“Roque Santeiro” E a Ditadura Militar Brasileira Em Três Atos: a Política Por Trás Das Telas
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMUNICAÇÃO LAURA MATTOS SOARES QUINTAS “Roque Santeiro” e a ditadura militar brasileira em três atos: a política por trás das telas São Paulo 2016 LAURA MATTOS SOARES QUINTAS “Roque Santeiro” e a ditadura militar brasileira em três atos: a política por trás das telas Dissertação apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo para obtenção do título de mestre em Ciência da Comunicação Área de Concentração: Estudo dos Meios e da Produção Mediática Orientador: Prof. Dr. Eugênio Bucci São Paulo 2016 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo Dados fornecidos pela autora Nome: MATTOS SOARES QUINTAS, Laura Título: “Roque Santeiro” e a ditadura militar brasileira em três atos: a política por trás das telas Dissertação apresentada à Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo para obtenção do título de mestre em Ciência da Comunicação Aprovada em: Banca Examinadora Prof. Dr. ________________________ Instituição: ______________ Julgamento: _____________________ Assinatura: ______________ Prof. Dr. ________________________ Instituição: ______________ Julgamento: _____________________ Assinatura: ______________ Prof. Dr. ________________________ Instituição: ______________ Julgamento: _____________________ Assinatura: ______________ Para Rose, Luciano, Rogério, Fernando e Henrique Agradecimentos À Escola de Comunicações e Artes da USP, pelo duplo acolhimento, na graduação e neste mestrado, e à “Folha de S.Paulo”, onde sempre encontrei incentivo para buscar aperfeiçoamento profissional e crescimento intelectual. Ao Prof. Dr. Eugênio Bucci, que, ao longo dos anos em que fui repórter da “Ilustrada”, ajudou-me a observar e a retratar a televisão para além do que se vê nas telas, e agora, como meu orientador, guiou-me, com sua serenidade inabalável, em um mergulho mais profundo nesse universo que envolve política e comunicação. Ao Prof. Dr. Marcelo Ridenti, o primeiro a sugerir que esta pesquisa, que iniciei com o propósito de produzir uma reportagem, poderia se transformar em um mestrado, pela generosidade em debater comigo aspectos de sua obra vitais para este trabalho. À Prof. Dra. Maria Cristina Castilho Costa, por me dar instrumentos para abordar a censura em sua complexidade. Ao Prof. Dr. Marcos Napolitano, pela clareza e pelo equilíbrio com que analisa, na sua obra e em sala de aula, a ditadura militar brasileira. A Bernadeth Lyzio, viúva de Dias Gomes, pela autorização que me concedeu para obter a documentação do escritor no SNI e por colocar à minha disposição o acervo particular do dramaturgo. A Alfredo Dias Gomes, filho do autor e de Janete Clair, que, na casa em que a família morou, dividiu comigo lembranças que mesclam o afeto e a preocupação em ser preciso em relação aos fatos e justo com a memória de seus pais. A todos os que me deram entrevistas e se esforçaram para recapitular acontecimentos de até cinco décadas atrás, em especial a Marcílio Moraes, Lauro César Muniz e Boni, que, com paciência e disposição, vasculharam suas recordações ou foram atrás de documentos a fim de dar conta de minhas tantas indagações. A Sérgio Rizzo, pelas dicas na preparação para o processo seletivo do mestrado. A Rogério Gentile, pela parceria na vida e leitura crítica desta dissertação. A minha irmã Diana, pela presença e suporte no meu dia a dia. A meus pais, por tudo, e a meus filhos, pelo amor que me move. Muitas outras pessoas me ajudaram com dicas valorosas, troca de ideias ou na obtenção de dados, dentre elas Alberto Dines, Ana Paula Sousa, Bruno Molinero, Edmundo Leite, Elio Gaspari, Fernando Barros e Silva, Mário Magalhães, Mauro Alencar, Nahuel Ribke, Rubens Valente, Rutonio Jorge Fernandes de Sant’Anna, Ruy Castro, Sergio Miceli e Sílvia Fiuza. RESUMO MATTOS SOARES QUINTAS, L. “Roque Santeiro” e a ditadura militar brasileira em três atos: a política por trás das telas. 