JUDÔ EMREVISTA

PAPO DE CRAQUES Grandes nomes do judô entrevistam Flávio Canto PELO BRASIL PAF oferece investimento Walter histórico às Federações Carmona: “Fico feliz em ver GARIMPANDO os sonhos da minha MEDALHAS geração realizados” O sucesso do Brasil nos tatames do mundo em 2011

o Uma publicação da CBJ - Confederação BrasileiraJUDÔ EM REVISTA de Judô 1 | NMarço/Abril1 | Março-Abril 2012 2012 | www.cbj.com.br 02 BALANÇO 2011 As conquistas do Brasil EDITORIAL na temporada POR DENTRO DA CBJ 06 De terno e faixa preta

Caros amigos, caros judocas, CALENDARIO 2012 A cada instante, um novo capítulo da já rica história do judô brasi- 08 Salvador recebe Mundial leiro vem sendo escrito. Com suor, talento e profissionalismo, cada por Equipes e Veteranos página nos dá a certeza de que não existe um, mas vários, “finais felizes”. POR ONDE ANDA? E o ano de 2011 foi assim mesmo, repleto de “finais”. Mais preci- 10 samente 96 decisões de medalha de ouro no Circuito Mundial da Walter Carmona Federação Internacional de Judô tiveram atletas brasileiros como protagonistas. Mais do que isso: Mayra Aguiar e Leandro Guilheiro chegaram ao topo do ranking mundial, coroando, sim, o talento e 12 POSTER perseverança desses grandes judocas, mas também o planeja- Mayra Aguiar mento, trabalho e investimento de toda a equipe multidisciplinar da Confederação Brasileira de Judô. Nas categorias de base, por sua vez, quase mil atletas disputaram 13 POSTER as seletivas nacionais para definição das seleções nas diversas fai- Leandro Guilheiro xas etárias – o começo da caminhada rumo a um “final” brilhante para jovens judocas dos quatro cantos do país. Dando prosseguimento ao trabalho de fomento junto às Federações, 14 PELO MUNDO o PAF (Programa de Apoio às Federações) entregou a cada uma de- Brasil receberá Centro de las 144 placas de tatame, 4 TV’s 4 laptops, 2 câmeras e todo o equi- Treinamento das Américas pamento tecnológicos necessário para a realização de eventos nos padrões internacionais, oferecendo às entidades estaduais meios para se desenvolver. ENTREVISTA 15 Flavio Canto Não podíamos deixar de fora dessa edição do Judô em Revista outro “final feliz” de 2011: a aposentadoria do grande atleta Flávio Canto, medalhista olímpico em Atenas 2004 e símbolo completo do PELO BRASIL significado da palavra judoca. 20 O desenvolvimento Esperamos que gostem da leitura dessas e de outras histórias. do judô com o PAF Afinal, você é parte delas. JUDO PARA TODOS Um agradecimento especial ao Comitê Olímpico Brasileiro, Governo 23 Federal e Ministério do Esporte, Federações Estaduais, Clubes e Associação de Judô aos patrocinadores da CBJ Sadia, Infraero, Bradesco, Mizuno, Branco Zanol Scania e Cielo e às emissoras oficiais Record e SporTV, que estive- ram ao nosso lado durante toda a temporada. 24 JUDOCA SAUDÁVEL Até o próximo final feliz! Nutrição

Paulo Wanderley Teixeira Presidente da Confederação Brasileira de Judô 25 COLUNISTA CONVIDADO Marcelo Madureira

Judô em Revista é uma publicação oficial da Confederação Brasileira de Judô com tiragem de 1.500 exemplares e distribuição gratuita.

Jornalista Responsável: Manoela Penna | www.inpressmediaguide.com.br Textos: Lucio Mattos, Manoela Penna e Maria Clara Serra Foto Capa: Daniel Zappe Design e diagramação: Daniela Genuino Smith | www.dgscreative.com Presidente: Paulo Wanderley Teixeira www.cbj.com.br @noticiascbj /brasiljudo 1o Vice-Presidente: Marcelo França Moreira 2o Vice-Presidente: João Batista da Rocha

JUDÔ EM REVISTA 1 Março/Abril 2012 02 BALANÇO 2011 As conquistas do Brasil EDITORIAL na temporada POR DENTRO DA CBJ 06 De terno e faixa preta

Caros amigos, caros judocas, CALENDARIO 2012 A cada instante, um novo capítulo da já rica história do judô brasi- 08 Salvador recebe Mundial leiro vem sendo escrito. Com suor, talento e profissionalismo, cada por Equipes e Veteranos página nos dá a certeza de que não existe um, mas vários, “finais felizes”. POR ONDE ANDA? E o ano de 2011 foi assim mesmo, repleto de “finais”. Mais preci- 10 samente 96 decisões de medalha de ouro no Circuito Mundial da Walter Carmona Federação Internacional de Judô tiveram atletas brasileiros como protagonistas. Mais do que isso: Mayra Aguiar e Leandro Guilheiro chegaram ao topo do ranking mundial, coroando, sim, o talento e 12 POSTER perseverança desses grandes judocas, mas também o planeja- Mayra Aguiar mento, trabalho e investimento de toda a equipe multidisciplinar da Confederação Brasileira de Judô. Nas categorias de base, por sua vez, quase mil atletas disputaram 13 POSTER as seletivas nacionais para definição das seleções nas diversas fai- Leandro Guilheiro xas etárias – o começo da caminhada rumo a um “final” brilhante para jovens judocas dos quatro cantos do país. Dando prosseguimento ao trabalho de fomento junto às Federações, 14 JUDO PELO MUNDO o PAF (Programa de Apoio às Federações) entregou a cada uma de- Brasil receberá Centro de las 144 placas de tatame, 4 TV’s 4 laptops, 2 câmeras e todo o equi- Treinamento das Américas pamento tecnológicos necessário para a realização de eventos nos padrões internacionais, oferecendo às entidades estaduais meios para se desenvolver. ENTREVISTA 15 Flavio Canto Não podíamos deixar de fora dessa edição do Judô em Revista outro “final feliz” de 2011: a aposentadoria do grande atleta Flávio Canto, medalhista olímpico em Atenas 2004 e símbolo completo do PELO BRASIL significado da palavra judoca. 20 O desenvolvimento Esperamos que gostem da leitura dessas e de outras histórias. do judô com o PAF Afinal, você é parte delas. JUDO PARA TODOS Um agradecimento especial ao Comitê Olímpico Brasileiro, Governo 23 Federal e Ministério do Esporte, Federações Estaduais, Clubes e Associação de Judô aos patrocinadores da CBJ Sadia, Infraero, Bradesco, Mizuno, Branco Zanol Scania e Cielo e às emissoras oficiais Record e SporTV, que estive- ram ao nosso lado durante toda a temporada. 24 JUDOCA SAUDÁVEL Até o próximo final feliz! Nutrição

Paulo Wanderley Teixeira Presidente da Confederação Brasileira de Judô 25 COLUNISTA CONVIDADO Marcelo Madureira

Judô em Revista é uma publicação oficial da Confederação Brasileira de Judô com tiragem de 1.500 exemplares e distribuição gratuita.

Jornalista Responsável: Manoela Penna | www.inpressmediaguide.com.br Textos: Lucio Mattos, Manoela Penna e Maria Clara Serra Foto Capa: Daniel Zappe Design e diagramação: Daniela Genuino Smith | www.dgscreative.com Presidente: Paulo Wanderley Teixeira www.cbj.com.br @noticiascbj /brasiljudo 1o Vice-Presidente: Marcelo França Moreira 2o Vice-Presidente: João Batista da Rocha

JUDÔ EM REVISTA 1 Março/Abril 2012 BALANÇO 2011 Foto: Márcio Rodrigues

:: A equipe masculina sênior com a medalha de vice-campeã mundial conquistada no ginásio de Bercy, em Paris

eventos internacionais, sendo 51 no “Foi realmente um ano muito bom para ano de 2011 entrou para a lugar mais alto. O judô verde-ama- o judô, com medalhas em praticamen- história do judô nacional relo se consolidou como potência te todos os torneios que participamos como um dos melhores de no Circuito Mundial, arrebatando e, com os atletas bem encaminhados Otodos os tempos. Na pré-temporada 101 medalhas no Circuito Mundial para a classificação olímpica. Não me- Com 297 medalhas conquistadas em 2011, judocas brasileiros das Olimpíadas de Londres 2012, da Federação Internacional de Judô, dimos esforços para chegar mais uma se destacam no cenário internacional, da base à elite os atletas da seleção brasileira sê- atrás apenas de Japão, com 144, e vez com uma equipe forte e com totais nior subiram 165 vezes no pódio em Rússia, com 108. chances de manter a nossa meta, que

JUDÔ EM REVISTA 2 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 3 Março/Abril 2012 BALANÇO 2011 Foto: Márcio Rodrigues

:: A equipe masculina sênior com a medalha de vice-campeã mundial conquistada no ginásio de Bercy, em Paris

eventos internacionais, sendo 51 no “Foi realmente um ano muito bom para ano de 2011 entrou para a lugar mais alto. O judô verde-ama- o judô, com medalhas em praticamen- história do judô nacional relo se consolidou como potência te todos os torneios que participamos como um dos melhores de no Circuito Mundial, arrebatando e, com os atletas bem encaminhados Otodos os tempos. Na pré-temporada 101 medalhas no Circuito Mundial para a classificação olímpica. Não me- Com 297 medalhas conquistadas em 2011, judocas brasileiros das Olimpíadas de Londres 2012, da Federação Internacional de Judô, dimos esforços para chegar mais uma se destacam no cenário internacional, da base à elite os atletas da seleção brasileira sê- atrás apenas de Japão, com 144, e vez com uma equipe forte e com totais nior subiram 165 vezes no pódio em Rússia, com 108. chances de manter a nossa meta, que

JUDÔ EM REVISTA 2 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 3 Março/Abril 2012 Coordenador técnico da seleção brasi- “Ouvir o hino nacional num evento como “Não é um título meu, é de toda uma fa- “Rosi passa uma leira, Ney Wilson Silva garante que a es- o Pan é diferente. É, sem dúvida, o resul- mília chamada judô e destas meninas energia muito boa 440 atletas trutura e investimento na última tempo- tado mais importante da minha carreira”, que nunca duvidaram que fossem ca- para a gente tan- rada fizeram com que a equipe ganhasse conta Felipe Kitadai, que pôs fim a um pazes. A CBJ nunca duvidou delas”, co- to dentro quan- viajaram pelas muito mais do que medalhas: jejum na categoria ligeiro que já perdu- menta Rosicleia Campos. to fora do tatame.

rava desde os Jogos Pan-Americano de Independente da ad- Foto: Márcio Rodrigues seleções sênior “Os atletas ganharam confiança no pro- Havana, em 1991, quando Shigueto Ya- versária, ela sempre em 2011 jeto Londres 2012. Conforme íamos con- mazaki conquistou o ouro. diz que nós somos solidando as posições no melhores. Essa con- ranking mundial, mostrá- 987 judocas fiança que tem na 237 homens e vamos que a estrutura ad- participaram das gente é o diferencial”, ministrativa e técnica que comenta a gaúcha. 203 mulheres atualmente envolve o judô seletivas nacionais estava trabalhando para o Foto: Márcio Rodrigues Sucesso sucesso da equipe. Nos nas categorias :: em ação: medalhas levaram a piauiense ao terceiro lugar do ranking mundial é desde 1984 voltarmos com medalha também primeiros nove meses do de uma Olimpíada”, diz o presidente da de base ano de 2011, o Brasil foi o na base Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Se a tropa de elite da seleção principal Para a formação de jovens atletas, a CBJ país que mais medalhas (em 2009, haviam Paulo Wanderley Teixeira. faturou tantas medalhas em 2011, o de- investiu cerca de R$ 2 milhões em 2011, conquistou no Circuito sido 397 e sempenho das seleções de base mos- em avaliações, treinamentos, compe- Mundial, algo histórico. Por O “tour” mundial da seleção brasileira trou que o futuro da modalidade vem isso as medalhas são im- passou pelos cinco continentes: foram em 2010, 512) sendo sedimentado com alicerce firme. portantes, pois mostram 34 competições em 39 etapas com- Dos 132 pódios conquistados em 2011, o de maneira real o resultado petições possíveis no calendário da Brasil obteve 100% de medalhas em tor- do trabalho”, explica Ney :: Leandro Cunha fez sua segunda final seguida em Mundial Sênior E as atletas têm provado a cada evento 1199 combates Federação Internacional de Judô (FIJ). neios continentais, reafirmando a hege- Wilson. que a história do judô feminino brasileiro Ao todo, os brasileiros fi- monia do nosso judô também na base. foram feitos por está sendo reescrita. Em fevereiro, pela zeram nada menos do que Mas foi no Mundial Sub 17, na Ucrânia, Um dos eventos que tam- Judocas de primeira vez, uma brasileira chegou ao judocas brasileiros, 1199 lutas, com 63% de que aconteceu a principal conquista bém contribuiu para a tem- topo do ranking mundial. A jovem Mayra vitórias. Marcas que com- 165 da temporada. Uma menina de apenas porada vitoriosa do Brasil Aguiar, que recentemente venceu o Grand provaram a constante evo- 14 estados 40kg deu ao país o ouro na competição: medalhas em 2011 foram os Jogos Slam de Paris, não vê ninguém à sua frente com 759 lução do judô brasileiro. Em Tawany Silva, do litoral paulista, virou Pan-Americanos de Gua- representaram o na lista. Sarah Menezes (3ª), 2009, foram 20 medalhas atração na cidade de Praia Grande e re- em 2011 dalajara, no México. Assim (4ª) e Erika Miranda (6ª) e Maria Suelen vitórias em 2011 no Circuito e, no ano se- alizou o sonho de ser campeã mundial como no Mundial de Paris, Brasil em 2011, do Altheman (10ª) também fazem parte do se- guinte, este número já foi em apenas 20 segundos. o Brasil comemorou seu leto grupo Top 10. Os resultados não são mais do que triplicado (66 51 ouros, tições no Brasil e no exterior. Com 142 melhor desempenho de sub-17 ao sênior encarados como pressão pelas atletas, pódios). “Levei um tempo para entender. Imagi- atletas, o Brasil participou de etapas do todos os tempos. Foram mas, como incentivo para acreditarem que nava que iria conseguir jogar de ippon Circuito Europeu Júnior. 13 medalhas, com direito a vão lutar por medalhas nas Olimpíadas. Paris, a Cidade Luz, ilu- 45 pratas e na final, mas é algo que você não plane- recorde de ouros (6 no to- minaria o Brasil na melhor Girl Power! ja. A emoção foi tão grande que na hora “Nosso objetivo é dar totais condições tal) e sete finais disputadas De Teresina, no Piauí, até Porto Alegre, “Cada medalha motiva ainda mais o grupo. campanha da história em não me veio nada na cabeça, só uma fe- para o surgimento de atletas que pos- 69 bronzes no masculino, algo jamais no Rio Grande do Sul, uma coisa é A cada conquista, quem ficou por algum números de medalhas. No licidade enorme”, relembra a judoca de sam vir a municiar a seleção principal, igualado por qualquer país certa. Lugar de mulher é no tatame! motivo de fora do pódio vê que é possí- Campeonato Mundial mais apenas 15 anos. mantendo a tradição de conquistas”, diz em toda a história da mo- As meninas estão com tudo e querem vel chegar”, diz a treinadora, que fez par- disputado de todos os tempos, o Brasil o coordenador das categorias de base, dalidade na principal competição con- mais. Matematicamente garantidas em te da geração pioneira do judô feminino, subiu cinco vezes no pódio, com pra- Além do ouro de Tawany, a base brasi- Luiz Romariz. “Graças à Lei do Incentivo tinental. Felipe Kitadai, Leandro Cunha, Londres 2012, as sete judocas da seleção tendo participado dos Jogos Olímpicos de tas de Rafaela Silva (57kg) e Leandro leira subiu no pódio em mundiais mais ao Esporte, à Lei Piva e aos patrocina- Bruno Mendonça, Leandro Guilheiro, Tia- formam, ao lado da treinadora Rosicleia Barcelona em 1992. Cunha (66kg), e bronzes de Sarah quatro vezes. Ainda na Ucrânia, Nathá- dores da CBJ estamos conseguindo in- go Camilo e Luciano Corrêa foram os res- Campos, uma família. Ao ser eleita como Menezes (48kg), Mayra Aguiar (78kg) lia Mercadante (44kg) e Felipe Almei- vestir com força na formação de atletas. ponsáveis em fazer o Hino Nacional Brasi- melhor técnica do ano no Prêmio Brasil Esse espírito de família foi fundamental e Leandro Guilheiro (81kg). Na dispu- da (50kg) foram bronze. Já na África do Os resultados chegarão a médio e longo leiro ser o mais tocado dentro do ginásio Olímpico 2011, concedido pelo Comitê para o sucesso das meninas. A líder do ta por equipes masculina, ficou com o Sul, Águeda Silva (44kg) foi prata e Allan prazo”, acredita. do Code 2 e superaram os cinco ouros Olímpico Brasieliro, “Tia Rosi” desabou ranking Mayra Aguiar confirma: vice-campeonato. Kuwabara (60kg) ficou com o bronze. conquistados em Indianápolis 1987. em lágrimas após receber o troféu. Mas para que os resultados aconte- cessem nesta magnitude em 2011, cada passo foi planejado. Desde 2009, quando o sistema de classificação para as Olimpíadas de Londres a partir do Foto: Márcio Rodrigues

ranking mundial foi anunciado pela FIJ, Foto: Márcio Rodrigues a CBJ deu início a uma estratégia vol- tada para classificar, pela primeira vez,

todas as categorias para uma edição Foto: Lucio Mattos dos Jogos. Até o momento, foram in- vestidos mais de R$ 5 milhões na pre- paração da equipe.

