Pedagogia Da Atuação
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO E ARTES Patricia Freitas dos Santos PEDAGOGIA DA ATUAÇÃO Um Estudo Sobre o Trabalho Teatral de Augusto Boal no Exílio Latino - Americano Versão Corrigida São Paulo 2015 2 PATRICIA FREITAS DOS SANTOS PEDAGOGIA DA ATUAÇÃO Um Estudo Sobre o Trabalho Teatral de Augusto Boal no Exílio Latino - Americano Dissertação apresentada ao Programa de Pós - Graduação em Artes Cênicas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Artes Cênicas. Área de Concentração: Teoria e Prática do Teatro. Linha de Pesquisa: Texto e Cena. Orientação: Prof. Dr. Sérgio Ricardo de Carvalho Santos. São Paulo 2015 3 4 SANTOS, Patricia Freitas dos. Pedagogia da Atuação – Um Estudo sobre o Trabalho Teatral de Augusto Boal no Exílio Latino - Americano. Dissertação apresentada ao Programa de Pós - Graduação em Artes Cênicas da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo, para a obtenção do título de Mestre em Artes Cênicas. Aprovado em: Banca Examinadora: Prof. Dr. _________________________________Instituição_____________________ Julgamento_______________________________Assinatura_____________________ Prof. Dr. _________________________________Instituição_____________________ Julgamento_______________________________Assinatura_____________________ Prof. Dr. ______________________ ___________Instituição_____________________ Julgamento_______________________________Assinatura_____________________ 5 O Haver Resta esse coração queimando como um círio Numa catedral em ruínas, essa tristeza Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história. Resta essa vontade de chorar diante da beleza Essa cólera em face da injustiça e o mal - entendido Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa Piedade de si mesmo e de sua força inútil. Resta esse senti mento de infância subitamente desentranhado De pequenos absurdos, essa capacidade De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil E essa coragem para comprometer - se sem necessidade. Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza De quem sabe que tudo já foi como será no vir - a - ser E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje. Resta essa faculdade incoercível de sonhar De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade De aceit á - la tal como é, e essa visão Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante 6 E desnecessária presciência, e essa memória anterior De mundos inexistentes, e esse heroísmo Estático, e essa pequenina luz indecifrável A que às vezes os poetas dão o nome de esperança. Resta esse desejo de sentir - se igual a todos De refletir - se em olhares sem curiosidade e sem memória Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade De não querer ser príncipe senão do seu reino. Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa cur iosidade Pelo momento a vir, quando, apressada Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante Mas recuará em véus ao ver - me junto à bem - amada... Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto Esse eterno levantar - se depois de cada qu eda Essa busca de equilíbrio no fio da navalha Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo Infantil de ter pequenas coragens. Vinícius de Moraes 7 À memória de Belmiro, minha estrela da vida inteira. À Giselda, minha inspiração e estímulo em todos os momentos. 8 AGRADECIMENTOS Agradeço, em primeiro lugar, os amigos que ofereceram o apoio, o estímulo e a paciência para a realização deste trabalho. Difícil será listar todos esses grandes companheiros fflchianos que, com bons ouvidos, ótimos conselhos, bons drinques e excelentes terapias de choque, não deixaram que eu chutasse o balde. Cito alguns: * João Paulo, Johnnynho, amigo mais que querido. Obrigada pelas noites sem dormir, pelos papos descontraí dos e por todo o seu espírito transgressor que me contagia! Te amo demais! * Minha parceira de longos anos, Liane Pilon; * Mariane Pierre, colega de todas as horas, inclusive nos momentos intermináveis da licenciatura; * Tânia Borges, minha guerreira, pelas conversas inteligentes e ensinamentos de vida; * Érika Rocha, amiga especial com quem compartilhei as ansiedades, inseguranças e dúvidas da vida. Obrigada pelo ombro amigo. Obrigada também pelo passeio no Rio - só não me leve para aquela escalada no Arpoador de novo! * Marcelinho, que agora está tão longe, mas tão perto; *Juliana Dourado, companheira de trabalho que se tornou uma amiga especial. Obrigada pela paciência durantes as conversas e por sempre iluminar meu pensamento com uma energia incríve l; Também não posso deixar de agradecer aos colegas do grupo de estudos Teatro e Sociedade (Paulo Fávari, Paulo Bio Toledo, Sara Neiva, Laura Brauer, Pedro Mantovani, Érika