou a estas linhas. Agradeço também a todos os funcionários do Departamento de História e do Serviço de Pós-Graduação da FFLCH, que com muita gentileza nos orientam e amparam a cada pedido de ajuda. À Olga Von Simson, agradeço por dividir comigo alguns dos seus frutos de pesquisa e pela conversa acolhedora em um momento difícil dessa minha trajetória. À Tânia Costa Garcia, sempre tão querida e solícita, agradeço por me amparar a cada nova inquietude com que eu me deparava. Ao José Adriano Fenerick, que foi quem primeiro partilhou das minhas ainda embrionárias ideias para esta pesquisa, agradeço pelo apoio tão amável e pelas sugestões e caminhos apontados. O meu muito obrigada, ainda, ao José Geraldo Vinci de Moraes, que conheceu as primeiras e ainda inconsistentes versões do projeto que resultou nesta tese e que me brindou com algumas inspiradoras conversas antes do meu ingresso no programa. As visitas a acervos e arquivos me apresentaram funcionários que fazem de seu trabalho um pretexto para ajudar as pessoas. Agradeço a todos os funcionários do Arquivo Público Municipal, Arquivo Público do Estado de São Paulo, Museu da Imagem e do Som de São Paulo e, em especial, ao Renato, do Grupo Cachuêra, e ao Carlão, do Laboratório de História Oral da Unicamp, por se dedicarem comigo ao levantamento de fontes para a pesquisa. A todos os queridos “Paulos” que, cada qual à sua maneira, prestaram uma ajuda de que talvez nem conheçam a dimensão: ao Paulinho Timor, por ter sido meu mediador nesse universo do samba paulista, e aos meus (agora ex-) alunos Paulo Rosa e Paulo Henrique, por correrem comigo contra o tempo na edição e transcrição das partituras. Ao percussionista Chico Santana, parceiro amigo que me emprestou seus ouvidos atentos, transcrevendo a instrumentação percussiva dos sambas deste trabalho. Por seu auxílio indispensável e por sua sempre amável atenção, ainda em meio aos seus tantos compromissos, agradeço afetuosamente! Também ao percussionista Rafael Y Castro agradeço pela escuta dos discos que posteriormente puderam ser incluídos na pesquisa. Ao Caio Silveira Ramos, obrigada por atender ao pedido dessa sua desconhecida, intercedendo e tornando possível um encontro com o encantador sambista Germano Mathias. Minha desmedida gratidão aos sambistas Germano Mathias, Osvaldinho da Cuíca e Mestre Divino, que abriram as portas de suas casas e tão amavelmente se dispuseram a me contar sobre suas histórias e trajetórias. Muito obrigada por partilharem comigo um pouco de tão ricas memórias, substrato e razão deste trabalho. Tenho muito a agradecer aos amigos que pude reconhecer no decorrer do cumprimento dos créditos e disciplinas na USP. Aos primeiros colegas de disciplina e seminário, Juliana Pérez González, Max Frauendorf e Silvia de Ambrosis Pinheiro Machado e ao Bruno Baronetti, companheiro de pesquisa, entrevistas, disciplinas, seminários e consultor sobre assuntos carnavalescos, o meu muito obrigada! Ao Rafael Galante, que tão gentilmente me presenteou com algumas das preciosas fontes desta pesquisa, agradeço pela rara generosidade com que partilha seus achados e ideias. Oxalá eu tenha um dia a oportunidade de retribuir a você ao menos um pouco da tanta ajuda que me ofertou! Saravá, meu amigo!! À minha família: minha mãe e minhas irmãs Gisele e Fernanda, obrigada por sempre e por tudo! Também aos velhos e bons amigos que a saudosa Franca do Imperador me apresentou, agradeço! Mariana Soares, amiga querida de todas as horas e de todos os sentimentos; Bowie e Leon Bolissian, meus irmãos, também eu gêmea de vocês; Flávia Prazeres, unanimemente querida e Fabiano Nunes, irmão de quem a vida me separou no berço; Ana Paula Franchi e Rodrigo Araújo, o Cabeça, companheiros de ideias e de lendárias moradas; Wilson Pontes Júnior, amigo querido de tantas paragens; Fabrício Costa Ferreira, para sempre Ramiro, meu folgado preferido; Rafael Freitas, ou Bozo, que me mostrou que a distância não é mais que um conceito abstrato; Giordano Bertelli, parceiro de ideias sobre o samba e sobre a Pauliceia e sobre o samba na Pauliceia, e que juntamente com Samy formam um casal inspirador; Thiago Magalhães, parceiro de sambas e outros sonhos; Otávio Rossato, sempre me acolhendo nas “cavernas” da vida. De alguma maneira este trabalho carrega um pouquinho de todos vocês. Obrigada por tudo! Ao Bowie Bolissian, notadamente, agradeço pelo zeloso auxílio na confecção do abstract desta tese. Fico muito feliz por poder contar com você! Agradeço ainda ao Leonardo Pellegrim, sem dúvida meu maior incentivador no início dessa empreitada, e ao Eduardo Johansen, pela confortadora companhia durante meu exame de qualificação. Aos colegas, amigos, alunos e parceiros do Conservatório Dramático Musical Dr. Carlos de Campos de Tatuí, em especial à equipe do polo de São José do Rio Pardo, obrigada por compreenderem minhas ausências e limitações no decorrer desses cinco anos de trabalho e pesquisa. Pela presença e cuidado, pelo auxílio na escuta atenta e repetida dos áudios, pelo apoio constante, em especial nos difíceis momentos finais deste trabalho, comemorando comigo cada nova ideia, e me confortando a cada desamparo é que agradeço muito especialmente ao meu namorado, Adenilson Ferreira, o Tio Dê. Obrigada por estar comigo! E, como eu não poderia deixar de mencionar, agradeço ainda à preciosa companhia da pequena Ozória, que tornou menos solitárias as minhas madrugadas de escrita e reflexão. A todos, o meu mais sincero obrigada! “E, quando o meu espírito não pede nenhum outro alimento ou estímulo além da música, sei que esta deve ser procurada nos cemitérios: os músicos se escondem nas tumbas; de uma fossa para outra, replicam trinados de flautas, acordes de harpas. Sem dúvida também em Ipásia chegará o dia em que o meu único desejo será partir. Sei que não devo descer até o ponto mas subir o pináculo mais elevado da cidadela e aguardar a passagem de um navio lá em cima. Algum dia ele passará? Não existe linguagem sem engano”. Ítalo Calvino, As cidades invisíveis. Resumo: As reflexões que orientam este trabalho têm como ponto de partida o discurso em torno da defesa de uma particularidade para o samba na cidade de São Paulo em comparação ao samba do Rio de Janeiro. Em uma série de depoimentos e entrevistas, nota-se que um grupo de sambistas de São Paulo, especialmente a partir da década de 1970, argumenta em favor de que o samba paulista é diferente do samba carioca (ou o teria sido até cerca de meados do século) em razão de sua origem diversa. Segundo essa narrativa, o samba de São Paulo seria originário dos batuques que acompanhavam os festejos religiosos acontecidos no interior do Estado.