“O judô vive um momento único, graças ao apoio dos nossos patrocinadores e ao trabalho feito pela Comissão Técnica, pelas Federações e clubes. Todos têm participação fundamental nestas impor- tantes conquistas de 2011”, diz o presi- :: Equipe Feminina conquistou resultados históricos na temporada :: Nas categorias de base, jovens atletas mostram que o futuro do Brasil é promissor dente da CBJ.

4 JUDÔ EM REVISTA 4 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 5 Março/Abril 2012 5 Coordenador técnico da seleção brasi- “Ouvir o hino nacional num evento como “Não é um título meu, é de toda uma fa- “Rosi passa uma leira, Ney Wilson Silva garante que a es- o Pan é diferente. É, sem dúvida, o resul- mília chamada judô e destas meninas energia muito boa 440 atletas trutura e investimento na última tempo- tado mais importante da minha carreira”, que nunca duvidaram que fossem ca- para a gente tan- rada fizeram com que a equipe ganhasse conta Felipe Kitadai, que pôs fim a um pazes. A CBJ nunca duvidou delas”, co- to dentro quan- viajaram pelas muito mais do que medalhas: jejum na categoria ligeiro que já perdu- menta Rosicleia Campos. to fora do tatame.

rava desde os Jogos Pan-Americano de Independente da ad- Foto: Márcio Rodrigues seleções sênior “Os atletas ganharam confiança no pro- Havana, em 1991, quando Shigueto Ya- versária, ela sempre em 2011 jeto Londres 2012. Conforme íamos con- mazaki conquistou o ouro. diz que nós somos solidando as posições no melhores. Essa con- ranking mundial, mostrá- 987 judocas fiança que tem na 237 homens e vamos que a estrutura ad- participaram das gente é o diferencial”, ministrativa e técnica que comenta a gaúcha. 203 mulheres atualmente envolve o judô seletivas nacionais estava trabalhando para o Foto: Márcio Rodrigues Sucesso sucesso da equipe. Nos nas categorias :: Sarah Menezes em ação: medalhas levaram a piauiense ao terceiro lugar do ranking mundial é desde 1984 voltarmos com medalha também primeiros nove meses do de uma Olimpíada”, diz o presidente da de base ano de 2011, o Brasil foi o na base Confederação Brasileira de Judô (CBJ), Se a tropa de elite da seleção principal Para a formação de jovens atletas, a CBJ país que mais medalhas (em 2009, haviam Paulo Wanderley Teixeira. faturou tantas medalhas em 2011, o de- investiu cerca de R$ 2 milhões em 2011, conquistou no Circuito sido 397 e sempenho das seleções de base mos- em avaliações, treinamentos, compe- Mundial, algo histórico. Por O “tour” mundial da seleção brasileira trou que o futuro da modalidade vem isso as medalhas são im- passou pelos cinco continentes: foram em 2010, 512) sendo sedimentado com alicerce firme. portantes, pois mostram 34 competições em 39 etapas com- Dos 132 pódios conquistados em 2011, o de maneira real o resultado petições possíveis no calendário da Brasil obteve 100% de medalhas em tor- do trabalho”, explica Ney :: Leandro Cunha fez sua segunda final seguida em Mundial Sênior E as atletas têm provado a cada evento 1199 combates Federação Internacional de Judô (FIJ). neios continentais, reafirmando a hege- Wilson. que a história do judô feminino brasileiro Ao todo, os brasileiros fi- monia do nosso judô também na base. foram feitos por está sendo reescrita. Em fevereiro, pela zeram nada menos do que Mas foi no Mundial Sub 17, na Ucrânia, Um dos eventos que tam- Judocas de primeira vez, uma brasileira chegou ao judocas brasileiros, 1199 lutas, com 63% de que aconteceu a principal conquista bém contribuiu para a tem- topo do ranking mundial. A jovem Mayra vitórias. Marcas que com- 165 da temporada. Uma menina de apenas porada vitoriosa do Brasil Aguiar, que recentemente venceu o Grand provaram a constante evo- 14 estados 40kg deu ao país o ouro na competição: medalhas em 2011 foram os Jogos Slam de Paris, não vê ninguém à sua frente com 759 lução do judô brasileiro. Em Tawany Silva, do litoral paulista, virou Pan-Americanos de Gua- representaram o na lista. Sarah Menezes (3ª), Rafaela Silva 2009, foram 20 medalhas atração na cidade de Praia Grande e re- em 2011 dalajara, no México. Assim (4ª) e Erika Miranda (6ª) e Maria Suelen vitórias em 2011 no Circuito e, no ano se- alizou o sonho de ser campeã mundial como no Mundial de Paris, Brasil em 2011, do Altheman (10ª) também fazem parte do se- guinte, este número já foi em apenas 20 segundos. o Brasil comemorou seu leto grupo Top 10. Os resultados não são mais do que triplicado (66 51 ouros, tições no Brasil e no exterior. Com 142 melhor desempenho de sub-17 ao sênior encarados como pressão pelas atletas, pódios). “Levei um tempo para entender. Imagi- atletas, o Brasil participou de etapas do todos os tempos. Foram mas, como incentivo para acreditarem que nava que iria conseguir jogar de ippon Circuito Europeu Júnior. 13 medalhas, com direito a vão lutar por medalhas nas Olimpíadas. Paris, a Cidade Luz, ilu- 45 pratas e na final, mas é algo que você não plane- recorde de ouros (6 no to- minaria o Brasil na melhor Girl Power! ja. A emoção foi tão grande que na hora “Nosso objetivo é dar totais condições tal) e sete finais disputadas De Teresina, no Piauí, até Porto Alegre, “Cada medalha motiva ainda mais o grupo. campanha da história em não me veio nada na cabeça, só uma fe- para o surgimento de atletas que pos- 69 bronzes no masculino, algo jamais no Rio Grande do Sul, uma coisa é A cada conquista, quem ficou por algum números de medalhas. No licidade enorme”, relembra a judoca de sam vir a municiar a seleção principal, igualado por qualquer país certa. Lugar de mulher é no tatame! motivo de fora do pódio vê que é possí- Campeonato Mundial mais apenas 15 anos. mantendo a tradição de conquistas”, diz em toda a história da mo- As meninas estão com tudo e querem vel chegar”, diz a treinadora, que fez par- disputado de todos os tempos, o Brasil o coordenador das categorias de base, dalidade na principal competição con- mais. Matematicamente garantidas em te da geração pioneira do judô feminino, subiu cinco vezes no pódio, com pra- Além do ouro de Tawany, a base brasi- Luiz Romariz. “Graças à Lei do Incentivo tinental. Felipe Kitadai, Leandro Cunha, Londres 2012, as sete judocas da seleção tendo participado dos Jogos Olímpicos de tas de Rafaela Silva (57kg) e Leandro leira subiu no pódio em mundiais mais ao Esporte, à Lei Piva e aos patrocina- Bruno Mendonça, Leandro Guilheiro, Tia- formam, ao lado da treinadora Rosicleia Barcelona em 1992. Cunha (66kg), e bronzes de Sarah quatro vezes. Ainda na Ucrânia, Nathá- dores da CBJ estamos conseguindo in- go Camilo e Luciano Corrêa foram os res- Campos, uma família. Ao ser eleita como Menezes (48kg), Mayra Aguiar (78kg) lia Mercadante (44kg) e Felipe Almei- vestir com força na formação de atletas. ponsáveis em fazer o Hino Nacional Brasi- melhor técnica do ano no Prêmio Brasil Esse espírito de família foi fundamental e Leandro Guilheiro (81kg). Na dispu- da (50kg) foram bronze. Já na África do Os resultados chegarão a médio e longo leiro ser o mais tocado dentro do ginásio Olímpico 2011, concedido pelo Comitê para o sucesso das meninas. A líder do ta por equipes masculina, ficou com o Sul, Águeda Silva (44kg) foi prata e Allan prazo”, acredita. do Code 2 e superaram os cinco ouros Olímpico Brasieliro, “Tia Rosi” desabou ranking Mayra Aguiar confirma: vice-campeonato. Kuwabara (60kg) ficou com o bronze. conquistados em Indianápolis 1987. em lágrimas após receber o troféu. Mas para que os resultados aconte- cessem nesta magnitude em 2011, cada passo foi planejado. Desde 2009, quando o sistema de classificação para as Olimpíadas de Londres a partir do Foto: Márcio Rodrigues

ranking mundial foi anunciado pela FIJ, Foto: Márcio Rodrigues a CBJ deu início a uma estratégia vol- tada para classificar, pela primeira vez,

todas as categorias para uma edição Foto: Lucio Mattos dos Jogos. Até o momento, foram in- vestidos mais de R$ 5 milhões na pre- paração da equipe.

“O judô vive um momento único, graças ao apoio dos nossos patrocinadores e ao trabalho feito pela Comissão Técnica, pelas Federações e clubes. Todos têm participação fundamental nestas impor- tantes conquistas de 2011”, diz o presi- :: Equipe Feminina conquistou resultados históricos na temporada :: Nas categorias de base, jovens atletas mostram que o futuro do Brasil é promissor dente da CBJ.

4 JUDÔ EM REVISTA 4 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 5 Março/Abril 2012 5 POR DENTRO DA CBJ Foto: Lucio Mattos

:: Com o presidente Paulo Wanderley Teixeira à frente, funcionários posam na sede da CBJ: gestão de sucesso e conhecimento do esporte

Capacitação Marcos Vinícius Freire (vôlei), Agberto “A CBJ foi em Guimarães (atletismo), Bernard Razjman Em 2009, o Comitê Olímpico Brasileiro (vôlei), Adriana Behar (vôlei), todos me- DE TERNO E FAIXA PRETA lançou o Curso Avançado de Gestão busca de resgatar dalhista olímpicos, ocupam cargos es- CBJ aposta na capacitação profissional de ex-atletas, Esportiva, o CAGE. Robnelson Ferreira tratégicos na entidade, assim como os fez parte da turma inaugural. O CAGE as pessoas que judocas Sebástian Pereira e Daniela unindo a paixão pelo esporte à excelência administrativa é uma iniciativa do Programa da Polzin, formada em arquitetura. Solidariedade Olímpica do Comitê dedicaram suas Olímpico Internacional (COI) para o as esferas da entidade. Atualmente com e faixa preta 7o Dan, Paulo Wanderley vidas ao esporte, “A CBJ foi em busca de resgatar as desenvolvimento administrativo dos ma das definições da pa- faixas preta em posições estratégicas Teixeira, lembrando que também fora da pessoas que dedicaram suas vidas ao Comitês Olímpicos Nacionais, além de de quimono, lavra tradição está na administrativas, a CBJ une tradição e CBJ os judocas se destacam, caso do esporte, de quimono, transformando-as ser uma realização do Instituto Olímpico transmissão de valores gestão, reafirmando que paixão e com- ex-atleta Sebástian Pereira, medalhista em eficientes gestores e servindo de Brasileiro. Atualmente, Kenji Saito cursa transformando-as em Ude geração em geração. O judô, um petência caminham lado a lado rumo de bronze no Mundial de 1999, que inte- exemplo para as demais Confederações a terceira turma do CAGE e tem obtido dos esportes mais tradicionais do às conquistas dentro e fora do tatame. gra o Departamento Técnico do Comitê eficientes gestores” Brasileiras”, completa Robnelson. destaque com apresentações de estu- mundo, tem enraizado em sua his- Tudo fruto de planejamento e capacita- Olímpico Brasileiro (COB). dos de caso da CBJ. tória fundamentos da filosofia orien- ção de pessoal. percebido que, para desenvolver o es- Com a experiência de ter trabalhado de di- tal e mostrado que, mesmo com as Fazem parte do grupo de “samurais” porte, é preciso unir o conhecimento versos países e dirigido a equipe mexica- “Os dois foram pioneiros no CAGE e inúmeras ferramentas dos tempos “Acredito que o judô deva ser a única do judô brasileiro no dia a dia da CBJ específico com gestão administrativa: na nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, muitos outros terão a mesma opor- modernos, segue fiel aos seus con- modalidade no Brasil na qual todos os Ney Wilson Silva, coordenador técni- Amadeu Moura ressalta que a estrutura da tunidade para se aperfeiçoarem. O ceitos. Dando valor aos profissio- dirigentes de Federações Estaduais são co internacional e faixa preta 7o Dan; “O esporte deixou de ser uma simples CBJ é uma das melhores do mundo. COB, com o presidente Carlos Arthur nais que dedicaram parte de suas pessoas formadas nos tatames, o que José Pereira Silva, presidente do Con- busca por medalha. Acima de tudo é Nuzman, teve uma visão de futuro dan- vidas à modalidade, a Confederação certamente não ocorre em outras moda- selho Nacional de Arbitragem, 7o Dan; um grande negócio. Mas, só a experi- “Em todos os lugares onde trabalhei, do chance aos profissionais das confe- Brasileira de Judô (CBJ) tem busca- lidades. Nosso objetivo é capacitar es- Amadeu Moura Júnior, gerente técnico ência, sem o conhecimento administra- nunca encontrei algo parecido com o derações de se capacitarem. Para mim, do unir a paixão pelo esporte com tes profissionais, que são apaixonados de alto rendimento, 6o Dan; Edmilson tivo, não é suficiente. A CBJ enxergou que existe hoje na CBJ. Com certeza o casamento ideal para a gestão espor- excelência administrativa. pelo esporte, e aproveitar sua vocação Guimarães, assessor técnico, 6o Dan; isto e, com investimento, preparou seus a entidade está à frente da maioria dos tiva está no profissional de campo com para o judô. Não é condição sine qua Robnelson Ferreira, Diretor Técnico de profissionais”, comenta. países. Todos que estão aqui batalha- o conhecimento acadêmico”, acredita Fundada há 43 anos, a CBJ passou a non, mas tê-los em nosso quadro admi- Eventos, 5o Dan; Kenji Saito, supervi- ram para chegar à posição que ocupam Paulo Wanderley Teixeira. ter uma administração moderna e pro- nistrativo é valorização de pessoas que sor técnico das categorias de base, 3o Para o superintendente da CBJ, a pai- hoje. A concorrência no mercado bra- fissional a partir de 2001, quando os no- dedicaram sua vida ao esporte e soube- Dan; Marson Albani, assessor técnico, xão que move o esporte faz a diferença sileiro é enorme e, por isso, preciso ter Para Robnelson Ferreira, não é novi- vos conceitos de gestão esportiva co- ram se preparar para atuar também fora 2o Dan; e Marcelo Teotônio, assessor para os gestores. Não por acaso o pró- um nível muito alto para conquistar seu dade que as grandes instituições es- meçaram a ser implantados em todas do tatame”, afirma o presidente da CBJ técnico, 1o Dan. prio COB vem investindo na pós-car- espaço na linha de frente”, comenta. portivas, como COI e COB, tenham reira de grandes atletas. Atualmente,

JUDÔ EM REVISTA 6 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 7 Março/Abril 2012 POR DENTRO DA CBJ Foto: Lucio Mattos

:: Com o presidente Paulo Wanderley Teixeira à frente, funcionários posam na sede da CBJ: gestão de sucesso e conhecimento do esporte