312 f. Dissertação (mestrado) – Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2016. “Roque Santeiro”, de Dias Gomes, é mais que o maior fenômeno de audiência da teledramaturgia brasileira. É uma obra em três atos, capaz de trazer à tona o início, o meio e o fim da ditadura militar brasileira, cada fase com suas diferentes formas de censura. No primeiro, temos a peça teatral “O Berço do Herói”, em 1965, que daria origem à trama televisiva. A história de um cabo, falso herói da Força Expedicionária Brasileira, é censurada no dia da estreia. Dez anos depois, em segundo ato, uma versão da peça feita para a TV Globo, já com o nome de “Roque Santeiro” e 36 capítulos gravados, ganha o traumático título de a primeira telenovela integralmente censurada no País, um dia antes do lançamento, em 1975. Por fim, em 1985, duas décadas após a proibição da peça, a novela, em um nova versão, gravada com outros atores, vai ao ar, consagrada pela crítica e pelo público. Nesse terceiro ato, é embalada como símbolo da abertura política brasileira, mas, nos bastidores, enfrenta seguidos cortes da Censura, que não se desmonta no período da redemocratização, quando o País já tinha um presidente civil, mas não uma nova Constituição, que só seria promulgada em 1988. A base desta pesquisa são fontes primárias, que vêm à público pela primeira vez: cerca de duas mil páginas de documentos dos arquivos da Censura relacionados à obra e de todos os registros sobre Dias Gomes no SNI (Serviço Nacional de Informações), além de um diário pessoal em que ele narra o processo de criação de “O Pagador de Promessas”, base de sua dramaturgia, e de correspondências entre o autor, a Globo e o governo. A esse corpus se somam reportagens da época e depoimentos de profissionais ligados a Dias Gomes especialmente concedidos para este trabalho, que pretende mostrar a força simbólica desse produto midiático (“Roque Santeiro”) como revelador de um período histórico do País, a partir da relação triangular entre um célebre comunista, o governo militar e a maior emissora de televisão do País. Palavras-chave: “Roque Santeiro”, censura, telenovela, ditadura militar, Dias Gomes, TV Globo ABSTRACT MATTOS SOARES QUINTAS, L. “Roque Santeiro” and the Brazilian military dictatorship in three acts: the politics behind the screens. 312 p. Dissertation (MA) - School of Communication and Arts, University of São Paulo, São Paulo, 2016. “Roque Santeiro”, by Dias Gomes, is more than just the largest audience phenomenon of Brazilian soap operas. It is a work in three acts, able to bring out the beginning, middle and end of the Brazilian military dictatorship, each stage with its different forms of censorship. In the first act, we have the “O Berço do Herói” play, in 1965, which would lead to the television plot. It is about the story of an army corporal, false hero of the Brazilian Expeditionary Force, which is censored on the day of the premiere. Ten years later, in the second act, a version of the play made for Globo TV, already using the name “Roque Santeiro” and with 36 recorded chapters, wins the traumatic title of the first soap opera fully censored in the country, a day before its premiere, in 1975. Finally, in 1985, two decades after the ban of the play, the soap opera, in a new version, recorded with other actors, goes on, consecrated by the critics and the audience. In this third act, it is seem as a symbol of the Brazilian political opening, but behind the scenes, it still faces followed Censorship cuts, which is not broken in the period of democratization, when the country already had a civil president, but not a new constitution, which only was enacted in 1988. The basis of this research are primary sources, which come to public for the first time: about two thousand pages of documents of the Censorship files related to the work and all the records about Dias Gomes on SNI (National Information Service), as well as a personal diary in which he writes about the process of creation of “O Pagador de Promessas”, base of his dramaturgy, and some correspondences between the author, Globo and the government. This material was enhanced by reports of the time and professional testimonials connected to Dias Gomes specially granted for this work, which aims to show the symbolic power of this media product (“Roque Santeiro”) disclosing a country’s historical period, based on the triangular relationship between a famous communist, the military government and the largest television station in the country. Keywords: “Roque Santeiro”, censorship, soap opera, military dictatorship, Dias Gomes, Globo TV SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 1.1. PARTE 1 – O OBJETO Como “Roque Santeiro” pode trazer à tona três momentos chaves da história do País e da TV brasileira ................................................................ 10 1.2. PARTE 2 – UMA PESQUISA DE COMUNICAÇÃO Referências teóricas e caminhos metodológicos ............................................... 22 2. PRIMEIRO ATO – 1965 Morto no nascimento – “O Berço do Herói” ................................................. 36 2.1. Capítulo 1 – Encontro com Carlos Lacerda ............................................... 37 2.2. Capítulo 2 – O diário inédito ..................................................................... 42 2.3. Capítulo 3 – O falso mito, mais que pornográfico ....................................