DEDALLO DE PAULA NEVES.Pdf

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DEDALLO DE PAULA NEVES.Pdf 1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ DÉDALLO DE PAULA NEVES A REVISTA ENCONTROS COM A CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA E O OCASO DE UMA INTELECTUALIDADE (1978-1982) CURITIBA 2021 2 DÉDALLO DE PAULA NEVES A REVISTA ENCONTROS COM A CIVILIZAÇÃO BRASILEIRA E O OCASO DE UMA INTELECTUALIDADE Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Sociologia. Linha de Pesquisa Cultura e Sociabilidades; Eixo Temático: Produção e Circulação do Pensamento Social. Departamento de Sociologia, Setor de Ciências Humanas da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de mestre. Orientação: Prof.º Dr.º Rodrigo Czajka CURITIBA 2021 3 FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELO SISTEMA DE BIBLIOTECAS/UFPR – BIBLIOTECA DE CIÊNCIAS HUMANAS COM OS DADOS FORNECIDOS PELO AUTOR Fernanda Emanoéla Nogueira – CRB 9/1607 Neves, Dédallo de Paula A revista Encontros com a Civilização Brasileira e o ocaso de uma intelectualidade (1978-1982). / Dédallo de Paula Neves. – Curitiba, 2021. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Setor de Ciências Humanas da Universidade Federal do Paraná. Orientador : Prof. Dr. Rodrigo Czajka 1. Intelectuais e política. 2. Materialismo. 3. Cultura. 4. Encontros com a Civilização Brasileira (Revista). I. Czajka, Rodrigo, 1976-. II. Título. CDD – 305.552 4 5 AGRADECIMENTOS O desenvolvimento desta pesquisa não teria sido possível sem o trabalho coletivo do grupo de pesquisa Cultura, Política e Movimentos Sociais na América Latina (CPMSAL), cujos debates foram fundamentais à minha formação enquanto pesquisador. Também não teria sido possível sem o professor e orientador Dr. Rodrigo Czajka com suas leituras e indicações pacientes e dedicadas; sem as suas orientações, desde o princípio, a pesquisa e o pesquisador aqui materializados não seriam uma hipótese de realidade. Devo muito às leituras dos professores Dr. Flamarion Maués e Dr. Marcos Napolitano, cujos apontamentos na qualificação foram decisivos e muito contribuíram para a pesquisa. Também agradeço por terem aceitado a construir este trabalho comigo na defesa com as sugestões, questionamentos e comentários. Gostaria de agradecer a todos aqueles, e são muitos, que de uma forma ou de outra possibilitaram essa empreitada, com particular atenção ao Programa de Pós-graduação em Sociologia, aos professores, secretários e meus colegas de turma. Apesar de este texto ter sido escrito por este conjunto de pessoas, os erros e imperfeições são somente meus. 6 RESUMO A revista Encontros com a Civilização Brasileira foi um dos últimos empreendimentos editoriais da Civilização Brasileira antes de sua venda em 1982. Circulou entre os anos de 1978 e 1982 com 29 volumes publicados. Em formato livro, com uma média de 250 páginas, a revista foi um espaço de retomada do projeto editorial interrompido em 1968 pelo AI-5: a Revista da Civilização Brasileira. Nesta pesquisa, a Encontros será mobilizada como a expressão material da intelectualidade que tinha em mente a construção de um Brasil moderno, mas assistia ao final da década de 1970 a emergência de debates críticos a essa concepção. Elencamos como problema a ser verificado o ocaso dessa intelectualidade, e trazemos como hipótese quatro fatores que intensificaram a sua diluição na transição das décadas de 1970 e 1980: a consolidação da indústria cultural, a profissionalização do intelectual com seu lugar de atuação na universidade, a crítica ao vanguardismo intelectual, que aponta para o esgotamento dos problemas da modernização da cultura brasileira, gestados no movimento modernista de 1922, que denominaremos nesta pesquisa de “longo modernismo”. A partir de uma análise material da cultura, nosso objetivo é verificar nos textos da Encontros o ocaso desse perfil intelectual vanguardista e, consequentemente, os próprios temas e como eles foram compreendidos no momento de transição de entendimento sobre a figura do intelectual na sociedade brasileira. PALAVRAS-CHAVE: Encontros com a Civilização Brasileira; intelectuais; materialismo cultural; sociologia da cultura 7 ABSTRACT The magazine Encontros com a Civilização Brasileira was one of the last publishing ventures of the Civilização Brasileira before its sale in 1982. It circulated between 1978 and 1982 with 29 published volumes. In book format, with an average of 250 pages, the magazine was a space for resuming the editorial project interrupted in 1968 by AI-5: Revista da Civilização Brasileira. In this research, Encontros will be mobilized as the material expression of the intellectuality that had in mind the construction of a modern Brazil, but watched in the late 1970s the emergence of critical debates to this conception. We list as a problem to be verified the decline of this intellectuality, and we