Dissertacao Ana Rita Ferraz.Pdf
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO, SOCIEDADE E PRÁXIS PEDAGÓGICA CAMINHAR, ENCONTRAR E CELEBRAR: o riso e a arte bufa no projeto pedagógico de Carlos Roberto Petrovich ANA RITA QUEIROZ FERRAZ Salvador 2006 ANA RITA QUEIROZ FERRAZ CAMINHAR, ENCONTRAR E CELEBRAR: o riso e a arte bufa no projeto pedagógico de Carlos Roberto Petrovich Dissertação apresentada ao Programa de Pós- graduação em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre. Professora Orientadora: Dra. Dinéa Maria Sobral Muniz Salvador 2006 TERMO DE APROVAÇÃO ANA RITA QUEIROZ FERRAZ CAMINHAR, ENCONTRAR E CELEBRAR: o riso e a arte bufa no projeto pedagógico de Carlos Roberto Petrovich Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação, Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, à seguinte banca examinadora: Dinéa Maria Sobral Muniz , Professora- Orientadora _________________________ Doutora em Educação . Dante Augusto Galeffi ___________________________________________________ Doutor em Educação. Walter Omar Kohan _________________________________________________________ Doutor em Filosofia . Salvador- Bahia - Brasil- 2006 Carlos Roberto Petrovich (1936 ––– 2005) ––– Acervo Vanda Machado Onde quer que, entre sobras e dizeres Jazas, remoto, sente-te sonhado, E ergue-te do fundo de não seres Para teu novo fado. Fernando Pessoa Dedico este texto àqueles que, mantidos à margem da história oficial, não lerão os meus escritos; mas que a despeito de toda opressão riem desmesuradamente na praça pública. Dedico aos meus pais, Juracy e Lúcia, que corajosamente desafiaram a mesma história oficial para que eu possa, hoje, conduzi-los à universidade. Dedico minhas palavras à sua ousadia e testemunho de muitas histórias possíveis. Dedico, ainda, a Carlos Roberto Petrovich, cavaleiro andante e filho de Ogum, que a- briu caminhos para que possamos renovar a nossa utopia de uma "comuniversidade" risível e ridente. AGRADECIMENTOS Todo o meu caminho foi de celebração. Nele encontrei apenas generosidade e disponibi- lidade para compartilhar. Sou grata: a Carlos Roberto Petrovich que me confiou sua vida, sem recato, e deixando cair as suas máscaras, confrontou-me com a beleza abismal da existência; à professora e amiga Vanda Machado que transmutou sua dor em vida nova, apoiando sem restrições as minhas escolhas. Ao seu talento e coragem para aproximar distâncias; a todos os entrevistados que dividiram lembranças e emoções, ajudando-me a tecer este texto; à professora Dinéa Maria Sobral Muniz, minha orientadora, pela sua ousadia em acolher um tema pouco convencional na academia; ao meu amigo virtual Albor Rañones, meu co-orientador, aquele que nunca vi o rosto, mas que através da palavra provocou-me, consolou-me nos momentos de angústia, e sem pudores compartilhou saberes e perplexidades. À sua paciente e cruel leitura; à professora e amiga Maria Antônia Coutinho pela cumplicidade e abertura para afeta- ções; ao professor Dante Augusto Galeffi que me inspirou com o seu "Ser-sendo" e desafiou- me a prosseguir com vigor e ternura. à mestra Mercedes Cunha, por seu carinhoso e necessário rigor para fazer-me refletir so- bre os modos como me implicava nesta pesquisa; ao querido amigo Paulo Araújo, por sua solidariedade no momento doloroso das sínteses; à doação da amiga Martha Martinez Silveira que caprichosamente cuidou das referências por onde trilhei; às amigas Ana Suely, Graziela e Silvia, por tornarem mais leve a lida diária, possibilitan- do-me momentos para o ócio necessário à criação; aos professores Felippe Serpa (in memoriam), Celi Tafarel e Miguel Bordas por desvela- rem os sentidos da universidade no nosso país; por me ajudarem a compreender o funda- mental compromisso com o discurso e a atitude política e pública. Também a minha gra- tidão às professoras Maria Inez Carvalho e Maria Antonieta Tourinho, que me aproxima- ram da poética do "ser pesquisadora" pela via arte cinematográfica; aos colegas Ivan, Hildonice e Eduardo pela constante disposição para dividir inquietações teóricas e espirituais; ao amigo Miguel Brandão por me disponibilizar os segredos da sua biblioteca, conduzin- do-me ao teatro grego e à filosofia; aos funcionários da Biblioteca Central da Universidade Federal da Bahia, por acolherem as minhas buscas sempre com disponibilidade e atenção. A Eugênio do Sebo Papirus pelo empenho em auxiliar nas minhas buscas; a Deusi de Magalhães e a Leon Góes, por me possibilitarem o sonho encarnado da arte bufa em tempos pós-modernos; às amigas Carmen Mecês e Cristina Voigt por respeitarem o meu necessário silêncio; à tia Jacy, pelos banquetes dos domingos, desculpa para nos fazer ver o significado de pertença a uma família; ao tio Moacyr