Capacitação Marcos Vinícius Freire (vôlei), Agberto “A CBJ foi em Guimarães (atletismo), Bernard Razjman Em 2009, o Comitê Olímpico Brasileiro (vôlei), Adriana Behar (vôlei), todos me- DE TERNO E FAIXA PRETA lançou o Curso Avançado de Gestão busca de resgatar dalhista olímpicos, ocupam cargos es- CBJ aposta na capacitação profissional de ex-atletas, Esportiva, o CAGE. Robnelson Ferreira tratégicos na entidade, assim como os fez parte da turma inaugural. O CAGE as pessoas que judocas Sebástian Pereira e Daniela unindo a paixão pelo esporte à excelência administrativa é uma iniciativa do Programa da Polzin, formada em arquitetura. Solidariedade Olímpica do Comitê dedicaram suas Olímpico Internacional (COI) para o as esferas da entidade. Atualmente com e faixa preta 7o Dan, Paulo Wanderley vidas ao esporte, “A CBJ foi em busca de resgatar as desenvolvimento administrativo dos ma das definições da pa- faixas preta em posições estratégicas Teixeira, lembrando que também fora da pessoas que dedicaram suas vidas ao Comitês Olímpicos Nacionais, além de de quimono, lavra tradição está na administrativas, a CBJ une tradição e CBJ os judocas se destacam, caso do esporte, de quimono, transformando-as ser uma realização do Instituto Olímpico transmissão de valores gestão, reafirmando que paixão e com- ex-atleta Sebástian Pereira, medalhista em eficientes gestores e servindo de Brasileiro. Atualmente, Kenji Saito cursa transformando-as em Ude geração em geração. O judô, um petência caminham lado a lado rumo de bronze no Mundial de 1999, que inte- exemplo para as demais Confederações a terceira turma do CAGE e tem obtido dos esportes mais tradicionais do às conquistas dentro e fora do tatame. gra o Departamento Técnico do Comitê eficientes gestores” Brasileiras”, completa Robnelson. destaque com apresentações de estu- mundo, tem enraizado em sua his- Tudo fruto de planejamento e capacita- Olímpico Brasileiro (COB). dos de caso da CBJ. tória fundamentos da filosofia orien- ção de pessoal. percebido que, para desenvolver o es- Com a experiência de ter trabalhado de di- tal e mostrado que, mesmo com as Fazem parte do grupo de “samurais” porte, é preciso unir o conhecimento versos países e dirigido a equipe mexica- “Os dois foram pioneiros no CAGE e inúmeras ferramentas dos tempos “Acredito que o judô deva ser a única do judô brasileiro no dia a dia da CBJ específico com gestão administrativa: na nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008, muitos outros terão a mesma opor- modernos, segue fiel aos seus con- modalidade no Brasil na qual todos os Ney Wilson Silva, coordenador técni- Amadeu Moura ressalta que a estrutura da tunidade para se aperfeiçoarem. O ceitos. Dando valor aos profissio- dirigentes de Federações Estaduais são co internacional e faixa preta 7o Dan; “O esporte deixou de ser uma simples CBJ é uma das melhores do mundo. COB, com o presidente Carlos Arthur nais que dedicaram parte de suas pessoas formadas nos tatames, o que José Pereira Silva, presidente do Con- busca por medalha. Acima de tudo é Nuzman, teve uma visão de futuro dan- vidas à modalidade, a Confederação certamente não ocorre em outras moda- selho Nacional de Arbitragem, 7o Dan; um grande negócio. Mas, só a experi- “Em todos os lugares onde trabalhei, do chance aos profissionais das confe- Brasileira de Judô (CBJ) tem busca- lidades. Nosso objetivo é capacitar es- Amadeu Moura Júnior, gerente técnico ência, sem o conhecimento administra- nunca encontrei algo parecido com o derações de se capacitarem. Para mim, do unir a paixão pelo esporte com tes profissionais, que são apaixonados de alto rendimento, 6o Dan; Edmilson tivo, não é suficiente. A CBJ enxergou que existe hoje na CBJ. Com certeza o casamento ideal para a gestão espor- excelência administrativa. pelo esporte, e aproveitar sua vocação Guimarães, assessor técnico, 6o Dan; isto e, com investimento, preparou seus a entidade está à frente da maioria dos tiva está no profissional de campo com para o judô. Não é condição sine qua Robnelson Ferreira, Diretor Técnico de profissionais”, comenta. países. Todos que estão aqui batalha- o conhecimento acadêmico”, acredita Fundada há 43 anos, a CBJ passou a non, mas tê-los em nosso quadro admi- Eventos, 5o Dan; Kenji Saito, supervi- ram para chegar à posição que ocupam Paulo Wanderley Teixeira. ter uma administração moderna e pro- nistrativo é valorização de pessoas que sor técnico das categorias de base, 3o Para o superintendente da CBJ, a pai- hoje. A concorrência no mercado bra- fissional a partir de 2001, quando os no- dedicaram sua vida ao esporte e soube- Dan; Marson Albani, assessor técnico, xão que move o esporte faz a diferença sileiro é enorme e, por isso, preciso ter Para Robnelson Ferreira, não é novi- vos conceitos de gestão esportiva co- ram se preparar para atuar também fora 2o Dan; e Marcelo Teotônio, assessor para os gestores. Não por acaso o pró- um nível muito alto para conquistar seu dade que as grandes instituições es- meçaram a ser implantados em todas do tatame”, afirma o presidente da CBJ técnico, 1o Dan. prio COB vem investindo na pós-car- espaço na linha de frente”, comenta. portivas, como COI e COB, tenham reira de grandes atletas. Atualmente,

JUDÔ EM REVISTA 6 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 7 Março/Abril 2012 E O ANO ESTÁ SÓ COMEÇANDO... CALENDÁRIO Catorze competições nacionais mobilizarão milhares de judocas de todo país 2012 SALVADOR TERÁ DOIS MUNDIAIS FIJ NO SEGUNDO SEMESTRE

10 e 11/3 Seletiva Nacional Sub-17 – Fortaleza/CE

17 e 18/3 Seletiva Nacional Sub-20 – Goiânia/GO Foto: Márcio Rodrigues Campeonato Brasileiro Região 1 14 e 15/3 – Belém/PA Campeonato Brasileiro Região 2 – João 14 e 15/4 Pessoa/PB Campeonato Brasileiro Região 3 21 e 22/4 – Guarapari/ES Campeonato Brasileiro Região 4 21 e 22/4 – Brasília/DF Durante o Mundial 2011, em Paris, a diretora do SETRE, Nair Prazeres, recebe a bandeira da FIJ das 28 e 29/4 Campeonato Brasileiro Região 5 :: – /PR mãos do presidente da entidade, Marius Vizer 28 e 29/4 Campeonato Pan-Americano Sênior – Montreal/CAN Depois de receber, por dois anos comentou Tiago Camilo logo após consecutivos, a Copa do Mundo a conquista da prata por Equipes 5 e 6/5 Troféu Brasil Interclubes e Qualifying Grand Prix 2012 – São Paulo/SP por Equipes, Salvador será sede, em Paris, em 2011. em outubro e novembro deste ano, 13/5 Desafio Internacional – Belo Horizonte/BH de eventos oficiais da Federação Foi em Bercy que Salvador, repre- Internacional de Judô (FIJ). Nos sentado pela Diretora da Secretaria 19 e 20/5 Campeonato Brasileiro Sub-17 – Vitória/ES dias 27 e 28 de outubro acontece o de Esporte, Trabalho e Renda da 26 e 27/5 Campeonato Brasileiro Sub-15 – Porto Campeonato Mundial por Equipes Bahia, Nair Prazeres, recebeu a Alegre/RS e, entre 30 de outubro e 4 de no- bandeira da FIJ simbolizando ser a vembro, será a vez do Campeonato capital baiana a sede do próximo 16 e 17/6 Grand Slam do Mundial de Veteranos, ambos no Mundial por Equipes. 30/6 e 1/7 Campeonato Brasileiro de Veteranos Centro de Exposições de Salvador. – Salvador/BA Será a primeira vez que as duas “O judô é uma modalidade que 28/7 a 3/8 Jogos Olímpicos Londres competições são realizadas no tem em sua filosofia valores que Em território nacional, as atenções es- Mundo, por exemplo. Usamos os mes- país, que já sediou Campeonatos queremos para os jovens do es- Campeonato Brasileiro Sub-13 tarão voltadas para o Campeonato mos equipamentos e recursos das prin- 4 e 5/8 Mundiais Individuais Sênior, no Rio tado da Bahia e de todo o Brasil. – Manaus/AM uase não haverá final de Mundial por Equipes, em outubro, em cipais competições do mundo”, diz o su- de Janeiro (1965 e 2007), e Grand É um esporte onde existe o res- semana sem quimono em Salvador/BA, seguido do Campeonato perintendente da CBJ, Robnélson Felix 18 e 19/8 Campeonato Brasileiro Sub-20 – Rio de Janeiro/RJ Slam (2009 a 2011). peito às regras acima de tudo”, 2012. Apenas 11 das 52 Mundial de Veteranos, no mesmo local e Ferreira. disse o Governador da Bahia, Campeonato Brasileiro Sub-23 – Qsemanas do ano serão de “descan- também com chancela da FIJ. 25 e 26/8 Na competição por equipes, o Jaques Wagner, durante o lança- Cuiabá/MT ço”. No complexo calendário do judô Além dos Brasileiros, disputados por Brasil busca um título inédito mento oficial dos Mundiais, em brasileiro, atletas de todas as idades Nada menos do que 12 Campeonatos seleções estaduais, o Troféu Brasil 6 a 8/9 Campeonato Pan-Americano Sub-17 e Sub-20 – Guatemala/GUA e conta com a força da torcida dezembro último. mostrarão a força desta modalidade, Brasileiros vão reunir judocas com fai- Interclubes e o Grand Prix Nacional pro- para chegar ao ouro, depois de que reúne cerca de 2,5 milhões de xas de todas as cores, do Sub-13, em metem levar para o tatame uma rivali- 29 e 30/9 Campeonato Brasileiro Sênior – Natal/RN quatro pratas (1998, 2007, 2010, “O legado que ficará será além do praticantes em todo o país. Serão 77 Manaus, em agosto, ao Veterano, em dade saudável dos principais clubes do 2011) e um bronze (2008) com o evento esportivo. Queremos capa- 27 e 28/10 Campeonato Mundial por Equipes eventos na temporada. julho, em Salvador, passando pelos cin- país. – Salvador/BA time masculino. No feminino, o citar toda a região norte e nordes- co Brasileiro Regionais, o Sub-15 (Porto Brasil ainda não conquistou me- te e seguir descentralizando o judô 30/10 a 4/11 Campeonato Mundial de Veteranos O ano Olímpico terá, naturalmente, os Alegre), Sub-17 (Vitória), Sub-20 (Rio “Assim como os Brasileiros, são duas – Salvador/BA dalhas por equipes. brasileiro”, afirma o presidente da Jogos de Londres, em agosto, como de Janeiro), Sub-23 (Cuiabá) e Sênior competições consagradas e de excelen- 15 a 18/11 Grand Prix Nacional Interclubes – São CBJ, Paulo Wanderley Teixeira. principal competição do ano para a se- (Natal). te nível técnico, com forte apelo junto à Paulo/SP “Essa geração tão talentosa me- leção sênior. Por decisão da Federação mídia e à televisão”, diz Ferreira. 22 a 24/11 Campeonato Pan-Americano Sub-13 e rece uma medalha de ouro. Quem Para promover os Mundiais de Internacional de Judô, não haverá cam- “Graças à estrutura da Confederação Sub-15 – Queretaro/MEX sabe ela não está guardada para Salvador, a CBJ vem fazendo um peonatos mundiais Sub-17 e Sub-20 de- Brasileira de Judô (CBJ), todas as com- Ao todo 15 estados brasileiros recebe- o Mundial por Equipes de 2012, “road show”, com estandes mon- vido às Olimpíadas. petições nacionais, hoje, têm a quali- rão, em 2012, eventos oficiais da CBJ. Acesse o calendário completo em em Salvador. Tenho muito orgu- tados nos principais torneios do dade organizacional de uma Copa do www.cbj.com.br lho de fazer parte dessa geração”, Circuito Mundial.

JUDÔ EM REVISTA 8 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 9 Março/Abril 2012 E O ANO ESTÁ SÓ COMEÇANDO... CALENDÁRIO Catorze competições nacionais mobilizarão milhares de judocas de todo país 2012 SALVADOR TERÁ DOIS MUNDIAIS FIJ NO SEGUNDO SEMESTRE

10 e 11/3 Seletiva Nacional Sub-17 – Fortaleza/CE

17 e 18/3 Seletiva Nacional Sub-20 – Goiânia/GO Foto: Márcio Rodrigues Campeonato Brasileiro Região 1 14 e 15/3 – Belém/PA Campeonato Brasileiro Região 2 – João 14 e 15/4 Pessoa/PB Campeonato Brasileiro Região 3 21 e 22/4 – Guarapari/ES Campeonato Brasileiro Região 4 21 e 22/4 – Brasília/DF Durante o Mundial 2011, em Paris, a diretora do SETRE, Nair Prazeres, recebe a bandeira da FIJ das 28 e 29/4 Campeonato Brasileiro Região 5 :: – Curitiba/PR mãos do presidente da entidade, Marius Vizer 28 e 29/4 Campeonato Pan-Americano Sênior – Montreal/CAN Depois de receber, por dois anos comentou Tiago Camilo logo após consecutivos, a Copa do Mundo a conquista da prata por Equipes 5 e 6/5 Troféu Brasil Interclubes e Qualifying Grand Prix 2012 – São Paulo/SP por Equipes, Salvador será sede, em Paris, em 2011. em outubro e novembro deste ano, 13/5 Desafio Internacional – Belo Horizonte/BH de eventos oficiais da Federação Foi em Bercy que Salvador, repre- Internacional de Judô (FIJ). Nos sentado pela Diretora da Secretaria 19 e 20/5 Campeonato Brasileiro Sub-17 – Vitória/ES dias 27 e 28 de outubro acontece o de Esporte, Trabalho e Renda da 26 e 27/5 Campeonato Brasileiro Sub-15 – Porto Campeonato Mundial por Equipes Bahia, Nair Prazeres, recebeu a Alegre/RS e, entre 30 de outubro e 4 de no- bandeira da FIJ simbolizando ser a vembro, será a vez do Campeonato capital baiana a sede do próximo 16 e 17/6 Grand Slam do Rio de Janeiro Mundial de Veteranos, ambos no Mundial por Equipes. 30/6 e 1/7 Campeonato Brasileiro de Veteranos Centro de Exposições de Salvador. – Salvador/BA Será a primeira vez que as duas “O judô é uma modalidade que 28/7 a 3/8 Jogos Olímpicos Londres competições são realizadas no tem em sua filosofia valores que Em território nacional, as atenções es- Mundo, por exemplo. Usamos os mes- país, que já sediou Campeonatos queremos para os jovens do es- Campeonato Brasileiro Sub-13 tarão voltadas para o Campeonato mos equipamentos e recursos das prin- 4 e 5/8 Mundiais Individuais Sênior, no Rio tado da Bahia e de todo o Brasil. – Manaus/AM uase não haverá final de Mundial por Equipes, em outubro, em cipais competições do mundo”, diz o su- de Janeiro (1965 e 2007), e Grand É um esporte onde existe o res- semana sem quimono em Salvador/BA, seguido do Campeonato perintendente da CBJ, Robnélson Felix 18 e 19/8 Campeonato Brasileiro Sub-20 – Rio de Janeiro/RJ Slam (2009 a 2011). peito às regras acima de tudo”, 2012. Apenas 11 das 52 Mundial de Veteranos, no mesmo local e Ferreira. disse o Governador da Bahia, Campeonato Brasileiro Sub-23 – Qsemanas do ano serão de “descan- também com chancela da FIJ. 25 e 26/8 Na competição por equipes, o Jaques Wagner, durante o lança- Cuiabá/MT ço”. No complexo calendário do judô Além dos Brasileiros, disputados por Brasil busca um título inédito mento oficial dos Mundiais, em brasileiro, atletas de todas as idades Nada menos do que 12 Campeonatos seleções estaduais, o Troféu Brasil 6 a 8/9 Campeonato Pan-Americano Sub-17 e Sub-20 – Guatemala/GUA e conta com a força da torcida dezembro último. mostrarão a força desta modalidade, Brasileiros vão reunir judocas com fai- Interclubes e o Grand Prix Nacional pro- para chegar ao ouro, depois de que reúne cerca de 2,5 milhões de xas de todas as cores, do Sub-13, em metem levar para o tatame uma rivali- 29 e 30/9 Campeonato Brasileiro Sênior – Natal/RN quatro pratas (1998, 2007, 2010, “O legado que ficará será além do praticantes em todo o país. Serão 77 Manaus, em agosto, ao Veterano, em dade saudável dos principais clubes do 2011) e um bronze (2008) com o evento esportivo. Queremos capa- 27 e 28/10 Campeonato Mundial por Equipes eventos na temporada. julho, em Salvador, passando pelos cin- país. – Salvador/BA time masculino. No feminino, o citar toda a região norte e nordes- co Brasileiro Regionais, o Sub-15 (Porto Brasil ainda não conquistou me- te e seguir descentralizando o judô 30/10 a 4/11 Campeonato Mundial de Veteranos O ano Olímpico terá, naturalmente, os Alegre), Sub-17 (Vitória), Sub-20 (Rio “Assim como os Brasileiros, são duas – Salvador/BA dalhas por equipes. brasileiro”, afirma o presidente da Jogos de Londres, em agosto, como de Janeiro), Sub-23 (Cuiabá) e Sênior competições consagradas e de excelen- 15 a 18/11 Grand Prix Nacional Interclubes – São CBJ, Paulo Wanderley Teixeira. principal competição do ano para a se- (Natal). te nível técnico, com forte apelo junto à Paulo/SP “Essa geração tão talentosa me- leção sênior. Por decisão da Federação mídia e à televisão”, diz Ferreira. 22 a 24/11 Campeonato Pan-Americano Sub-13 e rece uma medalha de ouro. Quem Para promover os Mundiais de Internacional de Judô, não haverá cam- “Graças à estrutura da Confederação Sub-15 – Queretaro/MEX sabe ela não está guardada para Salvador, a CBJ vem fazendo um peonatos mundiais Sub-17 e Sub-20 de- Brasileira de Judô (CBJ), todas as com- Ao todo 15 estados brasileiros recebe- o Mundial por Equipes de 2012, “road show”, com estandes mon- vido às Olimpíadas. petições nacionais, hoje, têm a quali- rão, em 2012, eventos oficiais da CBJ. Acesse o calendário completo em em Salvador. Tenho muito orgu- tados nos principais torneios do dade organizacional de uma Copa do www.cbj.com.br lho de fazer parte dessa geração”, Circuito Mundial.

