A Política Em Espiral: Normalidade E Excepcionalidade Na Cobertura Midiática Sobre O Impeachment De Dilma Rousseff
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS FACUDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS – FAFICH PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA POLÍTICA PEDRO PASCHOALIN DE AMORIM A POLÍTICA EM ESPIRAL: NORMALIDADE E EXCEPCIONALIDADE NA COBERTURA MIDIÁTICA SOBRE O IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF Belo Horizonte 2020 PEDRO PASCHOALIN DE AMORIM A POLÍTICA EM ESPIRAL: NORMALIDADE E EXCEPCIONALIDADE NA COBERTURA MIDIÁTICA SOBRE O IMPEACHMENT DE DILMA ROUSSEFF Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Política da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciência Política. Orientador: Prof. Dr. Eduardo Moreira da Silva Coorientador: Prof. Dr. Ricardo Fabrino Mendonça Belo Horizonte 2020 Eu dedico este trabalho ao meu primeiro leitor e à minha primeira leitora. Ao meu pai, o primeiro leitor da minha vida, e à minha mãe, a minha primeira leitora de todas as horas. Também dedico este trabalho às outras muitas mulheres que me formaram. Entre quem nomeio a minha avó, Cremilde, cujo talento excepcional se deslocou de sonhos acadêmicos e profissionais para o campo do privado, e no qual não deixou de ser menos brilhante em todas as atividades a que se propôs. AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar, agradeço ao Programa de Pós-graduação em Ciência Política da Universidade de Federal de Minas Gerais. Sua excelência me proporcionou vasto aprimoramento acadêmico e profissional, mas também favoreceu grande crescimento pessoal, de modo geral. O que se deve à competência de seus corpos docente, administrativo e discente, mas, em grande medida, à empatia dos indivíduos que compõem os seus quadros. A todo o departamento agradeço na pessoa de sua atual coordenadora, a professora Natália Sátyro: muito obrigado. Agradeço também ao professor Felipe Nunes e à participação no grupo de estudos por ele dirigido, o Media Bias. Além de apurar a minha sensibilidade metodológica, a atuação junto à pesquisa viabilizou a minha bolsa de mestrado, fundamental para a realização do curso e para a execução desta dissertação. Em tempos assinalados por restrições de financiamento à Academia brasileira, agradeço à agência de fomento do Estado de Minas Gerais, a Fapemig, pela oportunidade que me foi concedida. Agradeço especialmente ao meu orientador, Eduardo Moreira da Silva, e a meu coorientador, Ricardo Fabrino Mendonça. Sem a perspicácia analítica; o esforço; a paciência; e a postura compassiva de ambos, este trabalho seria impossível. Serei sempre grato a vocês. Aproveito para agradecer a minha orientadora de graduação, Vânia Carvalho Pinto, cujas contribuições anteriores ainda se expressam no conteúdo do presente estudo. Agradeço muito a Michelle Senna e a Vivian Coelho, porque sem os seus cuidados e o seu acolhimento esta dissertação também não seria possível. Dentre as diversas instituições que me auxiliaram em buscas por uma vida de maior clareza e de mais amorosidade, destaco o Centro de Estudos Budistas Bodisatva, em Belo Horizonte, e o Grupo Francisco de Assis, na minha cidade natal, Ribeirão Preto. Agradeço a minhas amigas e meus amigos por todo o seu carinho à revelia do meu afastamento em diversas ocasiões ao longo do processo de escrita do presente estudo, trabalho e, particularmente, durante o largo período de sua finalização. Seria injusto pontuar alguns nomes, mas eu espero que vocês se reconheçam nas minhas palavras. Também agradeço as muitas pessoas desconhecidas ou vagamente conhecidas cuja gentileza foi de grande alívio em momentos de grande isolamento social. Por fim, minha gratidão ilimitada para a minha família. Às diferentes figuras maternas que nela encontrei e aos outros familiares cujo carinho e ajuda foram fundamentais durante esses anos de mestrado. E, claro, agradeço aos incansáveis esforços da minha mãe, Mariangela; do meu pai, Galeno; e da minha irmã, Marcella, a quem tanto devo. Sem a resiliência e a dedicação dos três, este trabalho não teria nem começado. A vocês presto homenagem e dedico o meu amor. Núcleo familiar já há três anos integrado pelo Bento, que, com sua doçura, sempre me relembra de um amor livre de condições. Ainda é necessário ressaltar que toda fala é contraposta pelo que se silencia ou por quem se silencia. No meu caso, a oportunidade de contar a história que atravessará as próximas dezenas de páginas deve ser considerada em contraposição às portas e janelas que potencialmente fechou. Caso reparações sejam possíveis a vidas e talentos podadas, sem dúvidas estas poucas linhas não têm tal papel. No entanto, eu espero que este trabalho faça minimamente jus à longa sequência de privilégios e oportunidades que me foram concedidas. De modo que, ao menos, demonstre