por insistentemente acreditar na minha letra; à Maria Helena por cuidar da minha casa, lugar do repouso e da solidão essencial à pro- dução da escrita; aos meus irmãos, Ricardo e Lílian, e sobrinhos, Chiquinho, Matheus, Duda e Ricardinho, por amorosamente compreenderem a minha ausência. Especialmente aos dois últimos por serem o delicado colo nos momentos de angústia; ao meu amado companheiro, Basílio, meu cúmplice nos momentos mais difíceis, a minha mais profunda gratidão pelo apoio irrestrito, pelo paciente cuidado com as pequenas e as grandes dificuldades que encontrei no caminho. O meu agradecimento por acreditar e não me deixar desistir; por me fazer rir dos meus temores, lembrando-me que tudo é transitó- rio e logo passa; à minha mãe Lúcia, o primeiro bufão, por ter tornado alegre o meu coração e me empre- nhado de tantos sonhos possíveis; por me ensinar a rir, a chorar e a amar sem pudores. Ao meu pai Juracy, que com seriedade aberta e crença no humano do homem ensinou-me a ser generosa e persistente nas adversidades. A ambos, pelo exemplo e confiança; pela incondicionalidade do seu amor; e por me mostrarem que é sempre possível ir além, por- que são infinitos os caminhos. Por fim, a todos aqueles que encontrei e que comigo celebraram para que hoje eu seja tão diversa do que fui. "Bendita és tu e toda tua história", dizia-me o amigo Jorge Rocha, recordação presente em muitos momentos desta minha jornada. Tu que viste o homem como deus tanto como carneiro – despedaçar o deus no homem tal como o carneiro no homem e rir despedaçando – isto, isto é a tua ventura ventura de pantera e águia, ventura de poeta e doido!... Nietzsche, 1986 SUMÁRIO PRÓLOGO – Ogum ieee!!!.....................................................11 ATO I – PARINDO BRASAS Cena 1ª - Eu rio. E mar... ...................................................... 16 Cena 2ª - Uruborus: o capeta morde o próprio rabo .............. 29 ATO II – O FIO DE PETROVICH....................................... 39 ATO III - INTERMEZZO Cena 1ª - Senhoras e senhores, Carlos Roberto Petrovich..... 48 Cena 2ª - Enganadoras ficções.............................................. 58 Cena 3ª - Quem conta um conto............................................ 69 Cena 4ª - Mascaradas: Dionísios e Exus ............................... 76 ATO IV – CUM HILARITAS IN INFINITUM Cena 1ª - Comedores de luz.................................................. 89 Cena 2ª - Bufonaria e docência..............................................111 Cena 3ª - Doidas palavras ................................................... 139 Unidade 1ª - Canto de arribação.......................................... 144 Unidade 2ª - A carnavalização da vida................................ 154 Unidade 3ª - A Télema no Pelourinho................................. 158 ATO V – CAI O PANO...................................................... 168 REFERÊNCIAS ................................................................. 174 RESUMO Pesquisa teórica, de cunho filosófico-educacional, discute o projeto pedagógico do pro- fessor Carlos Roberto Petrovich (1936-2005) e suas possíveis ressonâncias com o riso e a arte bufa de François Rabelais, estudado por Mikhail Bakhtin. Petrovich foi aluno da primeira turma da Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia (UFBA), e tornou- se depois professor. Nos anos imediatamente anteriores à sua morte, foi suspenso Ogan de Ogum , Terreiro Ilê Axé Opô Afonjá , Salvador-Bahia. Como não há registro sistemati- zado das suas experiências, este trabalho converteu-se numa tentativa de preservar a me- mória daquele que defendeu vigorosamente os povos silenciados. Pensar o homem e o mundo na perspectiva de Petrovich ensejou, necessariamente, o trânsito pela educação, pela cultura, pela arte e pela religião afrobrasileira. A preferência por resgatar a intensi- dade da sua vida através de personagens que representou no teatro e no cinema, trabalhos nos quais atuou como diretor e como arte-educador, todos de grande relevância para compreender sua verve poético-dramática e suas idéias de educação, resultou num texto que incorpora livremente figuras de estilo e adota o sentido do mosaico como premissa para construção do seu perfil biográfico. Sustenta, assim, a existência de um projeto pe- trovichiano , como percurso formativo guiado pelo imperativo de "ser o que se é", lema de Píndaro. Esta pesquisa apoiou-se no método alegórico e na filosofia da história de Walter Benjamin, tomando a vida de Petrovich como ruína e ressignificando-a a partir das narra- tivas daqueles que com ele conviveram. Para tanto, foram realizadas entrevistas abertas, gravadas, além de falas do próprio Petrovich. O projeto pedagógico deste professor insti- ga ao resgate