JUDÔ EM REVISTA 8 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 9 Março/Abril 2012 POR ONDE ANDA? WalterBronze nos Jogos Olímpicos Carmona de Los Angeles 1984 e no Campeonato Mundial de 1979, em Paris

podíamos exercer, sendo realizados. Os primeira edição da Copa Jigoro Kano os 55 anos, Walter atletas participam de intercâmbios e tra- (atual Grand Slam de Tóquio), em 1978, Carmona fez parte de uma zem bons resultados em todos os even- Carmona relembra outra diferença geração de ouro do judô tos que participam. Isso é gratificante e do esporte nos anos 80. Em tempos brasileiro.A De postura clássica e sou fã desta garotada”, confessa. de Guerra Fria entre a antiga União com um Tai-Otoshi arrasador, o peso Soviética e os Estados Unidos, os pa- médio das Olimpíadas de Moscou Fã dos judocas atuais e também dono do íses do leste europeu faziam de tudo 1980, Los Angeles 1984 e Seul 1988 mais elogiado Tai-Otoshi que já existiu no para levar vantagem, mesmo que isso hoje está distante dos tatames e só país, Walter Carmona se diverte ao lem- significasse dopar os atletas, principal- acompanha o que acontece com a brar o segredo do seu golpe fulminante. mente as mulheres. modalidade que defendeu por tantos anos pelos jornais e TV. Empresário “Desde pequeno eu comecei a desenvolver do ramo industrial, o medalhista de uma facilidade para o Tai-otoshi. Poucos bronze em Los Angeles comanda sabem, mas o grande segredo do meu Tai- “Fico feliz em ver 300 funcionários, mas sente falta da Otoshi era meu Ouchi-Gari”, ensina. algumas ideias e adrenalina dos tempos em que re- presentava a seleção. Nas duas últimas Olimpíadas, o peso sonhos que tínhamos médio não subiu ao pódio. Para Londres “Depois que parei de competir judô, me 2012, Carmona tem certeza de que sua na época, e que não dediquei inteiramente à indústria meta- categoria voltará com medalha. podíamos exercer, lúrgica para componentes de eletrodo- mésticos portáteis. Foram 13 anos de “O médio é muito difícil, mas temos sendo realizados” dedicação exclusiva ao judô. Abdiquei grandes atletas. O Tiago, por exemplo, é da vida social pela seleção e a saudade diferenciado. Estava fazendo uchi-komi que fica do esporte é daquela adrenali- com ele uma vez no Projeto Futuro e per- “A corrida desenfreada do Leste na e do ambiente competitivo”, conta. cebi que era craque. É o tipo de atleta Europeu pelo resultado a qualquer cus- que quando você põe a mão no quimono to, com uso de doping, era assustador. Carmona garante que não é saudosis- percebe na hora que é especial. O Hugo Ninguém me contou, eu vi na Olimpíada ta. Quando era mais jovem tinha tanto Pessanha é outro menino excepcional, de Moscou meninas de 16 anos fazendo medo de sentir saudades do passado com um potencial impressionante. Com barba de gilete. Hoje as coisas são dife- que sobraram pouquíssimas imagens certeza virá mais uma medalha”, afirma. rentes e é gratificante ver o judô brasi- no arquivo pessoal. Porém, de todas as leiro, tanto no feminino quanto no mas- lembranças que ficaram na memória, Dono de um bronze no Mundial de culino, fazendo sucesso. E sem apelar duas são especiais: o pódio olímpico 1979 e convidado para participar da para drogas”, finaliza. de 84, claro, e ter carregado a bandeira brasileira na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Seul 88.

“Levar a bandeira foi único. Lembro que

fiquei tão nervoso que meus colegas Foto: Acervo Pessoal pediam para eu parar de andar como se estivesse marchando. Estava muito tenso e foi marcante demais para mim”, lembra, dando muitas risadas.

Mesmo distante dos tatames e quase sem aparecer publicamente em eventos relacionado ao judô, Carmona não es- conde a satisfação com o desempenho da modalidade.

“Fico feliz em ver algumas ideias e sonhos :: Walter Carmona (segundo agachado da direita para esquerda) em uma de suas raras fotos do passado: “Não sou saudosista” que tínhamos naquela época, e que não

JUDÔ EM REVISTA 10 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 11 Março/Abril 2012 Foto: Acervo Pessoal POR ONDE ANDA? WalterBronze nos Jogos Olímpicos Carmona de Los Angeles 1984 e no Campeonato Mundial de 1979, em Paris

podíamos exercer, sendo realizados. Os primeira edição da Copa Jigoro Kano os 55 anos, Walter atletas participam de intercâmbios e tra- (atual Grand Slam de Tóquio), em 1978, Carmona fez parte de uma zem bons resultados em todos os even- Carmona relembra outra diferença geração de ouro do judô tos que participam. Isso é gratificante e do esporte nos anos 80. Em tempos brasileiro.A De postura clássica e sou fã desta garotada”, confessa. de Guerra Fria entre a antiga União com um Tai-Otoshi arrasador, o peso Soviética e os Estados Unidos, os pa- médio das Olimpíadas de Moscou Fã dos judocas atuais e também dono do íses do leste europeu faziam de tudo 1980, Los Angeles 1984 e Seul 1988 mais elogiado Tai-Otoshi que já existiu no para levar vantagem, mesmo que isso hoje está distante dos tatames e só país, Walter Carmona se diverte ao lem- significasse dopar os atletas, principal- acompanha o que acontece com a brar o segredo do seu golpe fulminante. mente as mulheres. modalidade que defendeu por tantos anos pelos jornais e TV. Empresário “Desde pequeno eu comecei a desenvolver do ramo industrial, o medalhista de uma facilidade para o Tai-otoshi. Poucos bronze em Los Angeles comanda sabem, mas o grande segredo do meu Tai- “Fico feliz em ver 300 funcionários, mas sente falta da Otoshi era meu Ouchi-Gari”, ensina. algumas ideias e adrenalina dos tempos em que re- presentava a seleção. Nas duas últimas Olimpíadas, o peso sonhos que tínhamos médio não subiu ao pódio. Para Londres “Depois que parei de competir judô, me 2012, Carmona tem certeza de que sua na época, e que não dediquei inteiramente à indústria meta- categoria voltará com medalha. podíamos exercer, lúrgica para componentes de eletrodo- mésticos portáteis. Foram 13 anos de “O médio é muito difícil, mas temos sendo realizados” dedicação exclusiva ao judô. Abdiquei grandes atletas. O Tiago, por exemplo, é da vida social pela seleção e a saudade diferenciado. Estava fazendo uchi-komi que fica do esporte é daquela adrenali- com ele uma vez no Projeto Futuro e per- “A corrida desenfreada do Leste na e do ambiente competitivo”, conta. cebi que era craque. É o tipo de atleta Europeu pelo resultado a qualquer cus- que quando você põe a mão no quimono to, com uso de doping, era assustador. Carmona garante que não é saudosis- percebe na hora que é especial. O Hugo Ninguém me contou, eu vi na Olimpíada ta. Quando era mais jovem tinha tanto Pessanha é outro menino excepcional, de Moscou meninas de 16 anos fazendo medo de sentir saudades do passado com um potencial impressionante. Com barba de gilete. Hoje as coisas são dife- que sobraram pouquíssimas imagens certeza virá mais uma medalha”, afirma. rentes e é gratificante ver o judô brasi- no arquivo pessoal. Porém, de todas as leiro, tanto no feminino quanto no mas- lembranças que ficaram na memória, Dono de um bronze no Mundial de culino, fazendo sucesso. E sem apelar duas são especiais: o pódio olímpico 1979 e convidado para participar da para drogas”, finaliza. de 84, claro, e ter carregado a bandeira brasileira na cerimônia de abertura das Olimpíadas de Seul 88.

“Levar a bandeira foi único. Lembro que

fiquei tão nervoso que meus colegas Foto: Acervo Pessoal pediam para eu parar de andar como se estivesse marchando. Estava muito tenso e foi marcante demais para mim”, lembra, dando muitas risadas.

Mesmo distante dos tatames e quase sem aparecer publicamente em eventos relacionado ao judô, Carmona não es- conde a satisfação com o desempenho da modalidade.

“Fico feliz em ver algumas ideias e sonhos :: Walter Carmona (segundo agachado da direita para esquerda) em uma de suas raras fotos do passado: “Não sou saudosista” que tínhamos naquela época, e que não

JUDÔ EM REVISTA 10 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 11 Março/Abril 2012 Foto: Acervo Pessoal NOME: Mayra Aguiar CATEGORIA: Meio-pesado (78kg) DATA DE NASCIMENTO: 3/8/1991, em Porto Alegre/RS JUDÔ CLUBE: Sogipa/RS PRINCIPAL GOLPE: Uchimata e EMREVISTA Osotogari KUMIKATA: Canhota PRINCIPAIS RESULTADOS: • Prata no Campeonato Mundial Sênior 2010 • Bronze no Campeonato Mundial Sênior 2011 • Ouro no Campeonato Mundial Sub-20 2010 • Prata no Campeonato Mundial Sub-20 2008 • Bronze no Campeonato Mundial Sub-20 2006 e 2009 • Bronze nos Jogos Pan- Americanos de Guadalajara 2011

NOME: Leandro Guilheiro CATEGORIA: Meio-Médio (81kg) DATA DE NASCIMENTO: 7/8/1983, em Suzano/SP CLUBE: Esporte Clube Pinheiros/SP PRINCIPAL GOLPE: Uchimata e Eri-seoi-nage KUMIKATA: Destro PRINCIPAIS RESULTADOS: • Bronze nas Olimpíadas de Pequim 2008 e Atenas 2004 • Prata no Campeonato Mundial Sênior 2010 • Bronze no Campeonato Mundial Sênior 2011 • Ouro no Campeonato Mundial Júnior 2002 • Ouro nos Jogos Mundiais Militares 2011 • Ouro nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara 2011

JUDÔ EMREVISTA

JUDÔ EM REVISTA 12 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 13 Março/Abril 2012 NOME: Mayra Aguiar CATEGORIA: Meio-pesado (78kg) DATA DE NASCIMENTO: 3/8/1991, em Porto Alegre/RS JUDÔ CLUBE: Sogipa/RS PRINCIPAL GOLPE: Uchimata e EMREVISTA Osotogari KUMIKATA: Canhota PRINCIPAIS RESULTADOS: • Prata no Campeonato Mundial Sênior 2010 • Bronze no Campeonato Mundial Sênior 2011 • Ouro no Campeonato Mundial Sub-20 2010 • Prata no Campeonato Mundial Sub-20 2008 • Bronze no Campeonato Mundial Sub-20 2006 e 2009 • Bronze nos Jogos Pan- Americanos de Guadalajara 2011

NOME: Leandro Guilheiro CATEGORIA: Meio-Médio (81kg) DATA DE NASCIMENTO: 7/8/1983, em Suzano/SP CLUBE: Esporte Clube Pinheiros/SP PRINCIPAL GOLPE: Uchimata e Eri-seoi-nage KUMIKATA: Destro PRINCIPAIS RESULTADOS: • Bronze nas Olimpíadas de Pequim 2008 e Atenas 2004 • Prata no Campeonato Mundial Sênior 2010 • Bronze no Campeonato Mundial Sênior 2011 • Ouro no Campeonato Mundial Júnior 2002 • Ouro nos Jogos Mundiais Militares 2011 • Ouro nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara 2011

JUDÔ EMREVISTA

JUDÔ EM REVISTA 12 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 13 Março/Abril 2012 PELO ENTREVISTA MUNDO

:: O brasileiro Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Pan-Americana de Judô, em reunião com os presidentes das demais nações do continente, no Rio BRASIL RECEBERÁ CENTRO DE TREINAMENTO DAS AMÉRICAS Reação Bárbara/Instituto Ana Foto:

CAS RECONHECE “Esperamos com este Centro de Treina- CONFEDERAÇÃO PAN- cidade de Lauro de Freitas, mento dar todas as condições para os na Bahia, foi a escolhi- judocas do nosso continente se pre- AMERICANA DE JUDÔ da para receber o Centro pararem para as Olimpíadas do Rio de deA Excelência e Treinamento Pan- Janeiro 2016. Com certeza, serão todos Depois de quase três anos de espera, a Americano de Judô (CETJ). Em uma muito bem vindos na Bahia”, Vasconcelos. Corte Arbitral do Esporte (CAS), decidiu, área de 20 mil metros quadrados na por unanimidade que a Confederação beira da praia e a dez minutos do ae- O CT será o principal pólo de forma- Pan-Americana de Judô (CPJ) é a re- roporto de Salvador, o CT oferecerá ção e treinamento de judocas nas presentante do continente perante a Fe- o que de mais moderno existe para a Américas, com chancela da Federação deração Internacional de Judô (FIJ) e ao preparação de judocas: tatames de Internacional de Judô. O objetivo é fo- Comitê Olímpico Inter- nacional (COI). A treinamento, laboratório, academia, mentar o desenvolvimento de atletas na CPJ reúne 27 Federações Nacionais, in- quadra poliesportiva, ginásio, aloja- região, nos moldes do projeto bem su- cluindo os mais fortes países da modali- mento, restaurante, auditório, piscina, cedido na África. O CETJ servirá tam- dade no continente, como Brasil, Cuba, além de um centro administrativo e de bém a para preparação e aclimatação Estados Unidos, Canadá, México, Ar- capacitação. As obras começam no de seleções para os Jogos Olímpicos do gentina, Venezuela, Colômbia, Equador, segundo semestre de 2012. Rio de Janeiro, em 2016. entre outros. PAPO DE CRAQUE “Nossa previsão é que o Centro esteja A antiga entidade continental (União em operação no início de 2014. Além “Esperamos Pan-Americana de Judô, UPJ) tentava de atender ao alto rendimento, quere- invalidar, na justiça, a filiação da CPJ à Flávio Canto se despediu das competições no último dia 5 de fevereiro e a mos também oportunizar o uso de equi- com este Centro FIJ desde 2010. O CAS entendeu que o Judô em Revista convidou judocas – como os campeões olímpicos Aurélio pes de formação e fomentar o trabalho processo foi correto, dentro da legisla- na região, já que este Centro vai gerar de Treinamento ção prevista, corroborando com a deci- Miguel e Rogério Sampaio – para entrevistar o gênio do ne waza. 150 empregos diretos”, diz o Secretário dar todas as são da FIJ. Nos próximos meses, qual- Estadual de Emprego, Trabalho, Renda quer entidade, atleta, árbitro ou dirigente e Esporte da Bahia, Nilton Vasconcelos. condições para os que ainda estiver associado à UPJ, de- verá migrar para a CPJ. A visita ao local do CT aconteceu duran- judocas do nosso te o Congresso da Confederação Pan- continente se “Esta decisão é inapelável e coloca a Americana de Judô (CPJ), que ocorreu CPJ no direito de receber repasse dos no Rio de Janeiro/RJ e Salvador/BA, no prepararem para as organismos internacionais. Agora vamos fim de 2011. O Centro de Treinamento Olimpíadas do Rio desenvolver o trabalho da forma como será construído numa parceria da sempre pretendemos e fazer o judô pan- Confederação Brasileira de Judô com de Janeiro 2016” -americano dar um salto ainda maior”, o Ministério do Esporte, o Governo da diz o presidente da Confederação Pan- Bahia e a Prefeitura de Lauro de Freitas. Americana de Judô, o brasileiro Paulo Wanderley Teixeira. JUDÔ EM REVISTA 14 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 15 Março/Abril 2012 PELO ENTREVISTA MUNDO

:: O brasileiro Paulo Wanderley Teixeira, presidente da Confederação Pan-Americana de Judô, em reunião com os presidentes das demais nações do continente, no Rio BRASIL RECEBERÁ CENTRO DE TREINAMENTO DAS AMÉRICAS Reação Bárbara/Instituto Ana Foto:

