Jorge Mautner E Seus Múltiplos Na Escrita Autobiográfica
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA E CULTURA ANTONIO CÉSAR SILVA SILVA JORGE MAUTNER E SEUS MÚLTIPLOS NA ESCRITA AUTOBIOGRÁFICA Salvador 2016 ANTONIO CÉSAR SILVA SILVA JORGE MAUTNER E SEUS MÚLTIPLOS NA ESCRITA AUTOBIOGRÁFICA Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Literatura e Cultura, Faculdade de Letras, Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do título de Doutor em Letras. Orientadora: Profª. Drª. Antônia Torreão Herrera Salvador 2016 ESPAÇO PARA A FICHA CATALOGRÁFICA ANTONIO CÉSAR SILVA SILVA JORGE MAUTNER E SEUS MÚLTIPLOS NA ESCRITA AUTOBIOGRÁFICA Tese apresentada como parte dos requisitos para obtenção do título de Doutor em Letras, Instituto de Letras, da Universidade Federal da Bahia. Aprovada em ..... de ................................................... de 2016. ___________________________________________________________ Profª. Drª. Antônia Torreão Herrera – Orientadora Doutora em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada), USP ___________________________________________________________ Prof. Dr. …………………………………………………………………. ____________________________ _______________________________ Prof. Dr. …………………………………………………………………. ____________________________________________________________ Prof. Dr. ………………………………………………………………..... ____________________________________________________________ Prof. Dr. ………………………………………………………………….. A Marilene Silva, mãe querida, guerreira que me ensinou os caminhos da ética, da gratidão, da bondade e do saber. João Mac-Allister, in memoriam, pai-luz que me guia por onde eu estiver. Letícia e Daniel Rasec, filhos queridos, parte de mim que segue em transformação. Suzana, esposa querida, pela presença positiva em minha vida. Jorge Mautner, por confiar neste misto de pesquisador e escritor. Às pessoas do bem! AGRADECIMENTOS A professora doutora Antônia Herrera, pela orientação, confiança no meu trabalho, compreensão e apoio nos momentos mais difíceis. Aos professores da pós-graduação Evelina Höisel, Lígia Telles, Rosa Borges, Rachel Esteves, Silvia La Regina, Nancy Rita Vieira, Luciene Azevedo, Igor Rossoni e Sandro Ornellas. Ao amigo Anibal Gondim, pela troca de conhecimentos e aluminações multiplicadas. A minha família, pela paciência. Aos funcionários da pós-graduação, pela ajuda e colaboração, especialmente Thiago Rodrigues. Aos colegas da pós-graduação: ótima convivência nos períodos das aulas. Aos colegas-amigos Osvaldo Lyra e Ana Cristina Barreto: total apoio para eu conciliar o trabalho na Câmara Municipal de Salvador com as aulas da pós-graduação. Ao meu compadre Ailton Oliveira, sempre incentivando e indicando os bons caminhos a seguir na vida acadêmica na Universidade Federal da Bahia, desde a graduação em Comunicação/Jornalismo. A lua vive da luz do sol O sol vive da luz de Deus E Deus vive do amor que fez Jorge Mautner, 1976, LP Mil e uma noites de Bagdá RESUMO A produção literária de Jorge Mautner é marcada por intensa carga autobiográfica onde o autor, o narrador e o personagem se misturam na chuva que molha a narrativa, dando vida à escrita revestida pelo manto da estranheza, uma estranheza imbricada em incompreensão. Se por um lado a intensidade autobiográfica se mistura à narrativa fazendo a escrita fluir como um rio, por outro essa mesma intensidade autobiográfica faz surgir o múltiplo mautneriano, entendido nesta pesquisa como uma nomenclatura que se inscreve no autor por meio do autobiográfico e que se evidencia também em entrevista. Este trabalho, então, consiste no mapeamento dos múltiplos deste escritor, poeta, compositor e cantor que também dialoga com a filosofia e o cinema. Para mapear os múltiplos mautnerianos, os livros Jorge Mautner - O filho do holocausto: memórias (1941 a 1958) e Deus da Chuva e da Morte são utilizados como principais fontes, não deixando de visitar outras obras, o livro Kaos e poemas que migraram para a forma de letra de canção. Dentre os múltiplos mapeados nesta Tese, o Kaos, a chuva e o maldito mereceram atenção especial porque são nomenclaturas que acompanham o autor a partir da metade da década de 1950, quando começou a escrever a Trilogia do Kaos. O poeta lírico também foi içado como múltiplo na larga campina de sua produção poética. Palavras-chave: Autobiografia; Jorge Mautner, Música Popular Brasileira e Literatura brasileira. ABSTRACT Jorge Mautner’s literary production is signaled by an intense autobiographical presence, where the author, the narrator and the character blend themselves in the rain that wets the narrative, giving life to the writing dressed by the cover of strangeness, a strangeness that result in incomprehension. If by one side the autobiographical intensity that blends itself with the narrative making the writing flow like a river, on the other side, this same autobiographical intensity results on the birth of the author’s multi- selves. This research understands that as a nomenclature that inscribes itself in the author through the autobiographical aspect and as an interview