hypothesize four factors that intensified its dilution in the transition of the 1970s and 1980s: the consolidation of the cultural industry, the professionalization of the intellectual with his place of work in the university, criticism of intellectual avant- garde, which points to the exhaustion of the problems of the modernization of Brazilian culture, generated by the 1922 modernist movement, which in this research we will call “long modernism”. Based on a material analysis of culture, our objective is to verify in the texts of Encontros the decline of this avant- garde intellectual profile and, consequently, the themes themselves and how they were understood in the moment of transition of understanding about the image of the intellectual in Brazilian society. KEYWORDS: Encontros com a Civilização Brasileira; intellectuals; cultural materialism; sociology of culture 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO...............................................................................................................9 1. UM DEBATE METODOLÓGICO EM TORNO DE CULTURA E A INDÚSTRIA CULTURAL NO BRASIL.....................................................................23 1.1. Compreensão de “cultura” em Raymond Williams..............................................23 1.2. As formações culturais em Williams e na Encontros............................................26 1.3. Cultura dominante, emergente e residual em Williams......................................30 1.4. A cultura nos anos 1960 enquanto dominante.......................................................38 1.5. Autonomização dos escritores, mercado editorial e indústria cultural Brasil...............................................................................................................................43 2. O INTELECTUAL NA ENCONTROS....................................................................54 2.1. A intelectualidade nos anos 1960 e 1970: a RCB e a Encontros............................54 2.2. A perspectiva da Encontros sobre o intelectual....................................................69 2.3. A Universidade como nova esfera de debate.........................................................79 3. O EPÍLOGO DO LONGO MODERNISMO EM MOACYR FÉLIX, UM POETA NA CIDADE E NO TEMPO...........................................................................................93 3.1. O modernismo brasileiro........................................................................................95 3.2. O longo modernismo...............................................................................................99 3.3. Encontros e desencontros de Moacyr Félix.........................................................102 3.3.1. Modernismo e modernidade em Moacyr Félix em tempos de esgotamento..................................................................................................................108 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................119 REFERÊNCIAS...........................................................................................................124 ANEXO I......................................................................................................................131 ANEXO II.....................................................................................................................133 ANEXO III...................................................................................................................156 9 INTRODUÇÃO “Façamos política cultural”, “uma revista é necessária”, “publiquemos uma revista”. Com estas três convocatórias, Beatriz Sarlo (1992, p. 9) apresenta a importância, e o seu reconhecimento por parte dos intelectuais, das revistas culturais. Ao longo do século XX, as revistas foram o meio por excelência da expressão da existência material de um grupo que desejava intervir na realidade. Esta vinculação entre o meio e o tempo, levou Sarlo a dizer que o desejo de fazer uma revista foi repetido centenas de vezes por intelectuais latino-americanos1. Embora também tenha dito que “nada é mais velho que uma revista velha” (1992, p. 9). Apesar do aparente descrédito às revistas culturais, Sarlo pretendia em seu ensaio chamar a atenção para o oposto. Para a possibilidade de “congelar” um presente e através das análises desses periódicos verificar a posteriori as intenções, rupturas, permanências, conjunturas que concretizaram as hipóteses delineadas ou os equívocos analíticos do calor da hora. Como uma forma de engajamento e intervenção no tempo presente, à revista escapa a consagração quase atemporal dos livros. O que se apresenta como desvantagem, dá a ela a possibilidade do compromisso com a conjuntura política, social e cultural (CRESPO, 2011, p. 99); daí o “façamos política cultural”. Regina Aída Crespo prefere destinar
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