CAS RECONHECE “Esperamos com este Centro de Treina- CONFEDERAÇÃO PAN- cidade de Lauro de Freitas, mento dar todas as condições para os na Bahia, foi a escolhi- judocas do nosso continente se pre- AMERICANA DE JUDÔ da para receber o Centro pararem para as Olimpíadas do Rio de deA Excelência e Treinamento Pan- Janeiro 2016. Com certeza, serão todos Depois de quase três anos de espera, a Americano de Judô (CETJ). Em uma muito bem vindos na Bahia”, Vasconcelos. Corte Arbitral do Esporte (CAS), decidiu, área de 20 mil metros quadrados na por unanimidade que a Confederação beira da praia e a dez minutos do ae- O CT será o principal pólo de forma- Pan-Americana de Judô (CPJ) é a re- roporto de Salvador, o CT oferecerá ção e treinamento de judocas nas presentante do continente perante a Fe- o que de mais moderno existe para a Américas, com chancela da Federação deração Internacional de Judô (FIJ) e ao preparação de judocas: tatames de Internacional de Judô. O objetivo é fo- Comitê Olímpico Inter- nacional (COI). A treinamento, laboratório, academia, mentar o desenvolvimento de atletas na CPJ reúne 27 Federações Nacionais, in- quadra poliesportiva, ginásio, aloja- região, nos moldes do projeto bem su- cluindo os mais fortes países da modali- mento, restaurante, auditório, piscina, cedido na África. O CETJ servirá tam- dade no continente, como Brasil, Cuba, além de um centro administrativo e de bém a para preparação e aclimatação Estados Unidos, Canadá, México, Ar- capacitação. As obras começam no de seleções para os Jogos Olímpicos do gentina, Venezuela, Colômbia, Equador, segundo semestre de 2012. Rio de Janeiro, em 2016. entre outros. PAPO DE CRAQUE “Nossa previsão é que o Centro esteja A antiga entidade continental (União em operação no início de 2014. Além “Esperamos Pan-Americana de Judô, UPJ) tentava de atender ao alto rendimento, quere- invalidar, na justiça, a filiação da CPJ à Flávio Canto se despediu das competições no último dia 5 de fevereiro e a mos também oportunizar o uso de equi- com este Centro FIJ desde 2010. O CAS entendeu que o Judô em Revista convidou judocas – como os campeões olímpicos Aurélio pes de formação e fomentar o trabalho processo foi correto, dentro da legisla- na região, já que este Centro vai gerar de Treinamento ção prevista, corroborando com a deci- Miguel e Rogério Sampaio – para entrevistar o gênio do ne waza. 150 empregos diretos”, diz o Secretário dar todas as são da FIJ. Nos próximos meses, qual- Estadual de Emprego, Trabalho, Renda quer entidade, atleta, árbitro ou dirigente e Esporte da Bahia, Nilton Vasconcelos. condições para os que ainda estiver associado à UPJ, de- verá migrar para a CPJ. A visita ao local do CT aconteceu duran- judocas do nosso te o Congresso da Confederação Pan- continente se “Esta decisão é inapelável e coloca a Americana de Judô (CPJ), que ocorreu CPJ no direito de receber repasse dos no Rio de Janeiro/RJ e Salvador/BA, no prepararem para as organismos internacionais. Agora vamos fim de 2011. O Centro de Treinamento Olimpíadas do Rio desenvolver o trabalho da forma como será construído numa parceria da sempre pretendemos e fazer o judô pan- Confederação Brasileira de Judô com de Janeiro 2016” -americano dar um salto ainda maior”, o Ministério do Esporte, o Governo da diz o presidente da Confederação Pan- Bahia e a Prefeitura de Lauro de Freitas. Americana de Judô, o brasileiro Paulo Wanderley Teixeira. JUDÔ EM REVISTA 14 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 15 Março/Abril 2012 honra! Entrei no judô me espelhando em você. Lembro como transição com sonhos se renovando. se fosse hoje do seu ouro em Seul. Ainda não fazia judô, mas lávio Canto conta que sempre quis ser super- “Sempre me preocupei em transformar aquele momento definiu minha caminhada. Uma das minhas Rogério Sampaio: O que você indicaria para quem quer se- -herói. Mas quando vestiu o quimono pela pri- grandes derrotas, de alguma forma, em grandes conquistas foi ter conseguido entrar na seleção a guir a carreira de judô, mas está iniciando na modalidade com meira vez, aos 14 anos, e pisou no dojô para grandes vitórias. Estava há cinco anos na seleção e tempo de viajar com você. Sua última Olimpíada foi minha um pouco mais de idade, como foi com você? Fcumprimentar o mesmo sensei – Geraldo Bernardes – perdi para o Marcel Aragão a vaga para Sydney, o que foi, até primeira. Obrigado por tudo! Como bem sabe, parar é sempre FC: Diria que o “tarde”, “improvável”, “impossível” e tantos ou- que lhe guiou até a aposentadoria, 23 anos e muitas me- então, meu maior tombo no judô. Precisava de algo relevante uma decisão muito difícil. Olhando pra trás, acho tros termos não devem ser encarados como verdades absolu- dalhas mais tarde, o objetivo era apenas acompanhar o para transformar aquele momento em conquista. Nascia as- que o ano de minha despedida foi de fato tas. No meu caso, procurei durante muitos anos treinar dobra- irmão Pedro nas aulas. Começou tarde para quem so- sim o Reação”, diz Canto. 2010. Tive ótimos momentos, resultados bacanas e curti do para compensar o tempo perdido. Carregamos um nhava com o alto nível, precisou desenvolver super po- como nunca a vida de atleta. Viajei muito, ganhei muitas me- poder ilimitado dentro de nós, na maio- deres para vencer. E transformou-se em um dos maiores Reserva na Austrália, Flávio Canto viu despontar naqueles dalhas e aproveitei as viagens para mergulhar culturalmente ria das vezes subestimado. Você é um dos gran- judocas brasileiros da história, fazendo valer os princí- Jogos a estrela de um jovem magrinho de sardas no rosto. em cada país. Em dezembro de 2010 tive uma inflamação no des exemplos nesse sentido. Muita gente não apostava no seu potencial quando foi campeão olímpico. Você não só ganhou, pios de Jigoro Kano dentro e fora do tatame. Era Tiago Camilo, o menino do interior de São Paulo que se joelho que se transformou em infecção e me deixou sete me- como fez a Olimpíada mais espetacular da historia do judô tornava o mais jovem judoca finalista olímpico com uma prata ses parado. Foram quatro cirurgias, muito antibiótico na veia brasileiro. e muito tempo distante da rotina de treinos. Enquanto isso Através de seu poderoso ne waza, Canto conquistou o no peso leve. Quatro anos e oito quilos depois, Camilo prota- minha “outra vida” caminhou bastante e, ao mesmo tempo, Olimpo. Com a coroa de folhas de oliveira em torno da cabe- gonizou com Canto um duelo de nove combates pelo posto João Derly: Qual o segredo para se manter tantos anos como ça, subiu no pódio em Atenas e, na volta ao Brasil, transfor- de titular do meio-médio do Brasil na Grécia. meu amigo Leandro Guilheiro, que já estava voando, subiu ainda mais no ranking mundial. Matematicamente e fisica- titular da seleção brasileira e lutando em alto nível? mou aquele bronze em ouro para as milhares de crianças do mente fui ficando longe de Londres e me vi numa situação em FC: Jhonny, acho que o primeiro deles é gostar de ser atle- Instituto Reação, sua então recém criada ONG e que, hoje, “Não sei se prazer é a palavra certa, mas acho que o que a vaga não dependia mais de mim. Ficaria dependendo ta. Sempre gostei muito disso, respeitei meu corpo e mantive conta com cinco pólos no Rio de Janeiro. Melhor judoca de adversário mais marcante da minha car- de uma lesão do Leandro para ir a Londres e isso era algo que uma vida regrada. Como sempre me considerei todos os tempos em técnicas no solo? Canto desconversa: reira, sem desmerecer nenhum outro, foi não desejaria nem para um inimigo, imagina para um amigo! mais do grupo dos “esforçados” do que o Tiago. Até hoje preciso convencer amigos e parentes da Aos poucos, por tudo isso, minha motivação foi se voltan- dos “fenômenos”, tive cuidado de não “Sem dúvida sempre tive mais facilidade na luta de solo, mas nossa amizade. Pra quem não vive o judô e sua grandeza fica do para outros desafios. Hoje, tenho trabalhado tanto nesse perder “pontos” desnecessários. O outro fa- nunca me preocupei em ser conhecido como o melhor. Queria difícil compreender a admiração mútua que se cria com gran- novo mundo da televisão e no Instituto Reação que tenho tido tor foi sorte. Tive a sorte ter tido grandes adversários no Brasil, apenas ser melhor do que era no dia anterior”, resume, com des “rivais”. No fundo são eles nossos maiores professores, pouco tempo para refletir sobre o que passou. Espero estar como Varejão, Sebástian, Dagnino, Alex, Honoratinho, Marcel, humildade, para em seguida compartilhar seus segredos. do ponto de vista técnico e espiritual. Para os enfrentarmos preparado emocionalmente quando a poeira baixar. Tiago, Leandro... Na maioria das vezes os considerava melhor “Gosto muito de chaves de braço, mas acho que a mági- mergulhamos dentro de todas as nossas emoções, conhece- do que eu e isso fez com que me motivasse a aprender cada ca do ne waza não está nas posições fixas mo-nos melhor e ficamos mais fortes. Sem eles, sem dúvida Rogério Sampaio: Como você tem se preparado emocio- vez mais. e, sim, na habilidade de estar preparado nenhuma, seríamos menores. A todos meu muito obrigado nalmente para este primeiro período pós deixar a carreira competitiva? para o que o adversário oferecer. No chão, o por tudo que me ensinaram”, diz Flávio Canto. João Derly: Qual o maior legado que o judô deixou para esta Grande Sampaio, nunca me esqueço da minha primei- nova fase da sua vida? bom atleta não deve ser destro ou canhoto, não deve ter lado FC: ra viagem pela seleção quando tive o privilégio de dividir o Minha vida foi toda se definindo dentro do judô. O Instituto predominante”, ensina ele, que recentemente assumiu a fun- Para a entrevista de despedida de Flávio Canto, a Judô em FC: quarto com você no Mundial Universitário de Munster, na Reação, a coordenação nacional do judô na BodyTech, o ção de técnico de ne waza junto à seleção brasileira. Revista convidou grandes nomes dos tatames brasileiros Alemanha! Aprendi, ou pelo menos tentei (risos) muita coisa Corujão, o Sensei, todos vieram por causa dele. Conheci o mun- e personagens marcantes em sua carreira. A seguir, com você! Acho que a melhor forma de pen- do inteiro, fiz grandes amigos - você é um dos mais especiais - , Da precoce ida aos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, Aurélio Miguel, Rogério Sampaio, João sar no pós carreira é pensar nisso desde vivi, de fato, intensamente. apenas sete anos depois de seu primeiro osotogari, à frustra- Derly, Leandro Guilheiro, Rafaela Silva, sempre. O atleta tem a síndrome do Peter ção por perder a seletiva para Sydney 2000, quan- Mayra Aguiar, Sarah Menezes, Geraldo Pan, acha que nunca vai envelhecer. Desde Leandro Guilheiro: Boa parte da sua vida como atleta girou do já era um atleta mais maduro e vitorioso, Canto Bernardes e Duda Soares “sabatinam” cedo me preocupei com isso: terminei a faculdade de Direito, em torno de um grande sonho, o olímpi- experimentou de todas as facetas do esporte. o recém aposentado Canto. aprendi idiomas, fundei com amigos o Reação, sempre viajei co. Qual é o seu maior sonho agora? Como no Pan do Rio, em 2007, quando o so- Papo de craques! com um livro do meu lado... Não tenho dúvida que poderia FC: O da medalha olímpica eu nho de vencer diante de sua família e alunos ter me preparado melhor, mas só o fato de ter tido vou viver ao seu lado gritando por deu lugar às lágrimas provocadas pela le- Aurélio Miguel: Como descobriu o mo- sempre essa preocupação me ajudou bastante você! A grande dificul- são no cotovelo que o tirou da disputa por mento certo de parar e como foram os pri- a construir uma vida paralela, embora integra- dade de abandonar um medalhas. meiros instantes após tomar essa decisão? da ao esporte, que me deixasse mais tran- grande sonho é não ter ou- Flávio Canto: Aurélio, como sempre uma quilo emocionalmente nesse momento. tro à altura. Depois da fundação Não me sinto numa apo- sentadoria, mas numa

JUDÔ EM REVISTA 16 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 17 Março/Abril 2012 Fotos (Da esq. Arquivo para Pessoal; dir.): Marcos André Pinto/Acervo COB; Washington Alves/ Acervo COB; Divulgação COB; Washington Alves/Acervo COB; Ana Bárbara/Instituto Reação honra! Entrei no judô me espelhando em você. Lembro como transição com sonhos se renovando. se fosse hoje do seu ouro em Seul. Ainda não fazia judô, mas lávio Canto conta que sempre quis ser super- “Sempre me preocupei em transformar aquele momento definiu minha caminhada. Uma das minhas Rogério Sampaio: O que você indicaria para quem quer se- -herói. Mas quando vestiu o quimono pela pri- grandes derrotas, de alguma forma, em grandes conquistas foi ter conseguido entrar na seleção a guir a carreira de judô, mas está iniciando na modalidade com meira vez, aos 14 anos, e pisou no dojô para grandes vitórias. Estava há cinco anos na seleção e tempo de viajar com você. Sua última Olimpíada foi minha um pouco mais de idade, como foi com você? Fcumprimentar o mesmo sensei – Geraldo Bernardes – perdi para o Marcel Aragão a vaga para Sydney, o que foi, até primeira. Obrigado por tudo! Como bem sabe, parar é sempre FC: Diria que o “tarde”, “improvável”, “impossível” e tantos ou- que lhe guiou até a aposentadoria, 23 anos e muitas me- então, meu maior tombo no judô. Precisava de algo relevante uma decisão muito difícil. Olhando pra trás, acho tros termos não devem ser encarados como verdades absolu- dalhas mais tarde, o objetivo era apenas acompanhar o para transformar aquele momento em conquista. Nascia as- que o ano de minha despedida foi de fato tas. No meu caso, procurei durante muitos anos treinar dobra- irmão Pedro nas aulas. Começou tarde para quem so- sim o Reação”, diz Canto. 2010. Tive ótimos momentos, resultados bacanas e curti do para compensar o tempo perdido. Carregamos um nhava com o alto nível, precisou desenvolver super po- como nunca a vida de atleta. Viajei muito, ganhei muitas me- poder ilimitado dentro de nós, na maio- deres para vencer. E transformou-se em um dos maiores Reserva na Austrália, Flávio Canto viu despontar naqueles dalhas e aproveitei as viagens para mergulhar culturalmente ria das vezes subestimado. Você é um dos gran- judocas brasileiros da história, fazendo valer os princí- Jogos a estrela de um jovem magrinho de sardas no rosto. em cada país. Em dezembro de 2010 tive uma inflamação no des exemplos nesse sentido. Muita gente não apostava no seu potencial quando foi campeão olímpico. Você não só ganhou, pios de Jigoro Kano dentro e fora do tatame. Era Tiago Camilo, o menino do interior de São Paulo que se joelho que se transformou em infecção e me deixou sete me- como fez a Olimpíada mais espetacular da historia do judô tornava o mais jovem judoca finalista olímpico com uma prata ses parado. Foram quatro cirurgias, muito antibiótico na veia brasileiro. e muito tempo distante da rotina de treinos. Enquanto isso Através de seu poderoso ne waza, Canto conquistou o no peso leve. Quatro anos e oito quilos depois, Camilo prota- minha “outra vida” caminhou bastante e, ao mesmo tempo, Olimpo. Com a coroa de folhas de oliveira em torno da cabe- gonizou com Canto um duelo de nove combates pelo posto João Derly: Qual o segredo para se manter tantos anos como ça, subiu no pódio em Atenas e, na volta ao Brasil, transfor- de titular do meio-médio do Brasil na Grécia. meu amigo Leandro Guilheiro, que já estava voando, subiu ainda mais no ranking mundial. Matematicamente e fisica- titular da seleção brasileira e lutando em alto nível? mou aquele bronze em ouro para as milhares de crianças do mente fui ficando longe de Londres e me vi numa situação em FC: Jhonny, acho que o primeiro deles é gostar de ser atle- Instituto Reação, sua então recém criada ONG e que, hoje, “Não sei se prazer é a palavra certa, mas acho que o que a vaga não dependia mais de mim. Ficaria dependendo ta. Sempre gostei muito disso, respeitei meu corpo e mantive conta com cinco pólos no Rio de Janeiro. Melhor judoca de adversário mais marcante da minha car- de uma lesão do Leandro para ir a Londres e isso era algo que uma vida regrada. Como sempre me considerei todos os tempos em técnicas no solo? Canto desconversa: reira, sem desmerecer nenhum outro, foi não desejaria nem para um inimigo, imagina para um amigo! mais do grupo dos “esforçados” do que o Tiago. Até hoje preciso convencer amigos e parentes da Aos poucos, por tudo isso, minha motivação foi se voltan- dos “fenômenos”, tive cuidado de não “Sem dúvida sempre tive mais facilidade na luta de solo, mas nossa amizade. Pra quem não vive o judô e sua grandeza fica do para outros desafios. Hoje, tenho trabalhado tanto nesse perder “pontos” desnecessários. O outro fa- nunca me preocupei em ser conhecido como o melhor. Queria difícil compreender a admiração mútua que se cria com gran- novo mundo da televisão e no Instituto Reação que tenho tido tor foi sorte. Tive a sorte ter tido grandes adversários no Brasil, apenas ser melhor do que era no dia anterior”, resume, com des “rivais”. No fundo são eles nossos maiores professores, pouco tempo para refletir sobre o que passou. Espero estar como Varejão, Sebástian, Dagnino, Alex, Honoratinho, Marcel, humildade, para em seguida compartilhar seus segredos. do ponto de vista técnico e espiritual. Para os enfrentarmos preparado emocionalmente quando a poeira baixar. Tiago, Leandro... Na maioria das vezes os considerava melhor “Gosto muito de chaves de braço, mas acho que a mági- mergulhamos dentro de todas as nossas emoções, conhece- do que eu e isso fez com que me motivasse a aprender cada ca do ne waza não está nas posições fixas mo-nos melhor e ficamos mais fortes. Sem eles, sem dúvida Rogério Sampaio: Como você tem se preparado emocio- vez mais. e, sim, na habilidade de estar preparado nenhuma, seríamos menores. A todos meu muito obrigado nalmente para este primeiro período pós deixar a carreira competitiva? para o que o adversário oferecer. No chão, o por tudo que me ensinaram”, diz Flávio Canto. João Derly: Qual o maior legado que o judô deixou para esta Grande Sampaio, nunca me esqueço da minha primei- nova fase da sua vida? bom atleta não deve ser destro ou canhoto, não deve ter lado FC: ra viagem pela seleção quando tive o privilégio de dividir o Minha vida foi toda se definindo dentro do judô. O Instituto predominante”, ensina ele, que recentemente assumiu a fun- Para a entrevista de despedida de Flávio Canto, a Judô em FC: quarto com você no Mundial Universitário de Munster, na Reação, a coordenação nacional do judô na BodyTech, o ção de técnico de ne waza junto à seleção brasileira. Revista convidou grandes nomes dos tatames brasileiros Alemanha! Aprendi, ou pelo menos tentei (risos) muita coisa Corujão, o Sensei, todos vieram por causa dele. Conheci o mun- e personagens marcantes em sua carreira. A seguir, com você! Acho que a melhor forma de pen- do inteiro, fiz grandes amigos - você é um dos mais especiais - , Da precoce ida aos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996, Aurélio Miguel, Rogério Sampaio, João sar no pós carreira é pensar nisso desde vivi, de fato, intensamente. apenas sete anos depois de seu primeiro osotogari, à frustra- Derly, Leandro Guilheiro, Rafaela Silva, sempre. O atleta tem a síndrome do Peter ção por perder a seletiva para Sydney 2000, quan- Mayra Aguiar, Sarah Menezes, Geraldo Pan, acha que nunca vai envelhecer. Desde Leandro Guilheiro: Boa parte da sua vida como atleta girou do já era um atleta mais maduro e vitorioso, Canto Bernardes e Duda Soares “sabatinam” cedo me preocupei com isso: terminei a faculdade de Direito, em torno de um grande sonho, o olímpi- experimentou de todas as facetas do esporte. o recém aposentado Canto. aprendi idiomas, fundei com amigos o Reação, sempre viajei co. Qual é o seu maior sonho agora? Como no Pan do Rio, em 2007, quando o so- Papo de craques! com um livro do meu lado... Não tenho dúvida que poderia FC: O da medalha olímpica eu nho de vencer diante de sua família e alunos ter me preparado melhor, mas só o fato de ter tido vou viver ao seu lado gritando por deu lugar às lágrimas provocadas pela le- Aurélio Miguel: Como descobriu o mo- sempre essa preocupação me ajudou bastante você! A grande dificul- são no cotovelo que o tirou da disputa por mento certo de parar e como foram os pri- a construir uma vida paralela, embora integra- dade de abandonar um medalhas. meiros instantes após tomar essa decisão? da ao esporte, que me deixasse mais tran- grande sonho é não ter ou- Flávio Canto: Aurélio, como sempre uma quilo emocionalmente nesse momento. tro à altura. Depois da fundação Não me sinto numa apo- sentadoria, mas numa