tanto respeito quanto possível a quem não pôde escrever ou concluir trabalhos potencialmente muito melhores e mais necessários do que o meu. “Toda dor pode ser suportada se sobre ela puder ser contada uma história” Hanna Arendt “Racine, o teatro clássico, era a caminhada do sol ao meio dia para a escuridão absoluta: Fedra sai da iluminação plena para o porão. Já a tragédia moderna é que a gente vive no cinza, na indefinição” Samuel Beckett “Emerge o corpo do impeachment, que toma corpo por meio de narrativas que tratam de lhe atribuir sentidos. Corpo constituído por complexa intervenção de ‘cirurgiões da significância’, mas que é também por eles dissolvido em fragmentos ao manipular e fazer circular seu tecido significante” Antonio Fausto Neto RESUMO Combinando a teoria de securitização à análise qualitativa de enquadramento, este trabalho interpreta construções discursivas, promovidas por grandes veículos midiáticos brasileiros, acerca do impeachment da presidenta Dilma Rousseff em 2016 e das instabilidade que nele culminaram. Para tanto, a pesquisa fez uso de textos noticiosos e opinativos publicados pela Folha de S. Paulo; O Estado de S. Paulo; e O Globo em diferentes momentos entre fins de 2014 e meados daquele ano. Com base nas repercussões a 12 acontecimentos, os dados abarcam aspectos distintos da crise presidencial – políticos; econômicos; jurídicos; sociais; e sociológicos – que, porém, entrelaçam-se intimamente ao tomar a contestação ao mandato como referente. Por uma face, articulados sob o pacote interpretativo do xadrez político, tais os quadros a seu respeito tendem a normalizar o impedimento como uma consequência quase natural às disputas em curso. Por outra face, pela ótica da segurança, os mesmos enquadramentos integram um movimento securitizador que salienta a dimensão excepcional da situação e desloca a discursividade em torno do processo para o campo das ameaças existenciais ao país, coadunadas na figura do Governo Rousseff ou da própria criticidade. Segundo ambas as perspectivas, diante do cenário de impasse decisório e deterioração generalizada, a remoção de Rousseff emerge como o único caminho possível em tal contexto. Brasil; comunicação; crise; democracia; enquadramento; excepcionalidade; impeachment; mídia; normalidade; política; securitização; segurança. ABSTRACT Through the combination of securitization theory and framing analysis, this work illuminates discursive constructions promoted by major Brazilian media vehicles about the impeachment of President Dilma Rousseff in 2016, and the instabilities that lead to the occurrence. For doing so, this research made use of news and opinion pieces published by the newspapers Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo and O Globo at different times between the end of 2014 and the middle of 2016. Based on the effects of 12 events, the data cover different aspects of the presidential crisis – political, economic, legal, social and sociological – that closely intertwine when taking the appeal against the mandate as reference. On the one hand, articulated under the interpretative package of political chess, such frames tend to normalize the impediment as an almost natural consequence of ongoing disputes. On the other hand, from the perspective of security, the same frameworks integrate a securitizing movement that highlights the exceptional dimension of the situation and shifts discourse around the process to the field of existential threats to the country, associated with the image of the Rousseff government or the crisis itself. In both perspectives, in face of the scenario of decision-making deadlock and generalized deterioration, the removal of Rousseff emerges as the only possible path in such context. Keywords: Brazil; communication; crisis; democracy; framing; extraodinary; impeachment; media; ordinary; politics; securitization; security. LISTA DE TABELAS Tabela 1. Operacionalização e fontes da análise de enquadramento..................... Página 112 Tabela 2. Delimitação das datas para coleta de dados e análise de enquadramento............ .................................................................................................................................... Página 116 Tabela 3. Grupos de soluções para a crise via mandato Rousseff.......................... Página 156 LISTA DE FIGURAS Figura 1. Processo de securitização............................................................................ Página 59 Figura 2. O espectro de politização............................................................................ Página 59 Figura 3. Movimento de securitização ao impeachment presidencial de 2016...... Página 64 Figura 4. Estruturas e relações de accountability no Brasil contemporâneo......... Página 76 Figura 5. Declarações de segurança: crise (IIa) e Governo Rousseff como ameaças