R., Mariana Mayor e Paula Chagas), que proporcionaram a chance de partilhar e deba ter questões pertinentes não só ao estudo agora apresentado, mas sobre temas centrais para a minha formação. Fica aqui a minha sincera gratidão. Agradeço aos mais novos amigos e 9 companheiros de pesquisa, Geo Britto e Mariana Klafke. Obrigada por todo o aux ílio, pelas conversas produtivas, pelo envio de textos e, enfim, pela amizade e solidariedade. Juntos, caminharemos a contrapelo da lógica competitiva em que a academia está inserida! Esta pesquisa também não seria possível sem o relato de algumas pess oas que passaram a fazer parte de minha vida. As conversas, sempre permeadas de grande emoção, foram além da tarefa de elucidar pontos do estudo. Revelaram - se um verdadeiro aprendizado de vida e uma lição de ética que levarei eternamente comigo. Assim, lem brando Tatá Amaral, “trago comigo” os depoimentos de Chico Buarque, Eric Nepomuceno, Juan Cerdas Albertazzi, Leopoldo Paulino, Carlos Heck, Cláudio Kahns, Cecília Thumim Boal, J oanne Pottlitzer, Ernesto Ráez, José Luiz Ribeiro e José Rubens Siqueira . Todos os relatos engendraram uma série de questionamentos fundamentais para que eu pudesse vislumbrar, ao menos, a ponta do iceberg de nossa tragédia histórica tão escamoteada. Meu agradecimento parte do reconhecimento de que vocês possibilitaram o impulso para pensar a trajetória de Augusto Boal como parte de uma experiência coletiva. Agradeço à FAPESP pelo auxílio financeiro sem o qual não seria possível desenvolver este trabalho. Quero expressar meus sinceros agradecimentos à Rosângela, do Acervo Boal na U FRJ, por toda a atenção prestada em um momento de turbilhão. Agradeço à s professoras Maria Sílvia Betti e Priscila Matsunaga pelas observações precisas no exame de qualificação. Em especial, dedico toda a atenção inicial concedida ao tema deste estudo às conversas com a professora Maria Sílvia Betti, responsável por grande pa rte de minha formação. Dedico um agradecimento especial também ao professor John Milton p or todas as conversas generosas e pela presença necessária no exame de qualificação 10 e na defesa . Agradeço também ao professor Sérgio de Carvalho, idealizador de todo este trabalho. Sem a sua ajuda, compreensão, paciência e solidariedade nada disso seria possível. Obrigada por toda a força que iluminou os percalços, mas forneceu os instrumentos necessários para que eu tentasse superá - los. Saiba que todos os acertos sã o de inteira responsabilidade sua. E o mais importante: agradeço as mulheres da minha vida, Daniela e Giselda, que aguentaram corajosamente todas as dificuldades que passamos juntas nos últimos dois anos. Meu coração segue com vocês hoje e sempre, com a certeza de que tudo ficará bem enquanto estivermos firmes e unidas. Também agradeço ao amado Wonka, que passou cada madrugada dos meses de escrita ao meu lado. 11 Resumo A pesquisa visa ao estudo e análise das peçasde Augusto Boal produzidas no exílio em Buenos Aires entre os anos de 1971 e 1976, como referências para uma compreensão do conjunto de suas atividades artísticas em um período de mudanças. Tal fase, marcada por deslocamentos por países da América Latina, como Uruguai, Pe ru, Argentina e Chile, retrata, no plano da prática teatral, a urgência na procura de uma dramaturgia capaz de dar continuidade ao debate cultural paralisado pelo AI - 5 e pelo banimento. Sua produção, que passa a ser ainda mais teorizante e pedagógica, elab orada em um momento de grande repressão política e cultural - não só no âmbito nacional, mas em toda a América Latina, - surge em diálogo com a desarticulação da esquerda nos países latinos. É um momento em que o teatrólogo busca novas formas interpretativ as e artísticas capazes de suscitar a possibilidade de transformação social. A pesquisa procura, assim, debater os impasses que caracterizaram a nova posição do artista de teatro engajado naqueles cinco anos em que Boal ensaia diversas formas de atuação po lítica através da arte. 12 Abstract: This study aims to analyz e Augusto Boal's plays written in Buenos Aires between the years of 1971 and 1976, as a key reference to the understanding of his theatrical activities in a period of political ch anges. These five years, during which Boal travelled to Latin American countries, such as Uruguay, Peru, Chile and Argentina, setted in the theatrical practice the urgency in the search of a dramaturgy capable of maintaning the cultural debate which had be en repressed since 1968. Boal's theoretical and pedagogical work is created in a moment of strong political and cultural r epression in Latin American. It i s a moment when Boal searches for new interpretative and artistic forms capable of creating the possi bility of social