JUDÔ EM REVISTA 16 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 17 Março/Abril 2012 Fotos (Da esq. Arquivo para Pessoal; dir.): Marcos André Pinto/Acervo COB; Washington Alves/ Acervo COB; Divulgação COB; Washington Alves/Acervo COB; Ana Bárbara/Instituto Reação FC: Tenho sim, Sarinha. Geraldo Bernardes: E estar na TV foi algo planejado para man- Crescemos bastante nesses ter a sua imagem em evidência e, em consequência, o Reação? últimos anos e, em 2012, FC: Depois de 2000, quando o Reação “nas- NOME: Flávio Vianna de Ulhoa Canto priorizamos fortalecer nos- ceu” passei a ter um olhar diferente pra CATEGORIA: Meio-Médio (81kg) sa dinâmica interna. A partir tudo. Percebi que lutava finalmente por DATA DE NASCIMENTO: do ano que vem começa- uma causa nobre. Todas as minhas conquistas de al- 16/4/1975, em Oxford, Inglaterra mos a pensar em expansão. guma forma se refletiam no crescimento do Reação e isso pas- Quem sabe não levamos o CLUBES: Clube Marapendi/RJ, sou a ser meu melhor combustível. A escolha do caminho da Universidade Gama Filho/RJ, Flamengo/ Reação para sua terra! TV, como tudo que faço, foi também pensada em função do RJ, Tijuca Tênis Clube/RJ, Instituto Reação/ Reação. Mudo de “tatame”, mas continuo tendo força pra fazer Mayra Aguiar: Você se in- o Instituto crescer. A outra motivação foi buscar um caminho em Fluminense - RJ teressaria em sair do ramo que pudesse de alguma forma incentivar as pessoas a acredita- KUMIKATA: Destro de apresentador de espor- rem no seu potencial ilimitado e responsabilidade de mudarem PRINCIPAIS RESULTADOS: te para tentar a carreira de o mundo à sua volta. • Bronze nas Olimpíadas de Atenas 2004 ator, já que namora a atriz Ouro nos Jogos Pan-Americanos 2003 Fiorella Mattheis? • Duda Soares: Quando o esportista se aposenta, passa a ter Prata nos Jogos Pan-Americanos 1999 FC: Só se fosse pra fazer um • uma enorme mudança em sua vida. Quais são essas mudanças • Bronze nos Jogos Pan-Americanos 1995 papel com a patroa (risos)! e como você pretende encará-las? • Prata no Mundial por Equipes 1998, 2007, Definitivamente não seria FC: Duda, meu irmão de escolha, acho que a melhor forma de 2010, 2011 minha praia, Mayra! encarar essa transição é trabalhando muito e aprendendo a vi- ver intensamente outros sonhos. Minha rotina mudou comple- • Bronze no Mundial por Equipes 2008 Geraldo Bernardes: Quando tamente e tudo que vejo à minha volta passou a ser novidade. • 15 medalhas em Grand Slams e Copas você se programou para sair A sensação é muito parecida como a de quando entrei no judô. do Mundo de cena, já tinha a ideia de ser

Foto: Rafal Burza Tinha 14 anos e todos ali sabiam mais do que eu. Voltar a • 7 vezes medalha de ouro no Campeonato apresentador de TV? ser faixa-branca é muito interessante. E vi- Pan-Americano :: No Mundial de Tóquio, em 2010, o confronto com o amigo Leandro Guilheiro pelas quartas-de-final Na verdade antes de FC: ver uma nova vida mais ainda. “sair de cena” já estava Não é porque vivemos uma vez só que devemos viver uma vida só! do Reação, o sonho olímpico ficou menos importante pra exercendo esse “papel”. Esse caminho começou em 2005, quando fui convidado pelo mim. A satisfação de perceber que podemos mudar o mun- Duda Soares: Como a sua família reagiu à sua decisão e do me deu um novo direcionamento de objetivos. Com essa SporTV para comentar o Mundial do Egito. Na época estava lesionado e acabei não fazendo a seletiva para a competição. quais as expectativas geradas para eles com a sua saída das minha saída do campo competitivo terei mais tempo para me competições? dedicar a esse outro grande sonho que hoje me faz mais feliz. Foi uma experiência muito legal. Acabei tendo o privilégio de comentar a primeira medalha de ouro do Brasil em mundiais FC: Minha mãe no início sentiu, mas sempre me apoiou. Meu pai, irmão, Fiorella e família também. Minha luta no judô sempre Como judocas, sempre aprendemos e, ainda melhor, vinda de um dos meus grandes amigos do Leandro Guilheiro: foi sonhada e dividida com minha família. que o judô é uma analogia da vida. Quais as principais lições judô, João Derly. A partir dali passei a comentar as compe- Olhando pra que o judoca Flávio Canto levará para sempre consigo? tições onde não lutava. Algum tempo depois fui convidado trás, não existiu nada mais bonito na mi- para fazer o piloto de um programa de lutas chamado Sensei. FC: Derrubamos, caímos, mas sempre, no final, nos levan- nha carreira do que compartilhar com to- O piloto foi aprovado, entrou no ar e, de repente, me vi entran- tamos. Essa força que carregamos, essa determinação de dos eles essa emoção. Sonhamos juntos, ganhamos do nesse novo mundo. No meio do ano passado fui convida- sonhar grande e, independentemente das dificuldades e dos juntos e perdemos juntos. O judô nos uniu ainda mais. Nunca en- do para fazer um piloto do Corujão. Fui sem muitas expectati- tombos da vida, seguir em frente é o que levo pra sempre. trei sem eles no tatame e sempre me senti lutando por eles. vas, mas a idéia foi crescendo e um dia recebi o convite oficial

da direção da Globo. Foi uma das conversas que definiram Como você se sentiu na hora em que ter- Rafaela Silva: meu rumo. A outra foi com você. A opinião de ninguém pesa- minou de dizer que estava se retirando das competições de ria tanto como a sua, meu técnico e amigo de todas as horas. judô? Quando você me apoiou nessa decisão tive a certeza que FC: Assustado. Já tinha a decisão tomada, estava fazendo a coisa certa. mas quando me escutei dizendo a pala- vra “aposentado” tomei um susto. Você também foi mui- to importante nessa escolha. Graças a você e à sua irmã tive a realização de um dos grandes sonhos da minha vida. Quando o Reação começou me per- guntava se um dia, ainda como atleta, teria o prazer de treinar firme com os alunos. Você e Raquel me deram um privilégio ainda maior: viajamos juntos pela seleção principal. Aquela viagem da Inglaterra foi inesquecível. E feliz- mente, apenas a primeira de muitas outras. Parar hoje, mas já tendo tantos outros alunos representando o Reação em todas as seleções nacionais, torna tudo mais suave. A aposentadoria troca de nome e vira substituição. Foto: Rafal Burza Sarah Menezes: Você tem o interes- se em expandir o Instituto Reação para outros estados? :: Flávio Canto aplica uma chave de braço: no solo, ninguém é melhor do que o brasileiro Foto: Divulgação TV Globo JUDÔ EM REVISTA 18 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 19 Março/Abril 2012 FC: Tenho sim, Sarinha. Geraldo Bernardes: E estar na TV foi algo planejado para man- Crescemos bastante nesses ter a sua imagem em evidência e, em consequência, o Reação? últimos anos e, em 2012, FC: Depois de 2000, quando o Reação “nas- NOME: Flávio Vianna de Ulhoa Canto priorizamos fortalecer nos- ceu” passei a ter um olhar diferente pra CATEGORIA: Meio-Médio (81kg) sa dinâmica interna. A partir tudo. Percebi que lutava finalmente por DATA DE NASCIMENTO: do ano que vem começa- uma causa nobre. Todas as minhas conquistas de al- 16/4/1975, em Oxford, Inglaterra mos a pensar em expansão. guma forma se refletiam no crescimento do Reação e isso pas- Quem sabe não levamos o CLUBES: Clube Marapendi/RJ, sou a ser meu melhor combustível. A escolha do caminho da Universidade Gama Filho/RJ, Flamengo/ Reação para sua terra! TV, como tudo que faço, foi também pensada em função do RJ, Tijuca Tênis Clube/RJ, Instituto Reação/ Reação. Mudo de “tatame”, mas continuo tendo força pra fazer Mayra Aguiar: Você se in- o Instituto crescer. A outra motivação foi buscar um caminho em Fluminense - RJ teressaria em sair do ramo que pudesse de alguma forma incentivar as pessoas a acredita- KUMIKATA: Destro de apresentador de espor- rem no seu potencial ilimitado e responsabilidade de mudarem PRINCIPAIS RESULTADOS: te para tentar a carreira de o mundo à sua volta. • Bronze nas Olimpíadas de Atenas 2004 ator, já que namora a atriz Ouro nos Jogos Pan-Americanos 2003 Fiorella Mattheis? • Duda Soares: Quando o esportista se aposenta, passa a ter Prata nos Jogos Pan-Americanos 1999 FC: Só se fosse pra fazer um • uma enorme mudança em sua vida. Quais são essas mudanças • Bronze nos Jogos Pan-Americanos 1995 papel com a patroa (risos)! e como você pretende encará-las? • Prata no Mundial por Equipes 1998, 2007, Definitivamente não seria FC: Duda, meu irmão de escolha, acho que a melhor forma de 2010, 2011 minha praia, Mayra! encarar essa transição é trabalhando muito e aprendendo a vi- ver intensamente outros sonhos. Minha rotina mudou comple- • Bronze no Mundial por Equipes 2008 Geraldo Bernardes: Quando tamente e tudo que vejo à minha volta passou a ser novidade. • 15 medalhas em Grand Slams e Copas você se programou para sair A sensação é muito parecida como a de quando entrei no judô. do Mundo de cena, já tinha a ideia de ser

Foto: Rafal Burza Tinha 14 anos e todos ali sabiam mais do que eu. Voltar a • 7 vezes medalha de ouro no Campeonato apresentador de TV? ser faixa-branca é muito interessante. E vi- Pan-Americano :: No Mundial de Tóquio, em 2010, o confronto com o amigo Leandro Guilheiro pelas quartas-de-final Na verdade antes de FC: ver uma nova vida mais ainda. “sair de cena” já estava Não é porque vivemos uma vez só que devemos viver uma vida só! do Reação, o sonho olímpico ficou menos importante pra exercendo esse “papel”. Esse caminho começou em 2005, quando fui convidado pelo mim. A satisfação de perceber que podemos mudar o mun- Duda Soares: Como a sua família reagiu à sua decisão e do me deu um novo direcionamento de objetivos. Com essa SporTV para comentar o Mundial do Egito. Na época estava lesionado e acabei não fazendo a seletiva para a competição. quais as expectativas geradas para eles com a sua saída das minha saída do campo competitivo terei mais tempo para me competições? dedicar a esse outro grande sonho que hoje me faz mais feliz. Foi uma experiência muito legal. Acabei tendo o privilégio de comentar a primeira medalha de ouro do Brasil em mundiais FC: Minha mãe no início sentiu, mas sempre me apoiou. Meu pai, irmão, Fiorella e família também. Minha luta no judô sempre Como judocas, sempre aprendemos e, ainda melhor, vinda de um dos meus grandes amigos do Leandro Guilheiro: foi sonhada e dividida com minha família. que o judô é uma analogia da vida. Quais as principais lições judô, João Derly. A partir dali passei a comentar as compe- Olhando pra que o judoca Flávio Canto levará para sempre consigo? tições onde não lutava. Algum tempo depois fui convidado trás, não existiu nada mais bonito na mi- para fazer o piloto de um programa de lutas chamado Sensei. FC: Derrubamos, caímos, mas sempre, no final, nos levan- nha carreira do que compartilhar com to- O piloto foi aprovado, entrou no ar e, de repente, me vi entran- tamos. Essa força que carregamos, essa determinação de dos eles essa emoção. Sonhamos juntos, ganhamos do nesse novo mundo. No meio do ano passado fui convida- sonhar grande e, independentemente das dificuldades e dos juntos e perdemos juntos. O judô nos uniu ainda mais. Nunca en- do para fazer um piloto do Corujão. Fui sem muitas expectati- tombos da vida, seguir em frente é o que levo pra sempre. trei sem eles no tatame e sempre me senti lutando por eles. vas, mas a idéia foi crescendo e um dia recebi o convite oficial

da direção da Globo. Foi uma das conversas que definiram Como você se sentiu na hora em que ter- Rafaela Silva: meu rumo. A outra foi com você. A opinião de ninguém pesa- minou de dizer que estava se retirando das competições de ria tanto como a sua, meu técnico e amigo de todas as horas. judô? Quando você me apoiou nessa decisão tive a certeza que FC: Assustado. Já tinha a decisão tomada, estava fazendo a coisa certa. mas quando me escutei dizendo a pala- vra “aposentado” tomei um susto. Você também foi mui- to importante nessa escolha. Graças a você e à sua irmã tive a realização de um dos grandes sonhos da minha vida. Quando o Reação começou me per- guntava se um dia, ainda como atleta, teria o prazer de treinar firme com os alunos. Você e Raquel me deram um privilégio ainda maior: viajamos juntos pela seleção principal. Aquela viagem da Inglaterra foi inesquecível. E feliz- mente, apenas a primeira de muitas outras. Parar hoje, mas já tendo tantos outros alunos representando o Reação em todas as seleções nacionais, torna tudo mais suave. A aposentadoria troca de nome e vira substituição. Foto: Rafal Burza Sarah Menezes: Você tem o interes- se em expandir o Instituto Reação para outros estados? :: Flávio Canto aplica uma chave de braço: no solo, ninguém é melhor do que o brasileiro Foto: Divulgação TV Globo JUDÔ EM REVISTA 18 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 19 Março/Abril 2012 Foto: Divulgação

m judô unido e forte. O Programa de Apoio O curso foi direcionado a dois às Federações (PAF), criado em 2009 pela públicos: administrativo, para PELO Confederação Brasileira de Judô (CBJ) para o gestores das Federações; e Udar suporte ao desenvolvimento e estruturação do judô operacional, para membros da BRASIL em cada um dos 26 estados e Distrito Federal, chega a área técnica dade cada entidade seu segundo ano com mais investimento do que nunca. com conhecimento de informáti- Em setembro de 2011 teve início a maior ação do PAF: to- ca e noções básicas de rede de computador. Vinte e quatro das as 27 Federações receberam dois kits de área oficial estados participaram do curso. completos. Cada kit, seguindo o padrão da Federação Internacional de Judô (FIJ), tem 144 metros quadrados de tatames, duas telas de LCD para placar, dois computado- res e uma câmera para vídeo replay. No total foram 7776 “Asseguramos, com o PAF, metros quadrados de tatames, 108 telas, 54 câmeras e 108 computadores. a padronização dos eventos de judô em todo o Brasil, “O Programa de Apoio às Federações é um dos principais fo- cos dessa gestão. Trata-se de um investimento prático no fo- atendendo à demanda das mento ao judô nos estados. Asseguramos, com o PAF, a pa- Federações e seus atletas” dronização dos eventos de judô em todo o Brasil, atendendo à demanda das Federações e seus atletas. A Lei de Incentivo ao