that reveals the presence of this multiple as well. This research consists on the mapping of these selves of the author, poet, composer and singer that also dialogues with philosophy and cinema. In order to make this mapping of the multi-selves of Jorge Mautner, I will investigate two books by him: Jorge Mauther, The Son of the Holocaust: Memoirs (1941 to 1958) and God of the Rain and of the Death, highlighting that other works by him will be used as well such as Khaos and poems that migrated to lyrics. Among the multiples mapped by this thesis, the Khaos, the rain and the marginal deserved special attention because they are nomenclatures that follow the author beginning one half of the 1950’s, when he began to write the Trilogy of Khaos. The lyrical poet was also revealed as a multiple in the large estate of his poetical production. Key-words: Autobiography, Jorge Mautner, Brazilian Popular Music and Brazilian Literature. RÉSUMÉ La littérature de Jorge Mautner est marquée par la charge autobiographique intense où l’auteur, le narrateur et le personnage se mélangent sous la pluie qu’arrose le récit, donnant vie à l’écrit couvert de l’étrangeté, une étrangeté liée à l’incompréhension. D’une part, l’intensité autobiographique se mélange avec la narrative en faisant le flux de l’écriture comme un fleuve, de l’autre coté, cette même intensité autobiographique soulève le multiple mautneriano, compris dans cette recherche comme nomenclature qui fait partie de l’auteur par le moyen d’autobiographique et également dans une interview que révèle la présence de ce multiple. Ce travail, alors, consiste à cartographier le multiple de cet écrivain, poète, compositeur et chanteur qui dialogue aussi à la philosophie et le cinéma. Pour mapper les multiples mautnerianos, des livres Jorge Mautner – Le Fils de l’Holocauste: Mémoires (1941-1958) et Dieu de la Pluie et de la Mort, sont utilisés comme sources principales, et aussi d’autres œuvres, le livre Kaos et les poèmes qui ont migré vers la forme de paroles de chansons. Parmi les multiples mappés dans ce travail, le Kaos, la Pluie et le Maudit méritent l’attention particulière parce qu’ils ont des classifications qui accompagnent l’auteur depuis le milieu des années 1950, quand il a commencé à écrire la Trilogie de Kaos. Le poète lyrique a également été hissé comme un multiple sur la vaste plaine de sa production poétique. Mots-clés: Autobiographie; Jorge Mautner, musique populaire brésilienne et la littérature brésilienne. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 Identidades e múltiplos que se cruzam 35 Figura 2 Fac-símile de O Estado de S. Paulo 117 Figura 3 A chuva na obra de Jorge Mautner 124 Figura 4 Serpente no ciclo da eternidade 166 Figura 5 Representação do Kaos e uma das suas possibilidades 167 Figura 6 Árvore com múltiplos de Jorge Mautner 194 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 13 CAPÍTULO I Memórias do filho do holocausto 23 1. Autobiografia como gotas de picolé derretendo 23 1.1 Recorte para algumas teorias da autobiografia 36 1.1.1 Considerações fragmentadas do pensamento de Jean-Jacques Rousseau 37 1.1.2 Considerações fragmentadas do pensamento de Philippe Lejeune 40 1.1.3 Considerações fragmentadas do pensamento de Leonor Arfuch 48 1.1.4 Fragmentos do pensamento de Diana Klinger 53 1.1.5 Fragmentos do pensamento de Mikhail Bakhtin 56 1.2 Espaço para a intromissão autobiográfica 59 1.3 Memórias que gotejam em forma de autobiografia 63 1.4 Múltiplos gotejados nas memórias 66 1.5 O mito de Sísifo em conexão autobiográfica 79 1.6 Quando o autor não é o personagem da autobiografia 80 CAPÍTULO II Chuva, vida e autobiografia 83 2. A escrita autobiográfica em Deus da Chuva e da Morte 83 2.1 Estrutura da obra 85 2.2 Prefácios reveladores 85 2.3 Revelações em carta de amor 92 2.4 Pequenas histórias com Kaos e chuva 94 2.5 Contexto histórico na escrita da obra 112 2.6 Resenha no jornal O Estado de S. Paulo 116 2.7 A chuva mautneriana influenciando Guilherme Arantes 119 2.8 Representação gráfica de influência da chuva 124 2.9 Memórias da guerra: conexões com Jorge Semprun 125 2.10 Memórias falsificadas 133 CAPÍTULO III Lírica, Kaos e maldito 137 3. A lírica moderna de Jorge Mautner na geração de múltiplos 137 3.1 Kaos: síntese dos múltiplos mautnerianos 161 3.2 O maldito e o antimaldito 168 3.2.1 Walter Franco 174 3.2.2 Sérgio Sampaio 177 3.2.3 Caso Zé Ramalho 178 3.2.4 Caso Tom Zé 179 3.2.5 Jorge Mautner 181 CONSIDERAÇÕES FINAIS Capítulo I 186 Capítulo II 193 Capítulo III 196 REFERÊNCIAS 201 ANEXOS 209 INTRODUÇÃO INFANTIL O menino ia no mato E a onça comeu ele. Depois o caminhão passou por dentro do corpo do menino E ele foi contar para a mãe. A mãe disse: Mas se a onça comeu você, como é que o caminhão passou por dentro do seu corpo? É que o caminhão só passou renteando meu corpo E eu desviei depressa. Olha, mãe, eu só queria inventar uma poesia. Eu não preciso de fazer razão. (BARROS, 2013, p. 377) O poema de Manoel de Barros é um bom começo para dizer que Jorge Mautner é um menino que não precisa de fazer razão.