:: Caminhão da CBJ levou equipamentos de ponta aos quatro cantos do país Foto: Daniela Zappe Daniela Foto: :: Presidentes das Federações Estaduais reunidos UM POR TODOS, no Grand Slam do Rio: PAF foi comemorado

Esporte do Governo Federal, através do Ministério do Esporte, “Para que todo esse investimento chegasse às Federações, foi e os nossos patrocinadores viabilizaram a CBJ a dar este necessário muita competência. Para buscar recursos é pre- apoio fundamental”, diz o presidente da CBJ, Paulo Wanderley ciso credibilidade. Todo esse equipamento que foi entregue TODOS POR UM Teixeira. é consequência de um trabalho excelente capitaneado pelo presidente Paulo Wanderley”, elogia o vice-presidente da CBJ, Federações recebem As áreas oficiais do PAF já têm data para estrear: os campe- João Rocha. onatos brasileiros e seletivas nacionais deste ano farão uso equipamentos de do material. A seletiva Sub-17, em março, em Fortaleza/CE, foi O reconhecimento aos benefícios PAF vem sendo demostrado competição modernos totalmente realizada com equipamentos do PAF. pelas Federações: Porém, existe muito mais no Programa de Apoio às Federações “Este olhar do presidente Paulo Wanderley de descentralizar o e apoio para viagens em do que apenas equipamentos. A preocupação com o legado judô brasileiro é fundamental. Com este equipamento que nos investimento inédito na é a base de todas as ações do projeto. Em dezembro de 2011 está sendo oferecido, poderemos plantar sementes e produ- a CBJ realizou um curso teórico em Belo Horizonte para as 27 zir atletas de nível de seleção. O PAF era o que faltava para o história do judô brasileiro Federações, com o intuito de capacitar os membros da entida- nosso crescimento. Com certeza é um orgulho muito grande de a operarem e fazerem uso na plenitude da tecnologia que, para todo o Nordeste participar deste processo”, afirma o pre- atualmente, envolve uma competição de judô. sidente da Federação de Alagoas, José Nilson.

JUDÔ EM REVISTA 20 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 21 Março/Abril 2012 Foto: Divulgação

m judô unido e forte. O Programa de Apoio O curso foi direcionado a dois às Federações (PAF), criado em 2009 pela públicos: administrativo, para PELO Confederação Brasileira de Judô (CBJ) para o gestores das Federações; e Udar suporte ao desenvolvimento e estruturação do judô operacional, para membros da BRASIL em cada um dos 26 estados e Distrito Federal, chega a área técnica dade cada entidade seu segundo ano com mais investimento do que nunca. com conhecimento de informáti- Em setembro de 2011 teve início a maior ação do PAF: to- ca e noções básicas de rede de computador. Vinte e quatro das as 27 Federações receberam dois kits de área oficial estados participaram do curso. completos. Cada kit, seguindo o padrão da Federação Internacional de Judô (FIJ), tem 144 metros quadrados de tatames, duas telas de LCD para placar, dois computado- res e uma câmera para vídeo replay. No total foram 7776 “Asseguramos, com o PAF, metros quadrados de tatames, 108 telas, 54 câmeras e 108 computadores. a padronização dos eventos de judô em todo o Brasil, “O Programa de Apoio às Federações é um dos principais fo- cos dessa gestão. Trata-se de um investimento prático no fo- atendendo à demanda das mento ao judô nos estados. Asseguramos, com o PAF, a pa- Federações e seus atletas” dronização dos eventos de judô em todo o Brasil, atendendo à demanda das Federações e seus atletas. A Lei de Incentivo ao

:: Caminhão da CBJ levou equipamentos de ponta aos quatro cantos do país Foto: Daniela Zappe Daniela Foto: :: Presidentes das Federações Estaduais reunidos UM POR TODOS, no Grand Slam do Rio: PAF foi comemorado

Esporte do Governo Federal, através do Ministério do Esporte, “Para que todo esse investimento chegasse às Federações, foi e os nossos patrocinadores viabilizaram a CBJ a dar este necessário muita competência. Para buscar recursos é pre- apoio fundamental”, diz o presidente da CBJ, Paulo Wanderley ciso credibilidade. Todo esse equipamento que foi entregue TODOS POR UM Teixeira. é consequência de um trabalho excelente capitaneado pelo presidente Paulo Wanderley”, elogia o vice-presidente da CBJ, Federações recebem As áreas oficiais do PAF já têm data para estrear: os campe- João Rocha. onatos brasileiros e seletivas nacionais deste ano farão uso equipamentos de do material. A seletiva Sub-17, em março, em Fortaleza/CE, foi O reconhecimento aos benefícios PAF vem sendo demostrado competição modernos totalmente realizada com equipamentos do PAF. pelas Federações: Porém, existe muito mais no Programa de Apoio às Federações “Este olhar do presidente Paulo Wanderley de descentralizar o e apoio para viagens em do que apenas equipamentos. A preocupação com o legado judô brasileiro é fundamental. Com este equipamento que nos investimento inédito na é a base de todas as ações do projeto. Em dezembro de 2011 está sendo oferecido, poderemos plantar sementes e produ- a CBJ realizou um curso teórico em Belo Horizonte para as 27 zir atletas de nível de seleção. O PAF era o que faltava para o história do judô brasileiro Federações, com o intuito de capacitar os membros da entida- nosso crescimento. Com certeza é um orgulho muito grande de a operarem e fazerem uso na plenitude da tecnologia que, para todo o Nordeste participar deste processo”, afirma o pre- atualmente, envolve uma competição de judô. sidente da Federação de Alagoas, José Nilson.

JUDÔ EM REVISTA 20 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 21 Março/Abril 2012 Um dos celeiros de atletas para a seleção brasileira, o Distrito Além de equipamentos e capacitação técnica, o PAF também Federal revelou no passado recente os judocas Ketleyn contempla passagens aéreas para seis representantes de cada Quadros, primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica uma das 27 Federações Estaduais para enviar representantes em esportes individuais para o Brasil, Luciano Corrêa, cam- para os cinco campeonatos brasileiros de cada temporada. peão mundial em 2007, e Érika Miranda, top 10 do ranking mundial do meio-leve feminino. O objetivo, agora, é trazer JUDÔ PARA mais eventos para a capital e propiciar o surgimento de novos “Com este equipamento que nos atletas. TODOS está sendo oferecido, poderemos “O que Paulo Wanderley tem feito pelos estados é único. A partir de agora contamos com seis áreas de tatames oficiais, plantar sementes e produzir o que nos possibilita realizar eventos de grande porte no atletas de nível de seleção” Distrito Federal, com ainda mais eficiência”, diz o presidente da Federação Metropolitana, Luiz Romariz. Em 2011, esta ação envolveu um investimento de aproximada- Para o Amapá, a ajuda do PAF é fundamental, segundo o pre- mente R$ 600 mil. Foram 810 bilhetes aéreos emitidos para os sidente da Federação Amapaense de Judô, Antônio Viana: Campeonatos Brasileiros Sub 17 (Recife/PE nos dias 14 e 15 de maio), Sub 20 (Porto Velho/RO nos dias 28 e 29 de maio), “Estamos num estado distante dos principais centros do judô Sub 15 (Aracajú/SE nos dias 6 e 7 de agosto), Sub 13 (Belém/ no Brasil, então, o PAF tem essa função geográfica fundamen- PA nos dias 27 e 28 de agosto) e Sênior (Florianópolis/SC 19 tal. O fato de treinar e competir dentro do Amapá com o mes- e 20 de novembro). Em 2010, a CBJ custeou as despesas mo equipamento que existe nos melhores eventos do mun- com aéreo das Federações em eventos como o Campeonato do faz com que o efeito surpresa acabe para nossos judocas Brasileiro Sub 20 e Campeonato Brasileiro Sênior. quando eles saem do estado”, diz o dirigente. Foto: Lucio Mattos OS NuMEROS DO PAF ASSOCIAÇÃO DE JUDÔ BRANCO ZANOL Ex-atleta Olímpico comanda projeto para cinco mil crianças no interior de SP 27 FEDERAÇÕES CONTEMPLADAS Zanol. “No início, a ajuda de custo que eu recebia mal dava para pagar as contas. Depois foram seis duros anos de es- tleta da seleção brasileira por uma década, pera até conseguir inaugurar o segundo núcleo. Mas sempre 6 PASSAGENS POR EVENTO PARA CADA FEDERAÇÃO Edelmar ‘Branco’ Zanol trocou o quimono pelo pensei em algo maior, no bem social”, completa. terno e gravata há 11 anos. Após a frustração PASSAGENS EMITIDAS EM 2011 deA ser cortado por lesão às vésperas das Olimpíadas de A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) reconhece o traba- 810 Sydney 2000, Branco decidiu dar um novo rumo à car- lho feito por Branco Zanol e a ação de realizar a aclimatação reira. No lugar de lutar por medalhas, da equipe de base na cidade de Joaquim R$ 600 MIL EM PASSAGENS AÉREAS foi batalhar para melhorar a vida de da Barra foi em reconhecimento a isto. jovens no interior de São Paulo. Sob “Algumas crianças KITS OFICIAIS PADRÃO FIJ PARA CADA FEDERAÇÃO COM: o lema “Educação no Brasil”, Branco “Damos os parabéns ao trabalho que 2 inaugurou, em 2001, em Guaíra, o pri- me chamaram no o Branco faz no interior de São Paulo. meiro núcleo da Associação de Judô Dentro do tatame foi um atleta guerreiro 144 PLACAS DE TATAME – 80 4 Laptop 11~14 polegadas Intel 2Gb portão e pediram que HAM, HD 250 Gb Branco Zanol. e tem mostrado esta mesma disposição Azuis e 64 Amarelas. eu ensinasse judô. Aí neste novo momento da sua vida”, afirma 4 TV LCD 42 polegadas Full HD com 2 Caixas de Som Multiuso O projeto cresceu e hoje está presente o presidente da CBJ, Paulo Wanderley interface VGA Amplificada 25 W em oito cidades, atendendo cinco mil pensei: mas como? Teixeira. crianças em situação de risco, como 2 Distribuidores de Vídeo VGA 1x 2 2 Cabos P2 x RCA 5m Nuporanga, São Joaquim da Barra, e Sem quimono? Sem Durante a passagem das seleções Sub- Handycam Orlândia, além da pioneira Guaíra, sua tatame? Foi aí que 17 e Sub-20 por Joaquim da Barra para 4 Mouses Óptico USB. 02 Cabo VGA 2 cidade natal. treinamento antes do Pan-Americano 35 m, 02 Cabo VGA 1,8 m 2 Adaptadores para captura de a ideia do projeto da categoria, Branco pôde ver de perto Cabos VGA com filtro 5 m Vídeo USB, 02 Cabo RCA (1 via) 20 m “Quando retornei dos Jogos de Atlanta, como a estrutura que cerca os atletas da 2 em 1996, fui visitar minha mãe. Algumas ganhou força” seleção brasileira mudou, desde a base. 2 Tripés Armadores crianças me chamaram no portão e pe- diram que eu ensinasse judô. Aí pensei: mas como? Sem qui- “As coisas eram diferentes quando eu lutava pela seleção. mono? Sem tatame? Foi aí que a ideia do projeto ganhou Muito diferentes. Não havia diálogo entre CBJ e atletas. Por força”, lembra Zanol. isso, procurei conversar com cada um dos meninos que fize- ram parte desta seleção de base e reforcei o quanto eles têm Conhecido pelo gênio forte dos tempos de atleta, Branco sorte por viver esse momento do judô brasileiro. Todos têm de Zanol admite que mudou. A garra, hoje, é pelo bem maior, abraçar com toda a garra esta oportunidade”, finaliza. pela sociedade. Saiba mais: www.brancozanol.com.br “Quando somos jovens, agimos de maneira egoísta. Depois, percebemos que nem tudo é do jeito que queremos. Não foi Se você conhece um projeto social ligado ao judô na sua região fácil chegar a este número de cinco mil jovens e oito cidades, conte para nós! Quem sabe ele não pode estar nas próximas muito menos começar do zero numa nova carreira”, conta edições da revista: [email protected]

JUDÔ EM REVISTA 22 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 23 Março/Abril 2012 Um dos celeiros de atletas para a seleção brasileira, o Distrito Além de equipamentos e capacitação técnica, o PAF também Federal revelou no passado recente os judocas Ketleyn contempla passagens aéreas para seis representantes de cada Quadros, primeira mulher a conquistar uma medalha olímpica uma das 27 Federações Estaduais para enviar representantes em esportes individuais para o Brasil, Luciano Corrêa, cam- para os cinco campeonatos brasileiros de cada temporada. peão mundial em 2007, e Érika Miranda, top 10 do ranking mundial do meio-leve feminino. O objetivo, agora, é trazer JUDÔ PARA mais eventos para a capital e propiciar o surgimento de novos “Com este equipamento que nos atletas. TODOS está sendo oferecido, poderemos “O que Paulo Wanderley tem feito pelos estados é único. A partir de agora contamos com seis áreas de tatames oficiais, plantar sementes e produzir o que nos possibilita realizar eventos de grande porte no atletas de nível de seleção” Distrito Federal, com ainda mais eficiência”, diz o presidente da Federação Metropolitana, Luiz Romariz. Em 2011, esta ação envolveu um investimento de aproximada- Para o Amapá, a ajuda do PAF é fundamental, segundo o pre- mente R$ 600 mil. Foram 810 bilhetes aéreos emitidos para os sidente da Federação Amapaense de Judô, Antônio Viana: Campeonatos Brasileiros Sub 17 (Recife/PE nos dias 14 e 15 de maio), Sub 20 (Porto Velho/RO nos dias 28 e 29 de maio), “Estamos num estado distante dos principais centros do judô Sub 15 (Aracajú/SE nos dias 6 e 7 de agosto), Sub 13 (Belém/ no Brasil, então, o PAF tem essa função geográfica fundamen- PA nos dias 27 e 28 de agosto) e Sênior (Florianópolis/SC 19 tal. O fato de treinar e competir dentro do Amapá com o mes- e 20 de novembro). Em 2010, a CBJ custeou as despesas mo equipamento que existe nos melhores eventos do mun- com aéreo das Federações em eventos como o Campeonato do faz com que o efeito surpresa acabe para nossos judocas Brasileiro Sub 20 e Campeonato Brasileiro Sênior. quando eles saem do estado”, diz o dirigente. Foto: Lucio Mattos OS NuMEROS DO PAF ASSOCIAÇÃO DE JUDÔ BRANCO ZANOL Ex-atleta Olímpico comanda projeto para cinco mil crianças no interior de SP 27 FEDERAÇÕES CONTEMPLADAS Zanol. “No início, a ajuda de custo que eu recebia mal dava para pagar as contas. Depois foram seis duros anos de es- tleta da seleção brasileira por uma década, pera até conseguir inaugurar o segundo núcleo. Mas sempre 6 PASSAGENS POR EVENTO PARA CADA FEDERAÇÃO Edelmar ‘Branco’ Zanol trocou o quimono pelo pensei em algo maior, no bem social”, completa. terno e gravata há 11 anos. Após a frustração PASSAGENS EMITIDAS EM 2011 deA ser cortado por lesão às vésperas das Olimpíadas de A Confederação Brasileira de Judô (CBJ) reconhece o traba- 810 Sydney 2000, Branco decidiu dar um novo rumo à car- lho feito por Branco Zanol e a ação de realizar a aclimatação reira. No lugar de lutar por medalhas, da equipe de base na cidade de Joaquim R$ 600 MIL EM PASSAGENS AÉREAS foi batalhar para melhorar a vida de da Barra foi em reconhecimento a isto. jovens no interior de São Paulo. Sob “Algumas crianças KITS OFICIAIS PADRÃO FIJ PARA CADA FEDERAÇÃO COM: o lema “Educação no Brasil”, Branco “Damos os parabéns ao trabalho que 2 inaugurou, em 2001, em Guaíra, o pri- me chamaram no o Branco faz no interior de São Paulo. meiro núcleo da Associação de Judô Dentro do tatame foi um atleta guerreiro 144 PLACAS DE TATAME – 80 4 Laptop 11~14 polegadas Intel 2Gb portão e pediram que HAM, HD 250 Gb Branco Zanol. e tem mostrado esta mesma disposição Azuis e 64 Amarelas. eu ensinasse judô. Aí neste novo momento da sua vida”, afirma 4 TV LCD 42 polegadas Full HD com 2 Caixas de Som Multiuso O projeto cresceu e hoje está presente o presidente da CBJ, Paulo Wanderley interface VGA Amplificada 25 W em oito cidades, atendendo cinco mil pensei: mas como? Teixeira. crianças em situação de risco, como 2 Distribuidores de Vídeo VGA 1x 2 2 Cabos P2 x RCA 5m Nuporanga, São Joaquim da Barra, e Sem quimono? Sem Durante a passagem das seleções Sub- Handycam Orlândia, além da pioneira Guaíra, sua tatame? Foi aí que 17 e Sub-20 por Joaquim da Barra para 4 Mouses Óptico USB. 02 Cabo VGA 2 cidade natal. treinamento antes do Pan-Americano 35 m, 02 Cabo VGA 1,8 m 2 Adaptadores para captura de a ideia do projeto da categoria, Branco pôde ver de perto Cabos VGA com filtro 5 m Vídeo USB, 02 Cabo RCA (1 via) 20 m “Quando retornei dos Jogos de Atlanta, como a estrutura que cerca os atletas da 2 em 1996, fui visitar minha mãe. Algumas ganhou força” seleção brasileira mudou, desde a base. 2 Tripés Armadores crianças me chamaram no portão e pe- diram que eu ensinasse judô. Aí pensei: mas como? Sem qui- “As coisas eram diferentes quando eu lutava pela seleção. mono? Sem tatame? Foi aí que a ideia do projeto ganhou Muito diferentes. Não havia diálogo entre CBJ e atletas. Por força”, lembra Zanol. isso, procurei conversar com cada um dos meninos que fize- ram parte desta seleção de base e reforcei o quanto eles têm Conhecido pelo gênio forte dos tempos de atleta, Branco sorte por viver esse momento do judô brasileiro. Todos têm de Zanol admite que mudou. A garra, hoje, é pelo bem maior, abraçar com toda a garra esta oportunidade”, finaliza. pela sociedade. Saiba mais: www.brancozanol.com.br “Quando somos jovens, agimos de maneira egoísta. Depois, percebemos que nem tudo é do jeito que queremos. Não foi Se você conhece um projeto social ligado ao judô na sua região fácil chegar a este número de cinco mil jovens e oito cidades, conte para nós! Quem sabe ele não pode estar nas próximas muito menos começar do zero numa nova carreira”, conta edições da revista: [email protected]

JUDÔ EM REVISTA 22 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 23 Março/Abril 2012 Bom humor até nas derrotas

JUDOCA Penna Manoela Foto: MEU esde a década de 80, os cariocas se acostuma- competir. Foi uma experiência SAUDAVEL ram ao humor ácido e inteligente do Casseta traumatizante pra mim e para JUDÔ Marcelo Madureira. Longe da cena cômica e crí- ele”, lembra Madureira, sem dei- Dtica onde é respeitado por ser um dos criadores do grupo xar de rir da veia tragicômica da que modificou os programas humorísticos brasileiros (o cena. Casseta & Planeta), Marcelo Garmatter Barreto, natural de Curitiba (PR), está acostumado a levar “porrada”. No bom Mas nem só de fracassos foi sentido, é claro. Nem todos sabem, mas o comediante for- feita a breve carreira de com- mado em engenharia pela Universidade Federal do Rio de petições do pai do personagem Janeiro (UFRJ) é também faixa preta de judô e acabou de “Coisinha de Jesus”. Na memó-

completar 40 anos de práticas sobre o tatame. ria do comediante também ficou Foto: TV Globo / Renato Rocha Miranda eternizado um momento de vi- Para comemorar a marca, Marcelo é o convidado da primeira tória, quando derrotou um opo- edição da sessão Meu Judô, onde contaremos um pouco do nente que, à primeira vista, pare- elo que une judocas profissionais ou amadores ao esporte. cia imbatível. Apesar dos 40 anos vestindo quimono, o Casseta não hesita Marcelo :: A nutricionista da CBJ, Roberta Lima, em ação no Japão: luta com a balança na em dizer que a segurança que passa na frente das câmeras “Foi muito engraçado, pois eu de- seleção brasileira é coisa do passado Madureira está longe de acompanhá-lo nos tatames, pelo menos nas via ser faixa competições. laranja e era um adversá- “Competi quando era garoto, mas nunca fui um grande judo- rio muito mais “Eu vim comprovar ca de competição. Treinava bem, mas ficava nervoso e não graduado e for- que o judô é mesmo ia bem nas lutas. Meu irmão ia melhor do que eu. Sempre fui te do que eu. muito ansioso, não tenho perfil de atleta competitivo”,conta. Tinha certeza uma escola de vida. de que ia per- Por isso, talvez, quando parou para percorrer na memória der praque- Tive muita sorte sua trajetória no esporte, a primeira lembrança que lhe veio à le cara. Aí eu fui ao longo da minha mente foi um derrota: para cima dele e apliquei uma trajetória porque tive “Me marcou muito a única vez que o meu pai foi me ver lutar técnica. Deu cer- to. Entrei com bons senseis, que elite”, frisa a nutricionista Roberta Lima. e eu tomei um ippon no primeiro combate. Foi um torneio tanta vontade “Mais do que hidratar, a ingestão hídrica na Hebraica, nada importante, mas ele nunca tinha visto eu sempre me ensinaram que quando eu oda máquina precisa de com- atua como transportadora de nutrientes, vi ele já estava as coisas certas” bustível. E o corpo humano suprindo os músculos com nutrientes e no chão, e pen- não é diferente. Quando se eliminando os organismos tóxicos resul- sei: ‘nossa, como foi fácil’”, recorda. Tfala de atletas, então, a necessidade tantes do esforço físico, alem de ajudar de energia é ainda maior. Comer e be- a manter o corpo na temperatura ideal”, Marcelo Madureira conta que começou a praticar judô por in- ber adequadamente são os primeiros completa. fluência de um primo e por incentivo dos pais, que acreditavam passos rumo a vitórias. Integrando que o esporte tinha uma questão pedagógica muito forte: a comissão técnica multidisciplinar Os riscos da desidratação para alcançar da Confederação Brasileira de Judô o peso corporal da categoria de compe- “E eu vim comprovar que o judô é mesmo uma escola de (CBJ) desde 2003, as nutricionistas tição são grandes. vida. Tive muita sorte ao longo da minha trajetória porque tive Gisele Lemos e Roberta Lima já per- bons senseis, que sempre me ensinaram as coisas certas. deram a conta de quantas calorias “Praticar exercícios físicos desidratado Entre eles estão o Ney Wilson e a Nilza, o Eduardo Coutinho, queimaram com as centenas de judo- pode ter um impacto negativo na perfor- o George Mehdi e o Marcio Moreira”. cas que passaram por seus cuidados mance, pois diminui a concentração e a ao longo dos quase dez anos. Mais qualidade de recuperação, acarreta uma Amante do judô, o comediante não perde a oportunidade do que proibir, Gisele e Roberta en- fadiga precoce e debilita o desempenho de ver grandes lutas de atletas brasileiros ao vivo ou pela sinam aos atletas como tirar melhor físico”, alerta Roberta Lima. televisão. A mais marcante para ele e, seguramente para a proveito dos alimentos e se manter no grande maioria dos aficionados pelo esporte, foi a vitória por peso, fortes e sem sacrifícios. A nada Para saber se a hidratação é correta, o ippon de João Derly sobre o japonês Masato Ushichiba no saudável “suada” na véspera da luta, atleta deve criar o hábito de se pesar Campeonato Mundial de 2005, no Cairo, conquistando o pri- a boca seca ou o jejum na noite antes antes e após o treino e ingerir, ao longo meiro ouro da categoria sênior para o Brasil em um Mundial. da competição, práticas condenadas da sessão, a quantidade de liquido que e reprimidas pela CBJ, foram aboli- faça com que os pesos sejam os mes- “Eu vi a luta em casa. Por acaso eu tinha treinado uma vez das. A 15 dias de qualquer torneio, mos nas duas ocasiões. com ele. Lembro que fiquei emocionado... fiquei orgulhoso todo judoca convocado deve estar, no de ter sido derrubado por ele (Risos). Era um cara que eu máximo, 3% acima do peso da cate- “A pior perda de peso é a que vem admirava e fiquei muito feliz. Toda vez que o Brasil conquista goria. Em concentrações, há uma fol- acompanhada da desidratação. O corre- uma vitória eu fico orgulhoso. Acho que o Brasil tem uma boa ga: 5% de tolerância. to é perder gordura, preservando o peso escola e ótimos judocas”, elogia. magro. A restrição deve ser calórica, não “Água é um dos principais nutrientes no hídrica”, diz Gisele Lemos. programa de alimentação para atletas de Marcelo Madureira – humorista e judoca, 53 anos

JUDÔ EM REVISTA 24 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 25 Março/Abril 2012 Bom humor até nas derrotas

JUDOCA Penna Manoela Foto: MEU esde a década de 80, os cariocas se acostuma- competir. Foi uma experiência SAUDAVEL ram ao humor ácido e inteligente do Casseta traumatizante pra mim e para JUDÔ Marcelo Madureira. Longe da cena cômica e crí- ele”, lembra Madureira, sem dei- Dtica onde é respeitado por ser um dos criadores do grupo xar de rir da veia tragicômica da que modificou os programas humorísticos brasileiros (o cena. Casseta & Planeta), Marcelo Garmatter Barreto, natural de Curitiba (PR), está acostumado a levar “porrada”. No bom Mas nem só de fracassos foi sentido, é claro. Nem todos sabem, mas o comediante for- feita a breve carreira de com- mado em engenharia pela Universidade Federal do Rio de petições do pai do personagem Janeiro (UFRJ) é também faixa preta de judô e acabou de “Coisinha de Jesus”. Na memó-

completar 40 anos de práticas sobre o tatame. ria do comediante também ficou Foto: TV Globo / Renato Rocha Miranda eternizado um momento de vi- Para comemorar a marca, Marcelo é o convidado da primeira tória, quando derrotou um opo- edição da sessão Meu Judô, onde contaremos um pouco do nente que, à primeira vista, pare- elo que une judocas profissionais ou amadores ao esporte. cia imbatível. Apesar dos 40 anos vestindo quimono, o Casseta não hesita Marcelo :: A nutricionista da CBJ, Roberta Lima, em ação no Japão: luta com a balança na em dizer que a segurança que passa na frente das câmeras “Foi muito engraçado, pois eu de- seleção brasileira é coisa do passado Madureira está longe de acompanhá-lo nos tatames, pelo menos nas via ser faixa competições. laranja e era um adversá- “Competi quando era garoto, mas nunca fui um grande judo- rio muito mais “Eu vim comprovar ca de competição. Treinava bem, mas ficava nervoso e não graduado e for- que o judô é mesmo ia bem nas lutas. Meu irmão ia melhor do que eu. Sempre fui te do que eu. muito ansioso, não tenho perfil de atleta competitivo”,conta. Tinha certeza uma escola de vida. de que ia per- Por isso, talvez, quando parou para percorrer na memória der praque- Tive muita sorte sua trajetória no esporte, a primeira lembrança que lhe veio à le cara. Aí eu fui ao longo da minha mente foi um derrota: para cima dele e apliquei uma trajetória porque tive “Me marcou muito a única vez que o meu pai foi me ver lutar técnica. Deu cer- to. Entrei com bons senseis, que elite”, frisa a nutricionista Roberta Lima. e eu tomei um ippon no primeiro combate. Foi um torneio tanta vontade “Mais do que hidratar, a ingestão hídrica na Hebraica, nada importante, mas ele nunca tinha visto eu sempre me ensinaram que quando eu oda máquina precisa de com- atua como transportadora de nutrientes, vi ele já estava as coisas certas” bustível. E o corpo humano suprindo os músculos com nutrientes e no chão, e pen- não é diferente. Quando se eliminando os organismos tóxicos resul- sei: ‘nossa, como foi fácil’”, recorda. Tfala de atletas, então, a necessidade tantes do esforço físico, alem de ajudar de energia é ainda maior. Comer e be- a manter o corpo na temperatura ideal”, Marcelo Madureira conta que começou a praticar judô por in- ber adequadamente são os primeiros completa. fluência de um primo e por incentivo dos pais, que acreditavam passos rumo a vitórias. Integrando que o esporte tinha uma questão pedagógica muito forte: a comissão técnica multidisciplinar Os riscos da desidratação para alcançar da Confederação Brasileira de Judô o peso corporal da categoria de compe- “E eu vim comprovar que o judô é mesmo uma escola de (CBJ) desde 2003, as nutricionistas tição são grandes. vida. Tive muita sorte ao longo da minha trajetória porque tive Gisele Lemos e Roberta Lima já per- bons senseis, que sempre me ensinaram as coisas certas. deram a conta de quantas calorias “Praticar exercícios físicos desidratado Entre eles estão o Ney Wilson e a Nilza, o Eduardo Coutinho, queimaram com as centenas de judo- pode ter um impacto negativo na perfor- o George Mehdi e o Marcio Moreira”. cas que passaram por seus cuidados mance, pois diminui a concentração e a ao longo dos quase dez anos. Mais qualidade de recuperação, acarreta uma Amante do judô, o comediante não perde a oportunidade do que proibir, Gisele e Roberta en- fadiga precoce e debilita o desempenho de ver grandes lutas de atletas brasileiros ao vivo ou pela sinam aos atletas como tirar melhor físico”, alerta Roberta Lima. televisão. A mais marcante para ele e, seguramente para a proveito dos alimentos e se manter no grande maioria dos aficionados pelo esporte, foi a vitória por peso, fortes e sem sacrifícios. A nada Para saber se a hidratação é correta, o ippon de João Derly sobre o japonês Masato Ushichiba no saudável “suada” na véspera da luta, atleta deve criar o hábito de se pesar Campeonato Mundial de 2005, no Cairo, conquistando o pri- a boca seca ou o jejum na noite antes antes e após o treino e ingerir, ao longo meiro ouro da categoria sênior para o Brasil em um Mundial. da competição, práticas condenadas da sessão, a quantidade de liquido que e reprimidas pela CBJ, foram aboli- faça com que os pesos sejam os mes- “Eu vi a luta em casa. Por acaso eu tinha treinado uma vez das. A 15 dias de qualquer torneio, mos nas duas ocasiões. com ele. Lembro que fiquei emocionado... fiquei orgulhoso todo judoca convocado deve estar, no de ter sido derrubado por ele (Risos). Era um cara que eu máximo, 3% acima do peso da cate- “A pior perda de peso é a que vem admirava e fiquei muito feliz. Toda vez que o Brasil conquista goria. Em concentrações, há uma fol- acompanhada da desidratação. O corre- uma vitória eu fico orgulhoso. Acho que o Brasil tem uma boa ga: 5% de tolerância. to é perder gordura, preservando o peso escola e ótimos judocas”, elogia. magro. A restrição deve ser calórica, não “Água é um dos principais nutrientes no hídrica”, diz Gisele Lemos. programa de alimentação para atletas de Marcelo Madureira – humorista e judoca, 53 anos

JUDÔ EM REVISTA 24 Março/Abril 2012 JUDÔ EM REVISTA 25 Março/Abril 2012 Em 2012, o Brasil chegou ao topo. Uma homenagem da CBJ a Leandro Guilheiro e Mayra Aguiar, líderes do ranking mundial. Foto: Daniel Zappe Daniel Foto: