LIDUÍNA BENIGNO XAVIER

NO BANCO DO BRASIL ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO D BRASIL ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL ITINER RIO DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL ITINERÁRIOS DA EDUCA

LIDUÍNA BENIGNO XAVIER TEXTO E ORGANIZAÇÃO

NO BANCO DO BRASIL ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO D BRASIL ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL ITINER RIO DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL ITINERÁRIOS DA EDUCA Todos os direitos reservados ao Banco do Brasil S.A. Banco do Brasil Presidente: Antônio Francisco de Neto Vice-presidência Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental Vice-presidente: Luiz Oswaldo Sant’Iago Moreira de Souza Diretoria Gestão de Pessoas Diretor: Juraci Masiero Gerência de Educação e Desenvolvimento de Competências Profi ssionais Gerente executivo: Pedro Paulo Carbone Divisão de Desenvolvimento de Competências Profi ssionais Gerente de divisão: Vânia Maria Lopes Venâncio Texto e organização: Liduína Benigno Xavier Edição: Banco do Brasil

Grupo de trabalho Coordenação: Simone de Oliveira Matos Colaborador responsável: Maria de Fátima Barreto Carvalho Pesquisa: Álvaro Antônio Batista da Silva, Luiz Jorge Mir Colaboração: Eliete de Cássia Silva Barroso, Eliézer Alcântara Lima, Mariléa Alves de Figueiredo Melo Ilustração: Cosmo Lopes de Sousa, Edu Carvalho, Ítalo Cajueiro, Krishnamurti Martins Costa, Marcus Eurício Álvaro, Zeluca Projeto gráfi co e capa: Versal Multimídia Ilustração da capa: André Luís do Nascimento Revisão: Angélica Pereira de Almeida, José Carlos Salomão Revisão bibliográfi ca: Christiane Mara Reis Foto - contra-capa: Álvaro Henrique Sede da DIPES - Brasília DF Ficha catalográfi ca 658.386 B161i Banco do Brasil Itinerários da educação no Banco do Brasil / Banco do Brasil; texto e organização de Liduína Benigno Xavier; ilustrações de Cosmo Lopes de Sousa, Edu Carvalho, Ítalo Cajueiro, Krishnamurti Martins Costa, Marcus Eurício Álvaro, Zeluca. – Brasília: Banco do Brasil, 2007. 278p; 16,3 x 23,6 cm. 1. Educação. I. Banco do Brasil. III. Título.

As opiniões contidas nas narrativas e depoimentos são de inteira responsabilidade dos entrevistados. As entrevistas foram transcritas e editadas para melhor compreensão. As informações de locais, datas e nomes dos cursos que aparecem em algumas fotos foram fornecidas por participantes ou educadores. Venda proibida. Nenhuma parte desta obra pode ser copiada, reproduzida por meios mecânicos ou quaisquer outros meios, sem autorização prévia do Banco do Brasil. A g r a d e c i m e n t o s

Aos primeiros leitores, que atendendo a convite, examinaram com olhar crítico o “Itinerários” com vontade de torná-lo melhor.

Ao jornalista Márcio Cotrim.

Aos professores Miguel Arroyo e Rogério Córdova.

Aos funcionários aposentados Antônia de Maria V. B. do Rego, a Beiga, Joaquim Ferreira Amaro, Maria Elizabeth Mori, Mário Batista Catelli, Mário de Muzio Vieira Guimarães, Maurício Teixeira da Costa e Roque Tadeu Gui.

Aos funcionários José Nogueira, Marcos Fadanelli Ramos e Newton Ribeiro Machado Neto.

S u m á r i o

Fac-símile ...... 15

Prefácio ...... 17

Primeiras palavras ...... 21

Parte I Itinerários da educação no Banco do Brasil

Introdução ...... 27 O livro ...... 27 A história...... 31 O método de trabalho ...... 32

Primeiro capítulo Das origens (1808 a 1964)

Antes de tudo...... 35 É proclamada a República ...... 38 O século XX caminha...... 41 Preparação para o trabalho – as burrinhas ...... 43 A reforma bancária ...... 44 Projetando o DESED ...... 45 A educação faz diferença – Vida de educando ...... 48 – Na Paraíba ...... 49

Segundo capítulo Os tempos do DESED – Departamento de Seleção e Desenvolvimento de Pessoal (1965 a 1996)

Primeiros desafi os...... 50 Cipadiando...... 54 Trabalho pedagógico – passos iniciais ...... 56 Depois do começo ...... 57 A Revista DESED ...... 59 Rumo a uma fi losofi a de educação ...... 61 Educação permanente ...... 63 Relações Humanas – a contradição ...... 66 Novas diretrizes ...... 68 Plano de desenvolvimento gerencial ...... 72 Gerência média e formação do pessoal ...... 73 Programa de Pós-graduação no País – PPG ...... 74 Fim da Conta de Movimento – impacto ...... 76 Começa a década de 1990 ...... 78 A sistematização da educação no Banco do Brasil – proposta de 1990 ...... 79 Administração do Fator Humano ...... 82 Avaliação de desempenho – você escreve a sua história ...... 83 Gerência para o Desenvolvimento Organizacional ...... 84 Plano de sucessão empresarial – desenvolvimento de executivos ...... 85 Repensando o DESED ...... 87 Alfabetização de adultos ...... 90 A caminho, novos desafi os...... 91 A educação faz diferença – Primeira carta ...... 94 – O valor da convivência ...... 95

Terceiro capítulo Para onde vamos? A GEDEP - Gerência de Desenvolvimento Profi ssional (1996 a 2002)

A nova estrutura ...... 96 Gestão do conhecimento ...... 98 Programa Profi ssionalização ...... 102 Programa de Formação e Aperfeiçoamento em Nível Superior – PFANS ...... 106 Leia mais...... - 109 O Germinal ...... 111 Instrutores residentes ...... 113 Programa de Identifi cação e Desenvolvimento de Novos Gestores ...... 114 Trilhas – caminhos para o desenvolvimento ...... 116 Educação a distância ...... 118 A Universidade Corporativa Banco do Brasil – UniBB ...... 120 A transição ...... 123 A educação faz diferença – Cultura Organizacional ...... 125 Quarto capítulo O futuro é um lugar que mora perto GEDUC – Gerência de Educação e Desenvolvimento de Competências Profi ssionais (de 2003 a 2006)

Educação corporativa ...... 126 Projetando a educação ...... 129 O trabalho educativo ...... 130 A Educadoria, uma história à parte ...... 133 Educar, por quê? ...... 138 Educação e sustentabilidade ...... 142 Desenvolvendo competências ...... 145 Gestão e educação ...... 147 Desenvolvimento regional sustentável ...... 148 Educação para a inclusão social ...... 149 Prática educativa e inclusão humana ...... 151 Educação e democracia ...... 154 A educação faz diferença – Caminhada ...... 159 – Tom Zé ...... 160

Considerações fi nais ...... 161

Relação dos chefes e gestores da área de educação do Banco do Brasil

nos diferentes períodos ...... 165

Parte II Marcos ilustrativos da educação

Apresentação ...... 169 Ser integral ...... 172 Aprendizagem ...... 175 BB Educar ...... 176 Desenvolvimento sustentável ...... 178 Vida de educando ...... 179 Parte III Narrativas temáticas

Apresentação ...... 185 O DESED ...... 186 Educação ...... 189 Educação a distância ...... 192 Educação popular – o BB Educar ...... 194 Educadoria ...... 197 Ensino-aprendizagem ...... 201 Os Fóruns – de Recursos Humanos e de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental do Banco do Brasil ...... 203 GEPES Regionais ...... 208 Identidade socioprofi ssional ...... 209 MBA ...... 212 Memória ...... 213 Pressupostos fi losófi cos da educação no Banco do Brasil ...... 216 Programa Desenvolvimento de Altos Executivos ...... 218 Programa Memória da Educação ...... 218 Projeto Político-pedagógico ...... 221 Responsabilidade socioambiental ...... 222 Revista DESED ...... 226 Universidade aberta ...... 228 Universidade Corporativa Banco do Brasil – UniBB ...... 230 A educação faz diferença – Tornando-se educador ...... 232

Parte IV Memória imagética

Apresentação ...... 235 Lista de fotos ...... 236

Final Última refl exão

Heráclito ou Parmênides? ...... 263

Bibliografi a ...... 265 Encarte DVD do documentário: Pioneiros da Educação no Banco do Brasil ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 15

Fac-símile da portaria que comunica ao corpo funcional do Banco do Brasil a criação do Departamento de Seleção e Desenvolvimento de Pessoal – DESED. O documento inaugura, também, estes “Itinerários”.

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P r e f á c i o

Caminhando e lembrando

Itinerários, caminhadas e trajetórias percorridas por tantos (tantas) profi ssionais do Banco do Brasil. Todo itinerário cruza lugares reais e imaginários, ideários e utopias, avenidas abertas e trilhas incertas. Exige paradas para lembrar e retomar caminhos, so- bretudo, em cruzamentos incertos. De tudo isso houve nesses Itinerários da Educação no Banco do Brasil. Aí está sua riqueza enquanto testemunho sincero de uma caminhada orientada mais por tentativas e ousadias que por certezas. Itinerários de educação. O campo da educação e formação dos seres humanos é dos mais incertos. Incertezas inerentes à complexidade de nos conformarmos como seres humanos em contextos sociais tão pouco humanos. Que concepção e que prática de educação se revelam nesses “Itinerários”? Educar é possibilitar a apropriação dos conhecimentos, das ciências e das técnicas, dos valores, lin- guagens e artes, da cultura da humanidade. Educar signifi ca apropriar-nos dessa riqueza humana e contribuir para que as pessoas, as instituições e a sociedade se apropriem desse desenvolvimento cognitivo, científi co e tecnológico, mas também cultural, ético, artístico e simbólico. Entretanto dar conta dessa plural riqueza cultural sempre será um itinerário tenso e inseguro. Daí a tentação a optar apenas pelo aprendizado e domínio de técnicas, habilidades e competên- cias. Reduzir a educação a esses domínios sempre será mais seguro, programável e controlável. Quando formar seres humanos na pluralidade de suas dimensões entra em jogo, a travessia torna-se mais complexa, incerta e tensa: menos programável. Esta é a opção desafi ante que se revela nesses Itinerários da Educação no Banco do Brasil. 18 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Itinerários de educação de pessoas. A história da educação do Banco é, em primeiro lugar, uma história formadora de inúmeras pessoas e profi ssionais envolvidos no planejamento, nos cursos, nas avaliações, nos tensos e formadores embates sobre como rever concepções e visões de mundo e de ser humano. Rever, inclusive, visões da própria instituição e de sua função social e pública. Nos Itinerários aparece, com destaque, a opção do Banco por priorizar o direito dos seus trabalhadores à sua formação como profi ssionais e como pessoas, o direito a dominar conhecimentos e competências, a repensar valores, culturas e identidades e a participar na construção das responsabilidades sociais e públicas da instituição. Esta é a opção determinada de educação que aparece nestes Itinerários. O mais marcante é revelar que em todo o processo educativo os próprios educadores são reeducados. São destacados, nestas narrativas, processos de educadores e educandos em diálogos coletivos, formadores, porque tensos. Os “Itinerários” revelam processos nada pacífi cos, mas carregados de embates sobre os valores dados ao trabalho, à ciência e à tecnologia, à função das instituições públicas especifi camente fi nanceiras. Itinerários da Educação no Banco do Brasil. O próprio Banco se revela em processos de formação. Há uma intenção explícita de debater o como conformar a instituição para cumprir sua função social, pública em um projeto de sociedade e de país. Os “Itinerários” revelam indagações sobre que valores e que cultura institucional, sobre que projeto de sociedade e que papel cabe ao Banco. Os embates sobre essas indagações traspassam o projeto de educação. Se já é tenso equacionar um projeto de formação de pessoas, de trabalhadores, é muito mais tenso vincular esse percurso a um projeto de instituição e de sociedade. Os embates no projeto de educação estão instigados pelas tensões mais de fundo sobre a conformação de um projeto de Brasil: um projeto democrático e igualitário, de inclusão de todos na cultura e na riqueza produzidas. Nesses embates, aqui relembrados, foram se perfi lando os projetos de educação do Banco do Brasil. Aí radica sua dinâmica formadora: serem itinerários de educação da própria instituição e da sociedade e não apenas dos seus profi ssionais. Itinerários que se atrevem a reeducar nossa cultura política social e econômica. ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 19

Caminhando e lembrando, ou melhor, lembrando para um novo caminhar, para retomar trajetórias e itinerários mais desafi antes. Indagar-nos sobre percursos feitos para alicerçar compromissos com novos percursos. Lembrar, sem interrogar-nos, é saudosismo. Toda lembrança e toda memória celebrada implicam compromissos, projetos e a retomada da estrada. Que a lembrança desses Itinerários da Educação no Banco do Brasil estimule novos itinerários que mereçam também ser celebrados.

MIGUEL G. ARROYO Professor titular emérito da FAE-UFMG

Primeiras palavras

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P r i m e i r a s p a l a v r a s

Somos um país de pouca memória. E já se disse da memória que ela é “uma arma revolucionária”. Por isso mesmo, é em boa hora que nos chegam estes Itinerários da Educação no Banco do Brasil. Nada lapidado ainda, é como se fosse um limpar de poeira que encobre um tesouro do Banco. Uma equipe dedicada se pôs a reunir depoimentos de construtores desta história, a coletar documentos poucos e esparsos e a tentar extrair daí uma visão sobre o que representaram – e ainda representam – 41 anos de educação no Banco do Brasil. O DESED – Departamento de Seleção e Desenvolvimento de Pessoal – enquan- to gestor da área de educação da empresa, é personagem central desta história. Sua infl uência em muitos momentos de transformação deste Banco que completa, em 2008, duzentos anos de existência, é palpável e visivelmente grandiosa. A saga dos pioneiros, as difi culdades iniciais, a evolução das metodologias e dos princípios de educação, a consonância/discrepância com os variados momentos de vida nacional, as diversas formas de educação – importantes para uma empresa com funcionários espalhados pelo Brasil e pelo mundo – os autores que infl uenciaram cada momento, tudo isso e muito mais ainda, pulula nestas páginas que parecem vida pela vivacidade, entusiasmo e saudosa presença permanente de um passado que vive nos depoimentos dos entrevistados, pois todos têm essa história como sua, a confundir-se com a própria vida. Salta, entretanto, da leitura destas páginas – diria até da degustação destas páginas (de tão gostosas de ler que são!) – salta uma presença desafi adora do que se costumou chamar a Turma do RH. Essa não era uma turma fácil. Questionadora, inquieta, sonhadora, tornou-se um sinal de contradição dentro do DESED – que é o que enriquece um proces- so pedagógico. Dela se dizia até que se amava tanto quanto se xingava. 24 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Essa contradição não morreu. Permanece viva. Bastou que se soubesse que falaria disto nestas Primeiras palavras, para se reacender o debate acalorado. Não me omito, porém, de fazê-lo por não ser adepto de um falar burocrático que encerre, desvele a assepsia de uma pseudo-neutralidade. O contraditório é da essência da vida e do saber. E neutra nunca foi sequer a instituição, principalmente ao defender a neutralidade. Mas, graças a essas contradições, durante a própria ditadura que ceifava lide- ranças, conseguiu-se falar, no Banco, de liderança e de outras questões do fazer democrático. Em épocas de autoritarismo, discutiam-se as “raízes do comporta- mento autoritário”. Numa instituição e num país centrados na ordem, na dis- ciplina e na hierarquia, falava-se de cooperação e reversibilidade. Dentro de um sistema que coibia a conversa de três pessoas, construía-se a discussão sobre te- mas como grupo, papel, comunicação, diálogo e até – pasmem! – democracia. O tempo passou, mudaram-se os tempos, e a palavra de antes tenta, agora, en- carnar-se. O verbo tenta se fazer carne. Por isso diria que o DESED se foi, mas sua presença permanece. Como era ele: lutando, buscando o novo e o diferente, “nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas aprendendo a jogar”. Não apenas aproveitemos a leitura gostosa destas páginas, ou partilhemos esta história. Vistamo-nos do mesmo entusiasmo e paixão de quantos, de uma for- ma ou de outra, construíram esta história e/ou escreveram este livro e compre- endamos que há uma missão a continuar. A noite vai passando e “a madrugada está madura”. A madrugada em que o verbo se faça carne.

Luiz Oswaldo Sant’Iago Moreira de Souza Parte I Itinerários da educação no Banco do Brasil

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I n t r o d u ç ã o

Às vezes, nós é que não percebemos o ‘parentesco’ entre os tempos vividos e perdemos, assim, a possibilidade de ‘soldar’ conhecimentos desligados e, ao fazê-lo, iluminar com os segundos, a precária claridade dos primeiros. Paulo Freire

O livro

ompreender o movimento da história é fundamental. Captar sua dinâ- mica ajuda-nos a visualizar o futuro como itinerário possível. A mirar Coportunidades. A precaver-nos de possíveis ameaças. Movimento es- sencial num mundo em contínua transformação. Cenário onde a automação, a comunicação intensa e ininterrupta, o trabalho fl exível e as fronteiras econômi- cas voláteis aceleram a dinâmica organizacional. A conservação da memória, além de permitir a prospecção do futuro, ajuda na construção da identidade. Há que preservá-la para o aproveitamento dos saberes produzidos pelas gerações. Tarefa que, longe de ter caráter ilustrativo, é mister realístico de suprimento de informações e conhecimentos. É frase corrente que os homens passam e as organizações permanecem. Mas, basta olhar a história para constatar: nas organizações duradouras, as pesso- as são “insubstituíveis”. Elas são singularidades. Conferem personalidade às instituições. O que passa é a espécie de vínculo formal que as une. As pessoas perduram no que sedimentaram. Nas realizações, afetos, contribuições coti- dianas. Suas marcas. E é com essas certezas que este livro quer proporcionar uma viagem cujo per- curso mobilize o leitor a refl etir sobre as interrogações que nutriram a produ- ção deste documento: como tem sido o esforço para a formação do pessoal na instituição ao longo de sua história? Que olhar podemos lançar ao horizonte das suas ações formativas? Inquietações presentes na construção da história da educação no Banco do Brasil. 28 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Tudo começa com a construção da Genealogia – levantamento do histórico dos cursos criados no Banco, existentes e extintos. Um trabalho minucioso, cujo ob- jetivo é registrar a origem e destino das soluções educacionais do Banco, desde os primórdios. Foi só iniciar a tarefa e perceber que se fazia necessário consoli- dar a colheita da pesquisa. Daí, o projeto cresceu e o grupo de trabalho também. A equipe recebeu o nome de GT – Programa Memória da Educação. O GT, então, passou a trabalhar em quatro frentes: elaboração de documentário sobre os pioneiros da educação no Banco; confecção da genealogia dos cursos; criação da Coleção Especial de Educação e produção de um livro sobre a memória da ação educativa. Nessas iniciativas, preservar a memória é a meta absoluta. Você deve estar se perguntando a que público se destina este livro. O “Itinerá- rios” foi idealizado para todos os que se interessam pela educação. Dirige-se aos que precisam ou querem conhecer mais sobre a capacitação profi ssional realiza- da no âmbito das empresas. É propício, também, ao leitor, funcionário do Ban- co, ou não, que gostaria de conhecer um pouco da história de uma instituição fi nanceira da estatura do Banco do Brasil. Não nos limitamos a registrar uma memória factual – simples enumeração de fatos. Por isso, incluímos no texto algumas refl exões balizadas nos pressupostos da Universidade Corporativa Banco do Brasil e em teorias das Ciências Humanas e Sociais. Tudo para ampliar a compreensão da história educacional na empresa. Julgamos que alguns esclarecimentos introdutórios são essenciais para boa navegação neste livro, cuja estrutura se desenvolve em quatro sessões, assim, delineadas: A primeira parte é o texto Itinerários da educação no Banco do Brasil – um apanhado de fatos e momentos que marcaram as políticas e ações educacionais na empresa. O texto se apresenta em capítulos, divididos conforme períodos demarcados, de acordo com o modelo organizacional do momento. Nossa instituição é rica e tem longa história. Para o percurso deste Itinerários, tínhamos que escolher “para onde olhar”. Tantos são os fatos a compor nossa caminhada. Por isso, estabelecemos como critério desenvolver o “Itinerários” dando ênfase aos fatos ou aspectos que em nossa avaliação são destaques no período. Os “Marcos ilustrativos da educação” compõem a segunda parte e trazem ilustrações sobre alguns aspectos representativos da educação na empresa. ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 29

Tudo traduzido pela sensibilidade dos traços dos funcionários ilustradores, freqüentadores assíduos dos materiais didáticos que apóiam a ação pedagógica do Banco. É importante registrar homenagem póstuma ao funcionário Marcus Eurício Álvaro. Por muitos anos, a mágica de sua pena deu vida a imagens que povoaram apostilas e folhetos. Ajudaram a traduzir as mensagens institucionais. Seu traço também delineou nosso jeito de fazer educação. A terceira parte do livro são as Narrativas temáticas. O texto dissertativo, por mais fi el que se apresente, traz o viés do redator. Por isso, é fundamental trazer opiniões, testemunhos e visões. Expressões substantivas, pinçadas do próprio discurso de atores fundamentais na construção histórica do processo educacional. Para facilitar a localização segundo o interesse do leitor, as narrativas estão or- ganizadas por assuntos. Para saber mais sobre a história da Educadoria, por exemplo, o leitor pode ir direto ao tema. A quarta parte do livro é dedicada à Memória imagética. No afã de ampliar a presença das pessoas no registro dessas memórias, destinamos um segmento à memória de imagens. Lugar reservado aos registros fotográfi cos de cursos e eventos. E depois, incluímos uma refl exão sobre mudança e permanência que chamamos Última refl exão, um jeito encontrado para fechar o livro com os olhos no porvir. Finalmente, vem a bibliografi a. Entre as sessões que compõem o livro, incluímos páginas especiais sob o títu- lo: A educação faz diferença. O objetivo é fi xar que a história da educação no Banco é construída à luz de um pressuposto maior: o valor da educação para a construção do conhecimento na empresa. Nossas ações estão circunscritas num espaço sócio-cultural-econômico. Sofrem suas injunções. Tendo esse pressuposto como guia, buscamos contextualizar os acontecimentos internos no cenário macroeconômico e social. Nada melhor para ajudar a guardar fatos nas mentes e corações do que ligar os eventos às manifestações estéticas. A arte tem leveza e, por conseqüência, forte apelo didático. Aproveitamos isso para desenvolver o itinerário aqui traçado em paralelo com os acontecimentos artísticos brasileiros, no desenrolar do tempo. 30 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Assim, ao fi nal de cada página fi guram vinhetas que registram eventos culturais brasileiros. Serão guias culturais mnemônicos nessa incursão pela educação ins- titucional. Esses fatos não guardam relação com o conteúdo das páginas aonde fi guram. Visam tão somente, contextualizar o panorama cultural brasileiro em paralelo com a história educacional do Banco. A história não caminha em linha reta e também nossa memória não guarda registros de forma linear. Um acontecimento do presente traz embutidas as construções e contradições do que o antecedeu. Com isso em vista, procuramos desenvolver o texto de forma direta, organizada temporalmente, para facilitar sua leitura. Entretanto, em alguns momentos precisamos fazer remissões, voltar no tempo para ajudar o leitor a fazer ligações entre um período e outro, para melhor apreensão dos aspectos estruturantes da realidade examinada. Optamos, ainda, por desenvolver o texto no presente histórico, ou seja, o tempo verbal utilizado em cada período será sempre o presente. A idéia é “viajarmos no tempo” e tentar olhar cada época a partir de suas próprias lentes temporais. Escolhemos, também, manter a mesma terminologia usada em cada período. Por exemplo, em 1965, no início do DESED – Departamento de Seleção e Desenvolvimento de Pessoal, primeiro órgão interno a responder pela sistema- tização das ações educativas no Banco, os educadores corporativos eram chama- dos de “professores ou lentes”. Utilizamos o termo professor para aquela época. Tudo para dar maior nitidez histórica ao momento. O “Itinerários” foi concebido de forma que as partes que o compõem se com- plementam, por isso, a leitura e exame de cada sessão é fundamental para a apreensão da mensagem que o livro encerra. As Narrativas temáticas, a Memó- ria imagética, as ilustrações, os testemunhos e histórias resgatados nas páginas A educação faz diferença formam um todo indissociável, pois a objetividade do resgate aqui empreendido se fi rma pela intersubjetivadade. Ou seja, a realidade objetiva é acessada a partir de diferentes pontos de vista, das perspectivas distin- tas dos sujeitos que construíram a história. Como suplemento, este livro inclui encarte com o documentário: Pioneiros da Educação no Banco do Brasil, que é parte das ações que compõem o Programa Memória da Educação no Banco do Brasil e tem emocionado a todos que o assistem. Encontro histórico dos primeiros funcionários que enveredaram pelos caminhos da educação institucional. O fi lme tem inestimável valor histórico.

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A história...

No infi nito da duração, um ponto minúsculo e que foge incessantemente; um instante que, mal nasce, morre. Mal falei, mal agi e minhas palavras e meus atos naufragam no reino da memória. São palavras, ao mesmo tempo banais e profundas do jovem Goethe: não existe presente, apenas um devir. Marc Bloch

Somos seres históricos. Nossas ações produzem história e são alcançadas pela historicidade que as institui. Só agimos porque acreditamos no futuro, no devenir. Por isso, a esperança é o horizonte do trabalho humano. Foi adotando essa certeza como base de sua Pedagogia da Esperança, que Paulo Freire, por exemplo, deu à esperança o estatuto de imperativo do agir humano. E porque agimos acreditando construir o futuro, ou seja, porque nossa ação é esperançosa e o cotidiano será história, o dia-a-dia nos convida, eternamente, a zelar pela preservação da memória. A história da educação no Banco do Brasil corre por longo curso cheio de meandros. Confunde-se com a história do Banco que, por sua vez, é permeada pela história do País. Difícil puxar o fi o da meada. Decifrar-lhe a textura. Desvendar-lhe as cores. O trabalho tem sido o princípio fundamental que alicerça a prática educativa em que mestres e aprendizes alternam saberes. O papel da educação no processo de humanização e disseminação da cultura institucional é marcante. Homens e mulheres, na condição de educadores e educandos, vão construindo a tapeçaria fundamental desse percurso. Trama delineada por sucessos e retrocessos. Tropeços e êxitos. Tudo enfrentado pela vontade de quem pensa e faz. São muitas as perspectivas das quais se pode “enxergar” a história do Banco: a história da construção de seus prédios; a história das reformas administrativas; a história do envolvimento dos seus funcionários em ações de promoção da cidadania. Podemos periodizar os acontecimentos históricos do País, vinculando- os às mudanças de rumos impostos ao Banco. E tantos outros recortes que a memória da empresa pode oferecer. 32 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

A instituição tem singular história, mas cada ângulo escolhido para análise proporciona ao memorialista a observação de diferentes episódios. Marcos que contam porque a instituição atravessa séculos. Nesse horizonte, mergulhamos na tarefa de resgatar uma memória das políticas, ações e fatos educativos no Banco. A palavra resgatar pode ter conotação pretensiosa, se fruto da onipotência do memorialista. Não foi o caso. Abraçamos o trabalho com a humildade a nos lembrar, continuamente, a grandeza do desafi o. Resgatar, aqui, tem o sentido de buscar, coletar, juntar, sistematizar o possível para uma visão mais estruturada do caminhar da área da educação na empresa.

O método de trabalho Vasculhar informações para integrá-las num corpo memorial que corresponda ao desenrolar histórico do fenômeno investigado, permite diferentes formas de acesso aos dados. Neste trabalho, optamos por duas formas: a coleta e a busca. Na coleta, realizamos extensa pesquisa em fontes formais. Examinamos livros, manuais, documentos internos, legislação, instruções, publicações institucio- nais: revistas, informativos e apostilas. Pesquisamos, também trabalhos acadê- micos que fazem parte do acervo das bibliotecas do Banco e documentos doados por funcionários da ativa e aposentados, principalmente por educadores. A fonte documental, por excelência, foi o arquivo da memória técnica da área da Diretoria Gestão de Pessoas que desenvolve as ações educativas institucionais. Para a busca de informações, foram ouvidos educadores aposentados e da ativa, educandos, técnicos da área e funcionários que, direta ou indiretamente, tiveram participação nas políticas e ações educacionais. A escuta exige vigilância redobrada do memorialista. Os entrevistados trazem informações dispersas, vivas, de difícil acesso, mas vitais para a reconstituição da totalidade. Foram ouvidas mais de cem pessoas. A entrevista proporcionou aproximação maior com vivências e impressões. Propiciou conhecer iniciativas, projetos pessoais e vida profi ssional. Os “causos” e o que mais quisessem compartilhar. Tudo foi valioso. ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 33

O fruto das conversas e dos depoimentos colhidos, foi gravado e transcrito para compor, juntamente com a informação documental, a defi nição memorialística da educação institucional. Em alguns casos, a entrevista foi substituída por depoimento escrito, opção só adotada na impossibilidade absoluta do contato face-a-face. É imprescindível registrar que o trabalho foi possível graças à generosidade dos que entregaram, em depoimentos desprendidos, a história presa nas suas lembranças. Graças aos que, sabendo-se construtores da história, guardaram memórias que frutifi caram das suas tarefas. A história mora no tempo. É impossível tocá-la. Mas podemos criticá-la, confi rmá-la. Aprender com ela. O veículo para esse exame é a memória. Mas quando passamos a história pelo crivo das lembranças, pelo olhar das reminiscências, há sempre lacunas, imprecisões. Na realização deste trabalho, o tempo, sempre escasso para qualquer pesquisa histórica, e a necessidade de avançar numa cultura de preservação da memória institucional, constituiram-se, em alguns momentos, em difi culdades para que as informações se vestissem com dados exatos. As datas, locais, nomes, organogramas e fl uxos de trabalho nem sempre estavam bem especifi cados nos documentos escritos ou na oralidade. O memorialista quer precisão. Mas, nessas ocasiões, é preciso utilizar aproximações e estimativas para compor a informação. Expedientes que, mesmo que queiramos evitar, às vezes são necessários. São recursos técnicos, para consolidar um quadro histórico que faça sentido. Vale registrar, entretanto, que onde constam nomes, datas, cargos, organogra- mas, a informação é fi el aos registros encontrados. Os dados estimados e as in- formações aproximadas, no desenrolar do texto, serão sinalizados para o leitor. Convém destacar também que investigar e explicitar a tradução da história é tarefa árdua. Exige rigor: seja quando procuramos a memória que se esconde nos documentos ofi ciais ou a que dorme esquecida em gavetas e arquivos, seja a história que pulsa na vida das pessoas. 34 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Mas, o que é que distingue uma história de outra? Existem muitas respostas para tal pergunta. Optamos por fi xar a história aqui registrada, a partir de dois pilares: o tempo e as pessoas. O tempo é o substrato. É o quando a história se desenrola. Por isso este pano- rama histórico está organizado em períodos. As pessoas encarnam histórias de vida. Todas com sentido, signifi cado. Valor. Reconhecendo isso o resgate dessa história é, sobretudo, um tributo às pessoas que acreditaram e trabalharam pela educação no Banco. Por isso, escolhemos contá-la, também, por meio de narrativas e imagens. Foi realizado grande esforço para ampliar o coletivo envolvido na construção dessas memórias. Somos mais de oitenta mil. Se somarmos a esse número as pessoas que, por motivos variados, não estão mais entre nós, teremos uma quantidade astronômica. É impossível nomear, individualmente, os protago- nistas dessas memórias. Esperamos que se reconheçam nas narrativas, textos e imagens aqui registradas. Espelhos que refl etem, de alguma forma, a história de cada um de nós. Por isso, a escolha do método teve como objetivo proporcionar a integração das informações numa base corporativa de conhecimentos, acessível a todos. O rigor, a valorização e o respeito pelas contribuições recebidas foram bússolas que orientaram o trabalho. Tudo a serviço da preservação do edifício histórico que homens e mulheres construímos na caminhada pelos territórios da educação no Banco do Brasil. ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 35

Primeiro capítulo

Das origens (1808 a 1964) No vigor de sua constituição ontológica, o homem deseja ardentemente conhecer. Aristóteles

Antes de tudo...

educação permeia a ação e o cotidiano das organizações humanas. Assim, a educação na empresa, no sentido amplo, nasce no momento Ada fundação da própria instituição, quando em 12 de outubro de 1808 é expedido o alvará que cria o Banco do Brasil. A história da educação no Banco não pode ser pensada de forma abstrata, sem levarmos em conta a história do Brasil. Suas políticas de formação de pessoal sempre guardaram estreita relação com a orientação política e com o perfi l socioeconômico predominante em cada período histórico do País. A direção pedagógica da empresa caminha em consonância com a dinâmica sociopolítica em que está imersa. Assim, iniciamos esses “Itinerários” com algumas notas sobre fatos históricos que ajudam a compor um retrato das feições do País, para um melhor entendimento de como, posteriormente, o Banco vai projetando políticas e sistematizando suas ações educativas. A gênese do Banco é indissociável do incremento da vida comercial advinda com a abertura dos portos do Brasil e a conseqüente necessidade de um robusto meio de troca e da criação de uma agência emissora de papel-moeda. A despeito da sua função original de emissor monetário para as despesas do governo, já nos seus primeiros anos de vida o Banco exerce papel de propulsor das atividades sociais e econômicas. Em 16 de dezembro de 1815, em decorrência da elevação do Brasil à categoria de Reino Unido, um grupo de grandes negociantes, satisfeitos com a nova condição do País, decide compor, via subscrição, um capital em favor da

Nasce João Caetano dos 29 de outubro. Fundação da  Santos, precursor da arte Biblioteca Nacional. dramática brasileira. 1808 1810 36 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

instrução pública. O rei D. João VI decide, então, pela constituição de um fundo público, via subscrição de ações do Banco do Brasil, para servir à causa da instrução. O Banco inicia sua caminhada como instituição profundamente ligada aos destinos do País. Em 1820, um balanço mostra que o Banco fi nancia importantes obras públicas, entre elas, o Teatro São João, depois denominado São Pedro, e a Alfândega, cujo projeto arquitetônico foi desenhado pela Missão Artística Francesa. Segundo o historiador Afonso Arinos, no período, o Banco guarda íntima relação com a administração pública e recebe seu infl uxo. A Independência, em 1822, desperta o pensamento político que, até então, estava submerso unicamente nas questões econômicas. O nacionalismo impresso no dístico Independência ou Morte traz o interesse pelos ideais da Revolução Francesa. A administração do Banco sofre essas conjunções históricas. Há grandes difi culdades para livrar-se da prática comercial calcada na supervalorização mercantilista do ouro. É também difícil dar vigor à crença no papel-moeda e valorizar o crédito, conforme previa o pensamento liberal inglês. O Brasil do Primeiro Império – 1822 a 1831 – vê a liquidação do Banco do Brasil em 1829 e a abdicação de D. Pedro I, que põe fi m ao seu governo, de natureza centralista e que atravessou forte crise econômica. Até 1840, o Brasil é governado provisoriamente por regentes que enfrentam muitos movimentos de revolta. Entre 1829 e 1838, não existe no País, qualquer instituição bancária regular e formalmente constituída. As transações comerciais e creditícias são realizadas de forma espontânea e arbitrária. As conturbações levam as elites a um acordo para manter a unidade do País, que se assentava sobre o latifúndio e a escravidão. Assim, D. Pedro II é coroado para reinar no País no Segundo Império, que vai de 1840 a 1889. É um momento de estabilidades política e econômica. Destaca-se o empreendedorismo do Barão de Mauá, Irineu Evangelista de Souza, que funda os estaleiros da Baía de Guanabara para suprir as necessidades das marinhas mercante e de guerra, e constrói a primeira estrada de ferro. É ele, também, o principal fundador do Banco do Brasil, que tem autorização para abertura e estatutos aprovados em 2 de julho de 1851. Além de Mauá,

Criada a Escola Surgem no Recife, sociedades com o fi m de dar maior so- Real de Ciências, lenidade às apresentações dos Pastoris – representações Artes e Ofícios. teatrais do nascimento de Cristo – que têm seu apogeu 1840 1816 no primeiro quarto do século XIX. ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 37

ressalta-se o Visconde de Itaboraí, ou Rodrigues Torres, que trabalha para a organização e recriação do Banco. Rodrigues Torres foi presidente do Banco em dois períodos: de 1855 a 1857 e de 1858 até 1859. Os dois intervalos sofrem algumas interrupções. A partir de 1859, ele assume o cargo de inspetor geral da instrução primária e secundária do . Capistrano de Abreu faz um balanço da década de 1850 como sendo a mais profícua do Império, conforme Pacheco (1979:293. 10 volume):

Fechou-se o livro miserável do tráfi co africano... tratou-se de liquidar a onerosa herança dos limites, legada pelas metrópoles peninsulares. Regularizaram-se e amiudaram-se as comunicações por vapor com a Europa... Nestes vinte anos notamos: o bill abedeen contra o tráfi co; as poesias de Gonçalves Dias; a aparição da cólera e da febre amarela que nunca mais nos deixou de todo; a navegação a vapor para a Europa; os livros de Álvares de Azevedo; os começos da ferroviação e do telégrafo; a grande expansão da cultura do café, que centralizou a riqueza pública nas Províncias do Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais...

No período, há tratativas e ações com o objetivo de criar órgãos dedicados à cultura e um sistema de ensino para o País, mas as concepções de educação da época são fruto do pensamento conservador europeu impregnado nos intelectuais brasileiros. Os escravos trabalham sob coação. Por isso, é somente com a abolição da escravatura que surge a necessidade de se pensar uma educação que torne a força de trabalho mais produtiva. Apesar da proibição do tráfi co de escravos, o escravismo permanece até 1888. A forma dominante de educação profi ssional, que atende ao modelo de produção escravista, é voltada para uma formação ruralista dos senhores das terras. Mas os patronatos agrícolas, que são maioria na educação do Brasil imperial, não inspiram os modelos de formação profi ssional no início da República. O ensino manufatureiro é que dá o tom da educação profi ssional. Fato que sinaliza que a educação brasileira encerra, desde o início, um paradoxo.

Joaquim Manuel de Bernardo Guimarães escreve Macedo publica A A Escrava Isaura.  Moreninha. 1844 1875 38 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Os ingredientes dessa contradição estão na formação da nossa cultura, fortemente infl uenciada pelo pensamento da Antigüidade Clássica, que rejeitava o trabalho braçal, e pelo ensino jesuítico, baseado também nos valores do classicismo. Assim, enquanto o modelo produtivo brasileiro ainda é de base rural, o ensino profi ssional tem caráter manufatureiro e a educação escolar formal é livresca e amparada na didática jesuítica. Então, na origem, o sistema educacional do País traz já um problema: trabalho e educação desligados. Em 1891, o Banco do Brasil cede ao Banco da República dos Estados Unidos do Brasil os direitos de emissão que lhe haviam sido dados pelo decreto nº 253 de 8 de março de 1890. Em 17 de dezembro de 1892, o presidente da República referenda posição do então ministro da fazenda, Rodrigues Alves e decreta a fusão dos dois bancos.

É proclamada a República

O Banco do Brasil, o mais antigo do País, se recomendara, tanto nas épocas de paz como nas de perturbação e de guerra, por serviços relevantes, já reconhecidos e proclamados, sempre que o governo os exigiu, sem excetuar o do novo regime proclamado em 15 de novembro de 1889. Era, assim, tradicional e ininterrupta a adesão do Banco do Brasil às instituições da Nação. Declaração do presidente do Banco do Brasil, Sousa Dantas, ao presidente da República.

Após a Proclamação da República, o Marechal Deodoro da Fonseca chefi a o País, agora República dos Estados Unidos do Brasil e com nova bandeira. São instituídos o sufrágio universal e a liberdade de culto, bem como a separação entre a Igreja e o Estado. Mas a passagem de Deodoro no governo é curta, pois o Congresso Nacional delibera pela assunção do vice-presidente, Floriano Peixoto ao cargo. Tempos de agitação e revoltas que levam os ricos cafeicultores a reivindicar a pacifi cação dos tumultos e a construção de ferrovias para a exportação do café.

Aberta a primeira sala O século XIX chega ao fi m. Machado de cinema no Brasil. de Assis publica Dom Casmurro. 1897 1899 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 39

Há, nas primeiras décadas da República, alguns processos sociais que mudam a feição do País, com repercussão signifi cativa na estrutura social e, em conseqüência, nas questões educacionais. A imigração estrangeira, a urbanização e a industrialização impulsionam os movimentos sociais e sindicais. A expansão da cafeicultura traz os imigrantes. Eles, que chegam atraídos pela oportunidade, contribuem para a industrialização. Tal dinâmica induz o crescimento das cidades, com o aumento de fábricas e órgãos públicos necessários à regulação das atividades. É um momento que exige sistematização do funcionamento do País. O decreto 1.455, de 30 de setembro de 1905, aprova os estatutos, que entre outras medidas, liquidam o Banco da República do Brasil. Inicia-se, assim, a terceira e atual fase jurídica do Banco. O governo passa a deter cinqüenta por cento do capital da instituição, e também, o controle administrativo. Nasce um novo banco: Banco do Brasil. A necessidade do cumprimento do seu papel no contexto da economia nacional imprime forte movimento de reorganização interna e de institucionalização. Em 1906, são fi xados critérios institucionais para recrutamento e seleção de pessoal. Fica estabelecido que a admissão ao Banco só será possível por meio de concurso público. Mas a realização do primeiro certame ocorre somente em 1917. Dos 596 inscritos, 237 conseguem aprovação. Nos primeiros tempos, as atividades bancárias, simples e pouco diversifi cadas, pedem uma preparação restrita às necessidades dos postos de trabalho. As operações bancárias exigem noções de aritmética e rudimentos do idioma pátrio, conhecimentos sufi cientes para garantir o desempenho dos funcionários que executam tarefas de natureza administrativa e contábil. A confecção de correspondências de rotina e os fundamentos de contabilidade para lançamentos contábeis simplifi cados constituem aporte de competências necessárias ao trabalho. A socialização dos saberes acontece na azáfama das atividades diárias. Os mais experientes compartilham o conhecimento das tarefas e instruções com os

Euclides da Cunha É publicada a obra Triste fi m publica Os Sertões. de Policarpo Quaresma, de  Lima Barreto. 1902 1915 40 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

principiantes. O chefe imediato responde pela preparação dos funcionários sob seu comando. Assim, a capacitação para o trabalho se realiza por meio do binômio chefe/ subordinado, que constitui a unidade básica em que, no limite, a empresa “revela- se” ao funcionário. Efi ciência, disciplina, qualifi cação, valores institucionais, tudo é visto a partir dos fi ltros desse núcleo de relacionamento. O tempo corre. No Brasil de 1922, a Semana de Arte Moderna divulga a estética modernista. O escritor Oswald de Andrade convida para uma “antropofagia” em relação à cultura européia. Para ele, os brasileiros devem absorver o essencial daquela cultura, mas criar seu jeito próprio de produzir e lidar com a arte. Esse é o fato cultural mais importante do ano. No Banco, no mesmo ano, em 24 de agosto, o presidente Epitácio Pessoa assina o texto inicial do projeto para criação da Carteira de Crédito Agrícola do Banco do Brasil. A medida tem grande importância histórica para a instituição e é resultado da preocupação, desde a independência política do País, com a necessidade de organizar o crédito agrícola. A falta de uma instituição bancária capaz de regular efi cientemente as operações havia retardado sua criação. No ano de 1930, o governo Getúlio Vargas cria o Ministério da Educação. Somos um país de analfabetos, em que a escola primária, cinco anos iniciais, é um luxo, e o ensino secundário, seletivo, rígido, é destinado a poucos indivíduos. A situação recebe análise crua de Monteiro Lobato (CUNHA 2000:199):

Um volver de olhos sobre o país revela uma estrutura sui generis. Em baixo, a massa imensa de Jecas, meros puxadores de enxadas... em cima, um bacharelismo furiosamente apetrechado de diplomas e anéis...

Monteiro Lobato, às vezes, defendia posicionamentos polêmicos, mas a citação serve para dar uma noção dos desafi os que a educação brasileira teria para enfrentar o analfabetismo e o caráter desigual da distribuição de oportunidades educacionais no País. Numa época em que o objetivo da sociedade brasileira é difundir o restrito ensino primário, o desembaraço na escrita é muito valorizado. Até meados

Pixinguinha compõe Realiza-se, em São Paulo, a Carinhoso. Semana de Arte Moderna. 1917 1922 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 41

da década de 1940, conhecimentos de aritmética e rudimentos da língua fazem enorme diferença. Trabalhadores com tais predicados fogem de tarefas manuais ainda muito ligadas à condição dos escravos e que poderiam rebaixá- los numa classifi cação social que ainda ressente-se da memória do escravismo como fonte de mão-de-obra. O ingresso no Banco, via concurso público, traz à empresa quadros preparados para as tarefas da rotina bancária. O modelo administrativo é sustentado pela rígida hierarquia e pela burocracia pensada e executada por funcionários com nível de instrução acima da média, formação que os coloca em posição de destaque. Os detentores de cargos mais altos, inclusive, têm infl uência nas esferas governamentais. O cenário econômico avança em complexidade. A Segunda Guerra transforma a dinâmica mundial. A despeito do genocídio e das perdas econômicas, o esforço bélico, realizado pelas potências visando o bom desempenho no confl ito, traz grande estímulo ao progresso técnico e industrial. Tal fato, inclusive, acelera enormemente a recuperação no período que sucede à guerra. A tecnologia tem considerável impulso. À palavra efi ciência, que até então era o guia das ações produtivas e administrativas, é acrescentado o termo: efi cácia. Não basta fazer bem feito. Agora, é necessário fazer bem feito o que precisa ser feito.

O século XX caminha... Como já foi dito, o Banco acompanha o movimento da sociedade. É atingido pelos seus refl exos. Até o fi nal da década de cinqüenta e início dos anos sessenta do século XX, atua como um banco comercial, mas executa a política creditícia do governo junto ao setor produtivo. Acumula funções próprias de autoridade monetária. Detém, desde 1930, o monopólio sobre as operações de câmbio e é regulador das taxas de juros. Além de garantir liquidez ao sistema bancário, impede perdas no sistema produtivo. Representa peça essencial para o equilíbrio da política monetária.

Criado o Museu Carlos Drumond de Andrade Histórico Nacional. lança o poema No meio do  Caminho. 1922 1928 42 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

A preparação dos funcionários para o serviço ainda ocorre, quase exclusivamen- te, na própria unidade de trabalho. O superior hierárquico continua sendo o responsável e realizador das ações de preparação para o trabalho. A demanda é ditada pelas especifi cidades das tarefas a executar. A participação de funcionários em cursos ou eventos externos, de natureza formativa, limita-se ao atendimento de requisições das funções ou tarefas que, por sua especifi cidade ou natureza, não podem ser treinadas pela forma costumeira. Além disso, o treinamento de funcionários em entidades externas é direcionado aos níveis mais elevados da organização. Antes da sistematização das ações educativas do Banco, os funcionários que pretendem avançar rumo à escolaridade de nível superior, têm de fazê-lo, unicamente, às suas expensas. Alguns conseguem licença ou aproveitam o tempo disponível para dedicar-se aos estudos. A maioria desiste de cursar a universidade. A experiência funcional é vista como substitutivo, à altura, do curso de nível superior. É comum ouvir-se a expressão: “o Banco é uma faculdade”. A criação, em 1936, da Carteira de Crédito Agrícola e Industrial trouxera novos requisitos de conhecimentos e habilidades. A Carteira de Comércio Exterior também demanda níveis e tipos de competências diferentes das costumeiras atividades bancárias. Esse fato proporciona, ao grupo de funcionários lotados nessas carteiras, maiores oportunidades para participar de cursos contratados em instituições externas. É criada, inclusive, a Divisão de Seleção e Treinamento de Pessoal – SETRE, ligada à Carteira de Crédito Agrícola e Industrial, que monitora as necessidades de treinamento do pessoal ligado à carteira. Na década de 1960 a agência Centro São Paulo também faz ensaios pioneiros. O funcionário Walter Ribeiro coordena as ações de capacitação de pessoal daquela unidade. Os funcionários destacados pela habilidade didática ou pelo notório domínio de temas administrativos ou de relações humanas são chamados a contribuir com a formação dos demais colegas. Alguns desses funcionários, mais tarde, são indicados para atuar como instrutores da instituição.

Carlos Drummond de Andrade O primeiro samba de Noel publica Alguma Poesia. Rosa, Com que Roupa?, é sucesso do carnaval. 1930 1931 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 43

Preparação para o trabalho – as burrinhas

Aprender a fazer não pode, pois, continuar a ter o signifi cado sim- ples de preparar alguém para uma tarefa material bem determinada... Como conseqüência, as aprendizagens devem evoluir e não podem ser consideradas como simples transmissões de práticas mais ou menos ro- tineiras, embora estas continuem a ter um valor formativo que não é de se desprezar. Trecho do relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educa- ção para o Século XXI.

Apesar dessas iniciativas, pode-se dizer que a modalidade de treinamento em serviço é base da qualifi cação profi ssional ampla, na empresa. Prática pedagógica segundo a qual as instruções institucionais, denominadas Codifi cação de Instruções Circulares – CIC, são fontes de informação e cumprem o papel de apoio didático. O notório saber de funcionários em determinados serviços legitima-os como preceptores dos demais colegas. O treinamento em serviço tem efi cácia quando é necessária imediaticidade nos resultados e o conteúdo a ser repassado é de natureza instrumental. Entretanto, numa instituição com as dimensões do Banco, essa modalidade, sozinha, não dá conta da capacitação funcional. No nível organizacional, esse modelo não permite o estabelecimento de mecanismos de controle institucional do processo de ensino/aprendizagem. Além disso, pode levar ao rebaixamento da qualidade das variáveis pedagógicas implícitas no ato educativo de preparação para o trabalho, uma vez que a simplifi cação do processo, principalmente nas situações em que a falta de tempo previsto para o treinamento em serviço, e também a pouca habilidade didática do orientador, causam o repasse de roteiros empobrecidos de procedimentos, que são repetidos ad aeternum. No Banco, à época, essa prática é amplamente utilizada. O funcionário mais experiente registra a rotina de trabalho em pequenos pedaços de papel, apelidados de “burrinhas”, e repassa-os ao colega em situação de treinamento no serviço ou o próprio aprendiz anota as informações indispensáveis à operacionalização de sua tarefa para usá-las indefi nidamente. A urgência para desembaraçar-se das tarefas e as condições insufi cientes para um aprendizado amplo, levam o funcionário

Sérgio Buarque de Holanda publica Mário Quintana Raízes do Brasil. Livro inovador. lança A Rua dos  Busca a identidade nacional. Cataventos. 1936 1940 44 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

a não questionar o uso do expediente. A prática pedagógica – humana e crítica –, entretanto, preconiza que o dispositivo pode ser usado como um repasse de informações imediatas, mas não deve ser a tônica das ações de capacitação, pois reproduz o trabalho apenas na perspectiva da lógica utilitarista.

A reforma bancária A Lei da Reforma Bancária, n° 4.595, de 31.12.1964, instituída no governo militar, traz mudanças à instituição. A criação do Banco Central do Brasil e do Conselho Monetário Nacional diminuem o status do Banco do Brasil, que passa a atuar, preponderantemente, como executor dos serviços bancários de interesse do governo federal. Embora tenha diminuído seu prestígio político, a instituição não perde importância no âmbito do sistema fi nanceiro. Como dispõe a lei, o Banco será o “principal executor dos serviços bancários de interesse do governo” e atuará como banco de fomento nas áreas rural e de exportação. A instituição administrará, também, um mecanismo que lhe assegurará o suprimento automático de recursos para operações de interesse governamental: a Conta de Movimento. O presidente do Banco será integrante do Conselho Monetário Nacional. Esses aspectos ainda mantêm a empresa em posição diferenciada junto à concorrência e, apesar das mudanças, a identidade sócioprofi ssional dos funcionários permanece fortemente ligada à estabilidade e à tradição da empresa. A nova realidade impõe a revisão dos processos de trabalho para uma participação competitiva no mercado fi nanceiro e pede urgência na capacitação dos funcionários. O recrutamento de mais de 1.200 servidores do Banco para atuarem em órgãos da administração pública, principalmente no recém-criado Banco Central do Brasil, agrava a situação e provoca evasão de quadros técnicos qualifi cados. Nesse cenário confi gura-se, com maior vigor, a necessidade de o Banco institucionalizar o esforço de formação e manutenção de seus quadros. Quanto mais se institucionaliza, mais o Banco avança na sistematização de seus processos administrativos e necessita ancorar-se num sistema educacional. Toda mudança organizacional implica a existência de modelo pedagógico que irradie valores e crenças na direção desejada. Ou seja, a forma como uma organização

O Bumba-meu-boi já é objeto de atenção João Gilberto lança o disco dos intelectuais do Maranhão. Isto porque Chega de Saudade. Nasce começa a ser percebido como o guardião ofi cialmente a Bossa Nova. 1940 da tradição maranhense. 1958 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 45

mobiliza e transforma sua cultura, seus valores e práticas é que vai determinar a realização de seu escopo institucional. A solução para a diáspora do pessoal mais qualifi cado e a forma de avançar no estabelecimento de política de pessoal, via sistematização do treinamento e da seleção, será a criação de órgão que centralize as ações de capacitação funcional. Nos planos para a criação do órgão, a hipótese é que, dessa forma, a instituição acenará para os funcionários que o treinamento é via de obtenção de cargos melhor remunerados, fator motivacional que ajudará na manutenção dos funcionários mais preparados, constantemente assediados para assumirem posições no governo que acaba de se instalar. O governo militar impõe ao País nova ordem político-institucional. O presidente Castello Branco inaugura a série de cinco presidentes militares. Há urgência de realizar reformas. O regime adota o modelo tecno-burocrático para uma “modernização conservadora”, que exclui da cena política as classes populares e os trabalhadores, opção que interrompe as discussões sobre temas nacionais. A política econômica guarda estreita vinculação ao capital internacional. A opção desenvolvimentista deixa a classe trabalhadora alijada dos mecanismos de proteção social e estabelece padrão de consumo industrial que favorece, sobretudo, as elites. Para a implantação do modelo, o País lança mão de apoio tecnológico e fi nanceiro das multinacionais que dão suporte à modernização dos setores de energia, transportes e comunicações. A diversifi cação das importações foi marco no governo militar. Nesse cenário, o Banco é utilizado como máquina efi ciente para ajudar o Estado na busca da efi cácia operacional. Uma força propulsora do desenvolvimento econômico.

Projetando o DESED A necessidade de corresponder a essas expectativas acelera medidas voltadas para uma política de pessoal capaz de manter o quadro de funcionários qualifi cados. A efi cácia, a disciplina e a integração à casa são emblemas de bom desempenho funcional. No segundo semestre de 1964, o Banco designa um

O Pagador de Promessas Deus e o Diabo na Terra do Sol é recebe a Palma de Ouro, em o primeiro fi lme integralmente da  Cannes. autoria de Glauber Rocha. 1962 1963 46 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

grupo de funcionários com a incumbência de criar um órgão que centralize os esforços de formação, recrutamento e seleção do pessoal. A fi m de colher subsídios para a empreitada, o grupo é designado para participar, na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro – PUC, do VIII Curso de Técnicas de Treinamento. O curso visa dar subsídios aos participantes para a criação do centro de treina- mento e os ajudaria a formar os instrutores da casa. Os funcionários destaca- dos para participar do evento são: Dílson Garcia de Mattos, Fernando Viguê Loureiro, Jeff erson Paes de Figueiredo, Milton de Mattos da Silva, Nelcy Car- los Louro Pereira e Vicente Monteiro Avólio. O Banco seria o pioneiro, entre as empresas ligadas ao governo, a manter um processo institucionalizado de treinamento. No período, poucas empresas multinacionais de grande porte mantinham sistemas formais de qualifi cação. Em 7 de maio de 1965, o então diretor superintendente do Banco, Luiz de Paula Figueira, assina documento com posicionamento favorável à proposta de constituição da agência interna de formação e seleção de pessoal. O ante- projeto GT VI de 26.5.1965, elaborado pelo grupo de trabalho encarregado de estudar o assunto, contém argumentos que fundamentam a necessidade de criação do centro. Os diretores abraçam a sugestão: Arthur Ferreira dos Santos defende a medida, pois vê vantagens na centralização das atividades relativas ao pessoal; Cláudio Pacheco Brasil posiciona-se a favor e visualiza a possibilidade de incorporação, pelo novo órgão, das atividades dos centros de estudos já existentes, como a Divisão de Seleção e Treinamento de Pessoal – SETRE, que funciona ligada à Carteira de Crédito Agrícola e Industrial; Luiz Biolchini aponta a medida como alternativa para suprir a carência de técnicos para os postos mais elevados da empresa; Aldo Baptista Franco da Silva Santos argumenta que a carência de pessoal “de elevado gabarito técnico” para o estudo e implementação dos complexos encargos que o governo impõe ao Banco é um problema enfrentado pela chefi a da Carteira de Comércio Exterior, e a criação de um departamento para conduzir a capacitação do pessoal atacaria o problema diretamente.

Tom Jobim compõe Parintins (AM) começa seu festival no formato Garota de Ipanema. atual. Já é destaque a rivalidade entre as torcidas dos bois Garantido e Caprichoso. 1963 1964 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 47

Outra preocupação ventilada pela diretoria é a freqüente cessão de funcionários a outros órgãos do governo para repasse de conhecimentos, enquanto nas agências e na direção geral há escassez de funcionários preparados para os trabalhos da área internacional. O posicionamento da diretoria é decisivo. Em 31.5.1965, expede-se a portaria n° 1.935, que ofi cializa a criação, em 26.5.1965, do Departamento de Seleção e Desenvolvimento do Pessoal – DESED. O departamento passa a funcionar, provisoriamente, na Rua 1º de Março, no Rio de Janeiro. Pouco tempo depois, muda-se para a Avenida Rio Branco, 120. O primeiro a chefi ar o DESED é o funcionário Manoel Salek, ex-contador da Agência Centro Rio de Janeiro. Ele trabalhara, até então, com o diretor superintendente, lá mesmo, no 4º andar. Ao implantar o departamento, voltado para a qualifi cação de seu pessoal, o Banco acompanha a dinâmica desenvolvimentista do País. A problemática educacional ocupa importante espaço nos debates, num mundo empolgado com a escalada de conquistas científi cas e tecnológicas. O governo, preocupado em expandir a economia, pede à classe empresarial apoio para generalizar e aprofundar a educação da juventude como fator de desenvolvimento. Adota uma visão de educação utilitária. Educação para a melhoria da produção e dos níveis de produtividade nos múltiplos ramos de atividades do País. O lema é: “Educação para o Desenvolvimento”. O Banco também é convocado a modernizar-se. Inspirado no lema “Tradição que se moderniza”, passa a realizar treinamento sistemático do pessoal nos vários níveis.

Oduvaldo Viana Filho, Otto Lara Resende recebe o Vianinha, escreve a o Prêmio Lima Barreto pelo  peça Opinião. romance O Braço Direito. 1964 1964 A educação faz diferença Vida de educando

Em 1967, o gerente de uma cidade de Minas Gerais vai pela primeira vez ao Rio de Janeiro. Participará de curso no DESED. Dormiu mal, na véspera da viagem. No aeroporto, o burburinho de pessoas e o movimento só aumentaram sua vontade de desistir. No trajeto para o hotel, o taxista dilatou o percurso. Ganhou um trocado, às custas do neófi to visitante. Preocupado com a volta à sala de aula, pensa em tudo: quarenta e nove anos de idade. Gerente, na cidade, há cinco anos. Não pega num livro há mais de vinte. Leitura, somente a passada de olhos nas revistas que compra para a fi lha. Lê, esporadicamente, os jornais da capital. Quando chega ao local da aula, estão lá, para abrir o evento: um ministro de Estado, o presidente do Banco e o chefe do DESED. Começam as aulas. Todos recebem uma pasta com o material didático e livros. Carga horária de oito horas. Nos intervalos, o assunto preferido é a prova fi nal. Há grande receio. No fi nal da aula, todos os dias, o coordenador informa o que deve ser estudado no hotel. Muito a estudar. “É preciso meter a cara nos livros”. No fi m do curso, o teste. O “bicho” nem foi tão feio quanto o pintaram. Manhã seguinte, hora de voltar para casa. Satisfeito, deu o roteiro para o motorista. Pôde escolher o trajeto com segurança: – Ao aeroporto, por favor! – E pelo aterro do Flamengo, hein!, velho.

Extraído e adaptado da matéria: O outro lado do CIPAD. Revista DESED. nº 9. 3º trimestre.1968. A educação faz diferença Na Paraíba

Corre o ano de 1978. Um colega é convocado para cursar o 36º Curso de Introdução ao Banco, o INTRO. Ele preenche o requisito básico. Tem menos de um ano de Banco. Recebe o comunicado do subgerente. Pessoa preocupada com a qualifi cação dos colegas. Fica pensativo. Rapaz tímido. Não gosta de ambientes estranhos. Pensa: e se eu fi car embaraçado diante da turma? Comunica que não fará o curso. Os colegas ponderam. Mostram, ao introvertido companheiro, os benefícios que a oportunidade poderá trazer. A insistência vence. O colega faz o curso. No retorno, vai à gerência. Comunica que a experiência foi gratifi cante. Deu resultados, não só para a sua a vida profi ssional. Melhorou como pessoa. Na agência e em casa, todos constataram. Ele estava mais sociável. Comunicativo. O episódio dá mais frutos. A administração da agência envia carta à diretoria. Pede que o curso seja estendido a mais funcionários. Resultado: a diretoria atende. Em 26.10.1979, a chefi a do DESED assina despacho ampliando a participação no INTRO para os funcionários com até dois anos de casa. A carta de Monteiro, na Paraíba, provoca a discussão do assunto e está anexada ao referido despacho.

Extraído de carta da Agência Monteiro - PB ao DESED, em 1978. Segundo capítulo

Os tempos do DESED – Departamento de Seleção e Desenvolvimento de Pessoal (1965 a 1996)

Nem a arte nem a sabedoria é algo acessível, se não há aprendizado Demócrito

Primeiros desafi os...

Na origem, o Departamento de Seleção e Desenvolvimento de Pessoal – DESED tem a missão de favorecer e intensifi car o aprimoramento do pessoal para promover o engrandecimento do Banco como instituição nacional a serviço do Brasil. O País está mergulhado no esforço de modernização exigido para seu alinhamento à corrida desenvolvimentista proposta pelo governo. A tarefa principal do DESED é sistematizar a formação dos quadros do Ban- co. Para tal, deve proporcionar novos conhecimentos e aprimorar habilidades e atitudes para um patamar além do treinamento em serviço, tradicionalmente utilizado. A nova realidade organizacional intensifi ca a necessidade de preparação dos seg- mentos gerenciais da empresa. Além disso, é preciso reforçar o compromisso de colaboração e cooperação funcional diante da nova realidade imposta pela recente reforma bancária. Diante desse quadro, a conjunção de ações, tais como treinamento sistemati- zado, aprimoramento dos mecanismos de seleção externa para manutenção do nível de preparo dos novos funcionários e o incremento das metodologias para realização dos processos seletivos internos, em vista de ocupação dos cargos mais complexos, é a alternativa para a modernização das técnicas administrati- vas e de gestão da empresa. O II Curso de Crédito Industrial, encerrado em dezembro de 1965, sob a co- ordenação de Ailto Gonçalves Leal, marca o primeiro evento realizado efetiva-

O volume Manuel Bandeira, com estudo Elizeth Cardoso grava o disco e seleção de textos, é publicado na Sobe o Morro, marco da França, na coleção Poètes d’Aujourd’hui. discografi a brasileira. 1965 1965 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 51

mente sob a coordenação do departamento. A turma é formada, ainda com a ajuda do Departamento de Crédito Industrial – DIRIN. Inaugurado em maio de 1965, o DESED promove atividades pedagógicas somente a partir de outu- bro do mesmo ano. Os funcionários que atuam como professores dos cursos que inauguram o DESED são: Admon Ganem, Alberto Lírio do Valle, Aldir dos Santos Guimarães, Amauri Costa, Antônio Victor Pires Lima Rebelo, Celso Albano Costa, Egberto Mattos Galvão, Esmeraldo Alexandre Martins, Floriano Peixoto de Albuquerque, Hélio Penna, Hetônico Pereira, José Dálvio Rangel, Luiz Antônio Sande de Oliveira, Miguel Newton de Arraes Alencar, Nicolau Saad, Paulo Fernandes de Sá e Renato Toledo de Campos. A nascente política de formação não foge muito do modelo tecno-burocrático do País. Um documento apresentado à alta direção do Banco, fi rma a fi losofi a de treinamento e suas características administrativas e funcionais. A distribuição das oportunidades educacionais prioriza os escalões dirigentes para a criação e difusão dos valores da empresa e para possibilitar que os gestores atuem como instrutores dos subordinados. O controle, a administração e as próprias ações educativas são coordenados e realizados no DESED. O departamento adota modelo centralizado. A progra- mação e distribuição das oportunidades de treinamento ocorrem do topo para a base da pirâmide, ou seja, parte da direção geral para as agências. São prioriza- das as de maior porte, em função do volume e da qualidade dos negócios. Os argumentos utilizados para a adoção do modelo centralizado são os de que a regionalização dos cursos difi cultaria o trabalho de acompanhamento e avalia- ção dos professores. Os deslocamentos desses profi ssionais e dos que atuariam nas atividades de apoio didático e nos serviços administrativos onerariam as ações de qualifi cação. Assim, a elevação dos custos é apresentada como empeci- lho para a descentralização dos treinamentos. A fi losofi a de qualifi cação preconiza que o treinamento dos gerentes deve abran- ger desenvolvimento de habilidades técnicas, humanas e institucionais. É pre- visto que, na medida em que sobe na escala administrativa, o funcionário neces- sita de mais habilidades institucionais e menos habilidades técnicas.

A peça Orfeu da Conceição Chico Buarque cria melodia para é musicada por Tom Jobim e Morte e Vida Severina, de João  Vinicius de Moraes. Cabral de Melo Neto. 1965 1965 52 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Um exame, mesmo rápido, deixa evidente, no entanto, que a atuação do DE- SED, nos primeiros anos, ampara-se numa concepção tecnicista de educação. Suas premissas contribuem para a manutenção dos princípios de sustentação da empresa e dos projetos desenvolvimentistas do governo. No momento de instalação do DESED, o Banco está em franco processo de modernização das técnicas administrativas e a tradicional prática do treinamen- to em serviço e as ações esparsas e assistemáticas de capacitação não dão conta dos desafi os da realidade institucional. O cenário é de busca do alinhamento das práticas e técnicas administrativas do Banco às melhores técnicas bancárias. Entre as ações, nessa direção, os fun- cionários Oswaldo Roberto Colin e Décio de Oliveira Araújo realizam estágio de seis semanas no Chase Manhatan Bank e no Banker’s Trust de Nova York, empresas de ponta na aquisição de equipamentos modernos. A experiência dos funcionários é importante para auxiliar na implantação do plano de mecaniza- ção das atividades e na renovação dos processos administrativos para a mudança da imagem institucional do Banco. As novidades trarão impacto para as demandas educacionais. Assim, em 1966 o Banco implanta o Sistema de Atendimento Direto e Integra- do – SADI. Um novo conceito de atendimento com profundas modifi cações nas rotinas de processamento e fl uxo de documentos. Até então, o modelo de funcionamento burocrático e endógeno adota a visão do atendimento como sendo mais uma peça da engrenagem administrativa, que roda sobre carim- bos e documentos contábeis. A partir do sistema recém-adotado, é efetivada a reformulação do layout das agências, cuja sistemática de atendimento prevê a existência de “gaiolas” de isolamento, entre os caixas e o usuário do Banco. As “gaiolas” são paulatinamente abolidas e o processo de atendimento desloca a ên- fase da tarefa burocrática do manejo de papéis para o contato com o usuário. O caixa executivo, como é chamado o funcionário que trabalha no caixa, preci- sa atuar baseado num modo de atendimento que impõe a necessidade de revisão de suas atitudes na relação com o usuário. A meta é humanizar o atendimento. A mudança implica a formação de mais de trinta mil caixas executivos e coorde-

O maestro Diogo Pacheco rege Victor Assis Brasil, considerado até hoje, Vinícius, Poesia e Canção, no o melhor saxofonista brasileiro, grava o Teatro Municipal de São Paulo. primeiro disco, Desenhos. 1965 1966 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 53

nadores de bateria e a inserção de Relações Humanas no conjunto de disciplinas dos treinamentos. Para ajustar-se à nova realidade, os treinamentos devem diminuir o tempo dedi- cado a exposições teóricas sobre temas técnicos afi ns à rotina bancária e incluir atividades que desenvolvam o hábito do raciocínio rápido e a habilidade para as vivências das situações de relacionamento. Na avaliação dos organizadores da ação educativa, incluir conhecimentos de Psicologia e Comunicação na capacitação permitiria a compreensão das razões que levam as pessoas a agir e reagir nas situações do dia-a-dia. Ajudaria o fun- cionário a começar a tratar o, até então, usuário do Banco, como cliente. Tudo integra o conjunto de medidas para compor a imagem de um banco moderno, rápido e efi ciente. A disciplina Relações Humanas é conduzida por funcionários lotados em agên- cias, nos vários locais do Brasil. Eles são convidados pelo DESED e deslocam-se de suas bases para ministrar as disciplinas. Os mais atuantes são: Jorge Roux e Túlio Sequeira Rolim, no Rio de Janeiro; José Leopoldi, em Campina Grande; Tarcísio Soares Ferreira Moreira, em Belo Horizonte; Helênio Machado Car- valhedo, em Brasília; Valter Rosa e Vicente Ferreira, em São Paulo e Carlos Alberto Peres, em Porto Alegre. As aulas de Relações Humanas, no início, têm forte caráter instrumental. A ênfase é no ajuste do funcionário à nova sistemática de atendimento. A conduta individual baseada no disciplinamento e na adaptação é a tônica das atividades previstas no programa. O estilo dos professores, como são chamados os funcio- nários que ministram a disciplina, é que confere, ou não, maior fl exibilidade às atividades vivenciadas. Além da disciplina que trabalha as relações humanas, o curso para formação dos caixas tem Grafoscopia e Rotinas de Serviços como matérias centrais. Alguns dos professores pioneiros nas aulas de Grafoscopia e Rotinas de Serviços são: Altair de Castro Pereira, Álvaro Caetano, Antônio Victor Pires Rebelo, Carlos Augusto Perandréa, Carlos Gondin Moura, Coaracy Ribeiro Granja, Esmeraldo Alexandre Martins, Floriano Peixoto de Abuquerque, Gilberto Bastos Dias, José de Souza Ismério, Leocyr Pereira Lemos, Leoncídio de Almeida Carvalho, Luiz

Nara Leão grava Jair Rodrigues canta Disparada, de Liberdade, Liberdade. Geraldo Vandré e Theo de Barros, no  Festival MPB. 1966 1966 54 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Carlos Peres, Manoel Couto Mendes dos Reis Netto, Manuel Antônio dos San- tos, Milton Siles Comiotto, Mozart Souza Uchoa, Nildson Bezerra da Costa, Olavo Lopes de Faria, Renato Toledo de Campos, Walter Piedade Denser. O material didático usado nas aulas exige tratamento diferenciado. Recursos e ilustrações são utilizados para sensibilizar os treinandos a participarem das situ- ações vivenciadas. O funcionário Reinaldo de Araújo Lima é o responsável pela produção do material didático.

Cipadiando... Em julho de 1967, é criado o Curso Intensivo para Administradores – CIPAD, com forte ênfase no desenvolvimento de atitudes gerenciais compatíveis com os requisitos da realidade institucional. Projetado pelo Prof. Admon Ganem e coordenado por José Luiz de Carvalho, o CIPAD tem o objetivo de formar a classe dirigente da empresa – gerentes, inspetores, chefes da direção geral. Visa promover efi ciência nas funções execu- tivas, a utilização racional dos recursos e a compreensão do papel do Banco do Brasil no processo econômico brasileiro. O curso tem carga horária correspondente a 35 dias úteis, sendo 140 horas de aula e 140 horas de estágio. As disciplinas ministradas vão desde conhe- cimentos de Fundamentos da Ciência Administrativa até Relações Humanas. Inclui Análise Contábil e Financeira. Contempla, também, Relações Jurídicas e Interpretação Estatística. A missão do CIPAD extrapola seus objetivos instrucionais. Visa “moldar” o aparelho administrativo da empresa e, para tanto, trabalha para formar chefes capazes de tomar decisões sob o infl uxo do sistema de valores do Banco e da lógica do modelo econômico do País. O CIPAD representa a oportunidade de qualifi cação interna para os funcioná- rios que pretendem ocupar postos de comando na alta administração da empre- sa. O curso tem um programa de treinamento que exige muito dos alunos.

João Cabral de Melo Neto lança Publicação de A A Educação pela Pedra. Revolução Brasileira, obra de Caio Prado Júnior. 1966 1966 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 55

O departamento pretende fi rmar uma política de recursos humanos coerente com o investimento realizado, adequado a uma fi losofi a de promoção baseada no mérito. O esforço institucional para criar o DESED precisa dar retorno à organização, formando funcionários com nível de qualifi cação à altura dos desafi os da empresa. Na visão do pessoal que trabalha no DESED, o curso cria oportunidades para os que não contam com o prestígio da amizade dos altos escalões da empresa, pois o treinamento inclui o mérito como critério de evolução no rol de requi- sitos para que o funcionário ascenda aos níveis gerenciais complexos. A des- peito disso, a participação nos cursos, especialmente no CIPAD, não alcança a quantidade de funcionários compatível com a idéia de democratizar o acesso ao treinamento institucional, numa empresa com as dimensões do Banco. Apesar de o curso ser percebido como canal importante para a ascensão fun- cional, não basta o servidor candidatar-se, pois, além da triagem das inscrições por parte do DESED, muitas vezes o funcionário não consegue a liberação por parte do seu superior. A avaliação dos alunos prevê reprovações. Ao fi nal, são submetidos a um teste que os classifi ca em três níveis. O nível A abrange os que obtêm nota acima de setenta e cinco por cento (75%) de acertos. O grau B é formado pelos conceitos entre setenta e cinco e cinqüenta por cento (75% a 50%) e o C é para quem obtém escores abaixo de cinqüenta por cento (50%). Aos que não alcançam nota mínima, é concedido um atestado de freqüência. Após oito horas diárias em treinamento, os alunos recebem extenso material para estudos e atividades extra-classe. Matérias complexas preocupam os alunos, prin- cipalmente os que não cursaram o nível superior ou aqueles que estão distan- ciados dos bancos escolares. Disciplinas como Organização e Métodos, Análises Econômicas e Métodos Quantitativos são consideradas as mais difíceis. Não obter aprovação, para a maioria, é percebido como algo pouco honroso e um estigma para a carreira. Há, no entanto, uma segunda oportunidade para os alunos que não obtêm o nível A. Eles podem realizar novo teste. De qualquer forma, realizar o curso é um distintivo para os gerentes. Na própria sede do DESED, na Avenida Rio Branco, n° 120, os alunos do curso recebem deno- minação especial. São chamados pelo apelido de “cipadianos”.

Terra em Transe, de Ponteio, de Edu Lobo e Capinam, Glauber Rocha, funda o vence o Festival da MPB.  Cinema Novo. 1967 1967 56 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

O curso tem tom ritualístico, carimba o passaporte do gerente para nova realidade. No Banco, não há ainda um quadro interno estruturado de educadores, mas pelo nível de qualifi cação do corpo funcional, notadamente dos que chegam a cargos elevados, há esforço do DESED no sentido de incluir esses funcionários no rol de professores que ministram matérias nos cursos. No CIPAD, das oito disciplinas, apenas três são ministradas por professores vindos de instituições de ensino. A contratação externa, no entanto, é vista como forma de trazer para o departamento contribuições das universidades que se destacam nos estudos de Administração no País. Na abertura ou no encerramento dos cursos, há sempre um ministro de Estado. A presença de representante do governo, além de prestigiar o evento, acompa- nha o processo de formação. O governo quer manter as políticas do Banco afi - nadas às diretrizes do País. Nas aulas inaugurais, os ministros reforçam o papel do Banco como alavanca na mobilização da sociedade brasileira para o desen- volvimento econômico. Conclamam os presentes a desenvolverem habilidades institucionais, imprescindíveis à obtenção de uma percepção global da realidade da instituição e de sua conexão com o progresso do País. O CIPAD é um emblema na história do DESED. Pelo menos a primeira dé- cada da existência do departamento está ligada, profundamente, à realização desse curso.

Trabalho pedagógico – passos iniciais No incipiente departamento, os funcionários nomeados para atuar na área de educação, além de exercerem suas funções na carreira administrativa, são cha- mados de professores. Não existe ainda, na empresa, terminologia pedagógica própria instalada. É comum chamar esses funcionários ou professores convida- dos, de “lentes”. É honroso para o funcionário ser nomeado pelo termo, pois sente-se destacado pelo seu alto nível de erudição. O exercício da prática educa- tiva confere prestígio a esses funcionários. O DESED ainda não estabelecera pressupostos ou linha metodológica que de- marcasse um método de ensino. É facultada, a cada professor, a escolha dos

Encenada, no Teatro Aldemir Martins pinta a Ofi cina, a peça O tela Mariana. Rei da Vela. 1967 1967 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 57

procedimentos didáticos, desde que guardem consonância com os preceitos da organização. As disciplinas são abordadas “tendo em vista a natureza de cada uma”. Geralmente, são associadas aulas teóricas com aplicações práticas na pró- pria sala de aula. A metodologia é empírica, baseada na experiência didática dos professores. São utilizados estudos e discussão de casos práticos para solução de problemas pro- postos. O objetivo é exercitar os alunos em aptidões inerentes aos desafi os das funções diretivas, com ênfase no processo de tomada de decisão. É plausível falar num método teórico-prático voltado para motivar e ajudar o treinando a exercitar o raciocínio sistemático para aplicação nas questões concretas da realidade. Alguns debates são introduzidos para trabalhar a desenvoltura na ex- pressão oral dos gerentes. Mas não se pode dizer que a prática pedagógica é baseada num método de en- sino socializado. O ambiente convencional vigente no Banco, marcado pelos signos de hierarquia, a despeito do estilo mais liberal de alguns professores, é reproduzido em sala de aula. A visão de homem, implícita na nascente prática educativa institucional, é am- parada nas abordagens didáticas tecnicistas mescladas com práticas da escola tradicional. A teoria behaviorista de Skinner, psicólogo comportamentalista, à época professor da Universidade de Harvard, inspira as tentativas de inovação da escola brasileira. Segundo os defensores da teoria, os métodos baseados no controle e na moldagem do comportamento são compatíveis com o tipo de ensino voltado para compensar o atraso tecnológico do País. Apesar das contri- buições da teoria skineriana à educação, que assimila muitas técnicas de ensino baseadas no método comportamentalista, a ênfase do ensino, na referida teoria, presta-se, com propriedade, sobretudo à educação conservadora.

Depois do começo A ação do departamento avança. Em 1967, 1.542 caixas executivos tinham sido treinados e mais de novecentos funcionários haviam participado do seminário sobre o Sistema de Atendimento Integrado.

Paulo Mendes Campos Inaugurado o Teatro Castro Alves, escreve A Hora do Recreio. em Salvador.  1967 1967 58 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Nesse mesmo ano, o presidente Costa e Silva autoriza o ingresso, via concurso público, de mulheres no quadro de funcionários do Banco do Brasil. Esse fato é um divisor histórico para a instituição. Seus ritos, processos administrativos e humanos, acostumados ao jeito masculino de administrar e trabalhar, precisa- rão integrar o trabalho feminino. Depois de Manoel Salek, é Admon Ganem, que em 1967, assume a chefi a do DESED. Passado o momento da instalação do departamento, o desafi o é disseminar a cultura do treinamento institucionalizado, dos cursos regulares, numa época em que muitos chefes ainda consideravam que o simples estudo dos manuais internos de instrução seriam capazes de preparar os funcionários para exercer suas diversas funções. O DESED ainda é sediado no Rio de Janeiro, quando em janeiro de 1971, o CIPAD passa a ser realizado em Brasília. Só em janeiro de 1973, o departamento passa a funcionar no Distrito Federal, no sétimo andar do Edifício Sede I. Dali, em 1974, vai para o recém-inaugurado Edifício Sede II. O País vive o “milagre econômico” e o Banco acompanha a dinâmica nacional. O slogan Tradição que se Moderniza encerra a renovação que a empresa cons- trói no seu jeito de atuar e mostrar-se à sociedade. Predomina, na formação profi ssional, o discurso da coesão interna, da produtividade, da modernização tecnológica e da administração científi ca ancorada nas teorias administrativas de Frederick Taylor e de Henri Fayol. Planejar, comandar, organizar, controlar e comandar são palavras de ordem. Na primeira metade dos anos 1970, o Banco, transformado pelos efeitos da Lei da Reforma Bancária de 1964, continua uma empresa sólida e o grande executor da política creditícia, graças, em parte, ao mecanismo da Conta de Movimento. O DESED, por sua vez, avança no trabalho de capacitação. O Curso para Caixa Executivo – CAIEX e o Curso para Coordenadores do Sistema de Atendimento Direto e Integrado – COORD são fundamentais na implantação da nova siste- mática de atendimento. Até 1974, o DESED realiza 673 eventos, dos quais já haviam participado 20.709 funcionários de um total de aproximadamente 50.000. Nessa primeira fase, a formação profi ssional caracteriza-se pela realização de cursos isolados.

A música de Hermeto Paschoal, Rubem Braga lança A Traição O Ovo, é gravada no disco do das Elegantes. grupo Quarteto Novo. 1967 1967 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 59

Inexiste um programa de formação integrado. Apenas a separação dos cursos por segmentos. No período, as matérias da Revista DESED, da qual trataremos logo adiante, exaltam a educação como saída para os problemas dos países subdesenvolvidos. A noção da educação como redentora, como alternativa para sanar as desigual- dades, é trabalhada em análises que se limitam às dimensões instrumental e econômica dos fatos sociais. A perspectiva política fi ca fora dessas refl exões. Não é para menos; durante o governo de Arthur da Costa e Silva é assinado o Ato Institucional n.º 5, que vigora até 1978. Esse é o mais abrangente e autori- tário de todos os atos institucionais. Na prática, revoga os dispositivos constitu- cionais de 1967 e reforça os poderes do governo. O exílio político e as prisões deixam o País, que já sofria os efeitos do histórico nível de analfabetismo e da baixa escolaridade, ainda mais pobre de intelectuais e cientistas. Como ocorre com a população do País, muitos funcionários do Banco são vítimas da opressão. Matéria veiculada na Revista DESED, em 1969, tem como reportagem de capa, a manchete: “Onde estão nossos cientistas”. Os articulistas, possivelmente, res- pondem, de forma moderada, à pergunta que reverbera do seio da sociedade.

A Revista DESED A recém-criada área de educação no Banco precisa ter repercussão institucional. Para tal, é indispensável um veículo que dissemine as políticas e práticas do de- partamento. A chefi a do DESED, indo ao encontro dessa necessidade, lança a Revista DESED, que passa a ser um instrumento para legitimar e consolidar a atuação de um setor tão distinto dos demais que compõem a organização. O veículo de comunicação fi ca sob a responsabilidade da Divisão de Relações Internas do departamento – RELIN. O periódico divulga os valores organiza- cionais e o papel do treinamento como fator de modernização e transformação cultural na empresa. Algumas matérias veiculadas na revista difundem, no âm- bito interno, a atuação do Banco na sociedade brasileira.

Geraldo Vandré defende Pra Não Clementina de Jesus lança  Dizer que Não Falei das Flores no o LP: Marinheiro Só. III Festival Internacional da Canção. 1968 1968 60 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

O número inaugural do informativo circula no primeiro trimestre de 1966 e o último, em junho de 1979. O funcionário Márcio Cotrim é um dos idealiza- dores da revista. Com linguagem simples e informal, o veículo de comunicação serve na media- ção entre a direção geral e o funcionalismo. Publica matérias que exploram múl- tiplos assuntos. Divulga as iniciativas da empresa e temas de interesse dos fun- cionários. Matérias especializadas sobre Economia, Administração, Literatura e atualidades fazem o cardápio do periódico distribuído a todos os funcionários. O alcance da Revista DESED é amplo. Chega às diversas regiões do País. Sua distribuição para instituições da sociedade, inclusive universidades e escolas, é vital para a consolidação da marca do departamento. A divulgação extrapola as informações da área de educação. A chegada da revista é ansiosamente aguardada pelos funcionários, principal- mente nas agências localizadas em lugares menos providos de fontes de infor- mação, cultura e entretenimento. A sessão que destaca o desempenho de fun- cionários da casa nas artes, ou que divulga suas aptidões e realizações, é um dos motivos do sucesso do periódico. O departamento se apropria, de forma competente, da potencialidade do veí- culo como mecanismo de preservação e, também, de transformação cultural. A revista ajuda a sedimentar a idéia de que há um compromisso do Banco com o desenvolvimento do País e que o trabalho do funcionalismo é importante con- tribuição para que a empresa possa atingir esse fi m. É plausível afi rmar que a revista tem alcance além do que se propôs, na ori- gem. É semente das práticas de educação a distância que, adiante, será sobeja- mente utilizada na instituição. Funciona como um complemento à educação em sala de aula. Como o treinamento, na maioria das vezes, só alcança o segmento gerencial, a revista tem papel importante para disseminar os valores e intenções organizacio- nais. O informativo destaca-se na difusão rápida e homogênea das informações.

Estréia do fi lme Macunaíma, Elis Regina grava baseado na obra de Mário Madalena, de de Andrade e estrelado por Ivan Lins. 1969 Grande Otelo e Paulo José. 1970 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 61

Até hoje, funcionários guardam a coleção completa da revista. Alguns de- fendem a volta do periódico, alegando que seus sucedâneos não lograram a mesma repercussão. Um ano antes da extinção da Revista DESED, em 1978, há o lançamento do Boletim de Informações ao Pessoal – BIP. Um pequeno informativo quinzenal. Bem menos pretensioso que a Revista DESED, o periódico publica relatos lite- rários de funcionários do Banco, na coluna “História não escrita”. A sessão tem ótima repercussão, recebe muitas contribuições dos funcionários para publica- ção. Traz, ainda, artigos e informações sobre as entidades do funcionalismo e notícias sobre atividades de seleção e treinamento desenvolvidas pelo DESED. O BIP n.º 463 circula em dezembro de 1993. É o último jornal da série sob a responsabilidade do departamento. A partir daí, passa a ser desenvolvido pela Secretaria Executiva de Comunicação.

Rumo a uma fi losofi a de educação É preciso que entendam que a formação é permanente. Não existe for- mação momentânea. Formação do começo. Formação do fi m. Forma- ção é uma experiência que não pára nunca. Paulo Freire

Na década de 1970, o departamento cresce em importância. É preciso atrair mais pessoas para enfrentarem os desafi os e tarefas da área. O DESED vai se conso- lidando como agência educacional. Mas as dimensões do Banco tornam mais complexas as tarefas de capacitar e selecionar pessoas. Faz-se necessário ampliar o escopo da capacitação profi ssional. Alguns funcionários trabalham o tema rela- ções humanas nos cursos do Banco. Entre eles: Antônio Carlos da Rosa, Horley Teixeira Luzardo, Jorge Roux, José Ruiz Talhari, Oscar Capello, Túlio Sequeira Rolim e Walter Ribeiro. Esses educadores são pioneiros, antecedidos apenas pelos fundadores do DESED que ministram disciplinas ligadas à operação bancária. Na medida em que as pessoas conhecem as soluções educacionais criadas pelo departamento, a demanda cresce exponencialmente. É preciso agregar mais pes- soas ao trabalho de projetar e realizar a educação institucional e assim tornar mais efetivo e amplo o alcance de suas ações.

Gilberto Gil grava A clássica Apareceu a Margarida, Expresso 2222. do dramaturgo Roberto Athayde,  encanta os palcos brasileiros. 1972 1973 62 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

É nesse momento, em 1975, que é realizada seleção interna em nível nacional para ampliar o quadro de instrutores de Relações Humanas e Grafoscopia. São selecionados e chamados a participar dos cursos de formação: Alir Poletto, Ana- cleto Vasconcelos, Ana Liési Th urler, Antônio Gonçalves de Oliveira, Daltro Gomes da Silva, Élcio da Motta Silveira Bueno, Francisco José de Oliveira, José da Silva Leal, Luiz Carlos Peres, Luiz Carlos Teixeira, Luiz Jorge Mir, Nancy Maria Della Santa Coneglian, Olívio Raimundo da Silva, Octávio Ferreira de Assis, Renato Cabral, Romero Azevedo. O DESED realiza a seleção em junho. As regras estabelecem que os funcioná- rios escolhidos devem permanecer lotados nas suas bases de trabalho e, quando necessário, sejam chamados a entrar em sala de aula. Depois de formados, os novos instrutores participam do curso “Dinâmica de Grupo no Lar, na Empresa e na Escola”, ministrado pelo professor Lauro de Oliveira Lima, pioneiro do método pedagógico baseado na teoria da psicogê- nese de Piaget. O autor alcança profunda repercussão no grupo. A importância da interação dos grupos no processo de ensino-aprendizagem e o uso do méto- do do ensino socializado são alguns dos aprendizados. Seu livro “Dinâmica de Grupos” passa a compor o referencial teórico que baliza as práticas educativas do DESED. O grupo tem visão educacional alinhada à posição pedagógica libertadora e humanista. Alguns instrutores são fundamentais para estabelecer rumo fi losó- fi co ao trabalho educativo. Entre eles, Ana Liési Th urler, Jorge Roux. Eles se destacam entre os que trabalham para fi rmar princípios e diretrizes que propor- cionem uma educação de base humanista no DESED, enfi m, para estabelecer uma fi losofi a de educação para o Banco. Do esforço do grupo resultam os três pressupostos fi losófi co-educativos, que demarcariam as visões de homem e de mundo a concretizar-se na prática pe- dagógica dos educadores da instituição. Primeiro, o homem é visto como ser situado. Datado. Localizado. Portanto, a prática pedagógica deve levar em conta a marca existencial dos educandos. Respeitar culturas, considerar saberes oriun- dos das experiências do aprendiz. O segundo credo prega que o homem é ser de consciência. Capaz de analisar e refl etir sobre sua condição existencial. O

Dorival Caymmi grava o Miltom Nascimento disco O Mar. grava o disco Minas. 1974 1975 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 63

terceiro pressuposto inscreve uma visão do homem como ser de liberdade, capaz de fazer escolhas e agir no contexto histórico-social. A assunção desses pressupostos é fundamental para humanizar a trajetória da educação no Banco. Ousadia num momento político marcado pela opressão. Um ultraje pronunciar as palavras liberdade e consciência, no tempo em que o País está marcado pela semântica da vigilância, do controle, da obliteração da autonomia. Mas a semente germina. Depois disso, mesmo em momentos de retrocesso de aspectos das relações institucionais, a trindade preceitual, que encerra um dis- curso afi rmativo rumo à autonomia e à humanização, favorece a adoção de prática pedagógica alinhada a princípios democráticos.

Educação permanente O domínio de uma profi ssão não exclui o seu aperfeiçoamento. Ao contrário: será mestre quem continuar aprendendo. Pierre Furter

Em dezembro de 1975, é promulgada a lei 6.297, regulamentada pelo decreto 77.463, de 20.4.1976. A lei oferece possibilidade de dedução do lucro tributá- vel do dobro das despesas de custeio e investimentos, comprovadamente reali- zadas, na data-base, em projetos de formação profi ssional. A nova legislação impacta, de imediato, a política de capacitação. Há um incre- mento das ações para ampliar e diversifi car as atividades para atendimento da massiva necessidade de formação do pessoal do Banco. Na esteira da novidade, em 1976, o funcionário Vicente da Costa Alves é con- vidado pelo então presidente do Banco, Ângelo Calmon de Sá, para chefi ar o departamento. O novo chefe já era funcionário da área, onde ingressara em ou- tubro de 1966. Antes de assumir o posto, exerceu funções de assistente técnico e de auxiliar nos trabalhos administrativos. Era também instrutor na área de Re- lações Humanas, fez estágio na Sorbone e havia concluído o curso de Psicologia Industrial, na Saint Cloud. Entusiasmado com o desafi o, ele traz inovações para

Leci Brandão grava o seu primeiro LP, Antes Que lança o livro Poema  Eu Volte a Ser Nada. Sujo. 1975 1976 64 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

a área. O diretor de recursos humanos, Olyntho Tavares de Campos, solicita- lhe a elaboração de nova política de treinamento para o Banco. O objetivo é aproveitar as vantagens da legislação para incrementar a capacidade produtiva do departamento. Assim, é implantado o Programa de Formação Permanente, inspirado no pen- samento utópico do francês Pierre Furter. O pensador acena, à época, com o papel da educação no processo de inovação e, até hoje, é referencial teórico dos que estudam o assunto. O programa apóia-se, também, na teoria do fi lósofo e pedagogo francês Gaston Berger. Primeiro pensador a usar a palavra “pros- pectiva” em sua obra “A Atitude Prospectiva”, de 1957, o fi lósofo é igualmente preocupado com a inovação e a necessidade da educação contínua. Com a nova política de formação, a predominância de conteúdos acadêmicos dos primeiros cursos realizados no DESED é substituída por orientação mais pragmática. Na crítica dos avaliadores, as ações de formação contemplam prio- ritariamente os comissionados de execução e o segmento de gerência. Poucos cursos destinam-se aos funcionários de execução, não-comissionados. A distri- buição das oportunidades de capacitação, pelos diferentes níveis, objetiva ajudar a formação gradativa do funcionário e prepará-lo na construção da carreira. Há uma reorganização estratégica dos cursos. O planejamento global, tendo como eixo operacional a modularização dos treinamentos, é a grande inovação. O objetivo é dar agilidade e ajustar o trabalho do DESED às reais necessidades de capacitação, com forte vinculação aos serviços. O treinamento em módulos e o alinhamento dos cursos em segmentos, segun- do a Diretoria de Recursos Humanos – DIREC, permitem que a formação profi ssional se ramifi que por todos os níveis funcionais, do básico até a alta administração. Para construção dos módulos, é realizada análise das situações de trabalho. A Encarregadoria de Desenvolvimento de Programas do DESED – ENDEP, elabora os programas de treinamento. Mas só é possível iniciar o trabalho, depois de estabelecidas as prioridades pelo colegiado do Sistema de Formação de Pessoal.

Vinicius de Moraes grava o Sai a 6ª edição do livro Um Quarto disco Deus lhe Pague. de Légua em Quadro, do escritor gaúcho Assis Brasil. 1976 1976 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 65

A agilidade dos processos é difi cultada pelo fl uxo burocrático da estrutura organizativa do departamento. À época, a ENDEP é formada pelo Setor de Planejamento – SEPLA, pelo Setor de Formação e Atualização de Instrutores – SEFOR e pelo Setor de Audiovisual – AUDIO. Mas, apesar dessa estrutura, quem faz o levantamento das necessidades de treinamento é a Encarregadoria de Informação e Análise – ENFOR. É um longo caminho administrativo a percorrer até a concretização do módulo. O modelo de sistematização é alicerçado nos seguintes instrumentos: o Catálogo Geral de Formação Profi ssional e o Mapa Semestral de Levantamento de Necessidades de Treinamento. O “Catálogo” é um documento auxiliar dos serviços. Orienta as unidades do Banco e funcionários no cumprimento das disposições contidas na Política de Formação de Pessoal. É chamado, costumeiramente, de “CIC Branca”, em virtude de a sua encadernação fugir ao padrão normal de coloração azul, característica dos manuais de instruções da empresa. Realizado o levantamento das necessidades de treinamento, o resultado é reme- tido às unidades de seis em seis meses. As dependências fazem a análise de suas necessidades e indicam a quantidade de módulos. O DESED analisa os pedidos e os defere, quando é o caso. O deferimento já indica em qual centro de forma- ção o funcionário será treinado. Em 1977, a formação dos caixas começa a ser discutida. O Curso para Cai- xa Executivo – CAIEX é uma ação massifi cada, dirigida a segmento amplo. Em conseqüência, a partir de 1980, o CAIEX começa a ser realizado de forma mista. Parte no Centro de Treinamento e parte na agência, que passa a dar con- tribuição importante no processo de preparação dos novos caixas. O primeiro momento é realizado nos Centros de Treinamento do DESED e tem duração de oito dias. A segunda etapa é realizada in loco. O Relatório Parcial das Atividades do DESED, no 1º semestre de 1977, explica que as transformações feitas a partir de 1976 são frutos da avaliação realizada pela equipe do novo gestor do departamento. O diagnóstico mostra que o DESED apresentava difi culdades para acompanhar o progresso verifi cado na empresa. A estrutura administrativa do órgão, criado em 1965, precisava de reformas.

Alaíde Costa lança o disco Publicação de Seminário  Coração. dos Ratos, de Lygia Fagundes Telles. 1976 1977 66 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Em 1978 são criados os cursos de Contabilidade – CONTA 1 e o curso de Comunicação e Expressão – COMEX. São concebidos, também, o curso Princípios de Administração e outros voltados para a carreira técnico-científi ca. Esse ano marca, também, o estabelecimento de uma base fi losófi ca para a educa- ção institucional. Pressupostos que demarcam a visão de homem e de mundo, a desenhar a prática pedagógica e que, ainda hoje, ajudam a compor os princípios fi losófi cos da educação corporativa. Outra signifi cativa contribuição oriunda do Programa de Educação Permanente é o esforço para pensar e sistematizar a formação dos instrutores. A preocupação é cristalizar um referencial teórico que dê suporte à pedagogia da empresa. À época, os instrutores já são reconhecidos como formadores de opinião e como agentes com importante papel institucional. O Programa de Educação Permanente rende importantes frutos. Há avanços na democratização do treinamento e as ações educativas mostram sintonia com a busca da efi ciência pelo Banco. Há esforços no sentido de dar prevalência ao fator humano. Em agosto de 1980, um balanço demonstra que o DESED, em 15 anos, já havia capacitado mais de 113.000 funcionários.

Relações Humanas – a contradição ... E não me peça que eu mate o moleque que mora comigo ele é feito de barro é meu lado bandido é meu lado palhaço é meu lado doído. Alceu Valença e Carlos Fernando

O DESED precisa aumentar o contingente de instrutores para dar conta da crescente demanda. Assim, em 1981, uma seleção elaborada pela RESEL, clas- sifi ca cem candidatos. Dentre os selecionados, 64 são aprovados no processo de formação pedagógica, que também é seletivo. Fazem parte da primeira turma: Antônio Sérgio Riede, Braulina Nunes de Andrade, Deolinda da Conceição Gouvea, Fidelcino Souza Bomfi m, Geszer Pires de Camargo, Guilherme Sou- za Magalhães, José Antônio dos Santos, Josenilto Carlos de Mendonça, Luiz Oswaldo Sant’Iago Moreira de Souza, Maria Albeti Vieira Vitoriano, Maria da Glória Silvestrin Zanon, Nilda Cáceres, Romildo Gouveia Pinto, Roque Tadeu Gui, Valdir Flávio Ferraz de Campos, Valter Ivo Rostei Gonçalves.

Elba Ramalho participa da Wagner Tiso lança o montagem da peça A Ópera do primeiro disco solo. Malandro, de Chico Buarque. 1978 1978 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 67

A acomodação dos novos é realizada com alguns tensionamentos. No grupo já instalado na área, há oposições entre as visões teóricas. Um embate entre soció- logos e psicólogos anima as refl exões sobre a centralidade no indivíduo versus a preponderância nos aspectos sociais na educação. A querela presente na formação acadêmica resiste e os psicólogos querem dar ênfase ao indivíduo. Mas, “e o social?”, perguntam os sociólogos. No entanto, as discussões são imprescindíveis, em função das contradições entre a prática que o grupo luta por instalar e a tradição pedagógica vigente no País. A concepção didática ainda não tem nítida defi nição teórica. A fi losofi a pedagógica implícita na prática que vigora, até então, integra visões teóricas que nem sempre conver- sam entre si. O ecletismo continua. A pedagogia desediana apropria-se, por exemplo, de idéias do pensador Álvaro Vieira Pinto, fi lósofo que defende uma abordagem histórico-antropológica da educação, com ênfase na importância pedagógica das relações de poder e confl i- to na sociedade. Ao mesmo tempo, adota a idéia da pessoa como centro, do psi- cólogo Carl Rogers, que preconiza a centralidade do processo de individuação. No grupo que chega, alguns funcionários têm formação pedagógica. O fato é im- portante por dois motivos: primeiro, amplia o aporte de conhecimentos didáticos no departamento; segundo, tem papel fundamental na moderação do debate que anima psicólogos e sociólogos. Os pedagogos contribuem para mostrar a impor- tância de psicólogos e sociólogos no processo pedagógico, sempre plural. Mas o embate se dá apenas em torno das idéias. As pessoas do grupo têm visão libertária e constroem forte identidade como vanguarda numa empresa ligada ao governo. Há certo arrojo na atuação do pessoal de Relações Humanas que traz na bagagem textos de Rubem Alves e insere a pedagogia de Paulo Freire no material didático que eles mesmos elaboram. As propostas didático-pedagógicas disseminam prá- ticas democráticas. Explicita-se a contradição. Autores libertadores numa prática pedagógica institucional que deve funcionar de acordo com as regras do País. Mesmo assim, enfrentando resistências, o grupo, ao planejar e ministrar os cur- sos, explora textos do fi lósofo Álvaro Vieira Pinto e do educador Paulo Freire. Esses pensadores levam à prática pedagógica do departamento as sementes da educação de adultos baseada na visão histórico-social. O conceito de práxis, pilar das teorias de Gramsci e Paulo Freire, também é trabalhado na formação dos instrutores.

Café da Manhã faz Fagner vence o Festival MPB  sucesso na voz de com Quem Me Levará Sou Eu, Roberto Carlos. de Dominguinhos e Manduka. 1978 1979 68 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

O grupo de RH vai conquistando espaço e estimulando a refl exão sobre a prá- tica educativa, cria horizontes para a educação crítica e constitui o embrião do que mais tarde comporia o núcleo responsável pela formação pedagógica dos instrutores. Além da turma de RH, outros grupos, mesmo atuando em temas diferentes do âmbito das Ciências Humanas, contribuem para a construção de práticas pedagógicas que reafi rmam o ambiente de sala de aula como espaço democrá- tico e de construção do conhecimento. Podemos citar, como exemplo, o grupo que ministra as disciplinas ligadas à área econômica. Esses instrutores atuam intensamente no Curso de Formação Básica para Gerentes, trabalham de forma integrada aos instrutores que ministram Relações Humanas. O grupo de Economia ampara suas análises econômicas, em especial, na visão estruturalista. Os debates são fomentados nas aulas e consolidam a formação de um pensamento econômico que extrapola as lições de economia. Realiza reuniões de estudo. O resultado das discussões serve, inclusive, de subsídio ao Projeto da Reforma do Sistema Financeiro Nacional, para a Constituição de 1988. Entre os instrutores pioneiros, podemos mencionar Fernando Medeiros, conhecido por Fernando Jaburu, Fernando Moisés Mualem, João Alfredo Leite Miranda, José Branisso, Nemésio Altoé, Orlando de Menezes Tunholi, Paulo Elias Chediak, Vanderley Campos, Vanderlei Alves Moitinho, Waldemar Alvarenga Denser, Wilson Correia.

Novas diretrizes O início da década de 1980 é marcado pela exacerbação da chamada “crise do milagre”. Assim é que é chamado o momento que sucede à fase do “milagre brasileiro”. Momento que registra taxas inéditas de crescimento econômico, em declinio a partir de 1973 e marca o início da escassez do petróleo. A diminuição da oferta do combustível tem repercussão nas economias da América Latina. O refl exo da crise mundial atinge o Banco de modo signifi cativo. Medidas econô- micas imprimem necessidade de conter a expansão da base monetária. Como conseqüência, o Banco reduz as aplicações no setor produtivo, o que contribui para aprofundar o quadro recessivo no País.

Lançamento do LP No Tom Jobim grava Pagode, de Beth Carvalho. o long play Urubu. 1979 1979 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 69

Reconhecido como a máquina efi caz, entre as instituições do governo, o Banco é historicamente chamado para implementar soluções de interesse nacional. Os compromissos do Banco com o esforço do governo para atravessar o momento impõem tarefas cruciais. O Banco é instado a enfrentar desafi os como: expansão da fronteira agrícola, fi xação do homem no campo, aporte fi nanceiro à produção industrial, incentivo ao desenvolvimento de tecnologias, apoio às pequenas e médias empresas, redução das desigualdades regionais e captação de recursos externos. O quadro traz implicações. No esforço amplo da instituição, a área de educação ganha importância estratégica na mobilização de atitudes e no trabalho de capa- citação dos funcionários para os desafi os que a roda do tempo traz. Começam os programas de desenvolvimento em massa. A ação é embasada na busca de efi ciência nos serviços, efi cácia operacional, produtividade, concorrên- cia e atendimento. A preparação do pessoal incorpora a nova linguagem. O sucessor de Vicente da Costa Alves é Paulo Rubens Mandarino. Na sua ges- tão, a ação educativa passa por processo de estudo para racionalização das ações. O referido exame do sistema de capacitação tem como referência, três dimen- sões: a análise do indivíduo, da organização e do posto de trabalho. O objetivo é estruturar programa básico de formação para um desempenho funcional efi caz. O estudo produz o documento: “Sistema de Educação e Capacitação de Pesso- al” que traz uma proposta cuja meta prioritária é a ampliação da capacitação, via descentralização do treinamento e a implantação de programa de reciclagem para atendimento das carências comuns a cada região. A educação na empresa utiliza terminologia didática atrelada à semântica da prática industrial. Os cursos que “estão na prateleira” são chamados “cursos de linha”. O paralelismo da gramática pedagógica utilizada, com o vocabulário empregado no chão de fábrica, não é à toa. O departamento precisa intensifi car a “produção” de cursos. Tudo colado à realidade socioeconômica do País. Em- balado pela busca de competitividade industrial e alinhamento ao movimento econômico mundial.

Menino Maluquinho, de Ziraldo, Milton Nascimento lança o disco ganha o prêmio Jabuti. Sentinelas. A música Coração de  Estudante faz grande sucesso. 1980 1980 70 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

A preocupação com os custos da capacitação continua. Em 1985, o departa- mento é chefi ado por Maurício Teixeira da Costa. Nesse ano, há um estudo pro- fundo para alinhar as ações de treinamento a um sistema racional de projeção, controle e uso de custos para minimizar despesas destinadas à capacitação. Tal dinâmica leva à composição de equipe matricial, em 1985, para um diag- nóstico das práticas e políticas do DESED. A avaliação detecta certo distancia- mento entre a política de formação em andamento e a realidade organizacional. Sinaliza urgência para rever as estratégias do departamento e estabelecer dire- trizes para a capacitação. O trabalho de elaboração desses princípios parte de análises do País, dos recursos humanos e do próprio Banco. Chega a “Nova República”. Tempos da redemocratização do País, acenada na eleição de Tancredo Neves para presidir a nação, ainda que eleito por voto in- direto. A morte de Tancredo, antes da posse, leva ao poder José Sarney. O novo presidente o assume num quadro agudo de infl ação e de difi culdades com a dívida externa. A meta do governo é implantar política econômica de combate à infl ação. Há um quadro de recessão e crise. Nessa conjuntura, os responsáveis pelo diagnóstico do DESED traçam, no se- gundo semestre de 1985, linhas gerais orientadoras de nova política para pre- paração do pessoal. É preciso responder aos sinais que o cenário econômico- fi nanceiro envia. Já estão longe os primeiros passos rumo à automação bancária. Em 1940, é realizado o primeiro estudo para mecanizar os serviços no Banco. Contudo, até 1945 ainda não existe na empresa um plano ou programa geral com essa fi nalidade. Em 1958, é criado o Serviço de Mecanização Geral. Em 1967, a estrutura organizacional já é planejada prevendo a implantação de serviços de alta mecanização. Nesse ano, Celso Albano Costa, então chefe do DESED, apresenta, na Organização Internacional do Trabalho – OIT, um trabalho sobre automação no Banco. Essa digressão permite visualizar, num fl a s h , alguns marcos do Banco no traba- lho em direção à automação. A tecnologia de base microeletrônica, introduzida no início dos anos 1960, modifi ca os requisitos de qualifi cação do bancário. Os centros de processamento mudam a rotina administrativa e os modelos de gestão dos bancos. Esta tendência avança nos anos 1980, com a implantação de

Eles não Usam Black Tie, de Luiz Gonzaga e Gianfrancesco Guarnieri, é Gonzaguinha gravam sucesso de crítica. juntos Vida de Viajante. 1981 1981 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 71

sistemas on line proporcionados pela automação. As agências podem se interli- gar em tempo real. Na metade da década de 1980, a automação de retaguarda permite interconectividade em rede, modelo segundo o qual todas as unidades são ligadas a um computador central, que realiza o processamento. Nesse quadro, o Banco precisa compor um parque tecnológico para acompanhar a evolução do mercado, compensar as perdas de participação no sistema fi nanceiro e incrementar a capacidade do pessoal para lidar com as novas tecnologias. As diretrizes elaboradas pela equipe matricial para a nova política de formação visam o desenvolvimento do quadro funcional em direção à percepção clara da realidade brasileira, ao comprometimento e vinculação de suas ações aos objeti- vos nacionais, buscam também estimular o gosto pela inovação e pelos desafi os e elevar a motivação para o trabalho. Nesse sentido, os recursos humanos da empresa são colocados como o principal patrimônio. As diretrizes valorizam a organização participativa como fator para o exercício da autonomia. O foco é o desenvolvimento do autocontrole e o au- todesenvolvimento das pessoas e equipes. Do ponto de vista político-pedagógi- co, a proposta de formação traçada a partir de 1985 não se diferencia muito da de 1977. O que distingue as duas proposições é a perspectiva estratégica, com a ênfase, dada pela nova política, à necessidade de capacitação voltada para a ambiência externa. A empresa precisa “oxigenar-se”. Educação para o trabalho, essa é a visão de qualifi cação implícita nas novas dire- trizes. O objetivo é o aprimoramento profi ssional aliado ao social. Na perspec- tiva fi losófi ca, o trabalho é tomado, pelo menos teoricamente, como princípio educativo, pela sua centralidade como fator de produção de saberes. É visto como fonte de integração do funcionário à coletividade. As novas diretrizes reeditam os pressupostos educacionais e fi losófi cos fi rmados em 1977. O referencial teórico anterior continua, ampliado, porém, pela inclu- são de temas como criatividade e habilidades de gestão. As diretrizes pretendem que as ações de desenvolvimento do pessoal devem focar além do aprimoramen- to de conhecimentos e habilidades. A formação deve promover a capacidade de enfrentamento de situações novas e de entendimento da operacionalização das orientações decorrentes das mudanças. A nova política é adotada em janeiro de 1986, após vinte anos de criação do DESED.

O grupo Fundo de Quintal Maria Bethânia grava o LP Ciclo.  grava o disco Samba é no Fundo de Quintal. 1981 1982 72 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Plano de desenvolvimento gerencial A política de formação do pessoal pretende avançar na instituição de um pro- cesso de capacitação global e contínuo. Nessa direção, em agosto de 1980 é lan- çado o Plano de Desenvolvimento para Gerentes – PDG. O objetivo é trabalhar o conceito de efi cácia gerencial. Entre as ações do plano, está o Programa de Leitura Dirigida que consiste na publicação de pequenas cartilhas com assuntos importantes para a formação gerencial. Estilos de gerência no Banco e as implicações da burocracia para as empresas são exemplos de temas explorados. Como ferramenta para auxiliar na exploração do texto, é utilizada uma fi cha de orientação para leitura, com pro- vocações para que o leitor consiga extrair o máximo que o texto pode suscitar. Outra ação que se insere no PDG é o Curso de Formação Básica para Gerentes que se desdobra em cinco disciplinas. Análise Econômico-fi nanceira, Direito Aplicado, Gerente do Banco do Brasil, Noções de Economia e Relações Huma- nas compõem os conteúdos priorizados na formação. A disciplina Relações Humanas tem importante papel para trabalhar conceitos referentes à liderança, maturação grupal, desempenho de papéis. Enfatiza-se na disciplina, nesse momento, o treinamento dos gerentes para a condução de reu- niões de trabalho, dentro de uma visão mais participativa. A ocasião coincide com a implantação de sistemática de avaliação de desempenho calcada numa visão formativa, o que pressupõe a necessidade de acompanhamento do desem- penho funcional e inserção do diálogo no processo avaliativo. Os temas desenvolvidos objetivam estimular, nos treinandos, habilidades que ajudem na realização de funções administrativas básicas, de acordo com a ad- ministração científi ca: planejar, dirigir, controlar, coordenar. Os conhecimen- tos são direcionados para áreas de interesse imediato do Banco. É necessário conhecer as características da economia regional; conhecer o Banco, seu papel na economia, ter noções de Direito. O curso visa trabalhar atitudes para que a gerência média atue de forma mais efetiva. Dinamismo, poder de decisão, liderança e iniciativa são fomentados como fatores críticos no comportamento gerencial. O momento é bem representativo das mudanças de características costumeiramente valorizadas para a ascensão funcional, como disciplina e co-

João Ubaldo Ribeiro Início do projeto Música pelo publica Viva o Povo Brasil, que leva a Orquestra Brasileiro Sinfônica Brasileira a toda a 1983 1983 Região Sul do País. ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 73

nhecimento técnico. Elas cedem espaço para perfi s mais dinâmicos e agressivos do ponto de vista negocial. Os gerentes que passam pelas salas de aula do PDG aprendem que é preciso “oferecer os mais efi cientes serviços e dispensar o melhor atendimento, destacar os serviços prestados pela qualidade, correção e presteza”. Como disse Machado de Assis, o futuro tem sempre razão. Em se tratando da formação para gerentes de nível médio, os idealizadores do PDG perceberam bem a tendência que o futuro prometia.

Gerência média e formação do pessoal Mestre não é quem sempre ensina, mas quem, de repente, aprende. João Guimarães Rosa

Passados, praticamente, os primeiros vinte anos desde a fundação do DESED, é preciso ampliar as estratégias para capacitação do pessoal. A experiência e a maturidade da área já permitem enxergar que as estratégias para qualifi cação do pessoal não podem depender, unicamente, do sistema educacional da em- presa, via treinamento formal. O segmento de funcionários que exercem cargos de gerência média, por realizarem um intercâmbio mais próximo com os fun- cionários, passa a ser visto como instância hierárquica com importante papel formativo. Para concretizar uma política que viabilize o desempenho dessa função orien- tadora, pela gerência média, é incluída, no Curso Básico de Supervisão dire- cionado a esses comissionados do nível médio, a disciplina Orientação sobre Treinamento em Serviço. O Curso Básico de Supervisão – CBS – é parte de um programa destinado a preparar a gerência média das agências, dos Centros de Processamento – CESEC e da direção geral e constitui pré-requisito para a posse em cargos de supervisão. O curso é desenvolvido em duas fases. A primeira etapa consta de disciplinas que visam desenvolver habilidades e atitudes fundamentais ao exercício das fun- ções inerentes à gerência de nível médio. O conteúdo do curso é composto pelas

Tom Jobim cria trilha sonora Plínio Marcos escreve a peça para O Tempo e o Vento. Madame Blavatsky.  1985 1985 74 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

seguintes disciplinas: Relações Humanas e Públicas, Noções de Administração, Organização e Métodos, Noções de Direito, além de Orientação sobre Treina- mento em Serviço, já citada. A segunda etapa segue o modelo de modularização dos conteúdos que são mi- nistrados de forma isolada. Entre os temas explorados, estão: Comunicação, Grafoscopia, Estatística, Marketing, Processamento de Dados, Noções de Eco- nomia, Finanças, Geografi a Econômica, Câmbio, Comércio Exterior, Análise de Balanços. Alguns desses módulos são abordados com o auxílio dos recursos da educação à distância. A importância da disciplina Orientação e Treinamento em Serviço é fundamen- tal nesse programa. Ela dá ênfase aos aspectos didáticos nas tarefas do supervi- sor. A função pedagógica é valorizada pelo papel dos gerentes de nível médio como agentes que contribuem signifi cativamente para formar os funcionários nas rotinas e serviços bancários. No roteiro do instrutor da disciplina, datado de junho de 1984, um texto afi rma que:

Aos administradores, e em especial, aos supervisores, cabe a indele- gável tarefa de formar seus funcionários nas rotinas e serviços ban- cários, cujos aspectos operacionais estão minuciosamente detalha- dos nos normativos. Os elementos subjetivos devem ser repassados na prática, reforçados pela experiência sedimentada dos superiores hierárquicos.

A disciplina OTS constituirá, futuramente, curso de linha com carga horária maior que as dezessete horas previstas para a sua realização no Curso Básico de Su- pervisão. Segundo relatos, a OTS foi decisivo para que muitos dos seus treinandos viessem a tornar-se instrutores. O curso cumpre seu objetivo: sensibilizar o seg- mento da gerência para a importância de o gerente manter atitude orientadora para cumprir seu papel de agente desenvolvedor do seu grupo de trabalho.

Programa de Pós-graduação no País – PPG A tendência da educação empresarial deve evoluir para o desenvolvi- mento do empregado como profi ssional e ser social, pretendendo mini-

Radamés Gnattali Estréia a peça O Mistério lança o disco Radamés de Irma Vap, dirigida por Gnattali. Marília Pêra. 1985 1986 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 75

mizar os efeitos de uma passagem defi citária pelo sistema educacional, quando esta ocorre, ou instala-se a obsolescência dos conhecimentos e de habilidades necessárias ao campo de atividade produtiva ou das mudanças da área tecnológica. Análise das áreas de capacitação profi ssional das empresas, realizada pela profª Wally Chan Pereira, Doutora em Educação pela UFRJ, no artigo: Contextua- lização da educação na empresa. O trecho analisa o período de 1979 a 1984 e é parte de texto produzido para a Secretaria de Formação e Desenvolvimento Profi ssional em1999.

Na década de 1980, a formação do trabalhador começa a dar ênfase ao conceito de polivalência, ou seja, treinamentos com grande nível de especialização não conseguem formar profi ssionais com qualifi cação ampliada na perspectiva de uma educação geral requerida pela nova realidade. A elevação do nível de co- nhecimento vai se consolidando como exigência. Em meados da década, o País atravessa acentuado período de transição. A reconstrução da democracia reveste a cena nacional com novas dinâmicas institucionais. A busca da produtividade empresarial, a internacionalização do mercado de produtos e a tendência de con- centração dos pólos econômicos internacionalizados sinalizam que as formas tradicionalmente usadas para a capacitação profi ssional precisam ser revistas. No Banco, é preciso aprimorar os critérios de estímulo aos funcionários para ampliação do nível de escolaridade. Assim, em 10.12.1985, a carta-circular 10.662, assinada por Arideu Galdino da Silva Raymundo, institui o Programa de Pós-graduação no País – PPG. O programa estabelece critérios para concessão de incentivos à participação dos funcionários em cursos de pós-graduação no País, nos níveis de mestrado e dou- torado, em instituições brasileiras de ensino reconhecidas pelo Ministério da Educação. As áreas eleitas como de interesse para o Banco, são: Administração, Arquitetura, Contabilidade, Ciências Sociais Rurais, Comunicação, Direito, Economia, Engenharia, Estatística, Informática, Medicina, Serviços Sociais e Zootecnia. A escolha dos bolsistas do programa deverá basear-se em critérios de merecimen- to, compreendido a partir de dois aspectos: desempenho funcional e excelência da instituição de ensino. Cabe ao Banco escolher os temas de pesquisa, dentre

Jorge Aragão lança o Martinho da Vila grava o disco disco Coisa de Pele. Batuqueiro.  1986 1986 76 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

os abrangidos na área de concentração pretendida pelo funcionário-estudante, que se compromete a dedicar-se integralmente aos estudos. O terceiro item do termo de compromisso que o aluno assina ao ingressar no programa chama atenção por ser bem representativo da importância do papel do funcionário do Banco como modelo de retidão e dedicação para a sociedade, por isso, o transcrevemos abaixo:

Conduzir-me de maneira compatível com as responsabilidades de treinando e funcionário do Banco do Brasil, empenhando-me para o melhor rendimento escolar e mantendo atitudes que me reco- mendem socialmente.

O relacionamento do bolsista com o Banco se dá pelo permanente contato com o DESED, via relatórios informativos dos resultados obtidos e compromissos com a entidade escolar. O PPG marca o momento do acirramento da vinculação do nível de escolarida- de ao desempenho profi ssional qualifi cado e de excelência, como bem ilustra o texto a seguir de Neise Deluiz:

Embora a exigência de escolaridade no sistema bancário seja o 2° Grau, é sempre vantajoso para a empresa o nível universitário, na medida em que o conjunto de informações adquiridas e a atitude de “aprender a aprender” possibilitam uma visão sistêmica sobre o con- junto de relações com o ambiente intra e extrabanco, além de am- pliar a capacidade de abstração e adaptabilidade a novas situações.

Fim da Conta de Movimento – impacto Em 1986, o Banco é submetido a novo modelo de relacionamento com o Banco Central e com o Tesouro Nacional. A empresa perde a prerrogativa de movi- mentar valores da Conta de Movimento que o Banco Central mantinha para contabilizar as operações do governo federal. Com ela, vão-se os recursos a custo zero e a garantia de suprimentos para as operações de crédito e para o fi nancia-

Centenário de Villa-Lobos. Todos os Herivelto Martins se apresenta no programas da Orquestra Sinfônica Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Brasileira contam com obras do autor. ao lado de Elizeth Cardoso. 1987 1987 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 77

mento da produção. O fato exige muitas negociações e esforço da direção do Banco para minimizar os impactos da medida. Na época, o presidente Camillo Calazans está à frente da instituição. Com a mudança, o Banco pode praticar as operações, até então realizadas somente pelos bancos comerciais. As instituições fi nanceiras do exterior são autorizadas a operar e concorrer livremente no mer- cado fi nanceiro do País. Acirra-se a competição no setor. Os bancos são autorizados a operar com a venda de produtos tradicionalmente não-bancários: seguros, títulos de capitali- zação, previdência privada. Os cursos criados no período trazem a marca da busca de competitividade, prio- rizam a capacidade dos funcionários de realizarem negócios rentáveis. É fruto dessa época de muitos desafi os o aparecimento de cursos como Rentabilidade Financeira – RENTA, Produtos do Banco – PRODU, entre outros que preten- dem preparar os funcionários para a competitividade do mercado fi nanceiro. O processo de validação dos cursos antes de serem inseridos na programação, para possíveis ajustes, é cada vez mais aperfeiçoado. A turma experimental é bem explorada no sentido de possibilitar a avaliação da pertinência do novo treinamento, tanto de conteúdo, quanto de adequação metodológica e de re- cursos didáticos. A prospecção das necessidades de capacitação está sistematizada. O Levanta- mento das Necessidades de Treinamento é executado trimestralmente pelo setor de Execução e Controle de Programas, junto aos diversos departamentos da em- presa. O Mapa de Necessidades de Treinamento é preenchido com informações enviadas pelas unidades do Banco. Essas indicam a quantidade de funcionários a serem treinados em cada curso. A partir das informações é elaborado o crono- grama de treinamento. Um balanço permite afi rmar que houve progresso real no processo organizativo da educação na empresa e que a integração das ações de capacitação seria impor- tante na estruturação da área de educação como setor estratégico. Os técnicos da área e os educadores, ao longo do tempo, desenvolvem uma história que vai consolidando o departamento como núcleo de competência didática. Os ele- mentos da pedagogia sócio-construtivista estão, de certa forma, arraigados.

Zeca Pagodinho lança o Nos cem anos da Lei Áurea, a  vinil Jeito Moleque. Mangueira desfi la com o enredo Cem Anos de Liberdade: Verdade ou Ilusão. 1988 1988 78 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Mas são grandes os desafi os trazidos pela perda da Conta de Movimento. Os novos tempos apontam, sobretudo, para a necessidade de revisão do modelo de formação do segmento gerencial. A ênfase passa a ser o negócio. A intermedia- ção fi nanceira é o conteúdo por excelência. É necessário avançar na instalação de cultura negocial na instituição. Por isso, impõe-se a expansão da capacitação dos gerentes.

Começa a década de 1990 A década nasce com a herança dos acontecimentos mundiais dos anos mil no- vecentos e oitenta, que mudaram a face do planeta: o fi m da confrontação ide- ológica que alimentou a Guerra Fria; reestruturação e abertura da antiga URSS; a reunifi cação da Alemanha; a distensão econômica da Europa do Leste e da China e por fi m, a formação de blocos econômicos. Os países emergentes empreendem esforços para reformar suas economias, em aderência às regras que orientam a globalização. Nosso País também sente os efeitos da corrida. Nesse cenário de incertezas, o Banco quer avançar no padrão de competitividade no âmbito do sistema fi nanceiro para cumprir sua missão institucional, que passa por reajustes para maior adesão à dinâmica da economia globalizada. O mercado fi nanceiro do País exige contínuas modifi cações estruturais para acompanhar a realidade. A palavra de ordem é fl exibilidade. Na educação nacional, a mundialização da economia repercute nos currículos escolares e na criação de novos cursos universitários. Os cursos com disciplinas voltadas para a intensa aplicação da Informática e os ligados à Engenharia da Automação ganham destaque no nível do ensino de 3º grau. Nos cursos de pós- graduação, as formações com temas ligados à gestão de pessoas e compreensão dos processos humanos conquistam amplo espaço. Se antes, a disciplina e o ajusta- mento são vistos como atitudes a serem fomentadas, a década de 1990 traz desa- fi os que pedem roteiros escolares mais afi nados com uma realidade em constante mutação. Para acompanhar o ritmo é necessário trabalhar conteúdos e atitudes que estimulem, nos educandos, o gosto pela inovação e pelo empreendedorismo.

Joãozinho Trinta faz seu desfi le Cazuza grava histórico na Beija Flor: Ratos e seu último álbum: Urubus, Larguem Minha Fantasia. Burguesia. 1989 1989 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 79

A Informática já faz parte do dia-a-dia das empresas e muda a forma de orga- nização do trabalho, sobretudo na área de serviços. No Banco, há um intensivo esforço visando capacitar os funcionários para utilizar processadores de texto e lidar com programas informáticos voltados para o suporte de procedimentos administrativos e contábeis. A tarefa só é possível, graças ao trabalho dos multi- plicadores – funcionários com notório nível de conhecimento em alguma área – capacitados pelo DESED para atuar, de forma sistemática, na multiplicação desses saberes. Assim, no transcorrer do período que vai do início até mais da metade da década, os funcionários que detêm conhecimentos em Informática, a maioria vinda das áreas de logística e tecnologia do Banco, participam de verdadeira maratona para capacitar todos os funcionários. A área de educação coordena e centraliza as tarefas para essa fi nalidade, em parceria com as demais áreas. O trabalho pedagógico dos multiplicadores é orientado por metodologia própria criada no DESED, denominada Fazendo e Aprendendo, o FAZAP. O método é baseado na concepção construtivista de ensino e aprendizagem e nas propostas pedagógicas para educação, implícitas nas teorias de Álvaro Vieira Pinto e Paulo Freire e nas lições sobre educação de adultos de Rubem Alves. As mudanças continuam...

A sistematização da educação no Banco do Brasil – proposta de 1990 Não obstante as realizações do período e a competência dos técnicos e educado- res do departamento, a concepção e o desenvolvimento de programas de forma- ção profi ssional no fi nal da década de 1980 apresentam difi culdades para cor- responder à velocidade das mudanças que a empresa vive. As chefi as esforçam-se para maximizar a capacidade operativa do DESED. Roberto Pinto Meireles e Sérgio de Abreu Mautoni chefi am o departamento no fi nal da década. Há considerável aumento da demanda de capacitação. O departamento começa a rever seus processos organizativos. Aspectos que levam à ampliação dos prazos para viabilização e entrega, às áreas demandantes, de soluções para as necessidades de capacitação. Isso defl agra questionamentos das pessoas da própria diretoria. Assim, alguns departamentos procuram resolver, por iniciativa própria, as ne- cessidades de formação dos seus quadros e dos funcionários das agências, espe- cialmente quando algum produto é lançado.

Criação da World Chitãozinho e Xororó Wide Web - www. gravam o disco Cowboy  do Asfalto. 1989 1990 80 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Na esteira dos acontecimentos, em 1990, o DESED age no sentido de redire- cionar suas ações formativas. Ao encontro disso, é construído um modelo de sistematização da formação apoiado na vinculação da formação funcional aos cargos e níveis hierárquicos. A educação no trabalho é o pilar dessa sistematização, pois o conteúdo ocu- pacional ganha centralidade para planejar a capacitação que, segundo o novo modelo, será segmentada e baseada no desenho do posto de trabalho. De acordo com o modelo de sistematização, duas vertentes passam a direcionar o planejamento dos cursos: uma formação geral e uma específi ca. A primeira, vin- culada aos níveis hierárquicos, aborda conteúdos relativos às relações interpes- soais, grupais e hierárquicas, subdividindo-se nos seguintes níveis de formação: formação básica, explorando conteúdos relativos a Negociação, Comunicação e Expressão e Microinformática; formação para a gerência média, com ênfase nos cursos de Administração do Fator Humano, Orientação sobre Treinamento em Serviço e Organização, Organização Sistemas e Métodos; e a capacitação da alta gerência em que fi guram, como exemplos, os cursos Desenvolvimento do Sistema Gerencial, Gerência para o Desenvolvimento Organizacional e, ainda, Política e Relações de Poder. Na segunda vertente, a formação contempla conteúdos direcionados a funções específi cas, como a do operador bancário, a dos auditores, a dos analistas e os dirigidos às funções da carreira técnico-científi ca, dentre outras. Especial atenção é dada à formação do profi ssional de operações bancárias, maior parcela do funcionalismo, voltada à atividade-fi m da empresa, categorizando-se os cursos por áreas de conhecimentos. Essa proposta foi exaustivamente discutida entre as diretorias, suscitando con- siderável nível de envolvimento das áreas na elaboração dos levantamentos das suas necessidades de treinamento. Participaram as áreas de Crédito, Finanças, Comércio Internacional, Tecnologia, Auditoria. Uma das teorias que embasa a formação gerencial é a Teoria da Liderança Si- tuacional, criada pelos teóricos norte-americamos Kenneth Blanchard e Paul Hersey. Em linhas gerais, a teoria discute o papel do líder, propondo que ele

Paulo Autran dirige e atua ao Mistérios de Curitiba, de Dalton Trevisan, lado de Tônia Carreiro, na peça é encenada por Ademar Guerra no Teatro Mundo, Vasto Mundo. de Comédia do Paraná. 1990 1990 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 81

avalie cada pessoa, individualmente, analisando sua atuação. Nessa teoria, a cir- cunstância ou a contingência é central, por isso propõe estratégias de lideran- ça voltadas para o alcance dos objetivos e metas individuais e organizacionais, adaptáveis ao momento e às características do grupo: a teoria prevê a existência de quatro estilos de liderança – direção, orientação, apoio e delegação – de acor- do com as necessidades dos membros da equipe. Mais tarde, essa abordagem começa a sofrer fortes críticas no meio acadêmi- co. Um dos motores dos questionamentos é a visão de que os conceitos dessa teoria sobre o processo de liderança poderiam justifi car práticas autoritárias de gestão. Por isso, os instrutores discutem e repensam o alcance da teoria nos processos formativos. Do ponto de vista das estratégias negociais, a sistematização é coerente, ou seja, é desenhada para proporcionar o desenvolvimento de habilidades instru- mentais para o exercício das funções. O projeto diz que a prática educativa será efetivada a partir dos conceitos de homem-cidadão e homem-integral. Mas, de fato, a prática possível, a partir do que promete o documento, não corporifi ca a visão de homem integral. A ênfase está na dimensão econômica. Mas, a inclusão do tema da cidadania e da formação integral, no documento, pode ser considerada um progresso. O Programa de Sistematização do Treinamento privilegia conteúdos programá- ticos relativos às áreas de Gestão, Comércio Internacional, Crédito e Finanças. No período, existem alguns cursos com ênfase nas Relações Humanas. No de- correr da década de 1990, paulatinamente, os cursos passam a priorizar con- teúdos que visam a qualifi cação para o trabalho de intermediação fi nanceira. Mesmo os cursos da “área comportamental” ganham roupagem nova que de- monstra a ênfase no resultado econômico. O termo autodesenvolvimento é mencionado no documento e sinaliza a im- portância do esforço individual na busca de alternativa para a capacitação profi ssional. É talvez, o primeiro programa interno que antecipa o autodesen- volvimento como modalidade educacional a ser formalmente explorada na preparação para o trabalho.

Raul Cortez, dirigido por Renato Teixeira Walter Salles, atua no lança o disco Ao  fi lme A Grande Arte. Vivo em Tatuí. 1991 1991 82 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Administração do Fator Humano O curso Administração do Fator Humano – AFH é o sucedâneo das ações educativas que exploram o tema Relações Humanas, até então. O objetivo fi - nal do treinamento é ajudar o participante a “Desenvolver-se para promover a atuação participativa dos funcionários, visando a otimização do desempenho das unidades de trabalho”. Destina-se, prioritariamente, à gerência média e a seus substitutos. O processo seletivo para escolha dos instrutores é iniciado em 1992. O AFH constitui um marco no sentido de delimitar o período em que os cursos que trabalham as relações interpessoais passam a estabelecer vinculação mais direta entre relações humanas, produtividade e resultados. Os relacionamentos passam a ser vistos como fatores para o desempenho em- presarial. Entre os temas costumeiramente explorados como integração, comu- nicação, dinâmica grupal, são acrescidos conteúdos que exploram as funções administrativas e o papel do gerente como catalizador das relações humanas para incremento dos resultados. Assim, o aumento da produtividade é pensado, também, como resultado da cadeia de relacionamentos da equipe e do modelo de gerenciamento. O curso discute as abordagens: científi ca, administrativa, humanística e sistêmi- ca, mas dá destaque à última. Oriunda da Teoria Geral dos Sistemas defendida pelo biólogo alemão Ludwig Von Bertalanffi , essa visão administrativa é baseada na perspectiva de funcionamento organizacional numa dinâmica sistêmica. A empresa é vista como um todo integrado e com propósito. Para essa abordagem, as organizações são sistemas abertos em contínuo intercâmbio. Muitos termos da abordagem sistêmica passaram a fazer parte do vocabulário administrativo. Palavras como feedback, fl uxo, inter-relação, sinergia, sub-sistemas mostram a força dessa teoria como infl uência nas práticas administrativas. O AFH parte do esquema conceitual dessa teoria para analisar os processos in- terativos internos à organização, sem perder de vista a importância do ambiente externo. Valoriza a fi xação de objetivos organizacionais integrados e dá ênfase à visão prospectiva em oposição à postura gerencial apegada ao passado. O curso se insere entre as medidas que, no rol das mudanças do início dos anos mil no- vecentos e noventa, busca minimizar a atitude de excessiva valorização do am- biente interno – endogenia – detectada no diagnóstico realizado recentemente.

Beto Guedes Chico Science forma a grava Andaluz. banda Chico Science & Nação Zumbi. 1991 1991 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 83

Avaliação de desempenho – você escreve a sua história Em 1990, é constatada a necessidade de se aprimorar o processo avaliativo do Banco para torná-lo mais participativo. A divisão de avaliação do DESED verifi ca que há “indefi nição ou estabelecimento unilateral de metas pelo avaliador e a não-implementação do esquema de acompanhamento previsto nos normativos”. A partir daí, alguns funcionários oriundos de várias áreas do Banco formam um grupo consultivo para refl etir e avaliar o processo avaliativo adotado até então. Para entender a caminhada do processo avaliativo, desde suas origens até este momento, é necessário “entrar no túnel do tempo” e voltar até a década de 1960. O acompanhamento do desempenho dos funcionários do Banco começara na década de 1960. Até meados de 1970, ainda era apenas um sistema informativo sobre o desempenho funcional. Em 1980, as concepções administrativas avançam no sentido de conjugar a necessidade da informação sobre a atuação dos funcionários com uma fi losofi a de desenvolvimento de recursos humanos. A partir daí, a avaliação de desempenho funcional pretende ser um processo aberto e participativo e dar ênfase ao diálogo como ferramenta para o desen- volvimento profi ssional e efi cácia do desempenho do Banco. Em sintonia, com essa pretensão, em 12.5.1980, Paulo Rubens Mandarino, chefe do DESED, assina a carta-circular n° 8.444, em que trata da nova estratégia do departa- mento para preparação do ambiente institucional. O trabalho visa disseminar uma cultura participativa para que o processo avaliativo consubstanciado no Sistema de Avaliação de Desempenho Funcional possa transcorrer sob a ótica de orientação e desenvolvimento do pessoal. No contexto dessa estratégia, as reuniões de administradores, comissionados e funcionários passam a ter papel educativo essencial. A instrução divulga a nova sistemática de reuniões que será implementada e acompanhada pela divisão de avaliação. A sistemática inclui, desde divulgação de textos sobre a boa condução de reuniões, até orientações sobre como as agências devem registrar as deliberações e discussões nesses en- contros que passam a ser realizados regularmente e terão o cumprimento dessa periodicidade acompanhado.

Caetano Veloso lança o Silviano  disco Circuladô, síntese escreve o livro Uma de sua carreira. História de Família. 1992 1992 84 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Voltando para 1992, a avaliação de desempenho, então, é reformulada e ado- ta-se a visão das tarefas individuais no contexto do trabalho coletivo. A partir dessa adoção, surge um instrumento importante. O processo é iniciado com a elaboração de acordo de trabalho. O grupo se apropria, pelo menos em tese, dos parâmetros e critérios a partir dos quais será avaliado. Você, caro leitor, deve estar se perguntando por que falar de avaliação funcional neste livro. O que ocorre é que, para disseminar uma cultura de avaliação de desempenho como instrumento para a qualifi cação, é necessário pautar-se em um projeto pedagógico que dê suporte às ações que visam uma aproximação sucessiva das pessoas com a fi losofi a que se deseja implantar. No Banco não tem sido diferente. As ações educativas têm papel fundamental. A implantação da nova sistemática é orientada pelo Seminário ADF, um encontro para sensibilização dos funcionários para a dinâmica avaliativa. Uma ação ampla e experiência intensiva para refl etir e discutir um processo tão complexo quanto a avaliação no ambiente de trabalho. A atuação dos instrutores precisa revestir- se de assertividade e muito tato. Os seminários, muitas vezes, são momentos de crítica, desabafo. Ambiente de interrogações, confl itos e aprendizagem. A ação educativa para disseminação da nova sistemática de avaliação é idea- lizada e concretizada de forma bastante efetiva. Os encontros são realizados nas próprias unidades, nos grupos naturais. O lema do processo avaliativo é “Você escreve sua história”. A chamada sinaliza a importância da participação do funcionário como elemento fundamental para a efetividade da avaliação. A forma como os encontros acontecem demonstra o papel do convívio em grupo e da comunicação para o enfrentamento dos desafi os que os processos avaliativos suscitam.

Gerência para o Desenvolvimento Organizacional A edição do Boletim de Informação ao Pessoal, o BIP, de agosto de 1991, divul- ga a realização do primeiro curso de Gerência para o Desenvolvimento Organi- zacional, o GDO. Com início em 22 de julho, o curso é aberto com a presença do diretor de recursos humanos, Celso Cavalcante.

O Grupo Boca Livre lança O grupo 14 Bis grava o disco Dançando pelas o disco Quatro por Sombras. Quatro. 1992 1992 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 85

O GDO é concebido para compor a formação dos novos gerentes. Está inserido no Programa Bolsa de Gerentes, um processo de identifi cação e formação de gerentes, implantado pela carta circular 91/369, de 21 de maio de 1991. Os instrutores do antigo curso Desenvolvimento de Sistemas Gerenciais, DSG são convidados para compor o quadro de instrutores do novo curso. Contudo, em novembro de 1992 há seleção para ampliação do quadro. Em 27 de novem- bro, os funcionários da divisão de recrutamento e seleção, Losangeles Divino Pires e Paulo Sérgio Batista de Sousa assinam o resultado do processo seletivo, com 28 classifi cados. O objetivo fi nal do curso é “preparar-se para participar do segmento da admi- nistração do Banco como agente de desenvolvimento da organização”. A meto- dologia conta com laboratórios, refl exões mediadas por recursos audiovisuais, processos de diagnose, debates, entre outras atividades teórico-práticas. Segundo a matéria do BIP, “o GDO e a Bolsa de Gerentes representam a se- dimentação da responsabilidade do departamento na formação dos recursos humanos do Banco”. A chefi a do DESED considera que a formação proporcionada no GDO irá di- namizar os processos de gerência e incrementar o crescimento da empresa.

Plano de sucessão empresarial – desenvolvimento de executivos A acirrada concorrência do mercado fi nanceiro impõe constante revisão dos processos de gestão e também implica o provimento de aporte tecnológico, que coloque o Banco num patamar compatível com o avanço da automação na área fi nanceira. Além dissso, é preciso mobilizar o corpo funcional e capacitá- lo permanentemente. Tudo isto compõe um leque de fatores imprescindíveis à sustentação empresarial. O Banco precisa incrementar a preparação dos seus executivos para capacitá-los para o exercício das funções de direção em sintonia com a nova realidade. Diante disso, em 1993, é proposto o Programa de Desenvolvimento de Altos Executi- vos do Banco do Brasil. O argumento que justifi ca a necessidade da implantação do programa é a inexistência de ação global para formar reservas que garantam a

Surge uma nova geração de bandas de rock dos anos  1990 como Pato Fu, Skank, Raimundos, O Rappa. 1993 86 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

sucessão na empresa. O programa defende a institucionalização da formação dos altos executivos e a adoção de plano de sucessão para os cargos mais elevados. Os cursos internos são considerados insufi cientes para garantir um espaço de aprimoramento dos executivos da instituição. Além disso, o horizonte estraté- gico de cinco anos exige que o macroplanejamento organizacional conte com pessoas com visão estratégica, capazes de dirigir as ações na busca das metas e objetivos propostos. Para esboçar o programa e as ações dele originadas, é formado um grupo de trabalho composto pelos funcionários: Braulina Nunes de Andrade, Carlos Alberto Dobbin, Cláudio Loureiro Pereira Guimarães, Eliana Santos Faccini, Jair Antônio Bilachi e Waldemar Denser. O funcionário Pedro Paulo Carbone, egresso de curso de pós-graduação, realizado com o patrocínio do Banco e que havia estudado o perfi l gerencial dos executivos do Banco, traz contribuições ao grupo, a partir dos estudos realizados. Pode-se afi rmar que o programa visa um modelo de formação calcado no con- ceito de cultura organizacional e na disseminação da importância da dimensão estratégica da função gestora, principalmente nos níveis tático e estratégico. O perfi l para a alta gerência é ampliado para incluir características adequadas às exigências apontadas no programa, entre elas: empreendedorismo, senso demo- crático e atitudes inspiradoras de valores. A sistematização do programa BB MBA organiza-se em dois níveis: formação geral e formação específi ca. A formação geral objetiva fomentar visão compar- tilhada das questões básicas da empresa. A formação específi ca propõe aprofun- damento de conhecimentos e habilidades nas áreas de atuação dos executivos. No período, ocorre intenso intercâmbio com instituições-modelo na área, tais como universidades e outras entidades com experiência em capacitação profi ssional, com intensifi cação dos cursos no estilo MBA-Master Business Administration realizados nos eixos Rio – São Paulo – Brasília. Os cursos são oportunidades de atualização ou complemento da formação e represen- tam aporte de conhecimentos fundamentais para capacitar os executivos a responderem às condições de competição exacerbada do mercado, notada- mente o fi nanceiro.

A dupla Pena Branca e Ney Matogrosso lança o disco As Xavantinho grava o disco Aparências Enganam. Violas e Canções. 1993 1993 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 87

Repensando o DESED Como foi visto, a década de 1990 traz o acirramento do processo de globaliza- ção. As megatendências previstas para o decênio por futurólogos e analistas so- cioeconômicos, tornam-se realidade: cresce a interdependência entre os países. Há o fortalecimento dos grandes blocos econômicos e a diminuição do papel do Estado na economia. No País, o impeachment do presidente Fernando Collor de Mello defl agra mu- danças no cenário político brasileiro. É, talvez, o primeiro momento depois da ditadura, em que a opinião pública e a mídia interferem ostensivamente no rumo político do País. A realidade é dinâmica. Os desafi os, na instituição, para capacitar os funcionários são cada vez mais com- plexos. No DESED, os pedidos de consultoria têm tempo de resposta dilatado, em face da grande demanda. Essa realidade ocasiona “gargalos” na concepção e entrega de soluções educacionais e leva, às vezes, as próprias dependências a criarem mecanismos para suprir suas necessidades. Esse mecanismo atende a demanda no curto prazo, mas traz implicações para a educação como trabalho institucional integrado. A recorrência da prática pulve- riza as ações educativas, aumenta o número de pessoas empenhadas no esforço de preparação e difi culta o acompanhamento da qualidade do processo pedagó- gico, do ponto de vista institucional. A concorrência no mercado fi nanceiro torna-se cada vez mais acirrada. Exige novas habilidades e conhecimentos para operar efetivamente no ramo da inter- mediação fi nanceira. O Banco precisa ser tempestivo na concepção e apresenta- ção de produtos e serviços. Isso aumenta a urgência de revisar as estratégias e o modelo de funcionamento do DESED. Em 1993, no governo do presidente Itamar Franco, é nomeado para a chefi a do departamento o funcionário Luiz Oswaldo Sant’Iago Moreira de Souza. Ex- representante eleito dos funcionários no Conselho de Administração do Banco. O novo chefe desencadeia um processo de mobilização dos funcionários para a construção de soluções que propiciem o alinhamento do DESED às exigências de capacitação da empresa.

A cantora Joyce grava o disco Carlos Lyra grava Delírios de Orfeu. Carioca de Algema.  1994 1994 88 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Em maio de 1993, é instituído um grupo de trabalho para pensar e apontar mudanças. O movimento fi ca conhecido como o “Repensando o DESED”. Inicialmente, o grupo é constituído pelos funcionários: Álvaro Antônio Batista da Silva, Antônio Sérgio Riede, Edgar Otero Silveira, Luiz Jorge Mir, Marcos Fadanelli Ramos, Patrícia Teixeira de Almeida, dentre outros. Esses funcionários fi guram nos documentos institucionais que registram os processos realizados para revisão da estrutura e funcionamento da área. A despeito disso, todo o departamento é mobilizado e há, inclusive, participação de consultores internos e externos. O objetivo é incrementar a capacidade do DESED de dar respostas tempestivas e efi cazes. A saída é criar estrutura administrativa racional e horizontalizada. O departamento precisa posicionar-se como agente catalisador das transfor- mações culturais da empresa. Voltar à vanguarda dos acontecimentos. Ser um órgão estratégico. A missão inicial é realizar, de forma participativa, autodiagnóstico e pesquisa externa ao DESED sobre a imagem do departamento. O “repensar” tem como objetivo construir balizas que orientem a reestruturação da área. Um mês após as primeiras reuniões, já há cerca de vinte funcionários dos diversos segmentos funcionais do DESED envolvidos no trabalho. Depois, mais funcionários são engajados no processo, via constituição de equipes matriciais, mecanismo que aciona mais de uma dezena de colaboradores de outras dependências. Talvez tenha sido esse processo de reestruturação interna o que envolveu o maior nú- mero de agentes institucionais na sua confi guração. Segundo o relatório produzido pelo estudo, agregaram-se ainda, ao grupo ori- ginal: Alzira Pereira Pelaquim, Diógenes Caldas de Oliveira, Francisco Antô- nio Romano, Gerson Menna Barreto Martins, João Batista Diniz Leite, Joatan Vilela Berbel, José Carlos Fischer, Lázaro Luiz Neves, Luiz Alberto Andreola, Maria Elisa Siqueira Borges, Maria Inês Campos de Torrecillas, Mário de Abreu Motta Filho, Marízia Ferreira de Araújo, Neire Pareja, Newton Ribeiro Macha- do Neto, Paulo César F. de Melo, Paulo Fernando Casteli, Ricardo Rodrigues, Rui Simon Paz, Sérgio Henrique Pasqua, Silvio Roberto Dias da Silva e Zilda Vieira de Souza Pfeilsticker.

Flávio Venturini lança o disco Dalton Trevisan publica Ah, Noites com Sol. é?, obra-prima do estilo minimalista. 1994 1994 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 89

Somando-se a esse movimento, os cursos voltados para o trabalho com habili- dades comportamentais, passam por avaliação. É constituída uma equipe para estudar os treinamentos da área. O Centro de Formação de Belo Horizonte abriga o grupo de refl exão sobre a efetividade desses treinamentos. O trabalho é coordenado pelo supervisor do centro, Ivan Kardec Franco, e é realizado sob orientação teórica do professor Miguel Arroyo, da Universidade Federal de Minas Gerais. O autodiagnóstico evidencia que, apesar da consolidação do departamento, as difi culdades detectadas pelo grupo que repensou as diretrizes do DESED, em 1985, permanecem. Persistem as necessidades de maior articulação entre as áreas e de avançar numa prática de planejamento global e ainda, fomentar o intercâmbio do departamento com outras agências educacionais. A pesquisa junto ao público externo mostra uma imagem positiva das demais áreas do Banco em relação ao DESED. Há respeito pela seriedade e compe- tência dos técnicos e educadores, mas reafi rma a percepção do grupo interno quanto ao distanciamento entre as ações de formação e as necessidades insti- tucionais. Alguns cursos são considerados desatualizados, a oferta é tida como insufi ciente e a distribuição de oportunidades para participar dos cursos é con- siderada restrita. Para fazer frente à realidade detectada, o GT apresenta proposta de reestrutu- ração administrativa e revisão dos processos de trabalho. Aconselha adoção de estrutura mais ágil e fl exível baseada na utilização de equipes matriciais conjun- to de especialistas trabalhando em estrutura provisória em torno de um projeto comum. A proposta prevê, também, a eliminação de cargos de gerência média e que a implantação da nova confi guração não acontecerá imediatamente. Será ne- cessária estratégia de transição até que se consiga instalar uma estrutura que funcione em rede, para descentralizar decisões e tornar as relações funcionais menos verticalizadas.

Surge o movimento Cláudio Mubarac expõe gravuras no Mangue Beat. evento Poética da Resistência: aspectos  da gravura brasileira, no MAM Rio. 1994 1994 90 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Alfabetização de adultos Realizada na Tailândia, em 1990, a Conferência Mundial sobre Edu- cação para Todos foi denominada Conferência de Jomtien. O encontro teve como objetivo estabelecer compromissos mundiais para garantir a todas as pessoas os conhecimentos básicos necessários a uma vida digna, condição insubstituível para o advento de uma sociedade mais humana e mais justa... Em decorrência de compromisso assumido na Conferên- cia de Jomtien, foi elaborado, no Brasil, o Plano Decenal de Educação para Todos, cuja meta principal era assegurar, em dez anos (1993 a 2003), às crianças, jovens e adultos, os conteúdos mínimos em matéria de aprendizagem que respondam às necessidades elementares da vida contemporânea (universalização da educação fundamental e erradica- ção do analfabetismo). Adaptado de MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Th ais Helena dos. “Conferência de Jomtien” (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira – EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002. Site educabrasil.com.br

Marco destacado desse período é a disseminação, para todo o País, do Pro- grama de Alfabetização de Jovens e Adultos do Banco do Brasil – BB Educar. O programa forma muitos alfabetizadores e mobiliza voluntários do Banco e das comunidades onde atua. A efetividade de sua ação junto às comunidades é decisiva para a legitimação do programa, inclusive fora do âmbito da empresa, que contribui, dessa forma, com o Plano Decenal de Educação para Todos, já referido na citação acima. Tendo sido concebido no DESED em 1991, o BB Educar nasce de experiência pioneira de alfabetização de funcionários da Carreira de Serviços Gerais. A inicia- tiva permite que muitos trabalhadores agregados ao Banco, depois de alfabetiza- dos, possam ingressar no Quadro de Apoio, exercendo a função de contínuo. O programa tem como bases teórica e metodológica as contribuições de Emí- lia Ferrero e Paulo Freire, cujos pressupostos sócio-construtivistas permitem a abordagem dos alfabetizandos, aproveitando a riqueza de suas experiências, condições culturais e existenciais.

É lançado o primeiro disco da Alcione lança o disco Brasil de Banda Chico Science & Nação Oliveira da Silva do Samba. Zumbi: Da Lama ao Caos. 1994 1994 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 91

O programa de alfabetização é exemplo da transferência da experiência peda- gógica do Banco para o benefício da comunidade visando o desenvolvimento da educação no País. O programa consegue forte adesão do funcionalismo e repercute imagem al- tamente positiva para a instituição. Na experiência pioneira, o BB – Educar conta com a coordenação da funcionária Nilda Vieira de Bragança. O grupo de alfabetizadores voluntários corporifi ca, na atuação engajada, uma imagem do Banco ligada à solidariedade, ao dinamismo e à sintonia com as questões nacionais. O BB Educar é a mistura feliz da garra dos funcionários com a con- sistência teórico-prática do programa. Tudo isso somado à histórica capacidade de mobilização nacional da instituição.

A caminho, novos desafi os... Como pudemos observar, desde sua criação o DESED sofre modifi cações es- truturais e é regido por diferentes formas de gestão. Suas atribuições, metas e cargos passam por revisões para ajustes às transformações da realidade. Em março de 1994, é concebida nova sistematização da educação corporati- va que entraria em vigor a partir do segundo semestre daquele ano. O novo modelo coloca o processo de gestão como fator estratégico para o desenvol- vimento da organização; por isso, a ação do departamento deve proporcionar o desenvolvimento de conhecimentos sobre a estrutura, funcionamento e de- senvolvimento organizacional. Os cursos são integrados a partir do princípio da educação no trabalho e os métodos de ensino e aprendizagem reafi rmam a consonância com a visão de educação permanente e com os pressupostos edu- cacionais estabelecidos desde 1978. A novidade, em relação às sistematizações anteriores – 1978, 1985 e 1990, é a valorização do conceito de visão global e integrada da empresa como atitudes a serem trabalhadas nos cursos, sobretudo nos de natureza comportamental. Na distribuição dos conteúdos nos treinamentos são consideradas áreas de forma- ção: Gestão Empresarial, Crédito, Finanças, Mercado, Produtos & Serviços, Negócios Internacionais, Marketing & Comunicação Institucional, Auditoria e Assessoramento Interno, Instrutoria e Saúde no Trabalho. Os conteúdos são

É realizada exposição de Mestre Lançamento do songbook de Vitalino no Museu Nacional de Sinhô, com 68 músicas gravadas  Belas Artes, RJ. entre 1927 e 1931. 1995 1995 92 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

escolhidos a partir do levantamento das necessidades das áreas, e os programas de treinamento construídos com envolvimento dos órgãos responsáveis. A re- organização realça aspectos como: a democratização do saber, a educação com- preendida como um direito. Mas, o mercado, agressivamente concorrencial, acena com a contínua fl exibi- lização das relações econômicas com profunda repercussão nas organizações, sobretudo nas instituições fi nanceiras. As empresas buscam a melhoria dos seus processos produtivos, via integração dos fl uxos de trabalho, inovação tecnológica e racionalização de suas estruturas. A rotina fi nanceira é cada vez mais complexa. Em julho de 1994, José Carlos Alves da Conceição assume a chefi a do departa- mento. A estrutura de transição aprovada na gestão anterior já está em funcio- namento. Alguns projetos são realizados por equipes matriciais. Em 1° de janeiro de 1995, Fernando Henrique Cardoso recebe a faixa presiden- cial de Itamar Franco. O discurso de posse promete atacar a fome e a miséria. Varrer as injustiças sociais. São implementados alguns programas para combater a fome e o analfabetismo. O esforço, no entanto, é insufi ciente para minimizar os problemas do quadro social do País. Os indicadores sociais evidenciam um cenário de concentração de renda. As privatizações são vistas como meio para garantir equilíbrio à economia do País, o que leva à intensifi cação dessa política, que avança para as áreas de teleco- municações, eletricidade e exploração de minérios. Em decorrência, alastram-se os programas de demissões voluntárias nas instituições governamentais. O Banco também adere às ações de enxugamento e em julho daquele ano é lançado o Plano de Demissões Voluntárias – PDV, que concede incentivos para demissão aos funcionários considerados “elegíveis” a partir de critérios estabele- cidos pela instituição. A direção geral está em processo de remodelagem estrutural. O objetivo dos ajustes é construir um modelo organizacional fl exível, que consolide a imagem e a funcionalidade de uma organização dinâmica e ágil.

Show Tributo a Tom Jobim, no Avery Fisher Hall, reúne Gilberto Gil, Milton Nascimento, Gal Costa, Caetano Veloso, Sting e Caymmi. 1995 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 93

Mas, no contexto desse processo de ajustes, a ação de maior impacto junto ao funcionalismo é a implementação do programa de desligamento voluntário: um plano de demissão incentivada pelo oferecimento, aos funcionários, de van- tagens pecuniárias e ações assistenciais. Há grande difi culdade, por parte dos funcionários, para assimilar o rol de medidas que traduzem mudanças radicais nos signos e práticas funcionais. O discurso institucional é reformulado. A interlocução do Banco com os fun- cionários e com a sociedade em geral mostra a disposição para atuar em sintonia com os movimentos da globalização. Na dinâmica relacional Banco/corpo funcional, esse é, talvez, o momento mais complexo. Por isso, não é fortuito o iniciar, mesmo tímido, da revisão dessa estratégia de relacionamento, pouco tempo após a implementação do PDV. Esses fenômenos não acontecem por acaso. A identidade do funcionário do Banco, intimamente relacionada à sua percepção de um vínculo estável com a instituição tradicional em que trabalha, é modifi cada. Historicamente, o papel dos funcionários nas comunidades onde atuam coloca-os como agentes sociais distintos no seio da sociedade, fator este que muitas vezes é impulsionador de negócios. Pode-se afi rmar que a identidade profi ssional do funcionário do Ban- co é, até aquele momento, uma identidade socioprofi ssional. Ou seja, a sua ligação com o trabalho é extremamente imbricada com a sua inserção no meio social. Por isso, é difícil intervir em sua autopercepção como empregado sem atingir sua identifi cação como indivíduo ligado à instituição. A complexidade do mundo em plena fase de aquecimento da mundialização econômica, baseada num modelo competitivo, pouco regulado e tangido pelas inovações da revolução digital, avisa que estão a caminho novos desafi os. Por tudo isso, a transição é complexa.

Mauro Rasi escreve a peça: A O Quatrilho, de Fábio Barreto, é Dama do Cerrado. indicado para o Oscar de Melhor  Filme Estrangeiro. 1996 1996 A educação faz diferença Primeira carta

Carta escrita por alfabetizando do Programa BB Educar. Turma Mossoró. 1993. A educação faz diferença O valor da convivência

Compartilho o momento em que fizemos a mudança de sede do DESED. O departamento funcionava na Quadra 515 Norte e foi para o Edifício Tancredo Neves, no Setor de Lagos Sul. A construção de um edifício destinado à área de educação foi um diferencial. Foi ótimo. Empolgante. Lembro-me da preocupação com cada detalhe da obra. Foram várias as visitas que realizamos. Na verdade, era um juntar de ambiente de educação com ambiente de trabalho, onde ambos pudessem conviver e completar-se. Sempre foi preocupação da área, criar um espaço acolhedor, que favorecesse o aprendizado, o compartilhamento. Queríamos assegurar um ambiente físico o mais agradável possível. Assim, foi criada a Sala de Convivência, local onde os participantes – no intervalo do almoço – tinham acesso à TV, jogos de dama e xadrez, revistas e jornais, proporcionando o convívio e a troca de experiências. Nesse espaço eram realizados eventos e apresentações culturais e artísticas, nos quais os próprios participantes se dividiam como atração e platéia. Enfi m, era um local de encontros e reencontros. De compartilhar. Descontrair. A biblioteca, também, foi incorporada nesse ambiente de educação, favorecendo e apoiando as ações de capacitação. Foi instalada próxima ao auditório do Centro de Formação. Uma ambiência propícia ao acolhimento dos participantes que chegavam das várias regiões do País.

ANYSIE Rosa de Moura Pires. Funcionária do DESED no período de 1982 a 2006. Depoimento em 11.7.2006. 96 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Terceiro capítulo

Para onde vamos? A GEDEP – Gerência de Desenvolvimento Profi ssional (1996 a 2002) No alvorecer do século XXI, a atividade educativa e formativa, em todos os seus componentes, tornou-se um dos motores principais do desenvolvi- mento. Por outro lado, ela contribui para o progresso científi co e tecnoló- gico, assim como para o avanço geral dos conhecimentos, que constituem o fator decisivo do crescimento econômico. Jacques Dèlors

A nova estrutura O ano de 1996 começa. A política econômica do governo do presidente Fer- nando Henrique Cardoso tem repercussão profunda na política de pessoal do Banco. Na bagagem do novo ano estão também os rescaldos da reestruturação iniciada em 1995. Uma das conseqüências da reforma é a implantação de nova estrutura organiza- tiva na Direção Geral. O modelo é baseado na subdivisão do fl uxo operacional em unidades. São criadas as Unidades Estratégicas de Negócios, as Unidades de Função, as Unidades de Assessoramento ou Staff . A opção por esse tipo de fl exibilização na dinâmica da empresa e por novo organograma prevê ritmo de trabalho que dê conta da complexa realidade organizacional e ajude os dirigentes a enfrentar o desafi o de atender os interesses do conglomerado. A estrutura adotada é típica de modelos organizacionais pouco defi nidos e cujos empregados têm ligação transitória com a empresa. Traz modelo administrativo de organizações que buscam ajustar-se à intensa dinâmica do mundo globalizado; visa, segundo argumentos usados para sua aprovação, dar maior celeridade à informatização, simplifi car procedimentos, agilizar as decisões e,

Chico César lança o disco Oscar Niemeyer inaugura Cuzcuz-clã. o Museu de Arte Contemporânea de Niterói. 1996 1996 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 97

em conseqüência, liberar mão-de-obra para realizar negócios. Na estrutura, o Departamento de Formação do Pessoal – DESED, o Departamento de Controle de Pessoal – FUNCI e o Departamento de Assistência e Disciplina – DEASP são assimilados pela Unidade de Função Recursos Humanos – UFRH. Gerência de Desenvolvimento Profi ssional – GEDEP é a nova denominação da gerência que cuidará da área de educação no Banco. A sigla DESED chega ao fi m no momento em que José Antônio dos Santos é o chefe do FUNCI e José Francisco de Carvalho Rezende é o último chefe do DESED. Sucessor de Rubenvaldo Furtado da Costa. A GEDEP é composta por três gerências de divisão, unidades gestoras que respondem pelos seguintes processos: desenvolvimento e manutenção de programas de treinamento interno; serviços da biblioteca; Programa Pensa – criado para estímulo à criatividade e à participação dos funcionários no processo de geração de idéias; treinamento externo; treinamento de altos executivos; BB Educar; pós-graduação; levantamento de necessidades de treinamento e instrutoria; Gestão de Carreira e Orientação Profi ssional. Esta divisão é responsável pelos serviços de orientação profi ssional, coordena a rede de Centros de Formação – CEFOR e vai conceber e acompanhar o Progra- ma Profi ssionalização. A contribuição do DESED para a educação institucional, ao longo do tempo, é inegável. A existência do departamento foi plenamente justifi cada. Firmou uma imagem institucional emblemática junto ao funcionalismo. Ajudou a dar unidade à empresa no momento de sua expansão. Contribuiu para a inserção positiva do Banco na sociedade, principalmente levando em conta seu papel como agente de desenvolvimento. Personifi cou uma política integrada de de- senvolvimento. Até os dias de hoje, a marca DESED tem repercussão institucional. No momen- to da reestruturação, a mudança da denominação para GEDEP foi fortemen- te motivada pela incongruência entre o modelo organizacional recém-adotado e a mantença de nomenclatura impregnada pela estrutura de departamentos até então utilizada. A departamentalização havia sido tendência administrativa muito ligada à imagem da burocracia, exacerbada pelas técnicas ortodoxas de administração, muito em voga nas décadas de 1940 e 1950.

Nélida Piñon publica o romance Machado de Assis é infanto-juvenil A Roda do Vento. declarado patrono da  Imprensa Nacional. 1996 1996 98 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Muitos funcionários ligados à educação opinaram que a empresa poderia ter mudado o nome do departamento, mas deveria ter mantido a sigla, que segun- do essas visões, remete à idéia de desenvolvimento.

Gestão do conhecimento Em 1994, Richard Crawford escreve o livro: “Na era do capital humano”. Nele, a partir da análise das mudanças ocorridas no mundo, o autor defende a neces- sidade da compreensão de que estamos passando de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento. Para Crawford, o conhecimento é gerador de transformações que repercutem em todos os níveis da sociedade e alteram o quadro social e econômico que, por sua vez, geram mudanças políticas. A terminologia usada na política de pessoal das empresas está impregnada por essa visão e os modelos de gestão de pessoas passam a buscar a “tangibilização” do conhecimento. Assim, os termos empregabilidade, requalifi cação profi ssional, reconversão profi ssional, ativos humanos, entre outros, passam a ser largamente utilizados. E é sob o signo da Sociedade do Conhecimento que surge a GEDEP. A nova visão vai cristalizando-se nas suas ações e discursos. A educação institucional deve estar alinhada ao conceito de Gestão do Conhecimento. É preciso incrementar a capacitação voltada para o enfoque negocial. A gerência, então, esboça uma estratégia educacional baseada na noção de que o conhecimento é um ativo organizacional. A idéia é compatível com a compreensão de que estamos no meio de uma “nova economia” regida pelo conhecimento. São defensores dessa posição os teóricos: Alvin Toffl er, Peter Drucker, entre outros. Para esses pensadores, o conhecimento representa o fator de produção que supera os fatores clássicos – trabalho, terra e capital – e do qual emerge um novo segmento social, o cognitariado. Esse jeito de lidar com a apropriação do conhecimento não encontra eco, por exemplo, na visão do pensador Álvaro Vieira Pinto. Educador lúcido, com os olhos no futuro, pois já enxerga, quando escreve as suas lições sobre educação de adultos, que não se educa “para quê”, mas, sim, “porquê”! A educação deve estar a serviço de uma vida integral. Para ele, “medir” os efeitos da educação para o trabalho exige que visualizemos o trabalho não como entidade isolada, independente de quem o realiza. O trabalho é um ato humano. Por isso, as ações educativas, no limite, são sempre intangíveis.

Estréia a telenovela de Dias Gomes O Carlos Heitor Cony publica o romance Fim do Mundo. O Piano e a Orquestra. 1996 1996 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 99

Mas o Banco é uma empresa. Precisa de parâmetros para as suas ações, dirão alguns; mas somos também uma instituição que acumula a sabedoria de gerações. Precisamos avançar no mister pedagógico. E questionarão outros: Como enfrentar esse dilema? A saída, talvez, seja lembrar sempre: o saber transformador dita que, para medir a produtividade de ações educativas é necessário alargar o horizonte para incluir aspectos como identidade, sentido do trabalho, valor do futuro. Digressões à parte, o período marca um amplo movimento para a apropriação do conhecimento organizacional com vistas à excelência e à competitividade. No mercado, a formação no nível de pós-graduação é exigência e passa a ser piso nos processos de recrutamento e seleção. No Banco, em 8.2.1995 as instruções que regem o programa de pós-graduação são alteradas. O novo normativo estabelece regras para ajustar os critérios do programa criado em 1985, no esforço de assegurar a aplicabilidade dos trabalhos acadêmicos produzidos pelos treinandos e favorecer a alocação dos egressos dos cursos de mestrado e doutorado em funções e locais compatíveis com o nível de qualifi cação obtido sob os auspícios da empresa. As inquietações quanto à efetividade das iniciativas para o aperfeiçoamento dos funcionários no nível superior, no entanto, continuam. Prova disso é que, em dezembro de 1995, a consultoria técnica do Banco, COTEC, conclui, a partir de estudos realizados, que há necessidade de “rever os parâmetros” que orientam o programa e que o aproveitamento dos pós- graduados deve ocorrer conjugado a decisões estratégicas sobre as necessidades de recursos humanos. No início de 1996, os cursos dedicados à Qualidade Total, intensamente ministrados entre 1993 e 1995, ainda constam no rol de treinamentos do Banco. As teorias dos gurus da Qualidade Total, tais como Edward Deming, Joseph Juran, Karou Ishikawa e Philip B. Crosby orientam o posicionamento da empresa na disseminação dessa cultura. Os cursos orientados para o tema da Qualidade Total ocuparam muito do esforço educativo da empresa na primeira metade da década, intensidade de ação que vai até o início da implantação das medidas para ajuste institucional, a partir de 1995. A nova gerência quer imprimir à sua atuação a marca da agilidade. Os resultados dos cursos precisam ser percebidos na qualidade dos

O poeta Manoel de Barros lança O Almir Sater lança  Livro Sobre Nada. Caminhos me Levem. 1996 1997 100 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

negócios realizados. Nesse sentido, o Programa de Melhoria de Atendimento, denominado “Campeões de Atendimento”, é bem visto pela direção. A gerência enxerga que as ações desse programa apresentam resultados tangíveis. A avaliação é baseada no salto qualitativo dos níveis de satisfação do cliente e na alavancagem de negócios nos Estados, onde os Centros de Formação intensifi cam a realização dos “Campeões”, como eram chamados os cursos do programa. Talvez, por isso, esse treinamento pode ser considerado o programa que melhor personifi ca a visão da GEDEP de que o treinamento deve produzir resultados parametrizáveis. No período após o programa de desligamento voluntário é preciso criar âncoras para o resgate do nível motivacional dos funcionários e construir um senti- do mínimo de corporeidade das ações institucionais. Em busca desse objetivo, qualquer que seja a ação a ser implementada deve ter no roteiro as seguintes bases: a gestão do desempenho – para sinalizar aos empregados o que a empresa espera; a gestão da profi ssionalização – como meio de mostrar que é preciso abraçar o conceito de empregabilidade e o alinhamento das ações à estratégia organizacional com estabelecimento de objetivos tangíveis. Para o novo momento, a ação gerencial educativa da GEDEP parte do princípio de que é necessário conhecer o que as pessoas sabem fazer. Inicia-se o movimento para prospectar conhecimentos, aptidões e habilidades. O sensoriamento das competências funcionais já é uma preocupação. A criação e a disseminação do conhecimento organizacional é o mote da nova estratégia de qualifi cação. O Sistema Talentos e Oportunidades – TAO está em formulação. O objetivo, na origem do projeto, é identifi car empregados que dominem determinados conte- údos, mesmo que não tenham treinamento formal. Prospectar conhecimentos, aptidões, habilidades, atitudes e sistematizá-los numa estrutura de informações que dê visibilidade aos talentos da organização, esse é o principal papel do TAO, que pode funcionar, também, como precisa fonte de recrutamento nas seleções internas. Para uma empresa com as dimensões do Banco do Brasil, onde os pro- cessos de gestão de pessoas envolvem sempre grandes contingentes de funcio- nários, o TAO poderá ser decisivo para racionalizar ações, dar transparência aos processos de recrutamento interno fortalecendo a credibilidade dos processos seletivos. A divisão da Diretoria Gestão de Pessoas responsável pela criação do

Renato Teixeira grava, no Rio de Sucesso do disco O Último Janeiro, o CD Trinta Anos de Romaria. Solo, de Renato Russo. 1997 1997 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 101

TAO é a Divisão de Recrutamento e Seleção, a RESEL. O TAO será importante fonte de informações para fomentar e redirecionar as ações educativas institu- cionais, uma vez que identifi cará as áreas de conhecimento nas quais há défi cit e em quais setores do saber há maior aporte de conhecimento organizacional. O esforço para a identifi cação e apropriação das competências ganha vitalidade e é associado à ênfase na contenção de custos. A orientação da área é maximizar a idéia do autodesenvolvimento e estimular o senso de responsabilidade do empregado na autogestão de sua capacitação. Os gerentes da empresa, em todos os níveis, são conclamados a atuar no papel de agentes formadores dos empregados sob sua responsabilidade. O objetivo prioritário é ampliar a visão de que a preparação do empregado para o trabalho não deve ser responsabilidade apenas da empresa: os investimentos e esforços devem ser compartilhados. O estímulo ao autodesenvolvimento dos empregados é a tônica do momento e generaliza-se no mundo. A orientação concretiza a visão da Teoria do Capital Humano, que vê o trabalho qualifi cado como um ativo. As sociedades que optam pelo mercado como o pêndulo que determina os movimentos da realidade sociopolítica, se apropriam desses conceitos para dar efi cácia ao trabalho e competitividade às organizações. O guarda-chuva que abriga a relação Banco/empregado é o conceito de empregabilidade. Paradigma das ações profi ssionais no mercado, segundo o qual o indivíduo é responsável único pela tomada de consciência de sua condição e pelo estabelecimento de metas e ações no sentido do autodesenvolvimento. O esforço para vincular a ação da gerência ao novo paradigma fi ca ao encargo de consultorias externas, fato que exige dos interlocutores do Banco competência sufi ciente para transmitir a essas entidades as “peculiaridades” da cultura organizacional. Em1997, a UFRH fornece certifi cados a mais de quatrocentos funcionários que cumpriram as etapas do Programa Novos Gestores. O programa apresenta inovações, pois identifi ca funcionários aptos ao exercício de funções gerenciais, que poderão suprir as necessidades de sucessão na empresa. No cerne do programa está a valorização e reconhecimento da dedicação dos empregados que investem no próprio desenvolvimento. É plausível afi rmar que a idéia de “diplomar” esses gestores constitui um dos primeiros passos para a implantação

Estréia o fi lme O Que é Isso, Companheiro? do  cineasta Bruno Barreto. 1997 102 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

do modelo de certifi cação de empregados identifi cados como potencialmente preparados para assumirem funções de complexidade. Tal como acontecerá em breve no Programa Ascensão Profi ssional. O Boletim Eletrônico do Pessoal – BIPEL destaca matéria, em agosto de 1997, em que reconhece o esforço dos empregados certifi cados e reafi rma o empenho da empresa no estímulo e apoio ao autodesenvolvimento. Ratifi ca a preocupação da gerência com a criação e com a disseminação do conhecimento, manifesta na implantação do Ciclo de Palestras Internacionais. Promovido em parceria com a área de Estratégia e Marketing, a iniciativa é concebida com o objetivo de amplifi car idéias sobre assuntos ligados ao mundo organizacional. No limite, busca-se o incremento da capacidade gestora para realizar leitura de cenários, prospectar negócios e conceber estratégias de gestão em sintonia com o mundo globalizado. O “Ciclo” convida gurus e experts para proferirem palestras que versam sobre temas, que vão de educação a agronegócios. Entre os palestrantes podemos destacar: Hirotaka Takeuchi, C.K.Prahalad, Gert Hofstede, Brian Bacon, Domenico De Masi, Candy Albertsson, Gunter Pauli, Paolo Lugari, William Handorf, Michael Hamley, Jay Liebowitz, Richard Barret, Robert Kaplan, Don Tapscott, Joe Santos, Nicholas Negroponte, Jerry Porras, John Nesbitt. O Ciclo de Palestras Internacionais é ação educativa arrojada, em sintonia com a dinâmica organizacional calcada na gestão do conhecimento da virada do milênio.

Programa Profi ssionalização Devemos ser a mudança que desejamos ver no mundo. Mahatma Gandhi

Um ano após a defl agração do Programa de Desligamento Voluntário, a GEDEP participa do esforço para o resgate da motivação funcional. Há diminuição do senso de valor profi ssional dos empregados. É preciso ressignifi car a semântica utilizada no momento do PDV, que adota conceitos que vão ao encontro da nova realidade.

Rubem Fonseca publica o livro de contos O espetáculo Cordel do Fogo Histórias de Amor. Encantado é sucesso e o grupo de teatro vira uma banda. 1997 1998 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 103

A saída do modelo de estabilidade e a assunção do paradigma da emprega- bilidade produz inquietação e ansiedade. Muitos funcionários buscam meios para melhorar o currículo profi ssional. Alguns têm difi culdades, permanecem na empresa por não enxergarem alternativa, enquanto outros buscam alinhar-se ou sobreviver, a despeito ou por causa da nova realidade. Até os anos 1980, o diploma de nível superior é considerado um diferencial. Nos anos 1990 é corrente a frase: “A faculdade é necessária, mas não é sufi - ciente”. A mensagem dissemina-se. No Banco, após o PDV, há uma corrida de volta à escola. A empresa busca a adaptação dos empregados ao cenário econômico. A em- pregabilidade é a moeda que transfi gura em valor o processo de formação pro- fi ssional. Essa visão é concretizada pelo Programa Profi ssionalização – PROFI. Lançado em meados de 1996, o programa é embasado no pressuposto de que há necessidade de implementar ações de educação contínua que potencializem, nos empregados, o desempenho competitivo. O PROFI, na origem, tem um público potencial extenso. A empresa opta pela educação a distância como solução mais viável, principalmente dos pontos de vista prático e fi nanceiro. O meio escolhido para realizar a interação com os inscritos é a mídia impressa. São fascículos educativos, publicados e enviados mensalmente aos inscritos, onde são veiculados conceitos que estimulam a refl e- xão sobre aspectos ligados à escolha ou ao redirecionamento profi ssional. Os fascículos são elaborados pelo pessoal da área de educação do Banco, que é apoiada eventualmente por conteudistas de universidades brasilei- ras. Os temas são multifacetados, exploram várias áreas do conhecimento e abordam assuntos relacionados às dimensões do comportamento humano voltadas para o trabalho. O PROFI mobiliza os funcionários da área. José Francisco Carvalho de Rezen- de é o gerente da GEDEP. As funcionárias Alessandra Nunes Cunha Simões, Isa Aparecida de Freitas, Jussara Silveira de Andrade Guedes, Maria Elizabeth Mori e Marízia Ferreira de Araújo trabalham para idealizar e concretizar o programa, cujas ações dão ênfase ao conceito de autodesenvolvimento.

Fafá de Belém lança o disco O ator Paulo José protagoniza o fi lme  Coração Brasileiro. Policarpo Quaresma, Herói do Brasil. 1998 1998 104 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

A empresa pretende implantar processo de reestruturação cultural e educacional voltado para a valorização da profi ssionalização e da empregabilidade. A meta é o maior alinhamento da organização à dinâmica do mercado. São muitos os desafi os para o empregado. O planejamento do autodesenvolvimento contempla múltiplos aspectos que podem impactar a qualidade do desempenho, em decorrência das profundas mudanças implantadas. Para o programa, o mercado é o mundo e as oportunidades negociais precisam ser disputadas com ferrenha disposição. A sobrevivência da empresa depende da rapidez das decisões diante dos sinais do cenário econômico-fi nanceiro. Essa é a mensagem motriz implícita nos conteúdos trabalhados nos fascículos. O fascículo número um circula em julho de 1996 com o título: “Um caminho”. Na capa, são apresentados os ícones: um raio e um boneco. O raio constará em todas as apostilas. O folheto explica o funcionamento e expressa as visões de homem e de mundo que vão inspirar as ações do programa. Afi rma que as instituições precisam transformar-se em ritmo exponencial para acompanhar o avanço da tecnologia e do mercado. Os fascículos utilizam linguagem que reforça os paradigmas adotados pela ins- tituição após o PDV. A denominação “funcionário”, utilizada historicamente para designar as pessoas com vínculo empregatício com a empresa, é substituída pela expressão “empregado”. A mudança não encontra eco no corpo funcional. A terminologia é rejeitada e no dia-a-dia de trabalho prevalece a denominação “fun- cionário”. Esvazia-se, pelo menos quanto a esta novidade, o esforço institucional. O esforço para a implantação da nova cultura recebe o respaldo da área de educa- ção, mas não sem confl itos. Muitos funcionários trabalham com sentimentos divididos entre lançar-se às suas obrigações funcionais ou recusar envolvimento com a nova confi guração institucional, tão confl ituosa e delicada. O confl ito justifi ca-se. Somos seres simbólicos. Em sua Epistemologia Genética, Piaget ex- pressa a convicção de que humanizamo-nos conforme conseguimos manipular conceitos, idéias, símbolos. É devido a essa mesma convicção, que o rompi- mento com a linguagem utilizada para relacionamento com os funcionários, que concretizava o vínculo da organização com o empregado, até o ajuste de 1995, e sua substituição por nova semântica representativa da ruptura desse tecido simbólico, é um processo traumático. O programa compõe o conjunto

O Filme Central do Brasil, de Walter Salles, ganha o Urso de Ouro de melhor fi lme no 480 Festival de Berlim. 1998 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 105

de medidas para trabalhar a dimensão cultural implícita no novo molde de relacionamento da empresa com os empregados. Ele instiga a refl exão sobre a identidade do bancário no limiar do século XX e, portanto, fermenta, também, questões relativas ao signifi cado do que é ser funcionário do Banco do Brasil. Os fascículos apresentam formato gráfi co atrativo e utilizam linguagem visual diversifi cada. Os textos são enxutos, de leitura agradável e os conteúdos têm tratamento didático apropriado à boa metodologia do ensino a distância. O posicionamento teórico do PROFI é apoiado também no conceito de Sociedade do Conhecimento. Entre os autores que embasam as formulações do programa, Edgar Schein fornece os conceitos que auxiliam na orientação profi ssional. Destaca-se a noção de “âncora de carreira”. O posicionamento comum que permeia o PROFI é a sinalização de que é preci- so construir empregabilidade a partir do desenvolvimento de competências para atuar num mundo em constante e rápida transformação. A empregabilidade é o “diferencial competitivo” que garante a inserção e permanência do empregado no mercado. É possível afi rmar que o PROFI é a ação educativa mais representativa do período. É uma ação massifi cada, a distância. Os conteúdos e os temas são profundamen- te determinados pela realidade socioeconômica. A mensagem implícita dá ênfase ao poder individual. A cooperação é trabalhada, mas numa visão que minimiza o sentido do coletivo, pois as mensagens veiculadas enfatizam as mudanças como fruto da ação individual ou, no limite, da soma dos esforços individuais. A publicação dos periódicos é sistemática e mantém signifi cativa regularidade na circulação, no período de julho de 1996 a julho de 1999, quando começa a fi car esparsa. Depois desse período, os fascículos circulam somente quando algum tema institucional requer divulgação massifi cada. Num esforço avaliativo, é possível verifi car que o desenrolar do programa legitimou-o como ferramenta essencial para disseminação dos novos signos da cultura que se pretendia instalar. Mas foi também importante como uma ação concreta, cujo desenvolvimento aglutinou esforços, mesmo de forma individualizada. Atiçou refl exões individuais. Numa transição com dissolução de tantos elementos simbólicos e desestabilização de ícones identitários, o PROFI fez convergir a busca dos empregados por qualifi cação profi ssional para uma direção em comum.

Adélia Prado lança o livro Martinho da Vila faz o show Manuscritos de Felipa. O Pai da Alegria.  1999 1999 106 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Um comunicado na contra-capa do fascículo 26, ano VII, de agosto de 2002, atesta a efi cácia dos fascículos para divulgação de temas de interesse institucio- nal. No livreto informa-se que 94 % dos funcionários estão inscritos e que de- vido a essa alta adesão, a partir daquele número todos os funcionários, inscritos ou não, receberão o periódico em casa. O fi nal do aviso explicita as funções dos fascículos: “Agora, mais pessoas terão a oportunidade de investir em sua carreira profi ssional com informações atualizadas que podem ajudar você a melhor de- senvolver e implementar planos de crescimento e auto-realização”

Programa de Formação e Aperfeiçoamento em Nível Superior – PFANS O trabalhador terá papel central na sociedade moderna. Diante das inovações técnicas e da necessidade de adaptação rápida a uma con- juntura cada vez menos estável, trabalhadores altamente capacitados tornam-se fundamentais para o sucesso das organizações. Funcionários treinados e bem gerenciados serão uma das mais signifi cativas vanta- gens competitivas que uma empresa poderá ter. Trecho das justifi cativas apresentadas pelo grupo de trabalho que elaborou o Pro- grama de Formação e Aperfeiçoamento em Nível Superior – PFANS, constantes do relatório entregue à direção do Banco.

Segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, a pós-graduação no Brasil tem notável crescimento nos anos 1990. Esse fenômeno pode ser atribuído à disseminação de cursos de pós-graduação no País, com a publicação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação em 1996, trazendo, no seu art. 45, a possibilidade de criação e organização das insti- tuições de ensino para essa fi nalidade, com “variados graus de abrangência ou especialização”. Na esteira desse fato, surgem, então, modalidades de cursos e disseminação de alguns já tradicionalmente oferecidos. No Banco, como já foi comentado, a Consultoria Técnica aconselha a revi- são dos parâmetros que orientam o Programa de Pós-graduação que vigora até 26.1.1996, quando a nota DESED 96/021, determina a suspensão do PPG

A bailarina Ana Botafogo recebe o Troféu Mambembe, do Ministério da Cultura, em reconhecimento pelo conjunto da sua obra. 1999 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 107

e a constituição de grupo de estudo para reavaliá-lo. O grupo é formado pe- los seguintes empregados: Gabriel Antônio Atalla, das áreas Rural e Industrial; Walter Facó Bezerra, participando em nome do segmento de Desenvolvimento Empresarial e ainda, os representantes da área de Recursos Humanos: Anysie Rosa de Moura Pires, Álvaro Antônio Batista da Silva e Hugo Pena Brandão. A coordenação do GT fi ca a cargo de Anysie Rosa de Moura Pires. A equipe realiza, efetivamente, o trabalho de 4.9.1996 até 20.9.1996. O período é de transição, de mudança da estrutura departamental para a estrutura em unidades – DESED para GEDEP, como já foi mencionado. A defesa do programa registrada no relatório deixa antever que o grupo de tra- balho produziu estudo fudamentado e em sintonia com a dinâmica do mercado de trabalho tangido por novas formas de organização e produção. Pela pertinên- cia da análise, que retrata muito bem aquele momento, reproduzimos, parte da argumentação, a seguir:

Agora, a escola passa a ser também a instituição do adulto. E a educa- ção passa a ser permanente e estará, não só nas escolas, mas em toda a sociedade. Empresa, governos e associações passam a ser co-respon- sáveis pela capacitação e profi ssionalização de seus quadros funcionais. As empresas, em especial, precisam ter consciência de que seu sucesso será determinado, cada vez mais, pelas aptidões, talentos e experiências de seus empregados. Nos últimos anos, o Banco do Brasil esteve acom- panhando esse processo de transformações e, a fi m de adaptar-se a essa nova realidade, necessitou capacitar seus empregados. O DESED, como órgão de formação, conduziu, entre outros, o Programa de Atendimen- to ao Público (1991), o Projeto CAIEX (1993) e o MBA – Treinamento para Altos Executivos e, mais recentemente lançou o Programa Profi s- sionalização, que alerta o funcionalismo para a necessidade de profi ssio- nalizar-se constantemente, estimulando, assim, o empregado, a assumir a condição de protagonista de seu próprio desenvolvimento.

Ao fi m do trabalho, os avaliadores apresentam, além do diagnóstico do modelo anterior, uma proposta de novo programa de aperfeiçoamento em nível superior. O diagnóstico é validado por meio de pesquisa entre os funcionários egressos

O percursionista Naná Festival de Dança de Joinville  Vasconcelos grava o disco homenageia o bailarino brasileiro. Contaminação. 1999 1999 108 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

do PPG e detecta difi culdades relacionadas aos seguintes aspectos: qualidade do acompanhamento dos pós-graduandos, prazos de afastamento, sistema de retribuição ao funcionário-participante, sistema de alocação dos egressos nas unidades do Banco. A despeito disso, a comissão verifi cou que do ponto de vista da colocação dos egressos, o PPG é bem sucedido, uma vez que consegue direcionar 31% dos pós-graduados para a função de adminitrador e 51% para funções comissionadas intermediárias, numa “preparação da cadeia sucessória da empresa”. Examinando alguns depoimentos de funcionários pesquisados, fi ca evidente que a maior aspiração dos participantes do PPG está ligada à qualidade do acompanhamento por parte do Banco, das atividades do pós-graduando. A nova proposta prevê, além da extinção do PPG, a criação do Programa de Formação e Aperfeiçoamento em Nível Superior – PFANS, contemplando cin- co modalidades de cursos: graduação, pós-graduação lato sensu, mestrado, dou- torado e treinamento internacional. O treinamento internacional visa, conforme é estabelecido no programa:

qualifi car empregados em parceria com instituições bancárias e de ensino no exterior, com vistas a posicionar a empresa no contexto das economias globalizadas e contribui para a adeqüação das competên- cias necessárias à consolidação da nova estrutura do conglomerado.

O requisito para participar dessa modalidade é que o candidato apresente nível de profi ciência no idioma em que será realizado o treinamento, compatível com os parâmetros estabelecidos pelo programa. O PFANS é implementado a par das ações do Programa Profi ssionalização e pretende ampliar e consolidar os mecanismos de acompanhamento e avaliação das ações de aperfeiçoamento em nível superior. Prevê o apoio fi nanceiro, acompanhamento e retribuição funcional – via estímulo ao encarreiramento sob condições diferenciadas – aos empregados participantes. Na sua formulação estão explicitadas todas as condições que orientarão a participação dos treinandos, bem como as suas diretrizes operacionais e de gestão. Explicita também, que a formação in company, formato cuja iniciativa é totalmente da empresa e é largamente utilizada nos MBA promovidos pelo Banco em parceria com

Ignácio de Loyola Brandão Lançado no Brasil o publica O Homem que Odiava CD Com Defeito de Segunda-feira. Fabricação, de Tom Zé. 1999 1999 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 109

entidades externas, não faz parte do rol de modalidades previstas no PFANS, que funciona em regime de co-responsabilidade: Banco/treinando. O programa reforça a sistematização do processo de formação, visando propor- cionar maior embasamento teórico aos treinandos. A meta é ampliar o nível de compreensão referente aos novos conceitos e paradigmas que chegam com a realidade sempre mutante.

Leia mais...

Que nunca o livro fi que longe de tua mão e de teus olhos. São Jerônimo

Em 1997, a GEDEP lança o Programa Leia Mais. A iniciativa revigora o Ipsis Litteris, programa de incentivo à leitura que já existia em 1994. O objetivo dos dois programas é divulgar textos das diversas áreas de conhecimento para a disseminação de conteúdos interdisciplinares. O Programa Leia Mais, contudo, amplia o objetivo da iniciativa que o antecedeu, pois visa “promover e consolidar o hábito de leitura”. Numa sociedade em que o conhecimento é considerado um ativo que se soma aos tradicionais meios de produção – terra, capital e trabalho – os livros são ferramentas imprescindíveis. O programa visa contribuir para o acesso ao livro e para a valorização da leitura como “prática prazerosa e produtiva”. A motivação para a leitura, proporcionada no Leia Mais, está prevista em várias ações. Há a Livraria Avançada para facilitar o acesso dos funcionários às publicações relativas a temas de interesse da empresa. O Banco de Disser- tações, Teses e Monografi as. O Bookmark, uma seleção por temas, de sites na internet. Há, também, o Sumário de Periódicos, que divulga artigos e diferen- tes textos sobre assuntos relativos às diversas áreas. O Ipsis Litteris, nome do programa desenvolvido anteriormente, passa a compor as ações do Leia Mais com a função de consolidar e remeter às unidades do Banco, periódicos de interesse específi co, entre outras ações.

Ferreira Gullar publica Tomie Ohtake expõe no Muitas Vozes. Centro Cultural Banco do  Brasil no Rio de Janeiro. 1999 2000 110 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Para a divulgação do programa e maior estímulo ao ato de ler, são confecciona- dos marcadores de livros com exortações. Os marcadores são ilustrados com re- produções de obras de arte que retratam leitores em diferentes circunstâncias. Observando-se o curso da história, pode-se afi rmar que há uma evolução do processo de leitura no País. Ainda lutamos contra o analfabetismo, mas temos um bom sinalizador. O desafi o agora é, também, formar leitores. No Banco não tem sido diferente. Os funcionários se engajam cada vez mais no esforço de autodesenvolvimento via incremento da prática de leitura. A concepção dessas iniciativas é louvável e oportuna. O funcionário Augusto César Luitigards Moura Filho concebe os dois projetos. O Banco conta com duas bibliotecas constituídas. Uma no Distrito Federal e outra no Rio de Janei- ro. São construções sólidas, dignas dos seus acervos. A de Brasília resguarda seus tesouros literários, técnicos e científi cos em parte do Edifício Tancredo Neves, sede da Diretoria Gestão de Pessoas. Edifi cação idealizada no traço inconfundí- vel e arrojado de Oscar Niemayer. A biblioteca do Rio de Janeiro funciona na imponente e sólida construção da Rua 1° de Março. As ações de incentivo à leitura incrementam a utilização desses equipamentos culturais, que além de atender à demanda interna, via empréstimos de livros aos funcionários, também prestam serviços sociais pela disponibilização ao público de consulta e leitura de suas obras. O incentivo à leitura, meta maior desses programas, inscreve-se dentro da visão de uma formação global e permanente que a área de educação quer concretizar. Em 1995, somente a Biblioteca do Rio de Janeiro empresta 29.062 livros aos funcionários. Proporciona 11.517 consultas locais. Fato estimulante, pois é o leitor que justifi ca a existência do livro, como afi rmam as poéticas palavras de Cecília Meireles:

A obra nasce do diálogo interno do escritor com ele mesmo, mas só se efetiva pela existência do leitor...

O livro À Sombra do Cipreste, Marília Pêra de Menalton Braff, ganha o interpreta Amélia. Prêmio Jabuti. 2000 2000 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 111

O Germinal

Agora em pleno céu, o sol de abril raiava em toda a sua glória e majes- tade, aquecendo a terra que estava em pleno trabalho para conceber... Sob os raios infl amados do astro-rei por aquela manhã de juventude, era daquele rumor que a campina estava grávida. Surgiam homens: um exército negro, vingador, que germinava lentamente nos alqueives, nas- cendo para as colheitas do século, e cuja germinação não tardaria a fazer rebentar a terra. Trecho de Germinal, de Emile Zola. Publicado no primeiro Germinal, para ex- plicar a escolha de seu título.

Em 1995, é proposta a criação de veículo de comunicação que proporcione o encontro e o intercâmbio entre os instrutores. O educador Roque Tadeu Gui é o idealizador da revista que pretende fazer “germinar” e manter nos instrutores a vontade de refl etir sobre a educação integral. Trocar experiências. Estabelecer canal de comunicação dos instrutores entre si e com a GEDEP. O jornal circula pouco tempo ainda sob os auspícios do DESED. A edição de maio de 1996 já informa os ajustes na estrutura da direção geral. A iniciativa caminha na contramão do movimento que se instaura na institui- ção, de dissolução de vínculos sólidos e de práticas coletivas que possam reafi r- mar tradicionais símbolos institucionais. A despeito do momento, em fevereiro de 1996, circula a primeira edição da revista “O Germinal”. Ainda em caráter experimental, o número pioneiro do informativo é distribuído apenas entre os instrutores da área metodológica. Mas a meta é que a distribuição, a partir do segundo número, chegue a todos os instrutores. Os editores de O Germinal que inaugura a série são: Clarisse Droval, Edson Mendes de Araújo Lima e Maria da Glória Silvestrin Zanon. A chamada na capa dá destaque à reportagem sobre Educação e Cidadania e a ilustração “Words of Wisdom” mostra que os instrutores-jornalistas estão antenados com os desafi os do momento. A disseminação de sistemas administrativos informatizados soli- cita esforços adicionais na preparação do pessoal. A ordem é abandonar papéis e mergulhar na jornada de trabalho intermediada pela máquina. O editorial

Lançado o livro Tropicalismo – Decadência Bonita do Samba, de Pedro Alexandre Sanches.  2000 112 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

apresenta o informativo e a primeira reportagem promete periodicidade men- sal. Para a elaboração, serão convidados instrutores da área metodológica, em regime de colaboração. A edição de março de 1996 traz, na capa, a chamada “Estou bancário – existirá essa profi ssão no Futuro?”. Anuncia que o Projeto Profi ssionalização foi apro- vado e que os sistemas de desenvolvimento e gerenciamento do Banco serão revistos. O exemplar é assinado pelos instrutores: Amaro Castro Baptista, Elda Lúcia Paiva Madruga e Onivaldo Moisés Mariani. Os jornalistas são arautos de mensagens que traduzem a situação dos bancários e dos profi ssionais no Banco do Brasil. O contraponto para a dura realidade é trabalhado pelos jornalistas com o texto: “Paixão de aprender”, de Madalena Freire. A pedagogia inscrita na lição ensina:

Haverá um dia em que os alunos serão avaliados também pela ou- sadia de seus vôos.

Apesar da simplicidade na encadernação e diagramação singela, o periódico pro- porciona encontros mensais dos jornalistas “Quixotes”. Exercícios de refl exão. Um abrir veredas para pensar a educação como processo amplo e humano. A segunda metade da década de 1990 é especialmente difícil para os instruto- res. Eles enfrentam desafi os: realizar o trabalho de rotina, seja como gestores, técnicos ou operadores bancários, manter-se preparados para entrar em sala de aula e disseminar a nova realidade advinda com a reestruturação organizacio- nal, quando, muitas vezes, precisam socializar conceitos e posicionamentos dos quais, eles próprios, não têm muita convicção. Com forte papel institucional, formador de opinião, o instrutor dissemina as políticas da empresa, portanto, deve estar em perfeito alinhamento com as idéias e fi losofi a institucionais. Por tudo isso, o momento da reestruturação institucional é, também, de revisão de conceitos. Momento de refl exão profunda. Tempo de escolhas. O Germinal demonstra a capacidade da instrutoria de criar mecanismos para atuar como núcleo disseminador de refl exões com vista a uma ação organizacio- nal mais humana. Por isso, sua passagem por este itinerário.

Ana Maria Machado ganha A ONU declara o Ano Internacional o prêmio internacional Hans por uma Cultura de Paz, sob a Christian Andersen. coordenação da Unesco. 2000 2000 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 113

Instrutores residentes Em março de 1997, é criado o quadro de instrutores e orientadores resi- dentes. Até então, os instrutores permaneciam nas bases de trabalho e eram chamados de acordo com o cronograma de realização dos cursos nos Cen- tros de Formação. A seleção realizada para escolher o grupo de instrutores residentes pioneiros preenche 38 vagas distribuídas nos seguintes Centros: Belo Horizonte, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. As áreas de conhecimento que orientam a escolha dos instrutores são defi nidas a partir das demandas estratégicas, são: Crédito, Finanças, Economia e Mercado de Capi- tais, Gestão, Recursos Humanos, Cultura e Organização, Câmbio, Marketing e Produtos e Serviços. Em 4.8.1997, tomam posse os seguintes instrutores residentes: Artur Roman, Corina Castro e Silva Braga de Oliveira, Edinelson Vrech Rigo, Ênio Amaral Bones, Érika Maria Foresti Pinto, João Ademir dos Santos, Josedir Tadeu Gonçalves, José Maria da Silva Rodrigues, Nara Neide Teixeira Soares de Lira, Ricardo Uhry, Rogério Rodrigues, Sylvio Carvalho Maestrelli, Sônia Lopes de Oliveira. A projeção da demanda de qualifi cação na empresa conduz à avaliação de que, cinqüenta por cento (50%) das necessidades da GEDEP para a capacitação interna serão atendidas pelos instrutores fi xos. O trabalho dos instrutores que não fazem parte da estrutura fi xa, responderá pelas demais necessidades de mão-de-obra. As razões apontadas para a defesa do modelo dão ênfase à necessidade de redu- ção de custos com o deslocamento dos instrutores e de eliminação dos proble- mas decorrentes da difi culdade para conseguir a disponibilidade e ou liberação desses profi ssionais, fatos que persistem desde a criação do DESED. Os instrutores do quadro fi xo são especialistas. Têm regime de trabalho que contempla a atuação em sala de aula, o desenvolvimento de pesquisa e trabalho de assessoria aos demais instrutores. Uma avaliação geral permite perceber que a fi xação de instrutores é restrita em relação ao tamanho da instrutoria. Em

Inauguração do Centro Lya Luft publica Histórias Cultural do Banco do Brasil do Tempo.  em Brasília. 2000 2000 114 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

1995, entre instrutores, multiplicadores e monitores, a tarefa educativa no Ban- co mobiliza 4.016 funcionários da ativa e 171 aposentados. Em 1996, a tiragem de “O Germinal” é de 1.800 exemplares, por isso, estima-se que esse número indica a quantidade aproximada de instrutores em atividade, no período. A criação da residência trouxe algumas facilidades operacionais para os Centros de Formação, mas do ponto de vista da instrutoria, como instância mobilizado- ra de refl exões, a “fi xação” dos educadores na “residência” pulverizou o quadro nacional e reduziu os deslocamentos para atuação, diminuindo a possibilidade de intercâmbio e articulação. Aspecto que pesou para minimizar o papel histó- rico do grupo no debate das questões educacionais mais amplas.

Programa de Identifi cação e Desenvolvimento de Novos Gestores Uma das grandes tarefas da GEDEP é o esforço na capacitação de empregados para assumirem cargos de gerência. Esse trabalho tem sua maior expressão no Programa Novos Gestores. A carta circular 96/1010, de julho de 1996, fi xa os critérios de participação que mobilizam centenas de empregados na busca da ascensão profi ssional. A diferença fundamental entre o novo processo de escolha de gestores e o Pro- grama Bolsa de Gerentes, que vigorara desde 1991, é que o novo processo traz embutida a valorização da formação acadêmica. O processo seletivo, logo na primeira etapa, avalia os candidatos do ponto de vista cognitivo, com grande ênfase na verifi cação de aprendizagem relativa a conteúdos complexos referentes, especialmente, à Economia, Administração, Ciências Contábeis e Finanças. A maioria dos candidatos aprovados no certame tem nível superior. Muitos, pós-graduação. Até então, a empresa destacava a experiência em cargos de gestão, no estabeleci- mento de critérios de escolha. Há, nesse momento, uma quebra de paradigma cultural. Muitos empregados que não haviam cursado a faculdade correm de volta aos bancos escolares. Os graduados vão para os cursos de pós-graduação que se expandem vertiginosamente no País.

Sebastião Salgado produz o documentário fotográfi co Êxodos e Crianças, retratando a vida de retirantes, refugiados e migrantes de 41 países. 2000 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 115

Uma outra parcela de empregados que, atendendo ao antigo modelo de preen- chimento dos cargos de gerência, havia abandonado os estudos formais e se em- brenhado no interior do País, muitas vezes em locais que não ofereciam oportu- nidades educacionais e culturais, expressa sua frustração diante desse quadro. Mas, essa dinâmica interna refl ete uma realidade global, ou seja, as novas for- mas de organização do trabalho vão solicitando incremento da qualifi cação. O modelo produtivo sofre profundas injunções da realidade socioeconômica mundial. O trabalho incorpora, cada vez mais, o conhecimento como critério de valor. O avanço tecnológico intensifi cado a partir da segunda metade do século XX impõe novas institucionalidades às relações trabalhistas. O trabalho como ato mecânico é cada vez mais substituído pelo trabalho abstrato, que in- corpora, de forma voraz, à sua realização, crescente nível de conhecimento. Esse é o quadro que leva à implantação do programa para mapeamento e nomeação de novos gerentes. Por tudo isso, não é fortuito que a tarefa de identifi cação dos novos gestores impulsione a valorização da educação formal, sobretudo a de nível superior. A empresa passa a estimular, nos seus gestores, o desenvolvimento de perfi l profi s- sional também calcado na valorização da formação acadêmica, sinalizando que a qualifi cação continuada dos empregados é ferramenta essencial para obtenção de diferencial de competitividade. A partir dessa realidade, a GEDEP lança o Programa de Aprimoramento em Nível Superior, que consiste no patrocínio parcial de estudos nos níveis de graduação e especialização nas áreas de interesse da empresa. Iniciativa que se expande, em 1998. O Banco estabelece parcerias com instituições externas de ensino presencial e a distância, para suprimento de necessidades de complementação educacional para os funcionários, em pontos estratégicos do País. A GEDEP tem participação ativa nas ações de desenvolvimento básico dos futu- ros gerentes. O processo de formação dos gestores contempla uma etapa de orien- tação profi ssional para a compatibilização das competências e aspirações dos in- teressados com as oportunidades surgidas na empresa. O processo de qualifi cação dos participantes dos certames do Programa Novos Gestores reafi rma o cuidado com o preparo dos funcionários para o exercício das funções gestoras. . Luis Fernando Veríssimo lança As Ed Motta lança o CD As Mentiras Que os Homens Contam. Segundas Intenções do  Manual Prático. 2000 2000 116 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Trilhas – caminhos para o desenvolvimento

Quando não sabemos em qual porto queremos chegar, qualquer vento nos serve de orientação. Sêneca

A partir de 1996, a política de formação do Banco dá forte ênfase ao valor do esforço do funcionário para assumir a gestão de sua própria carreira. Isso vai ao encontro do que sinaliza o Relatório para a UNESCO da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, do mesmo ano. Esse documento defende que, numa sociedade complexa, com intensos progressos científi co e tecnológico e transformação dos processos de produção, a educação para toda a vida e a auto- nomia para conduzir-nos nessa realidade são exigências fundamentais. Na proximidade do fi nal do século XX, os processos de trabalho são cada vez mais movidos pelo conhecimento. As organizações precisam de quadros qua- lifi cados. Promover essa capacitação é tarefa complexa. Exige estratégias bem demarcadas. Objetivos claros. É essa realidade que leva a Unidade de Gestão de Pessoas, em 2000, a decidir pela adoção do conceito de trilhas para ajudar o funcionário a assumir o leme da gestão de seu desenvolvimento profi ssional. As trilhas representam caminhos ou opções de percursos para que o funcionário possa, diante das escolhas possíveis, mapear seu desenvolvimento profi ssional rumo aos lugares que pretende ocupar na empresa. Adotado o conceito, é necessário operacionalizar uma sistemática que propor- cione metodologia para viabilizar a adoção das trilhas como ferramenta para a construção do percurso profi ssional. Assim, na política de profi ssionalização, as trilhas são estratégias educativas, rumo à realização da excelência humana e alta perfórmance organizacional. Na época, o Banco concebe modelo estratégico baseado em pilares e isso precisa ser considerado quando da operacionalização do conceito no âmbito da política de profi ssionalização. É preciso deixar claro para o funcionário qual é o direciona-

Caetano Veloso apresenta Memórias Póstumas, de André Klotze, o show Noites do Norte. ganha o Kikito de melhor fi lme, em Gramado. 2000 2001 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 117

mento estratégico do Banco. Assim, além de dar suporte à realização dos negócios, ele pode defi nir para qual direção deve “ajustar as velas” de seu desenvolvimento. A concepção do sistema de trilhas requer que a empresa reorganize a capacitação a partir de enfoques de aprendizagem. Toda a área de educação é mobilizada. Analistas, executivos, colaboradores. Alessandra Nunes Cunha Simões, Hugo Pena Brandão, Isa Aparecida de Freitas, Roque Tadeu Gui orientam a implan- tação do projeto. Escolhidos os enfoques de aprendizagem, são estabelecidos os temas que mape- arão a estratégia educativa e passam a orientar a construção das trilhas indivi- duais. A sistemática defi ne as áreas de conhecimento de interesse do Banco – os domínios temáticos – que vão direcionar as ações de ensino e aprendizagem. Individualmente, as trilhas ajudam o funcionário a conciliar as necessidades de aprimoramento em relação ao seu trabalho atual e seus interesses futuros de encarreiramento. A implementação do modelo de trilhas concretiza a visão de formação global e permanente cujas sementes foram plantadas desde 1976, avança na inclusão do conceito de autogestão da carreira e contempla aspectos primordiais para o desenvolvimento profi ssional. Abre espaço para os anseios de ascensão do fun- cionário. Aponta caminhos para a diversifi cação de suas experiências e permite aprofundar seus níveis de conhecimento vinculados à sua área de interesse. As trilhas são compassos para traçar caminhos possíveis. Mas, entregue a ferra- menta ao funcionário, coloca-se o desafi o. Como conseguir tempo na jornada dividida entre família, trabalho e tarefas correlatas do funcionário? Como cui- dar do plano de navegação? O enfrentamento dessa questão exige disposição pessoal, foco e sobretudo, parceria entre o “navegador”, o gestor e a própria fa- mília. Nessa realidade é fundamental o papel do gestor como orientador e apoio para consolidação das ações selecionadas. É essencial cuidar da qualidade de vida para equilibrar todas as múltiplas dimensões da pessoa como ser integral. O diálogo, a compreensão e o compromentimento são atitudes básicas para o sucesso da empreita no processo. O desafi o está lançado.

Edu Lobo e Chico Buarque voltam Gilberto Gil lança o disco a compor juntos, para o musical São João Vivo.  Cambaio, sob a direção de Lenine. 2001 2001 118 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Educação a distância Pela primeira vez na história da humanidade, a maioria das compe- tências adquiridas no começo de uma carreira estarão obsoletas no fi m de um percurso profi ssional... As desordens da economia, assim como o ritmo precipitado das evoluções científi cas e técnicas, determinam uma aceleração generalizada da temporalidade social. Por causa disso é que os indivíduos e os grupos não se deparam mais com saberes estáveis, com classifi cações de conhecimentos herdados e confortados pela tradição, mas sim com um saber-fl uxo caótico, cujo curso é difícil de prever e no qual a questão agora é aprender a navegar. Extraído do catálogo de cursos a distância. 2000.Trecho do ensaio A nova relação com o saber. Pierre Lèvy

Em julho de 2000, é concebido um catálogo de cursos a distância. Na capa do mostruário o título “Educação a distância perto de você” indica o investimento da área de educação na modalidade a distância pelo seu poder de democratizar as oportunidades de capacitação. Às práticas de educação a distância já existen- tes são acrescentadas novas tecnologias a serviço da educação. A apresentação do catálogo traz contextualização sobre a importância do ensino a distância, a centralidade do conhecimento como diferencial para a competitividade do profi ssional bancário e a força das transformações globais impondo a necessidade de ampliação das tecnologias de educação para democratizar o acesso ao conhecimento. O texto do início do catálogo relaciona, também, algumas vantagens da educação a distância. Essas informações são fundamentais, pois o momento é marcante. No imaginário social, o ano 2000, pela proximidade da virada do milênio, tem forte simbolismo como portal para o futuro. Além disso, nos anos anteriores, próximos de 2000, há o fantasma do Bug do Milênio, receio generalizado da ocorrência de pane nos computadores, em decorrência da mudança dos dígitos que compõem a data nos equipamentos eletrônicos. O momento é de incremento das tecnologias e de corrida para a aprendizagem de Informática. Os cursos relacionados no catálogo estão agrupados em áreas: Atendimento, Economia, Finanças e Crédito, Gestão, Idiomas, área internacional, produtos e

Realização do I Encontro Gal Costa grava o disco de Culturas Tradicionais da Gal Bossa Tropical. Chapada dos Veadeiros. 2001 2002 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 119

serviços. À época, a intranet do Banco está sendo preparada para ser a principal mídia de educação na empresa. O treinamento baseado em computador assimila a web. Algumas dicas de estudo compõem o catálogo. O objetivo da inclusão desse item é familiarizar os funcionários, acostumados à modalidade presencial de ensino, com o jeito de estudar fora da sala de aula. O aumento da oferta de cursos via treinamento baseado na web, representa “uma revolução na forma de treinar maciçamente os funcionários”. Entretanto, essa “revolução” não acontece espontaneamente e nem de uma hora para outra. É o resultado de pesquisa e trabalho urdidos pelos caminhos da educação a distância no Banco. Uma breve incursão pela história permite acompanhar alguns passos importantes dados nessa direção. A década de 1980 marca o início do debate: educação presencial versus educação a distância, no meio educacional do País. No Banco, o papel de cada uma dessas modalidades na educação institucional também é foco de discussões. O avanço da tecnologia sinaliza com a possibilidade de ampliação do ensino a distância. O desafi o de qualifi car os funcionários distribuídos nas inúmeras unidades do País mostra que é necessário lançar mão de meios ao alcance e conciliar os mecanismos e formas possíveis para chegar-se a uma empresa qualifi cada. Em 1981, o departamento disponibiliza o primeiro curso a distância, o Curso de Contabilidade – Conta I, que utiliza mídia impressa. A partir da perda da Conta de Movimento, a urgência para desenvolver cursos que preparem o funcionário para dar maior competitividade à empresa leva ao aumento da inclusão de treinamento a distância que progressivamente incorpo- ra novas mídias. É preciso sintonizar as ações educativas com o acelerado ritmo da automação dos serviços e racionalizar custos. Na década de 1990, o Banco fi rma convênio com rede privada de televisão para aquisição de programas educativos. O VHS é incorporado à modelagem didáti- ca da educação a distância. As unidades do Banco – agências e órgãos regionais – são equipadas com televisão e vídeo.

Lançada em Salvador, a revista em Jorge Ben Jor lança o quadrinhos Dodô & Osmar – A Incrível disco Acústico MTV.  História do Pau Elétrico. 2002 2002 120 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

A ênfase no autodesenvolvimento e na educação contínua começa a impor no- vos ritmos e confi guração à educação institucional. Assim, a educação a distân- cia fi ca cada vez mais perto do esforço para capacitação no Banco.

A Universidade Corporativa Banco do Brasil – UniBB A educação ao longo de toda a vida é uma construção contínua da pessoa humana, do seu saber e das suas aptidões, mas também da sua capacidade de discernir e agir. Deve levá-la a tomar consciência de si própria e do meio que a envolve e a desempenhar o papel social que lhe cabe no mundo do trabalho e na comunidade. Jacques Dèlors

No fi nal da década de 1990, há grande disseminação de universidades cor- porativas – UC, entidades educacionais que promovem a educação continu- ada, por meio de processo centralizado de soluções de aprendizagem. As UC funcionam em estreita ligação com o direcionamento estratégico. Assim, a construção do conhecimento se dá numa relação íntima com o planejamento estratégico das organizações. No Brasil, em especial, o ano de 1999 é emblemático da crescente instalação dessas comunidades de aprendizagem em várias empresas. O fi nal do milê- nio acelera a emergência de modelos organizacionais fl exíveis, enxutos e da busca incessante da criação e disseminação do conhecimento como fatores de competitividade. A implantação das universidades corporativas nas empresas está intimamente ligada ao conceito de gestão do conhecimento, ou seja, aos processos voltados para conceber, concretizar e socializar o conhecimento na organização, tendo como pressuposto que o conhecimento é capital insubstituível para o estabele- cimento da competência organizacional. É impossível pensar nas universidades corporativas sem relacioná-las ao con- ceito de E-Learning. No contexto de uma realidade globalizada, com tec- nologias avançadas de comunicação virtual e interatividade em tempo real, altera-se o conceito de “presencialidade”. O desafi o de proporcionar educação de qualidade passa a contar, de forma progressiva, com a educação a distância,

O Museu Casa do Pontal lança o livro O Mundo da Arte Popular Brasileira. 2002 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 121

via internet. As universidades proporcionam a sistematização do conhecimen- to e o disponibilizam via interface virtual, para sua rede social. As UC são comunidades virtuais de aprendizagem e interação e têm um impacto signifi - cativo para a imagem das organizações. Não é por acaso, que a conectividade é o princípio por excelência na constituição de um sistema de educação cor- porativa, por meio das UC. Para a instituição mantenedora, a universidade corporativa signifi ca a conver- gência de suas ações educativas para uma direção estratégica mais palpável, pois proporciona o alcance de sua rede social, via socialização de informações, co- nhecimentos e oportunidades. Em contrapartida, é necessário esforço constante para a atualização de informações e iniciativas que mantenham a face da uni- versidade, o seu sítio virtual, em sintonia com a atualidade interna e externa. A comunicação precisa manter-se integral, interativa e dinâmica. O Banco, contando com robusto sistema educacional, reúne condições para inserir-se na tendência. As empresas que contam com uma estrutura de univer- sidade corporativa são reconhecidas como antenadas à realidade. Caminhando na direção de um alinhamento da educação corporativa do Banco com a atu- alidade, a área de educação mobiliza um grupo de funcionários para conceber e concretizar projeto para a criação da sua universidade corporativa. O funcio- nário Hayton Jurema Rocha está à frente da Diretoria Gestão de Pessoas que encampa a iniciativa. A equipe designada para conceber a estrutura, diretrizes e modelo operacional é ampla. A tarefa mobiliza técnicos, consultores e executivos da área. Aqui, alguns dos nomes que constam dos documentos que viabilizam a apresentação do projeto: Edgard Rufatto Júnior, Hugo Pena Brandão, Luiz Alberto Andreola, Marcos Fadanelli Ramos, Mário Lúcio Peconick. Mas, além destes, muitos fun- cionários trabalham para conceber, estruturar e concretizar uma universidade corporativa para o Banco. Operacionalmente, os ensaios para a implantação da comunidade virtual de aprendizagem começam com a criação do Portal do Desenvolvimento Profi s- sional do Banco, em julho de 2001. Depois, no desenvolver dos trabalhos, o conselho diretor aprova, em novembro de 2001, a criação da Universidade Cor- porativa Banco do Brasil – UniBB, cuja inauguração ocorre em julho de 2002.

Jairzinho Oliveira grava o Fernando Meirelles lança o disco Outro. fi lme Cidade de Deus.  2002 2002 122 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

A linha fi losófi ca de trabalho da UniBB assimila os conceitos das aprendizagens essenciais para o século XXI, estabelecidos pela UNESCO – Aprender a Conhe- cer, Aprender a Fazer, Aprender a Conviver e Aprender a Ser – como atitudes pedagógicas do processo de ensino-aprendizagem e reafi rma os eixos metodoló- gicos já consagrados pelos educadores do Banco nas formulações de 1978, 1985 e 1990, como já foi aqui afi rmado. Para a gênese da UniBB o sistema educacional é reorganizado. A estrutura e a estratégia organizacional devem orientar a ação educativa. As áreas de atuação do Banco, seus pilares negociais, são o núcleo para o estabelecimento dos en- foques de aprendizagens. As áreas de interesse da empresa passam a constituir domínios temáticos. O modelo acrescenta a visão global, integrada e dinâmica do Banco como princípio de funcionamento. A cerimônia de lançamento é realizada no auditório do Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. Participam autoridades, a direção do Banco, entidades educacionais, educadores e funcionários em geral. Os professores pioneiros dão testemunhos da caminhada educacional do Banco até chegar à implantação da UniBB. A UniBB passa a abrigar internamente a oferta e disponibilização de soluções educacionais na busca de desenvolver competências, estimulando o aprendi- zado em consonância com as estratégias da empresa. Externamente, “entrega” produtos educativos variados à sua rede social. Clientes, fornecedores, enfi m, o público, em geral, pode acessar o site e realizar cursos on line, ler artigos de interesse, conhecer mais sobre a educação no Banco. A UniBB fi rma-se como marca e proporciona projeção da comunidade educa- cional do Banco como agência que disponibiliza soluções educacionais e socia- liza conhecimento. Esse é, talvez, o aspecto de maior impacto social, especial- mente pela centralidade da educação a distância como modalidade que permite a universalização do ensino. A UniBB, pela sua dimensão e capacidade operacional, é representativa do mo- delo de educação corporifi cado nas UC. No seu sítio virtual e para além dele, ela traduz seu slogan: Criando valor pela educação.

A animação O Lobisomem e o Coronel, dirigida por Ítalo Cajueiro e Elvis Kleber, computação gráfi ca e animação de Krishnamurti Costa, cenários de Zeluca, vence o Festival Anima Mundi. Os premiados são funcionários do Banco do Brasil. 2002 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 123

A transição Em outubro de 2000, a UFRH passa a denominar-se Unidade de Função Ges- tão de Pessoas – UFGP. Oito meses depois, em agosto de 2001, a unidade ad- quire status de diretoria, passando a denominar-se Diretoria Gestão de Pessoas – DIPES. Ainda no contexto do ajuste na estrutura, os Centros de Formação Profi ssional – CEFOR recebem nova nomenclatura – Gerências Regionais Ges- tão de Pessoas – GEPES e têm suas funções ampliadas. As unidades são encarre- gadas das atividades de ensino, gestão de desempenho e orientação profi ssional e outras tarefas antes atribuídas aos extintos DEASP e FUNCI. As mudanças concretizam soluções apontadas desde a elaboração do projeto “Repensando o DESED”, quando foi detectada a necessidade de descentralizar e dar maior autonomia aos Centros de Formação. A ampliação do papel das Gerências Regionais Gestão de Pessoas aumenta a di- fusão dos saberes da organização, pois a partir daí, as unidades do Banco podem reportar-se diretamente às GEPES e obter consultoria ou orientação. Assim, instala-se maior capacidade de socialização e conversão desse conhecimento em competência organizacional. Em 2002, a GEDEP recebe a denominação de Gerência de Identifi cação de Talentos e Educação Corporativa – GEDUC. O gerente executivo é Marcos Fadanelli Ramos. O termo “talentos” inspira a denominação da nova gerência – GEDUC e está presente na concepção do TAO – Talentos e Oportunidades, ferramenta a ser utilizada para a identifi cação e recrutamento de candidatos nos processos seleti- vos internos. Essa fase assinala um momento de esforço da área para integração das políticas de desenvolvimento de pessoal. O Programa Profi ssionalização tem grande impacto no esforço da empresa para a capacitação. O período é pródigo na concepção de tecnologias educacionais e de gestão de pessoas. É intenso o intercâmbio da área de educação com instituições externas de ensino e tradicionais consultorias dedicadas à qualifi cação. A Gerência de Educação Corporativa assimila inovações do mercado, em compasso com o cenário de mudanças nas práticas e terminologias em edu- cação corporativa.

O curta Chateaubriand – Cabeça O fi lme Bicho de Sete Cabeças, de de Paraíba é exibido no Festival Lais Bodanzky, é o grande premiado no  de Curtas de Sergipe. Grande Prêmio de Cinema Brasileiro. 2002 2002 124 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

É possível afi rmar que o tempo que marca a existência da GEDEP é momento de desafi os e questionamentos, mas também de criatividade e resistência. Por isso, a GEDUC terá também muito trabalho pela frente, uma vez que a tarefa da educação é olhar para o futuro, é saber da necessidade de fazer interrogações quando tudo parece estar pacifi cado. Defi nido para sempre.

Estréia, no Armazém do Rio, a Missa dos Quilombos, com músicas de Milton Nascimento e textos de Pedro Tierra e Pedro Casaldaglia. 2002 A educação faz diferença Cultura Organizacional

Em dezembro de 2003, participei do curso Cultura Organizacional. O que vivi superou qualquer expectativa. Esperava encontrar um educador técnico, a mostrar em gráfi cos, de forma fria e impessoal, o processo de formação do Banco do Brasil. Deparei com um curso que mostra como a cultura da empresa se formou. As diversas situações de um banco plural. Com pessoas de etnias, costumes e crenças distintas. Todos com jeito próprio, mas formando a identidade cultural da organização. A força de todos, a comunhão de valores construindo a cultura da empresa. A contribuição de cada um para a construção do Banco do Brasil. A experiência foi enriquecedora. Tanto pessoal, quanto profi ssionalmente.

Relato de Carmen Célia Santos de Oliveira. Escriturária. Agência Vermelha – Piauí. Em 24.7.2006. 126 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Quarto capítulo

O futuro é um lugar que mora perto GEDUC – Gerência de Educação e Desenvolvimento de Competências Profi ssionais (de 2003 a 2006)

A educação é por natureza contraditória, pois implica simultaneamente conservação e criação, ou seja, crítica, negação e substituição do saber existente. Somente desta maneira é profícua, pois do contrário seria a repetição eterna do saber considerado defi nitivo e a anulação de toda possibilidade de criação do novo. Álvaro Vieira Pinto

Educação corporativa

Um volver de olhos para os últimos quarenta anos do século XX permite-nos visualizar um caleidoscópio com imagens intensas. Rápidas. No pós-guerra, o mundo quer afastar-se de tudo o que lembra escassez, penúria, sofrimento. Nas décadas de 1970 e 1980, os países subjugados pelos regimes ditatoriais lutam pelo resgate das liberdades de ação e expressão. Empilham os tijolos da determinação e da dignidade para construir a democracia. O tempo passa. A sociedade lança-se com avidez à produção e ao consumo. O modelo produtivo não leva em conta o esgotamento contínuo da biosfera. No início dos anos mil novecentos e noventa, os indícios dos prejuízos ao planeta já são grandes. Em 1992, muitos países reúnem-se no Rio de Janeiro para refl etir sobre o tamanho do estrago. A Conferência das Nações Unidas sobre Ambiente e Desenvolvimento, a Eco-92, alerta para a urgência de se começar a racionalizar o modelo produtivo para o melhor aproveitamento dos recursos naturais. Começa o novo milênio. O apelo do modelo produtivo baseado no consumo exagerado, embalado pelo credo do mercado como regulador das relações humanas e entre nações, leva os países à corrida para produzir e acumular. Nessa aquarela, a revolução virtual, via informática, a expansão das transnacionais e o incremento

A cineasta Izabel Jaguaribe leva às telas Paulinho da Viola – Meu Tempo é Hoje, um painel afetivo do cantor, compositor e instrumentista. 2003 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 127

exponencial das tecnologias da comunicação vão aprofundando a mundialização do mercado. Todos buscam alinhar-se e há pressa. Mudam as paisagens política, natural e econômica do planeta. Tudo aparece associado à noção de sociedade global. Todos trabalham para a transformação de suas economias. Acredita-se que a sintonia com as estratégias voltadas para o lucro e para a acumulação ajustará as economias e que o modelo alcançará os países de forma homogênea. É proclamado, também, que a tarefa de credenciamento à condição de competidor no mercado é igual para todos. As economias periféricas deparam com uma agenda que exige esforços adicionais para acompanhar o ritmo da competição intercapitalista. No Brasil, ganham signifi cância eleitoral os partidos com bandeiras populares. Em outubro de 2002, Luiz Inácio Lula da Silva, fundador do Partido dos Trabalhadores, é eleito o 39º presidente do Brasil, com margem signifi cativa de votos. A tarefa de governar será desafi adora. É preciso trabalhar para minimizar um histórico défi cit social e construir governabilidade. Para isso, é necessário continuar a atrair investimentos privados, internos e externos, e cuidar do quadro econômico para impedir a fuga de capitais. É urgente adotar políticas que induzam taxas de crescimento econômico para geração de postos de trabalho. No início do milênio, o mundo já enxerga os efeitos da última década de produção e consumo indiscriminados e do excesso de confi ança em que as transformações econômicas alcançariam as esferas sociais e políticas com melhoria automática do nível de desenvolvimento social para todas as populações. Realmente, os principais processos acontecem em escala global, mas os efeitos “bons” da acumulação fi cam com os que já detêm os melhores quinhões. As conseqüências danosas atingem de forma terrível os menos afortunados; o lixo que sobra do processo produtivo esgota a biosfera e envenena a Terra. A noção simplista e redutora de que a mundialização é um “processo homogêneo” exclui da pauta das instituições a discussão e a construção de protocolos para a proteção do ambiente e dos explorados. A busca de otimização da atividade produtiva para ampliação da capacidade de produzir lucro não visualiza o crescimento econômico como estando “a serviço do bem da humanidade”; ao

Artur Moreira Lima toca em doze municípios às margens, ou próximos ao Rio São Francisco, com o objetivo de levar concertos para populações carentes.  2003 128 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

contrário, constrói inversão desses elementos. O modelo de acumulação adotado não produz apenas lucro, gera situações sociais e ambientais graves. A solução econômica muitas vezes produz problemas humanitários irreversíveis. Esses fenômenos aumentam ainda mais o desafi o do governo para promover um desenvolvimento regional mais harmônico e criar políticas de inclusão social efetivas. Nessa direção, já no início do governo, confi guram-se diretrizes voltadas para o conceito de sustentabilidade com ênfase na proteção social e na diminuição dos níveis de miséria e pobreza no País. No Banco, em fevereiro de 2003, é dividida a Vice-presidência de Crédito e Gestão de Pessoas – VICRE. A Vice-presidência Gestão de Pessoas – VIPES tem como novo vice-presidente Luiz Oswaldo Sant’Iago Moreira de Souza. A VIPES é composta pela Diretoria Gestão de Pessoas – DIPES e pela Unidade Relações com Funcionários e Responsabilidade Socioambiental – RSA. A criação dessa unidade na VIPES, voltada para o cuidado da responsabilidade socioambiental, sinaliza a busca de maior sintonia da empresa com a visão de sustentabilidade. As políticas de pessoal e as diretrizes de responsabilidade socioambiental necessitam avançar na democratização das oportunidades, no incremento da valorização funcional e pela efetividade do Banco como agente de desenvolvimento do País. Um dos destaques na composição das diretorias é a nomeação, em 17.2.2003, da funcionária Rosa Maria Said, primeira mulher a assumir cargo de diretora. Rosa passa a fi gurar no rol das pioneiras mulheres que respondem por cargos comis- sionados no Banco. De anos passados, lembramos, como exemplo, Dona Vênus Caldeira de Andrada, que em 29.1.1942 é comissionada na função de parecerista do departamento de funcionalismo do Banco e galga outros cargos, até se apo- sentar em 3.11.1980 como chefe de seção no setor responsável pela elaboração do almanaque de pessoal. A Diretoria Gestão de Pessoas é composta por três gerências executivas. Entre elas está a Gerência de Educação e Desenvolvimento de Competências Profi ssionais – GEDUC, sob a coordenação de Pedro Paulo Carbone. As atividades da GEDUC correspondem às funções do que foram o DESED e a GEDEP. Em virtude das mudanças nas tendências em gestão de pessoas e do conhecimento, essas instâncias não têm funções e papéis idênticos, mas têm em comum, a incumbência de conceber e executar as políticas de formação.

Criado o Centro de Memória Digital da UnB com o apoio do Ministério da Cultura, para preservação, pesquisa e divulgação em meio digital do patrimônio histórico e cultural brasileiro. 2003 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 129

A educação, em tempos de cibercultura, impacta e é muito infl uenciada pelas tecnologias digitais. Pede pensamento e ação renovados. Exige revisão de pa- radigmas para atender às demandas de qualifi cação das empresas. A educação corporativa cristaliza a visão do ensino e da aprendizagem como processos in- dissociáveis da estratégia organizacional: a construção e a disseminação do co- nhecimento a serviço da inteligência corporativa, que confere competitividade às organizações. No Banco, a UniBB é o elemento que espelha tal movimento. A GEDUC é a instância que administra esse recurso estratégico para o posicio- namento da educação corporativa diante da rede de relacionamento do Banco. A gerência de educação e desenvolvimento de competências profi ssionais proje- ta, assim, o trabalho educativo, que se realiza sobretudo nas gerências regionais gestão de pessoas, ou sob seu acompanhamento, e orienta as ações educativas realizadas a partir de parcerias, convênios, entre outras iniciativas. O Banco está inserido no mais complexo e maior sistema fi nanceiro da América Latina. Sistema no qual a formação de clientela baseia-se num modelo de rela- cionamento estreito com o cliente. Isso exige altos padrões de qualidade do aten- dimento e estratégias de capacitação do pessoal. Esses aspectos delineiam uma crescente preocupação com investimento, em formação no setor fi nanceiro, para mobilização de competências técnicas, tecnológicas. Mas o panorama do mundo globalizado, como já foi dito, inclui novas dimensões para o sistema educacio- nal em geral e para a formação profi ssional. No Banco do Brasil não é diferente.

Projetando a educação O desafi o de capacitar o corpo funcional para o trabalho assimila nova mis- são. É preciso preparar os funcionários para manterem a competitividade da empresa, mas é necessário, sobretudo, incluir como pauta presente em todo o esforço educativo a refl exão sobre os impactos socioeconômicos e ambientais da atividade produtiva da organização e do próprio posicionamento pessoal dos servidores do Banco, em relação ao tema. A pauta primeira da gerência é ampliar as oportunidades educacionais na empresa, incluir segmentos funcionais historicamente preteridos nas estratégias educativas. Inclusão é palavra de ordem. A GEDUC tem urgência de trabalhar

O fi lme Narradores de Javé recebe o Obra de Arthur Bispo do  prêmio da crítica no Festival Internacional Rosário é exposta no museu de Friburgo, realizado na Suíça. Jeu de Paume, em Paris. 2003 2003 130 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

para que o modo de pensar e fazer da organização e das pessoas que nela trabalham repercuta como modelos fundamentais para a disseminação de conceitos, práticas e atitudes que promovam o desenvolvimento organizacional cidadão e sustentável. A capacitação volta-se para oferecer soluções educacionais relacionadas aos se- guintes temas: responsabilidade socioambiental, educação e pedagogia empre- sarial, gestão e estratégia, negócios e apoio aos negócios.

O trabalho educativo No início, os treinamentos do Banco são realizados no prédio da Direção Geral, nas instalações do próprio DESED, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Posteriormente, passam a funcionar em Brasília e Rio, com quadros próprios. Paralelamente, Belo Horizonte, Londrina, Passo Fundo, Recife, Ribeirão Preto, Salvador, Santos e São Paulo realizam cursos em salas avançadas, com auxílio dos funcionários das próprias dependências e com coordenadores itinerantes, também instrutores, indicados pelo DESED. No período de 1978 a 1979, são criados os CEREF – Centros Regionais de Formação, em Belém, Belo Horizonte, Bento Gonçalves, Campo Grande, Curitiba, Fortaleza, Londrina, Recife, Ribeirão Preto, Salvador e São Paulo. Estes centros, que contam com quadro próprio, são ligados administrativamente ao DESED. A seguir, os CEREF evoluem para uma estrutura com maior autonomia e passam a denominar-se CEFOR – Centro de Formação Profi ssional, a exemplo do Rio de Janeiro e Brasília. Os centros têm coordenação local mas continuam ligados administrativamente ao DESED. Em 1992, na administração de José Franco de Moraes, o DESED realiza estudo para verifi car a possibilidade da criação de onze centros para a expansão da rede CEFOR. A conclusão do estudo constata a necessidade da criação de centros em Aracaju, Cuiabá, Florianópolis, João Pessoa, Maceió, Manaus, Natal, Porto Alegre, São Luiz, Teresina e Vitória. O estudo justifi ca que os novos centros seriam oportunos para expandir a capacidade de atendimento da demanda e

Francisco Brennand inaugura, em sua ofi cina, o espaço Accademia para expor desenhos, pinturas e peças cerâmicas de pequeno porte. 2003 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 131

pela minimização de custos com os deslocamentos dos treinandos e instrutores. Como resultado, sopesadas as implicações benéfi cas e difi culdades, foram instalados os centros de Aracaju, Florianópolis, João Pessoa, Maceió, Porto Alegre, São Luís e Vitória. Em 1996, a rede CEFOR tem unidades em Aracaju, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, João Pessoa, Maceió, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador, São Luís, São Paulo e Vitória. Os centros de São Paulo e Porto Alegre contam com salas de aula avançadas, em Bauru e Bento Gonçalves respectivamente. Os CEFOR funcionam como verdadeiras escolas: salas de aula, serviço de secretaria e coordenação administrativa com autonomia para construir seus calendários de treinamentos. Nesses mais de quarenta anos da criação de uma estrutura sistemática para responder e realizar a capacitação na empresa, muito conhecimento foi compartilhado e muitas experiências socializadas nos CEFOR. Em 1997, há uma reestruturação da rede, que passa a contar com doze cen- tros, sendo desativadas as seguintes unidades: Aracaju, João Pessoa, Maceió, São Luís, Vitória e as salas avançadas em Bauru e Bento Gonçalves. Essa rees- truturação tem como objetivo o enriquecimento das funções dos Centros de Formação que, a partir dali, passam a atuar também na orientação de carreira, além de acompanhar o processo de gestão de desempenho. Assim, apesar da diminuição, os centros ganham em importância quanto ao seu papel, que até então restringe-se à operacionalização de treinamentos. A existência dos Centros de Formação, nos Estados, aproxima das ações da di- reção geral, as agências do Banco espalhadas pelo território nacional. Viabilizar essa descentralização, no entanto, leva ao encontro de alguns obstáculos. As dimensões continentais do País, por exemplo, constituem fator que, ao mesmo tempo que pedem essa capilaridade, trazem elementos que difi cultam a manu- tenção das estruturas regionais. A partir de dezembro de 2000, os Centros de Formação – CEFOR são substituídos pelas GEPES – Gerências Regionais Gestão de Pessoas, unidades criadas para concretizar as políticas de pessoal e de responsabilidade socioambiental do Banco.

O Fórum Social Mundial realizado em Porto Alegre discute Mídia, Cultura e Alternativas à Mercantilização e Homogeneização.  2003 132 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Por sua maior abrangência, suas funções extrapolam o serviço educacional prestado, anteriormente, pelo CEFOR. Em 2004, o fl uxo operacional das unidades regionais é organizado em núcleos de trabalho, obedecendo aos seguintes temas que abrigam suas tarefas: cidadania, educação, gestão e trabalho. Assim, nas GEPES, o setor que presta atendimento e realiza os serviços relativos à educação empresarial é o Eixo de Desenvolvimento Pessoal e Profi ssional – DPP. As GEPES têm liberdade para organizar seus serviços da forma mais adequada à sua realidade regional, mas o Eixo DPP responde pelo trabalho educativo em geral. Atualmente, os Eixos de Desenvolvimento Pessoal e Profi ssional realizam o trabalho que antes cabia aos CEFOR, quando os centros regionais respondiam somente pela tarefa educacional. Em 2005, é autorizada a ampliação da Rede GEPES e em fevereiro de 2006, entram em funcionamento mais oito unidades. As atuais GEPES estão localizadas nas seguintes cidades: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Campo Grande, Cuiabá, Curitiba, Florianópolis, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Manaus, Natal, Porto Alegre, Recife, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro, São Luís, São Paulo e Vitória. A efetivação das políticas de gestão de pessoas e responsabilidade socioambiental depende da atuação das GEPES, que realizam a interface das diretorias com os funcionários em todo o País. O trabalho é complexo, apresenta múltiplas dimensões em virtude da variedade de processos e serviços que as gerências regionais realizam. A metáfora sugerida por Leonardo Boff para falar das dimensões humanas – a prosaica e a poética – talvez possa ser emprestada para uma comparação ao trabalho que as GEPES devem realizar: prestar atendimento personalizado, cuidadoso aos funcionários, sem perder de vista os valores, crenças e estratégias da empresa. A precisão da galinha aliada à perspicácia da águia, como ensina o pensador missionário da Teologia da Libertação, para enfrentar o desafi o de cuidar das pessoas da organização e contribuir para o cumprimento da missão da empresa.

O Brasil comemora o centenário de Cândido Jacob do Bandolin é Portinari, nascido numa fazenda de café em homenageado no disco Ao Brodoswki, interior de São Paulo. Jacob, seus Bandolins. 2003 2003 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 133

A Educadoria, uma história à parte A preparação do educador é permanente e não se confunde com a aqui- sição de um tesouro de conhecimentos que lhe cabe transmitir a seus discípulos. É um fato humano que se produz pelo encontro de consciên- cias livres, a dos educadores entre si e a destes com os educandos. Álvaro Vieira Pinto

Historicamente, as competências pedagógicas de funcionários do Banco têm sido convertidas em prática educativa para a produção de saberes institucionais. As demandas para qualifi cação de pessoal são, desde os primeiros tempos, em grande parte, atendidas com o aporte de conhecimentos de funcionários que agregam ao exercício de suas funções cotidianas como profi ssional bancário, a missão de entrar em sala de aula. Examinando a história da educadoria, verifi ca-se que, excluindo a experiência dos instrutores residentes, mencionada no segundo capítulo do livro, sempre foi estratégia da área de educação a não-constituição de um quadro de educadores dedicados exclusivamente às salas de aula. A vivência dos educadores nas dife- rentes funções mantém esses profi ssionais em sintonia com a realidade, a par dos fl uxos operacionais e da cultura organizacional. O educador tem importante papel institucional. É o arauto das mensagens organizacionais que revestem o conteúdo programático dos cursos. A prática pedagógica do educador tem efeito multiplicador. Por isso, o processo de for- mação pedagógica apresenta peculiaridades e passa por modifi cações de acordo com a dinâmica organizacional. Até 1997, o processo de formação é efetivado no Curso de Formação de Ins- trutores – CFI. Uma formação extensa, cento e vinte horas-aula, e considerável nível de aprofundamento das matérias de natureza pedagógica e de disciplinas correlatas. Além da instrumentalização didática, o curso proporciona refl exões sobre o papel do futuro instrutor. Os formandos são orientados para o exercício de outras atividades, além das previstas atuações em sala de aula. Eles podem ser chamados para planejar ou revisar cursos, planejar e coordenar encontros de atualização, elaborar questões

O Homem que Copiava ganha o Lançado o fi lme O Vestido, prêmio de melhor fi lme no Festival de inspirado no poema de Carlos  Cinema Brasileiro de Paris. Drummond de Andrade. 2003 2004 134 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

para processos seletivos. Em documentos institucionais de 1993, está registrado que a função do instrutor é “Desenvolver ações de formação, especialmente, aquelas ligadas às atividades docentes, que visem o desenvolvimento pessoal e profi ssional dos funcionários”. O Curso de Formação de Instrutores proporciona refl exões para além da simples transmissão de conhecimentos. São comuns relatos de funcionários em formação, quanto à intensidade das vivências, quanto à necessidade de esforço intensivo para atender às exigências do processo avaliativo. O conhecimento é construído num ambiente de rico intercâmbio de experiências. As turmas congregam funcionários de muitos lugares do Brasil. A diversidade é propícia à percepção da realidade institucional a partir das distintas culturas locais e regionais. Os funcionários que ministram a formação pedagógica dos futuros instrutores são chamados de instrutores da área metodológica ou instrutores-formadores. Eles não provêm do curso que aborda o tema específi co da formação. São selecionados por meio de rigoroso processo seletivo. Na formação pedagógica são estudados conteúdos voltados essencialmente para a metodologia de ensino. Esses instrutores repercutem na história dos formandos. Alguns são “gurus” para toda a vida. Exemplos internalizados no momento da formação e que, muitas vezes, reverberam na existência dos que abraçam a educação institucional. São comuns os depoimentos de funcionários que passam pela formação, sobre a importância do exemplo do intrutor-formador para suas futuras atuações, bem como para o seu dia-a-dia como profi ssional bancário. Com o paulatino aumento do quadro, aos formadores pioneiros – alguns saídos dos setores de planejamento do então DESED – foram se somando outros que chegam à instrutoria, via processo seletivo realizado nacionalmente, em 1994. Muitos nomes dos tempos do CFI estão inscritos na história da área metodológica. Alguns de pessoas com grande número de atuações, outros com presença mais espaçada em sala de aula, mas todos importantes para demarcar a área pedagógica como lugar diferenciado no âmbito da área educacional da empresa. São muitos os nomes, ouvidos de relatos nas entrevistas que realizamos, outros fi rmados nos documentos que pesquisamos. Aproveitamos para registrá- los aqui: Alair Negri, Antonio Massarioli André, Antônia de Maria V. B. do Rego, a Beiga, Afonso Celso Agrello, Eliana Santos Faccini, João Hamilton

O documentário Estamira recebe O Museu de Arte Brasileira realiza a diversos prêmios. exposição O Olhar Modernista de JK. 2004 2004 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 135

dos Anjos Vianna – o Senador, José Marcelo Assunção, Jovani Carlo Pereira Cieglinski, Luiz Antônio Barbieri, Maria José Trindade, Mário Batista Catelli, Mário de Muzio, Nelma Jair Santos da Silva, Oscar Capello, Ronnie Cláudio dos Santos, Rui Severino de Lira, entre outros. Em 1998, o modelo de formação dos instrutores passa por signifi cativa mu- dança. A carga horária é diminuída em oitenta horas. A redução tem impacto nos conteúdos e direcionamento do curso. A estratégia educacional da empresa, desde 1996, passara a ter como pilares a gestão do conhecimento e a busca de estabelecimento de competências profi ssionais e organizacionais para maior competitividade. Por isso, no curso, os temas relativos à fundamentação peda- gógica agregam as visões de inovação e gestão do conhecimento. Elaborações amparadas na teoria de Ikujiro Nonaka e Hirotaka Tackeuchi, teóricos da ad- ministração, que pensam o conhecimento a partir de suas experiências adminis- trativas e da formação que receberam em Harvard. Os dois teóricos exploram aspectos referentes à criação e socialização do conhecimento na empresa. Tra- zem embasamentos para a compreensão de como se dá a conversão do conhe- cimento para que as organizações humanas não sejam meras processadoras de informações, mas criadoras de conhecimento, inovadoras. O curso passa a ter a denominação de Fundamentos Pedagógicos para Instrutores – FPI. Sua formulação didática prioriza os novos conteúdos relativos à criação do conhecimento na empresa. O objetivo é sintonizar a formação metodológica com o direcionamento estratégico da empresa. Os temas ligados à Metodologia, Didática e Filosofi a da Educação que, na formação anterior tinham tratamento mais aprofundado, são minimizados, pelo menos nas atividades de sala. Para amenizar o problema, são apontadas referências bibliográfi cas para aprofundamento do tema por meio do esforço autodidata dos futuros instrutores. Outra inovação do formato de preparação pedagógica é que os instrutores passam a ser chamados, a partir daí, de educadores corporativos. Todas essas modifi cações se inscrevem no rol de medidas para o ajuste da área de educação visando à maior compatibilidade com a estratégia organizacional.

Inaugurada no Museu do Palácio Imperial, em Beijing (China), a exposição Amazônia: Tradições Nativas em comemoração ao 30º aniversário do  estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e o Brasil. 2004 136 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Em 2004, a formação dos educadores passa por nova revisão e o curso rece- be a denominação de Preparação de Educadores – CPE. A carga horária é ampliada para oitenta horas. O aumento das horas em sala de aula resgata a possibilidade de aprofundamento dos conteúdos pedagógicos obliterados no modelo anterior. Na modelagem teórica, os referenciais que ao longo do tempo alicerçam a ação educativa, como a epistemologia histórico-social de Paulo Freire e o construti- vismo, são ampliados com adoção da teoria da complexidade de Edgar Morin e a visão da multirreferencialidade de Jacques Ardoino. A Filosofi a da Educação e a Metodologia de Ensino voltam a ter tratamento mais coerente com os objeti- vos de um curso que pretenda oferecer uma formação pedagógica. A introdução da complexidade e da multirreferencialidade no currículo dos for- mandos vai ao encontro da instrumentalização dos futuros educadores para que possam refl etir, nas suas práticas pedagógicas, um posicionamento não-ingênuo quanto aos desafi os que a realidade impõe. Morin coloca o pensamento comple- xo, não como antinomia do pensamento simples, mas do pensar simplifi cador que leva à compreensão redutora da realidade. A teoria da complexidade se opõe a reducionismos de toda ordem, nega a capacidade das “disciplinas quebradas” – que separam os saberes para ocultar que a realidade é multidimensional –, de fornecer princípios de inteligibilidade ao esforço para compreensão de nossa condição humana e de todos os fenômenos aí imbricados. A epistemologia da complexidade traz uma proposta de reformulação dos paradigmas para cons- trução do conhecimento. Critica o cartesianismo, que vincula a produção dos saberes à simplifi cação lógica. A abordagem multirreferencial de Ardoino defende que a construção do co- nhecimento só é possível pela adoção de múltiplas perspectivas de exame. O autor propõe uma leitura plural da realidade, partindo de distintos sistemas de referência. Ardoino assume a hipótese da complexidade e daí fi rma o posi- cionamento da exigência de diversifi cadas referências para estabelecimento de critérios válidos de inteligibilidade do real. A formação dos educadores tem o currículo e a programação reelaborados para inclusão de referenciais mais sintônicos com os acenos da realidade. Tem como pano de fundo “a ótica da formação permanente e da missão do Banco do Brasil

Benjamim é o segundo livro Relançamento do documentário de Chico Buarque adaptado Doces Bárbaros, do diretor Jom para o cinema. Tob Azulay. 2004 2004 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 137

no contexto brasileiro.” Roque Tadeu Gui e João Bosco da Silva coordenam as ações para sua implantação. Dentre as ações promovidas com a fi nalidade de sintonizar os educadores da área metodológica com as correntes teóricas de Morin e Ardoino, em 2004 é realizado um encontro em Brasília para atualização dos educadores corporativos dessa área. O seminário tem o objetivo de socializar informações para uma uniformidade quanto à orientação teórico-prático da área. Fórum profícuo, o encontro traz pro- fessores e intelectuais do Brasil e do exterior para palestras e debates em torno dos desafi os pedagógicos dos educadores corporativos, discussões sobre ética e apresentações sobre as novidades teóricas. Os professores Rogério Córdova, da Universidade de Brasília – UnB, e os professores Guy Berger e Luc Ridel da Uni- versidade Paris III proferem palestras sobre o novo aporte teórico do curso. Desde as origens, existe a preocupação de acompanhar o trabalho dos educado- res para que suas ações repercutam o discurso institucional e favoreçam o cum- primento da missão do Banco. A partir da década de setenta, os funcionários que realizam o direcionamento da ação da antiga Instrutoria, hoje Educadoria, têm relacionamento mais próximo com esses funcionários. Criam normas e regulamentos para uma ação uníssona com a identidade institucional. Alguns nomes compõem o quadro dos pioneiros: Mário Batista Catelli, Norma Parrot, Nancy Maria della Santa Coneglian, Antônio Massarioli André e Antônia de Maria V. B. do Rego, a Beiga. Na década de mil novecentos e noventa é criado o NUFOR – Núcleo de Formação de Instrutores – que passa a cuidar dos serviços de instrutoria. O núcleo coordena o quadro de instrutores com o objetivo de garantir a realização dos cursos. Sérgio Riede gerencia o núcleo recém criado e conta com a assessoria das funcionárias: Izabela Campos Alcântara Lemos, Liliam Tabet Álvaro, Maria Inês Campos de Torrecillas e Nelma Jair Santos da Silva. O segundo a responder pelo NUFOR é Roque Tadeu Gui. Com o fi m do núcleo e na sucessão, à frente da tarefa de acompanhamento da qualidade dos serviços da educadoria estão Daniel Garcia, Luciana Rossi e Névio Carlos de Alarcão. Atualmente, o acompanhamento do trabalho dos educadores é realizado pelas Gerências Regionais Gestão de Pessoas que, em parceria com a Gerência de Educação e Desenvolvimento de Competências Profi ssionais, realiza esse mister.

Sinfônica do Paraná interpreta Villa-Lobos no Guairão. A orquestra traz o renomado maestro Roberto Tibiriçá, um dos maiores intérpretes  contemporâneos de Villa-Lobos. 2004 138 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

A partir do trabalho pedagógico, os educadores corporativos compõem uma rede dos mais diversos saberes, das mais distintas áreas, que são socializados no dia-a-dia “escolar” das GEPES ou nas salas de aula que a criatividade inventa e que a vontade de aprender improvisa nos mais diferentes lugares do Banco. A história da Educadoria é indissociável do caminhar pedagógico da organização. Para fazer eco às contribuições da Educadoria seria necessário que sua memória tivesse registro especial. Este breve histórico serve apenas para fi xar, em linhas gerais, sua importância.

Educar, por quê? A ciência que está naquele imenso livro (a saber, o universo) que temos constantemente diante dos olhos, não podemos compreendê-la se antes não tivermos aprendido sua linguagem e os símbolos nos quais está escrito. Ele foi escrito em linguagem matemática... Galileu Galilei

Ao longo de sua história, o Banco tem realizado esforço para qualifi car seu pes- soal tendo como horizonte o desempenho organizacional de excelência. A exis- tência das instituições fi nanceiras depende da capacidade dessas organizações de trabalhar com números. Multiplicar resultados. Compartilhar dividendos. Somar clientes. Diminuir riscos. O desenrolar histórico mostra que o trabalho está cada vez mais vinculado ao conhecimento. Se no alvorecer da Revolução Industrial, a produção dependia pouco da técnica, que exige conhecimento, os tempos atuais descerram uma cortina que mostra o ato do trabalho absorvendo cada vez mais conhecimentos. Agrega tecnologia. E a educação para o trabalho acompanha essa realidade. No Banco do Brasil, nos últimos quarenta e um anos de educação corporativa e sistemática, as exigências de desempenho em cada época ditam os temas, os conteúdos relativos e correlatos à área fi nanceira que vão desenhar seus progra- mas educacionais. O que foi ensinado nas quatro décadas de ensino institucionalizado no Banco? Para responder a essa pergunta podemos visualizar os conteúdos que estrutura-

Viva Cassiano ganha o prêmio do júri popular no 37º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. O fi lme é uma homenagem em verso e prosa aos 83 anos do poeta “santista-brasiliense” Cassiano Nunes. 2004 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 139

ram os programas educativos, nos diferentes períodos que compõem o tempo educativo da empresa. Assim, examinando as décadas de 1960 e 1970 percebemos a predominância de estudos ligados à boa técnica contábil, características de uma fase em que a efi ciência é signo da ação institucional. Temas como liquidez e rentabilidade são motes para a estruturação dos programas, mas numa visão ainda calcada na concepção mais burocrática da administração. No entanto, a institucionalização do crédito rural com vistas ao desenvol- vimento econômico e social, como fulcro da identidade da empresa, no período, mostra como protagonistas da cena, além dos assuntos ligados à contabilidade, os conteúdos necessários à orientação dos clientes na for- mulação dos pedidos de fi nanciamento junto ao Banco e os conhecimentos exigidos para o acompanhamento dos empreendimentos fi nanciados. Pode- se perceber que a assessoria técnica, no momento da concessão do crédito, é também tônica na defi nição das áreas de estudos. Nesse sentido, compõem o currículo dos principais cursos: Financiamento à Pecuária, Modalidades do Crédito Rural, estudo de propostas de empréstimos e condições do cré- dito, os instrumentos de crédito rural, entre outros. As demandas da área internacional levam às salas de aula os conteúdos que exploram a Teoria Econômica do Câmbio: conhecimentos de comércio internacional, a estru- tura do mercado de câmbio no Brasil, exportações e importações e assuntos centrais para os procedimentos de operacionalização das operações da área. Na década de 1970, inicia-se também o esforço de capacitação para qua- lifi car o atendimento com predicativos de presteza e bom acolhimento do cliente com a conseqüente inclusão de conteúdos voltados para o desenvol- vimento de habilidades relacionais. Na década de 1980, as ações formativas introduzem conteúdos com mais ênfase na administração econômico-fi nanceira. É esse o tempo em que o marketing começa a fazer parte das lições a estudar. O mercado fi nanceiro é objeto privi- legiado de estudo a partir de diferentes abordagens, com ênfase na abordagem prática do mercado de produtos fi nanceiros. A educação institucional é ainda mais valorizada como instrumento para a busca de excelência e as políticas são fortemente amparadas por ações pedagógicas que lhes dão suporte. A rentabi-

A escritora Ruth Rocha Vladimir Carvalho inicia as gravações  completa 35 anos de de O Engenho de Zé Lins, baseado na carreira. obra de José Lins do Rego. 2004 2005 140 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

lidade dos negócios também ganha espaço como área de aprimoramento, por- tanto, matérias relacionadas a custos e controle passam a ocupar com mais força os programas de estudo. A década de 1990 é a era da qualidade e dos serviços, da satisfação do cliente via excelência do atendimento. Os segmentos gerenciais, técnicos e operacio- nais envolvidos com o atendimento constituem a prioridade na constituição dos públicos das soluções educacionais da empresa. Há uma sistematização dos cursos que têm como objeto os ensinamentos sobre produtos e serviços e so- bre marketing. Alinhando-se a isso, temos conteúdos relativos à disseminação de conceitos de marketing, diferenças entre produto e serviço. Há um franco investimento no sentido de incrementar o desempenho dos funcionários como consultores de produtos fi nanceiros. O início do milênio traz para o Banco o desafi o da mudança do sistema bra- sileiro de pagamentos – “Conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e operações integradas que permitem a movimentação fi nanceira na economia de mercado”, no caso, a brasileira – que trouxe impactos imediatos para as institui- ções fi nanceiras, principalmente para o Banco, como agente das políticas fi nan- ceiras do governo. Por isso, simultaneamente aos preparos para enfrentamento das possíveis ameaças advindas com a virada do calendário para os anos 2000 – o chamado Bug do Milênio – esforço para o qual a área de educação é muito demandada, inicia-se o planejamento para implantação do controle on line das contas de reservas bancárias no Sistema de Pagamentos Brasileiros. A mudança está prevista para 2002. A implantação do novo sistema inicia-se, em 1999, com estudos para sua viabilização. São criadas equipes para uma transição efi caz. O controle, em tempo real, das movimentações do sistema fi nanceiro afetará a rotina bancária. A mudança implica preparação dos sistemas do Banco para a adaptação à sistemática e pede a capacitação tempestiva de amplos segmentos funcionais. Um efi ciente plano de comunicação associado a ações de educação a distância são os principais meios usados para a disseminação da sistemática. Nos anos 2000, outro destaque é o esforço para a certifi cação dos funcioná- rios que atuam como consultores em investimento no atendimento. Em 17.12.2003, o Conselho Monetário Nacional baixa a resolução 3.158 que torna obrigatória a certifi cação em investimentos para os profi ssionais que

O fi lme Olga vence seis Lançado o fi lme Cinemas, categorias no Prêmio Adoro Urubus e Aspirinas, do cineasta Cinema Brasileiro. pernambucano Marcelo Gomes. 2005 2005 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 141

prestam serviços relativos à “distribuição e mediação de títulos, valores mo- biliários e derivativos”. As provas para certifi cação devem ser organizadas por entidades de reconhecida capacidade técnica no assunto. A partir daí, a Di- retoria Gestão de Pessoas vê-se diante de novos desafi os e a área de educação, mais uma vez, tem papel fundamental na composição do esforço para o atin- gimento das metas institucionais. Faz-se necessário elevar o nível de conheci- mento dos profi ssionais para realizar certifi cações em massa. São elaborados dois cursos preparatórios: um destinado aos funcionários que precisam obter certifi cação no nível básico e outro, voltado para a qualifi cação do público que se submeterá às avaliações para certifi cação no nível avançado. Nesses cursos, os conteúdos são os previstos para composição das provas de avaliação. Assim, os treinandos estudam desde noções de Economia e Finanças, passando por conhecimentos de Investimento, Fundos, Produtos Bancários até Mercados de Derivativos. Ética e Relacionamento também fazem parte do programa. O esforço não resulta inútil. O Banco do Brasil fi gura, em 2006, como a insti- tuição com melhor índice de aprovação. Podemos perceber que cada período apresenta ênfase sobre determinado con- teúdo que o movimento dinâmico da realidade pede, mas além dos conteúdos que são fulcros dessas ações extraordinárias, é intenso, também, o trabalho pe- dagógico para a disseminação dos conhecimentos que compõem o currículo preparatório para a rotina bancária. Assim, a despeito das contingências e emergências, existe um esquema de ca- pacitação voltado para a efi cácia dos fl uxos operacional e administrativo, bem como dos processos de gestão que possibilitam o trabalho cotidiano nas unida- des do Banco. Num rápido exame, podemos concluir que nos anos 2000 há uma maior abran- gência de áreas necessárias à formação do profi ssional do Banco. Os temas que foram surgindo ao longo dos anos, não desaparecem, são assimilados às lições. Passam a fi gurar nos programas a partir de uma abordagem transdisciplinar. O conteúdo de natureza bancária, propriamente dita, é o centro dos processos formativos, mas aparece permeado por temas trazidos pelas exigências da com- plexidade contemporânea. De qualquer forma, analisando os temas programá- ticos dos cursos disponíveis no momento, podemos enxergar a importância de

O Museu de Arte Brasileira expõe A Antônio Poteiro expõe seus II Guerra Mundial. Por quê? Como? trabalhos no museu Internacional  Para quê? Memórias do exército D’Art Naïf Anatole Jakovsky, 2005 Brasileiro e do Jornal do Brasil. 2005 França. 142 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

conteúdos que desenvolvem temas referentes a: conhecimento dos produtos e serviços fi nanceiros, análise econômico-fi nanceira e de crédito, gestão do crédi- to, agronegócios, engenharia fi nanceira e análise de investimentos, o processo de crédito rural, comportamento do consumidor, análise de fl uxo de caixa e análise de investimento, segmentação de mercado, relacionamento empresa- cliente, conhecimento do mercado fi nanceiro, marketing de serviços, controle para a melhoria dos processos. Outros destaques são: mercado de seguros, ex- portações, importações, modalidades de fi nanciamento e resoluções, garantias, mercado internacional, segurança bancária, ética nas negociações, direitos do consumidor, entre outros. Essa amostra diz muito bem da diversidade e abran- gência do desafi o pedagógico da atualidade para a educação institucional. Apesar de os conteúdos estarem muito ligados, pelo menos em tese, à instru- mentalidade da educação, o método pedagógico que anima nossos encontros em sala de aula é o construtivismo, apoiado na metodologia dialética de ensi- no. Por isso, apesar de sermos uma instituição fi nanceira e a ênfase e o escopo de nossa formação estarem voltados para qualifi car o profi ssional bancário em consonância com as exigências de suas tarefas cotidianas, essa instrumentali- dade dos conteúdos está sempre subsumida à visão de uma educação integral, razão pela qual esses temas de natureza fi nanceira, econômica e contábil são, na medida do possível, mediados ou revestidos por temas transversais referentes à ética, às relações humanas e a outros. Nos anos 2.000, por exemplo, a sustenta- bilidade e tudo o que está em volta desse tema, estão presentes nos currículos do Banco. Por este motivo preferimos dizer que não educamos com uma visão es- treitamente instrumental, ou seja, não educamos para quê. Educamos, porquê. Porque o trabalho com sentido deve ser o horizonte da formação profi ssional.

Educação e sustentabilidade

Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz mundial... Termo introdutório da Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948.

Oscar Niemeyer lança o Graúna, Capitão Zeferino e Bode Orelana, livro Minha Arquitetura, personagens de Henfi l, fazem parte de 1937 – 2005. exposições no CCBB. 2005 2005 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 143

Atualmente, o desafi o de crescer, manter-se competitivo economicamente sem perder de vista os desafi os da busca de ecoefi ciência, inclusão social e respei- to humanitário só podem ser enfrentados com o apoio de estratégias efetivas, políticas operacionalizáveis e valores que ditem práticas compatíveis com esses desafi os. Para cultivar atitudes próprias ao enfrentamento desses desafi os, é ne- cessário que as organizações pensem no seu papel para a construção de um fu- turo sustentável. A noção de mercado, hoje, é muito ampla, extrapola as cadeias tradicionais de produção e consumo. Conseqüentemente, o conceito de susten- tabilidade, que originalmente ligava-se apenas ao meio ambiente, permeia todas as atividades, principalmente, as econômicas. Nesse cenário, em julho de 2003, o conselho diretor do Banco expressa docu- mento para fi rmar compromisso com o avanço de uma cultura de sustentabili- dade. Esta noção será a baliza do relacionamento do Banco com sua rede social. São quatorze princípios que abrangem possibilidades de assunção e incremento de postura compatível com a responsabilidade socioambiental e com a cidada- nia. Na próxima página apresentamos a Carta de Princípios e Responsabilidade Socioambiental.

O Museu Oscar Neimeyer de Curitiba Bibi Ferreira grava CD de realiza a exposição Para Nunca Esquecer tangos, acompanhada pelo  – Negras Memórias, Memórias de Negros. pianista Miguel Proença. 2005 2005 144 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Carta de Princípios de Responsabilidade Socioambiental – RSA

• Atuar em consonância com valores universais, tais como: Direitos Humanos, Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho, Princípios sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. • Reconhecer que todos os seres são interligados e que toda forma de vida é importante. • Repelir preconceitos e discriminações de gênero, orientação sexual, etnia, raça, credo ou de qualquer espécie. • Fortalecer a visão da responsabilidade socioambiental como investi- mento permanente e necessário para o futuro da humanidade. • Perceber e valer-se da posição estratégica da corporação BB, nas relações com o governo, o mercado e a sociedade civil, para adotar modelo próprio de gestão da responsabilidade socioambiental à altura da corporação e dos desafi os do Brasil contemporâneo. • Ter a transparência, a ética e o respeito ao meio ambiente como bali- zadores das práticas administrativas e negociais da empresa. • Pautar relacionamentos com terceiros a partir de critérios que obser- vem os princípios de responsabilidade socioambiental e promovam o desenvolvimento econômico e social. • Estimular, difundir e implementar práticas de desenvolvimento sustentável. • Enxergar clientes e potenciais clientes, antes de tudo, como cidadãos. • Estabelecer e difundir boas práticas de governança corporativa, preservando os compromissos com acionistas e investidores. • Contribuir para que o potencial intelectual, profi ssional, artístico, ético e espiritual dos funcionários e colaboradores possa ser aproveitado, em sua plenitude, pela sociedade. • Fundamentar o relacionamento com os funcionários e colaboradores na ética e no respeito. • Contribuir para a universalização dos direitos sociais e da cidadania. • Contribuir para a inclusão de pessoas com defi ciência. ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 145

A divulgação da Carta de Princípios traz repercussões signifi cativas para a área de educação. A partir daí a capacitação precisa incluir a inserção de conteúdos voltados para a instalação ou aprofundamento de valores e a formação, prin- cipalmente a dos gestores, deve guardar consonância com os princípios que passam a direcionar o comportamento organizacional. Em 2004, a vice-presidência tem a missão ampliada e recebe a denominação de Vice-presidência Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental. A ex-unidade de RSA ganha status de diretoria. A sigla permanece. Assim, a VIPES passa a ser formada por duas diretorias: a DIPES, já sob a gestão de Juraci Masiero e a recém-criada Diretoria de Relação com Funcionários e Responsabilidade Socioambiental – DIRES. A DIRES nasce para expressar a centralidade da responsabilidade socioambien- tal como valor e atitude a permearem as ações e políticas institucionais do Ban- co. A diretoria é encabeçada por Izabela Campos Alcântara Lemos, e tem a mis- são de engajar o esforço institucional para incremento da cultura organizacional voltada para a cidadania e a sustentabilidade. Para tanto, precisa implementar ações no sentido de promover a interdiscipli- naridade nos currículos de formação, principalmente nos dos gestores, visando incluir nas soluções educacionais criadas na empresa, as questões para instalação de valores e práticas para promoção da sustentabilidade. A DIRES e a Fundação Banco do Brasil cumprem papéis distintos, mas igual- mente importantes na direção da sustentabilidade e da cidadania. A fundação atua no apoio e criação de projetos de trabalho e renda, alfabetização de adultos, entre outras ações voltadas para a promoção da cidadania. Diante dos desafi os que a realidade traz, nesse início de milênio, a responsabilidade socioambiental é horizonte a nunca se perder de vista nas ações corporativas.

Desenvolvendo competências Explorar e fazer escolhas são fontes de aprendizagem e desenvolvimento de competências. Philippe Zarifi an

O diretor Antunes Filho encena Paulo Autran mostra seu  a tragédia grega Antígona, de talento em Adivinhe quem Sófocles. vem para rezar. 2005 2005 146 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Já vimos, que a partir da década de 1990 aumentam, no Banco, o interesse e novas ações para que a avaliação funcional extrapole, da simples aferição do de- sempenho do indivíduo, para um sistema que possibilite o aprimoramento da perfórmance organizacional. Lá “naquele tempo”, o desempenho é verifi cado e as balizas usadas para essa mensuração são os fatores de desempenho. Contudo, a ênfase ainda é voltada para a forma como o trabalho é realizado e não para o seu impacto para a organização. Atualmente, a gestão do desempenho profi ssional parte do conceito de com- petência como atributo do trabalho realizado a partir das situações concretas da realidade. As competências, nesse sentido, traduzem áreas de excelência do trabalho e são observadas a partir das dimensões que compõem a experiência. A combinação sinérgica de atitudes, conhecimentos, habilidades e valores articu- lados no trabalho do funcionário expressa essas competências. A partir de 2005, o modelo de gestão de competências do Banco adota uma ferramenta para desenvolvimento profi ssional associado à gestão de carreira. É o Plano de Desenvolvimento de Competências – PDC. Esse instrumento permite planejar ações de capacitação defi nidas pelo próprio funcionário com vistas à superação de defi ciências de desempenho, aprimoramento ou mesmo amplia- ção dessas competências, de acordo com a escolha do funcionário a partir do que espelha sua avaliação. O PDC, no âmbito dos sistemas de gestão de desem- penho e de carreira sinaliza, para a área de educação, caminhos, possibilidades e limites para a educação institucional. Ele é um termômetro que pode fornecer direcionamentos e tendências de necessidades de capacitação. O PDC constitui importante ferramenta de autogestão do desenvolvimento profi ssional, sinaliza para a necessidade da educação permanente e leva em con- ta as informações vindas de diferentes fontes, uma vez que o Banco adota o modelo de avaliação 360º, forma ampla e democrática, na qual, os funcionários se avaliam entre si, e cada um se avalia. O gestor é fundamental no processo avaliativo, pois atua como agente catalisador para o desenvolvimento de com- petências de seus funcionários. A adoção do sistema de avaliação por competências confi gura a necessidade da estreita vinculação dos sistemas de gestão com a área de educação, pois o papel

A Fundação Nacional de Arte – Funarte Ivete Sangalo grava o disco reabre a Casa Paschoal Carlos Magno, Super Novas. no Rio de Janeiro. 2005 2005 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 147

da capacitação é fundamental para o desenvolvimento de competências conci- liadas às necessidades das estratégias organizacionais. Todos os sub-sistemas de gestão contribuem para a concretização de práticas gestoras, capazes de respon- der à complexidade da gestão no Banco. A área de educação, entretanto, é setor de convergência e disseminação de saberes para a construção das competências como manifestações concretas da capacidade de trabalho e do nível de excelên- cia do desempenho organizacional. Em acolhimento a esse desafi o, é criada a ofi cina denominada Gerenciando o Desenvolvimento de Competências para “disseminar a fi losofi a do novo sistema de Gestão do Desempenho e estimular a atuação do gerente como agente fundamental no desenvolvimento profi ssio- nal dos funcionários da sua equipe.” É realizado um esforço recorde para essa disseminação. Todos os níveis gerenciais vão à sala de aula e participam da ofi cina.

Gestão e educação Os líderes empresariais do passado eram especialistas em construir paredes, delimitar campos de atuação; os de hoje são exigidos para derrubar paredes e construir pontes internas e externas que liberem os talentos humanos. Stephen P. Robbins

O que é ser líder nesse início de milênio? O que é liderar num contexto de tantas mudanças e incertezas? A despeito da resposta que se encontre para essas interrogações, uma certeza é evidente. É o surgimento de requisitos que até então não se incluíam no rol de atitudes a serem trabalhadas na capacitação dos gestores. No Banco, no momento, um dos desafi os da educação corporativa é estabelecer uma orientação programática efetiva quanto aos conceitos de sus- tentabilidade e cidadania, para infl uenciar nas práticas de gestão e nos fl uxos operacionais no dia-a-dia. Para tal, a inserção de temas ligados ou correlacionados à responsabilidade socio- ambiental e à ética, no desenho dos conteúdos, de forma inter e transdisciplinar, permeando todas as soluções educacionais, é um caminho para a capacitação funcional, principalmente dos gestores, em aderência à Carta de RSA.

Nana Caymmi grava o DVD Gabriel o Pensador grava o CD Até Pensei. Cavaleiro Andante.  2005 2005 148 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Do ponto de vista didático-pedagógico, a área de educação integra temas e conteúdos que favoreçam a refl exão sobre o assunto. É preciso criar técnicas e materiais pedagógicos adequados à sensibilização dos educandos para a valori- zação e disseminação da cultura da sustentabilidade. O Programa de Identifi cação e Desenvolvimento de Executivos corporifi ca a intenção de dotar a capacitação dos gestores com atividades, assuntos e temas para essa sensibilização. Lançada em 2005, essa edição do programa dá ênfa- se ao desenvolvimento de habilidades gestoras voltadas para práticas negociais pautadas na Carta de Princípios do Banco do Brasil. O desenho programático da formação prevê jornada de atividades que se inicia com a imersão dos formandos em projetos voltados para comunidades carentes e inclui a participação no Seminário Gestão no BB: Ética e Sustentabilidade. Os processos de capacitação de gestores não podem perder de vista que a rea- lidade pede gerentes que saibam lidar com tecnologia da informação, que os processos decisórios ocorrem cada vez mais em situações de complexidade, no- tadamente nas decisões fi nanceiras, que muitas vezes, implicam alto risco e que o conhecimento nunca foi tão perecível. Mas, a centralidade desses aspectos que devem compor o programa de qualifi cação dos gestores, não minimiza a urgência da inserção de temas transversais para a formação plural com objetivos amplos. Por tudo isto os gestores, como agentes institucionais, com forte peso na forma- ção de opiniões e na determinação das práticas cotidianas, têm papel fundamental para a irradiação de credos que promovam negócios pautados na cidadania e no desenvolvimento sustentável. Portanto, em consonância com a Carta de RSA.

Desenvolvimento regional sustentável A incorporação da visão de RSA à concepção do negócio é meta prioritária no esforço educativo que a GEDUC realiza. A capacidade que tem o Banco de aglutinar sua rede de agências em prol da transformação das comunidades é o diferencial para juntar e articular pessoas, associações, entidades de classe e, juntos, em concertação, enxergar novos caminhos e preparar-se para trilhá-los. Tudo na perspectiva de sustentabilidade.

Show de Yamandu Costa e Paulo Lançamento de Carmem – uma Moura celebra os cem anos de biografi a, obra de Ruy Castro que Érico Veríssimo. conta a trajetória de Carmem Miranda 2005 2005 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 149

Para realizar esse trabalho, é necessário habilitar as agências e os órgãos regionais para operarem o desenvolvimento sustentável. Por esse motivo, é criado o curso Desenvolvimento Regional Sustentável – DRS. A ação educativa para o DRS nasce dentro da concepção de aproximação entre as agências e as capacidades locais no sentido de potencializar negócios apoiados no princípio tripolar do desenvolvimento sustentável. No Banco, foi acrescenta- do a essa trindade orientadora da ação sustentável, o conceito de “culturalmente diverso”. O objetivo é instrumentalizar os funcionários para realizarem negó- cios: ambientalmente corretos, socialmente justos, economicamente viáveis e contemplados pela visão da diversidade cultural. No espectro de ações ligadas á área de RSA, o curso DRS é destaque como iniciativa voltada para disseminar saberes indispensáveis à concretização da estratégia de DRS nas agências. O curso tem como objetivo implementar a formação dos funcionários para atuarem como agentes do desenvolvimento sustentável junto às comunidades.

Educação para a inclusão social O Brasil é um dos 191 países que assinam, em 2000, o pacto proposto pela ONU, de compromisso para a sustentabilidade do planeta. O engajamento hu- manitário produziu uma agenda com oito metas. São os Objetivos do Milênio. Um desses objetivos é erradicar a pobreza e a fome do planeta, até 2015. Con- texto que coloca o enfrentamento da fome como pauta do atual governo. O Banco soma esforços para a sensibilização de funcionários e de sua rede social para o problema. A via educativa tem força na instalação de mudanças. Por isso, a criação da Ofi - cina Pão e Beleza para formar educadores e mobilizadores sociais. O objetivo é promover a educação cidadã na perspectiva da inclusão social com foco nas políticas de segurança alimentar do Programa Fome Zero, do governo federal. A ofi cina busca fomentar e fortalecer o interesse e o compromisso pela inclusão social e levar os participantes a atuar junto com as lideranças naturais da comu- nidade para identifi carem necessidades e saídas locais para o enfrentamento da fome nas diferentes regiões onde o Banco atua.

Caetano Veloso saúda a Bahia com música de Ary Barroso para a trilha de O  Milagre do Candeal. É um musical social que conta, não somente a viagem de um homem, mas também a história de uma comunidade. 2005 150 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Os conteúdos e a metodologia favorecem o aporte de conhecimentos e refl e- xões para a formação de mobilizadores sociais. Agentes que atuam para que as comunidades visualizem soluções macro-estruturais no seu processo de desen- volvimento. Formados, os funcionários podem orientar famílias e populações carentes das diversas localidades onde o Banco está presente. Os participantes assumem o compromisso social e político com a educação cidadã na perspectiva do desenvolvimento comunitário. As turmas são compostas por funcionários do Banco, líderes comunitários e servidores públicos. A metodologia adotada é baseada na pedagogia de base dialética e ao fi nal, os participantes exercitam o planejamento de um projeto social. O livro Vidas Secas, de Graciliano Ramos, fala do poder devastador da fome. A família de Fabiano, o retirante que protagoniza o livro, é exposta a um nível tão elevado de privações, que se “animaliza” para sobreviver ao fl agelo. A cachorra “Baleia”, entretanto, na mesma obra, “humaniza-se”, para suportar a paisagem agreste que nega água e comida ao vivente. O animalzinho morre delirando. Vê imaginários preás gordos correndo na caatinga do sertão. É uma pungente história a nos lembrar o sofrimento dos que não têm o que comer. Essa imagem fala fundamente das implicações da fome, que é o tema da refl exão realizada nessa ação educativa. A Ofi cina Pão e Beleza, no momento, passa por reformulação, mas é importante registrar que a sua inserção no rol das ações educativas do Banco é um passo importante na direção de uma educação profi ssional que não perde de vista que toda organização, notadamente o Banco, tem papel social e portanto, precisa estar em sintonia com os movimentos e dinâmica da sociedade. A ofi cina adota uma visão ampla do direito do homem de saciar suas fomes, pois trata, não apenas, da saciedade da fome de pão, mas também da necessidade de saciar a fome de transcendência, de cultura. A fome de beleza. Em resumo, a ofi cina intenciona formar mobilizadores sociais que possam am- plifi car a mensagem e o trabalho de erradicação da fome no País. Explora as questões referentes aos problemas humanitários decorrentes das fomes de beleza e transcendência, visualizando o direito que têm as pessoas de sonhar com ima- gens de beleza e humanidade; para que ninguém precise ocupar a faculdade de sonhar com a ânsia de um pedaço de pão, ou de “preás gordos” a sumirem na saliva desejosa da boca faminta.

Margareth Menezes lança o Hermeto Pascoal grava o disco disco Pra Você. Chimarrão com Rapadura, em parceria com Aline Moreira. 2005 2005 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 151

Prática educativa e inclusão humana Pode-se descobrir os outros em si mesmo, e perceber que não se é uma substância homogênea, e radicalmente diferente de tudo o que não é si mesmo; eu é um outro. Mas cada um dos outros é um eu também, su- jeito como eu. Somente meu ponto de vista, segundo o qual todos estão lá e eu estou só aqui, pode realmente separá-los e distingui-los de mim. Posso conceber os outros como uma abstração, como uma instância da confi guração psíquica de outro indivíduo, como o Outro, outro ou ou- trem em relação a mim. Ou então, como um grupo social concreto ao qual nós não pertencemos. Este grupo, por sua vez, pode estar contido numa sociedade: as mulheres para os homens, os ricos para os pobres, os loucos para os “normais”. Ou pode ser exterior a ela, uma outra socie- dade que, dependendo do caso, será próxima ou, longínqua: seres que em tudo se aproximam de nós, no plano cultural, moral e histórico ou desconhecidos, estrangeiros cuja língua e costumes não compreendo, tão estrangeiros que chego a hesitar em reconhecer que pertencemos a uma mesma espécie. Tzevan Todorov

O fi nal do século passado deu grande visibilidade à emergência de uma realida- de na qual o destino dos indivíduos e dos povos é vivido intensamente em escala global. Nesse quadro, as diferenças de todos os níveis e nuanças entre pessoas e povos são colocadas cada vez mais em confronto pela proximidade física ou virtual. Em tempos em que a instrumentalização tecnológica dissolve barreiras de distâncias e tempo e cria grande interdependência planetária, tornando-nos vizinhos, países e indivíduos, é essencial perguntar qual é o papel da educação para a qualidade e plenitude da convivência humana. O Relatório para a UNESCO sobre Educação para o século XXI orienta que é preciso compreender o mundo, compreender o outro. Os sistemas educativos, nesse sentido, seja o escolar ou os que transcendem os muros da escola, devem formar capacidades de julgar e conviver do ponto de vista da inclusão. Para tal, é mister formar as pessoas para compreenderem as relações humanas, os dife- rentes jeitos de ser e viver juntos. Pois essa compreensão é a base sem a qual não

Silvério Pessoa grava seu terceiro CD Cabeça Elétrica, Coração Acústico. Disco autoral com participação de Dominguinhos, Lula  Queiroga e Alceu Valença. 2005 152 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

conseguiremos reorganizar os ensinamentos compatíveis com o conhecimento amplo dos elos que nos identifi cam e unem como membros da comunidade humana vivendo no planeta-mãe – a Terra. A missão da prática educativa é, segundo o relatório, transformar a interdependência real em solidariedade dese- jada. E abraçar essa tarefa, implica reconhecer a questão da diversidade. Edgar Morin alerta que um dos sete saberes necessários à educação do futuro é ensinar a condição humana. Para ele, vivemos uma “aventura comum” e por isso, onde quer que estejamos e independentemente de como estivermos, deve- mos nos reconhecer em nossa humanidade. Para Morin:

Todo desenvolvimento verdadeiramente humano signifi ca o desen- volvimento conjunto das autonomias individuais, das participações comunitárias e do sentimento de pertencer à espécie humana.

Desenvolver o conhecimento da condição humana passa, necessariamente, por investir num modelo de socialização voltada para a consolidação de uma cul- tura de inclusão – insumos para uma nova civilidade – que rejeite as práticas separatistas, classifi catórias, enfi m, excludentes. No mundo organizacional isso é imperativo. As novas formas de organização do trabalho pedem a invenção de práticas e políticas educativas sintonizadas com as culturas da diversidade e da acessibilidade, por exemplo, como indissociáveis de uma vida organizacional promotora do trabalho como ato social acessível a todos. Questões que, antes, eram pontuais nas agendas do mundo dos negócios, hoje são quesitos essenciais para, além de proporcionar vantagem competitiva e agre- gar valor à imagem e aos resultados, dar à empresa condições de manter-se viva. Por isso, em escala crescente, as empresas têm defi nido seus direcionamentos estratégicos em consonância com os princípios de responsabilidade socioam- biental e em especial, tem sido dada relevância às questões da diversidade e da acessibilidade como direitos humanos inalienáveis e fatores que se agregam ao rol de condições essenciais ao funcionamento ótimo da vida organizacional. Assim, a urgência de integrar pessoas, sejam clientes, empregados, enfi m, aque- les com quem as empresas mantêm contato, implica pesquisar e implementar formas de integrar as pessoas, independentemente de suas características, sejam

A Coleção Brasiliana é apresentada no museu de la Vie Romantique em Paris, nas comemorações do ano do Brasil na França. 2005 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 153

essas determinadas por origem étnica, credo, orientação sexual ou defi ciência, só para citar alguns aspectos que têm contribuído para comportamentos hostis ou de desrespeito aos direitos das pessoas. No mundo organizacional, a complexidade e a diversidade da força de trabalho acirram, ainda mais, a necessidade de ser criativo para assunção de modelos de re- lacionamento com as pessoas que trabalham. No campo da educação empresarial, essas questões se apresentam em contexto especial. Assuntos atinentes à gestão de pessoas tornam-se ainda mais complexos e a capacitação tem relevo nesse rol de desafi os para implantar culturas para a diversidade e acessibilidade. No Banco, a universalização dos direitos dos funcionários às possibilidades de desenvolvimento humano e profi ssional para o enfrentamento das situações de trabalho também estão na agenda de ações de responsabilidade socioambiental. E a eliminação das barreiras que possam impedir o pleno acesso dos funcio- nários a ações de capacitação, a processos ligados à ascensão profi ssional e ao direito de inserção na rotina de trabalho, independentemente de suas defi ciên- cias, tem intensifi cado o esforço do Banco do Brasil para atuar, crescentemente, como uma empresa inclusiva. Assim, há um trabalho para que os processos humanos do Banco – ligados à gestão de pessoas – sejam, de forma progressiva, planejados para irem ao encontro de métodos e estratégias assistivas – formas que contribuam para o pleno desenvolvimento e participação de funcionários com defi ciências ou restrições decorrentes de incapacidades de qualquer nature- za. Nessa direção, os processos educativos e relativos à ascensão profi ssional são orientados para essa visão. Os programas de formação e qualifi cação dos profi ssionais que trabalham com educação e seleção de pessoal e dos gestores investem na capacitação desses profi ssionais para lidarem com a multiplicidade de pessoas da organiza- ção. As rotinas de trabalho contemplam meios e formas, notadamente com o concurso de tecnologias especiais, que permitam a integração de pessoas com defi ciência no ambiente de trabalho e potencializem suas capacidades para participarem das oportunidades e desafi os que as ações de profi ssionalização da empresa ofereçam. A tendência é que as organizações sejam, progressivamente, menos homogêneas quanto à formação de sua rede social, por isso, é bom estarmos preparados, pois

Relançamento do disco Com direção de Sérgio Trampolim, da cantora Mônica Rezende é lançado o fi lme  Salmaso. Zuzu Angel. 2006 2006 154 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

os desafi os para a integração dos outros, para usar o termo de Todorov, estão apenas começando. E é importante saber que essa visão de inclusão não é mo- dismo ou necessidade de uma época. Se nós, os humanos, tivéssemos aprendido essa lição, desde cedo, muitas das difi culdades que povoam nosso presente e po- dem, infelizmente, perdurar no futuro, certamente não existiriam, ou estariam bem minimizadas.

Educação e democracia Em uma política que pretende ampliar os meios para uma gestão participativa, a organização há de criar instâncias para a apreensão da visão do pessoal sobre as políticas e direcionamentos que a empresa adota. É nessa direção que o Banco inicia, em 1999, a realização dos Fóruns de Recursos Humanos. Em novembro de 1999, o Banco instala o 1° Fórum de Recursos Humanos do Banco do Brasil. O tema dá título ao encontro: Compartilhando a Gestão. Os objetivos do fórum são: estimular o compartilhamento da responsabilidade na gestão de RH, ampliar o relacionamento da unidade de recursos humanos e obter subsídios para o aperfeiçoamento das políticas de RH. Participam do primeiro fórum setenta funcionários, escolhidos por amostragem estatística. Em julho de 2000, é a vez do 2º Fórum. Esse encontro tem seu escopo ampliado. Além dos objetivos previstos no 1º Fórum, agora a unidade de recursos humanos pretende “Construir soluções integradas a partir da intensifi cação do relaciona- mento da unidade de gestão de recursos humanos com seus clientes”. Participam dessa união de esforços, setenta e quatro funcionários, também escolhidos aleato- riamente, mas o universo contempla pessoas de todas as regiões do Brasil. Em novembro de 2001, há o 3º Fórum, que numa visão de continuidade para a integração dos debates e deliberações dos fóruns anteriores, fi xa como objetivo “Compartilhar a construção de soluções inovadoras, ouvindo compromissada- mente as pessoas”. O número de participantes cresce. Desta vez são cento e dez funcionários escolhidos com base no princípio de proporcionalidade. Em 2003, o mecanismo de escuta da realidade, a partir da percepção dos fun- cionários é retomado e é realizado o 4º Fórum, em quatro etapas.

A Banda de Pífanos de Caruaru encerra o Projeto Identidades, em Campinas. 2006 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 155

Desses encontros resultaram signifi cativas reivindicações relacionadas à capa- citação funcional, sendo dezoito por cento (18%) das sugestões e críticas ali citadas referentes, direta ou indiretamente, a questões que solicitam ações de educação institucional. A ampliação das oportunidades de qualifi cação interna e externa para que os funcionários possam viabilizar seus planos de carreira foi uma das reivindicações recorrentes. O núcleo que emerge nessas reivindicações é o da democratização das oportu- nidades educacionais, trazendo implícita a necessidade de pensar uma educação ampla, que alcance todos os níveis funcionais. Nessa direção, em 2005, a UniBB fi rma acordo de cooperação técnica com o Ministério da Educação com o objetivo de implementar ações no âmbito do Projeto Universidade Aberta do Brasil. O sistema é uma parceria entre consórcios públicos, nos níveis federal, estadual e municipal, com participação das universidades públicas. É criado pelo MEC como resposta a deliberações do Fórum das Estatais pela Educação, realizado no ano de 2005. Visa à democratização e interiorização do ensino superior de qualidade a distância no País. O interesse inicial da Universidade Corporativa é a viabilização, por meio de soluções de ensino a distância, do curso de graduação em Administração. Das dez mil vagas inicialmente oferecidas, sete mil foram destinadas ao Banco do Brasil. A iniciativa permite minimizar os efeitos negativos na educação formal dos funcionários advindos da necessidade de interiorização do Banco, assim como a sua ida a regiões onde não havia instituições de nível superior. Para ilustrar o alcance dessa ação, no primeiro vestibular, realizado em maio de 2006, participaram cerca de nove mil funcionários, dos quais, por volta de seis mil foram aprovados. Diante do desafi o de capacitar mais de oitenta mil funcionários, o ensino a distân- cia é alternativa para democratizar o acesso à capacitação, que não pode prescindir das modalidades presencial e em serviço. Existe hoje, entretanto, um aporte de tecnologia de ensino a distância que imprime qualidade a essa modalidade e que pode minimizar problemas crônicos quanto à tempestividade de entrega de solu- ções educacionais que correspondam às demandas estratégicas da organização.

Rosa Passos esgota lotação O Clube do Choro de Brasília do Carnegie Hall e interpreta comemora o centenário de  Aquarela do Brasil. nascimento de Radamés Gnatalli. 2006 2006 156 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Outro exemplo do alcance da EAD para ampliação das oportunidades de ca- pacitação no Banco é a promoção dos cursos MBA a Distância. Para entender o papel da EAD para o avanço da educação no nível de pós-graduação, é pre- ciso voltar um pouco no tempo e olhar, em termos comparativos, os números de funcionários contemplados também na modalidade presencial. Em 1993, o Banco implanta o Programa BB MBA presencial, em parceria com entidades de renome no cenário universitário brasileiro. Assim, no modelo presencial, até 2003, passam pelas salas de aula do MBA cerca de oito mil funcionários e em dois anos de MBA na modalidade a distância são matriculados perto de seis mil funcionários. Em 2003, há a reavaliação técnica dos cursos do Programa BB MBA. A partir daí, as oportunidades de participação nesses eventos são ampliadas e passam a alcançar todos os segmentos de funcionários, em todas as regiões do país. Em 2004, um grupo de trabalho constituído para identifi car novas opções para a educação profi ssional no Banco, recomenda a educação a distância como mo- delo preferencial para a formação profi ssional e traça critérios para credencia- mento de entidades parceiras. O MBA a distância é fruto desses movimentos de avaliação. A EAD oferece alternativas para superar limitações de tempo e distância e per- mite aprendizagem baseada na auto-disciplina, no esforço, na pesquisa. A Uni- BB, inclusive, com um aparato tecnológico que lhe permite funcionar como comunidade virtual de aprendizagem, busca viabilizar a educação a distância como a alternativa que desponta nesse início de milênio. No cerne das medidas para democratizar o acesso à capacitação funcional, um programa de co-gestão da verba destinada à capacitação profi ssional reserva 1/3 do orçamento para formação do pessoal da carreira básica e comissionados do nível técnico-operacional. É o Programa Extraordinário para Aprimoramento dos Funcionários. Uma iniciativa que abre mais janelas para oportunidades de autodesenvolvimento. A operacionalização do programa prevê a concessão de verba fi xa aos funcioná- rios para aquisição de material didático de cunho técnico-científi co ou acadêmi- co e publicações que abordem temas relativos à promoção da qualidade de vida.

Futebol é tema de exposição brasileira em Berlim. Um time de 11 artistas brasileiros é convidado a usar tintas e imaginação para interpretar o que se passa entre as quatro linhas do campo. Do drible perfeito ao momento máximo do futebol, o gol. 2006 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 157

O programa é um mecanismo que favorece à parcela de funcionários que ope- ram o fl uxo operacional da empresa, que se prepare para a assunção de outros papéis ocupacionais no Banco, além de estimular o incremento na qualidade de vida e promoção de sua saúde. O Programa de Ascensão Profi ssional é outra ação alinhada às solicitações do 4º Fórum. Em operacionalização a partir de 2006, essa iniciativa visa favorecer a profi ssionalização e o encarreiramento do funcionário por meio da sinalização das trajetórias que ele pode percorrer e dos meios para fazê-lo. A elaboração e implantação do “Ascensão” é resultado do trabalho de um grupo de funcionários coordenado por Ana Cristina Rosa Garcia. Os demais compo- nentes do grupo são: Ana Maria Marinho França, Helder Viana Costa, Irani de Paula, José de Jesus Maia e Silva, José Marcelo de Souza, José Renato Vieira Lima, Laila Façanha Zaidan, Noely Duailibe Sousa, Sheyla Watrin Hesketh Montella e Sylvia Rejane Vieira Costa. A equipe conta com funcionários de diversas áreas e com distintas formações e experiências. A tarefa é encampada pela gerência responsável pelo monitoramento e avaliações em gestão de pessoas do Banco. O Ascensão Profi ssional mobiliza as áreas de educação e seleção de pessoal, uma vez que se baseia na identifi cação, via prova de conhecimentos, de funcionários com afi nidades com determinadas áreas e que necessitam ser preparados para que possam qualifi car-se para as funções que almejam ocupar. Isso aumenta signifi cativamente o trabalho de capacitação interna. O Programa de Ascensão é inovador pelo fato de ser um estímulo ao esforço autodidata do funcionário na sua caminhada rumo a cargos e funções mais complexos; isso, aliado ao direcionamento das estratégias educativas da empresa para caminhar ao par desses projetos de encarreiramento. Assim, o funcionário escolhe áreas de estudo cujos conhecimentos serão críticos para o exercício de funções ou cargos que ele almeje exercer. O Banco, por sua vez, indica e facilita o acesso a material e formas de estudo. O nível de conhecimento dos candidatos à ascensão é avaliado por entidade educativa credenciada pelo Banco. A insti- tuição realiza a avaliação e certifi ca os participantes que atingem conceito pré- estabelecido como indicativo de profi ciência no domínio dos temas escolhidos.

Sai o sexto disco solo de A Orquestra Sinfônica do Estado Nando Reis: Sim e Não. de São Paulo lança o disco Cláudio  Santoro. 2006 2006 158 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Os aprovados são certifi cados e podem qualifi car-se para participar de processos seletivos internos. Como vimos, são muitas as tarefas da educação no Banco, por isso, a capaci- tação fi rma-se progressivamente como processo estratégico. Dada a complexi- dade desse trabalho, está em gestação um projeto pedagógico que será o guia de trabalho da ação educativa, numa visão ampla, integral e antenada com as estratégias e fi losofi a organizacionais. O projeto político-pedagógico dá as bases que ajudam a atravessar os momentos dilemáticos, os desafi os que se interpõem na realização da missão institucional e ajudam a construir respostas e novas in- terrogações. A construir sínteses. Desde os pioneiros, foram pensados pressupostos, guias fi losófi cos, enfi m, con- ceitos niveladores da ação pedagógica institucional. Foi assim que, em 1977, 1985, 1990 e 1993 a área constituiu grupos de trabalho e refl etiu sobre suas práticas, sobre suas metodologias. A educação é a prática humana mais inten- samente exercida e talvez seja a menos pensada, sob essa análise. Independen- temente do que esses momentos representam, em termos de concretização do que foi apontado como alternativa, eles encerram a lição fundamental a ser pre- servada: a educação é, sobretudo, refl exão. Educar é olhar bem longe, É tentar enxergar pra lá de onde se quer chegar. Esse breve apanhado das iniciativas do Banco para democratizar as oportunida- des de qualifi cação que oferece aos funcionários demonstra, além dessa procura para alargar os horizontes da inclusão, a amplitude da sua ação educativa. Mes- mo em confronto com a dimensão do esforço despendido incessantemente nos diferentes locais onde as atividades de ensino e aprendizagem são realizadas, é fácil perceber que a intensidade do trabalho não descuida da qualidade didáti- co-pedagógica. A centralidade do participante, a valorização da aprendizagem relevante, com sentido para o aprendiz e compatível com o direcionamento da empresa e o rigor no trato com as variáveis pedagógicas, tais como conteúdos, metodologia, processo avaliativo, entre outros, dizem muito bem das caracte- rísticas das ações desenvolvidas. Assim, o cuidado com a excelência pedagógica tem sido preocupação constante ao longo dos mais de quarenta anos da existên- cia da ação sistemática e integrada da educação no Banco do Brasil.

O SESC – SP lança a coletânea Missão de Pesquisas Folclóricas. Resultado de caravana coordenada por Mário de Andrade em 1938. 2006 A educação faz diferença Caminhada

Nasci numa vila chamada Queixada. Vale do Jequitinhonha. Quando tinha seis anos, minha família mudou-se para Itambacuri, também em Minas. Viagem na Maria Fumaça. Estrada de Ferro Bahia e Minas. Fascinante. Cresci jogando bola de meia. Adorava bolinha de gude e correr descalço pelas enxurradas. Aos doze anos, já dividia o tempo da brincadeira com pequenos serviços para ajudar a família. Em 10.3.1975, tomei posse no Banco. Agência Carlos Chagas – MG. Em 1978, sou transferido para Belo Horizonte. Meu namoro com a educação no Banco começou quando fi z o curso CAIEX. O primeiro. Sou posto efetivo no CEFOR Belo Horizonte. Freqüentemente, substituo um dos assistentes. Adoro conhecer gente. Gosto de ler. Principalmente romances e poesia. Aprecio cinema. Nas horas vagas, escrevo. Em seguida, engaveto. Sou colaborador da RESEL. Trabalho com seleção de pessoal: um olho no presente e outro no futuro. Sou psicólogo. Formado pela PUC – MG. Uma convicção: sou movido a paixão.

Trecho de carta do funcionário José Geraldo Esteves Lago. Enviada para publicação no Boletim de Notícias do DESED. O BONDE. ANO 1. N° 1 , dezembro de 1991. Hoje, Zé Geraldo, como gosta de ser chamado, é gerente de núcleo na GEPES – Belo Horizonte. A educação faz diferença Tom Zé

Eu trabalhava como mecanógrafo na Confederal. Uma empresa que prestava serviços para o Banco. Aí, fui indicado para fazer a seleção para a carreira de apoio. Aprovado. Tomei posse em 1979. O momento foi marcante. Fui muito bem recebido. Fui trabalhar na RESEL – Divisão de Recrutamento e Seleção. Lá, trabalhei no arquivo. Organizava material de expediente e documentos. Passei a ser conhecido por Tom Zé. Apelido dado pelo chefe da divisão, Sr. Hamilton Gilberto Malon. Em 1980, fui designado para prestar serviços na TREDE – Divisão de Treinamento e Desenvolvimento. E tive oportunidade de fazer um curso de desenho artístico e publicitário patrocinado pelo Banco. Desempenhei, por três anos, a função de desenhista e diagramador. Diagramando material dos cursos a distância, aprendi muito. Trabalhei no Curso de Comunicação e Expressão – COMEX, e no CONTA – Curso de Contabilidade. Não existiam microcomputadores. Tive que aprender a operar a IBM Composer. Última tecnologia. Trabalhei também no laboratório fotográfi co da divisão. Preparava fotolitos para impressão de material em off-set. Naquele tempo o Banco ainda não terceirizava esses serviços. Sempre fui prestigiado. Sempre valorizei o trabalho. Em 1983, fui convidado para ser secretário do chefe do DESED, Mandarino. Senti-me muito valorizado nessa função. Adquiri conhecimentos. Fiz amizades duradouras. Em 1993, o Mir e a Cristina Coppio me convidaram para trabalhar no apoio logístico do 1º Treinamento para Altos Executivos, em Pirenópolis (GO). Sei que o trabalho em educação me trouxe conhecimentos e contatos com gente de todo o Brasil: instrutores e participantes dos cursos. Este ano completo o tempo de serviço. Trinta e cinco anos de previdência. Vinte e oito de Banco. Sinto-me realizado.

Antônio José Vasques Pereira, o Tom Zé. Trecho de entrevista em 20.7.2006 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 161

Considerações fi nais

O novo século é, em essência, sinônimo de horizonte de nova esperança. Uma esperança que, por ser eminentemente humana e humanizadora, elege a prioridade educativa como sua aliada incontornável na edifi ca- ção de uma nova ordem social onde todos contam e cada um possa ser capacitado para participar ativamente num processo de desenvolvimento que, para o ser, recupera a centralidade da pessoa na sua mais plena e inviolável dignidade. CARNEIRO, Roberto. Trecho do artigo: Educação e Comunidades Humanas Revivifi cadas, uma Visão da Escola Socializadora no Novo Século.

Chegamos ao fi nal destes “Itinerários”. No percurso, “visualizamos” os aconteci- mentos que foram construindo o caminhar da educação no Banco do Brasil. Resgatar informações sobre as conquistas e desafi os dessa história e dar-lhes um sentido de corpo exigiu esforço para enxergar os eventos, fatos e escolhas organi- zacionais de um ponto de vista amplo, para além de contingências e tendências, para ajudar o leitor a fi xar o edifício histórico da educação no Banco, nesses mais de quarenta anos. Uma rápida retrospectiva das memórias que são objeto do texto pode ser iniciada com a missão primeira do DESED. O departamento é concebido para favorecer e intensifi car a capacitação profi ssional na empresa, com vistas ao engrandecimento do Banco. O DESED atravessa mais de trinta anos que demarcam a área de edu- cação do Banco como setor estratégico. Sua ação pioneira tem continuidade no trabalho das gerências que o sucedem. Nessa travessia vai sendo tecida uma rede de saberes que se converte no trabalho diário da empresa. No Banco, o intercâmbio de saberes e competências entre as gerações é fun- damental para sua permanência sempre renovada. A ação educativa permite que o antigo e o novo se articulem e fundem novas competências, tragam inovações, questionem as marcas da tradição para ressignifi cá-la e preservá-la no que é essencial. Hoje, o grande desafi o da educação corporativa é acompanhar a velocidade com que as informações transitam; é agir proativamente diante do nível de conheci- 162 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

mentos acumulados e transformados, numa intensa dinâmica, no último século. Um requisito para lidar com esse aspecto é a contínua avaliação dos processos educacionais em confronto com as características da realidade. É preciso questio- nar práticas, redirecionar ações. Esse é o requisito para acompanhar o pêndulo do tempo e permanecer. Desde o surgimento do DESED, passando pela GEDEP e chegando à época da GEDUC é possível perceber que essa busca de aprimoramento tem estado presente. Esse contínuo exercício de auto-avaliação pode ser percebido em vários momentos. Para ilustrar esse esforço, basta relembrar as “paradas para reabaste- cimento”, ou seja, os momentos de revisão de políticas e práticas, a exemplo do que aconteceu nas inovações de meados da década de mil novecentos e setenta, com a chegada do conceito de formação permanente; a revisão das políticas em 1985; a sistematização dos processos educacionais nos anos noventa; os estudos e projeções do Repensando o DESED; o estabelecimento dos enfoques de apren- dizagem no início desta década, e as reformulações dos modelos de formação de educadores, por exemplo. A área de educação, nesse sentido, tem sido boa mestra. Sua história atesta dis- posição para ser “eterna aprendiz” para bem conduzir a capacitação do corpo funcional de uma empresa da estatura do Banco do Brasil. Nessa caminhada, algumas idéias e práticas estão presentes constantemente, nem sempre com a mesma intensidade, mas permanecem nos textos e metodologias adotadas, desde a constituição do DESED. São elas: a formação integral do fun- cionário para além do preparo técnico, visando o desenvolvimento de suas qua- lidades como pessoa e cidadão; a busca permanente de atualização dos métodos pedagógicos para a implantação de metodologia ativa de ensino-aprendizagem; a democratização das relações para o incremento da cultura do trabalho em equipe e o desenvolvimento da consciência ética. Alguns princípios têm sido balizas para o trabalho educativo no Banco. Assim, os pressupostos fi losófi cos adotados desde a época do DESED, permanecem, ainda, o norte duradouro a guiar essa missão. Pode-se dizer que esses princípios esta- belecem as visões de homem e de mundo que determinam as opções teóricas e metodológicas institucionais. ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 163

Nesse sentido, a Universidade Corporativa Banco do Brasil, que hoje, é o guar- da-chuva que abriga a educação na empresa, ampliou e incorporou alguns des- ses princípios, estabelecendo as seguintes premissas: o homem, profi ssional do Banco do Brasil, é sujeito do seu processo educativo; é um ser situado, por isso a educação corporativa deve ser realizada a partir do conhecimento e do respeito às condições reais do funcionário do Banco; é um ser de consciência, portanto a educação corporativa deve acreditar e investir na capacidade do funcionário de transcender a realidade em que vive e atua e desenvolver o trabalho educativo por meio da refl exão crítica sobre o ser humano, o Banco e a sociedade; é um ser de liberdade, capaz de superar os condicionamentos de sua situação, por isso as ações de educação corporativa deverão se desenvolver no sentido da compreen- são e discussão, pelos funcionários, de seus próprios objetivos, assim como dos objetivos do Banco do Brasil e os da sociedade; e é um ser inacabado, que busca complementar-se na cooperação com outros seres humanos, lidando com desafi os profi ssionais, atuando no desenvolvimento das pessoas com as quais se relaciona e tornando-se agente de resultados, capaz de posicionar o Banco na liderança dos mercados em que atua. Numa síntese, podemos pinçar os elementos acima como constituintes da espinha dorsal das memórias registradas neste livro. É importante registrar que a imanência das visões de homem e de mundo que têm permeado a educação no banco é resultado, sobretudo, da institucionalização do trabalho educacional, da luta para defi nir pressupostos fi losófi cos na direção de um trabalho educativo crítico, vivo e da abertura permanente para a auto-crítica e para o debate. Reafi rmamos o valor dos agentes históricos – idealizadores, operadores, gestores, educadores, incentivadores – que contribuíram para consolidar a educação no Banco como processo que “faz diferença”, pois humaniza. Transforma. Como já foi dito, gostaríamos de nomear todos os que, direta ou indiretamente, participaram e participam da desafi adora empreitada que é promover a educação institucional. Mas, acreditamos que a expressão dessas memórias destaca a marca indelével das pessoas e da educação nesta organização. O objetivo principal destes “Itinerários” é traçar uma linha do tempo demarcando momentos signifi cativos da educação no Banco do Brasil, com algumas 164 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

“paradas” no meio do caminho para refl etirmos sobre que sínteses conseguimos realizar, por causa e apesar das inter-relações dos condicionantes econômicos e históricos e seus refl exos nas políticas de formação e na sistematização das práticas educativas da empresa. De qualquer forma, caro leitor, esperamos que os escritos e imagens que compõem este “Itinerários” tenham contribuído para a compreensão da nossa história de educação e, no limite, tenham revelado o próprio Banco do Brasil. Haverá tempo para se refl etir e reexaminar as questões que foram surgindo ou renascendo dessas práticas educativas, pois essa história não termina aqui. Relação dos chefes e gestores da área de educação do Banco do Brasil nos diferentes períodos

Nomes em ordem cronológica crescente de 1964 à atualidade

Chefes do DESED Manoel Salek ...... (1965 – 1967) Admon Ganem ...... (1967 – 1969) Roberto Hatab ...... (1969 – 1970) Celso Albano Costa ...... (1970 – 1971) Joaquim Ferreira Amaro ...... (1971 – 1975) Renato Toledo de Campos ...... (1975) Vicente da Costa Alves ...... (1976 – 1979) Paulo Rubens Mandarino ...... (1980 – 1984) Antônio Menezes ...... (1984) Maurício Teixeira da Costa ...... (1985 – 1986) Arideu Galdino da Silva Raymundo ...... (1986) Maurício Teixeira da Costa ...... (1986 – 1988) Jose Alves de Oliveira ...... (1988) Roberto Pinto Meireles ...... (1988) Sérgio de Abreu Mautoni ...... (1988 – 1990) Walter Piedade Denser ...... (1991 – 1992) José Franco de Moraes ...... (1992 – 1993) Luiz Oswaldo Sant’Iago Moreira de Souza ...... (1993 – 1994) José Carlos Alves da Conceição ...... (1994 – 1995) Rubenvaldo Furtado da Costa ...... (1995 – 1996) José Francisco de Carvalho Rezende ...... (1996 – 1999) Gerentes executivos da GEDEP José Francisco de Carvalho Rezende ...... (1996 – 1999) Marcos Fadanelli Ramos ...... (1999 – 2002) Gerentes executivos da GEDUC Marcos Fadanelli Ramos ...... (2002 – 2003) Pedro Paulo Carbone ...... (2003 até os dias atuais)

DESED – Departamento de Seleção e Desenvolvimento de Pessoal GEDEP – Gerência de Desenvolvimento Profi ssional GEDUC – Gerência de Educação e Desenvolvimento de Competências Profi ssionais

Parte II Marcos ilustrativos da educação

ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 169

Apresentação

A memória é o tesouro e o lugar de conservação das imagens. Santo Tomás de Aquino

próxima etapa desse itinerário será ocupada pela mágica do desenho de funcionários a traçar, com a sua arte, um painel de alguns assuntos que Aelegemos entre tantos que compõem a educação no Banco do Brasil. Alguém já disse que “uma imagem fala mais do que mil palavras”. Inspirados nessa crença, optamos por traduzir a importância desses temas com o auxílio “luxuoso” dos traços que brotam da sensibilidade, do engenho e da arte de funcionários ilustradores. Assim, nas páginas a seguir, teremos encartes com os seguintes títulos: Ser Integral, Aprendizagem, BB Educar, Desenvolvimento Regional Sustentável, Vida de Educando. Ser Integral é um resumo de algumas das dimensões humanas que devem ser cuidadas para que tenhamos uma vida saudável, cidadã e equilibrada. Esse pri- meiro encarte foi composto a partir de ilustrações criadas por Krishnamurti Martins Costa e Marcus Eurício Álvaro para os fascículos do Programa de Profi ssionali- zação. A sensibilidade do desenho leve, quase etéreo de Krishnamurti a traduzir as dimensões do sonho e do cuidado do nosso Ser Integral. Já o desenho de Marcus Eurício lembra-nos outros aspectos essenciais à vida plena. Marcus nasceu no Rio de Janeiro. Filho de Seu Nelson Eurício e de Dona Clothilde, era casado com a Líliam. Realizou o grande sonho de sua vida quan- do seu fi lho, o João Pedro Tabet Álvaro, chegou ao mundo. Era pós-graduado em Artes Plásticas. Trabalhou no DESED, na DIPES, na Estratégia de Marke- ting. Estava na DIMAC, quando nos deixou em 1.4.2004. Foi enfeitar o céu. Sua arte, entretanto, permanece como marca indelével na instituição e na lembrança dos colegas. Emprestamos o seu nome para título dessa sessão como forma de gravá-lo na história que ele ajudou a construir. 170 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

O segundo encarte tem o título Aprendizagem. É um resumo das ilustrações da apostila do Curso de Contabilidade, conhecido por CONTA I, lançado na década de 1980. Consideramos oportuno fazer alusão às primeiras experiências de educação a distância. A arte visual de Eduardo Carvalho dos Santos. Todos lembram do desenho assíduo de Edu Carvalho. Durante muito tempo trabalhou na divisão de multimeios. O encarte resgata o “aprendiz interessado” que ajudou muitos funcionários a darem os primeiros passos no aprendizado de contabilidade. É impressionante, como a magia do desenho, produzido pela perícia do artista, permite-nos traduzir a tonalidade dos costumes de cada época. O terceiro encarte é BB Educar. A arte foi concebida pelo José Lucas Ferraz, o Zeluca, como é conhecido. Está aposentado, mas, para nosso deleite, seu talen- to continua ‘batendo ponto’ na comunicação visual do Banco. Baseado no cotidiano da alfabetização de adultos do Programa BB Educar, Ze- luca inspirou-se numa turma do programa realizado em Assaré, sertão do Ceará. Mostra, nas tirinhas, Dona Maria Preta, aluna que virou símbolo do programa e ilustrou o material didático do BB Educar, por muito tempo. Zeluca, “famoso por suas inspirações geométricas, de inspiração cubista”, que durante anos também ilustrou o Boletim de Informação de Pessoal, cria um cenário onde, nas suas próprias palavras:

... mostro a ausência da água e do alfabeto. A angústia de pessoas entre sinais gráfi cos incompreensíveis. Eles estão distantes entre si, mas o BB Educar une as pessoas em um só ambiente e, a partir daí, elas manipulam o meio. Os traços que estão à sua volta e... constroem frases: água, solidariedade, sonhos. E podem enfi m, ler um poema do Patativa do Assaré. Acho que, embora focando o Nordeste, dá uma visão da coragem de todos para enfrentar o dia- a-dia difícil.

A quarta ilustração é Desenvolvimento Regional Sustentável. Nossa luta, hoje, como cidadãos do mundo, por inclusão social, preservação ambiental, justiça, cidadania, crescimento econômico, entre outros valores, reafi rma a missão de cada um no esforço de realizar esses ideais. O trabalho do Banco nesse sentido é ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 171

amplo e o Curso DRS – Desenvolvimento Regional Sustentável representa sua mais signifi cativa expressão. A arte de Ítalo Cajueiro de Oliveira, o talentoso Ítalo Cajueiro, proporciona uma visão de mundo sustentável. Imagem que fala de diversidade, solidarieda- de, cuidado planetário. Pura beleza! Ítalo inspirou-se no seguinte depoimento de Ricardo de Faria Barros, o Ricardim, que traz uma visão de futuro das ações de desenvolvimento sustentável no Banco:

Imagino que em cada localidade haverá empreendimentos apoiados pelo Desenvolvimento Regional Sustentável. E que cada agência do BB, integrante da Estratégia DRS, atuará como uma incubadora de projetos sustentáveis locais, viabilizando e disponibilizando os seus capitais – humano, social, tecnológico, fi nanceiro e simbólico – para construção compartilhada e coletiva de alternativas a um outro mundo possível: um mundo sustentável.

O quinto encarte é Vida de Educando. Criação do Cosmo ou Cosmo Lopes de Sousa, como foi batizado. O humor e o requinte dos detalhes no seu traço, dão vida a uma personagem que representa os colegas que trabalham na área de atendimento das GEPES recém-criadas e que agora têm mais oportunidades de chegar a uma sala de aula para realizar cursos presenciais. A GEPES Manaus foi escolhida por localizar-se na Região Norte que, devido às condições geográfi cas, muitas vezes, encontrara-se com acesso difícil. Como vemos, vários colegas ilustram o material didático do Banco. Na arte de Cosmo, Edu Carvalho, Krishnamurti, Ítalo Cajueiro, Marcus Eurício e Zeluca está o reconhecimento da importância do trabalho dos colegas ilustradores. A arte de todos para homenagear os nossos Marcus(os) da educação. 172 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Ser integral Sonhar - transcender

Cuidar Krishnamurti Ilustrações utilizadas nos fascículos do Programa Profi ssionalização ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 173

Ser integral Saúde Trabalhar - compartilhar

Buscar

Evoluir Marcus Eurício Ilustrações utilizadas nos fascículos do Programa Profi ssionalização 174 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Ser integral Equilíbrio Lazer

Acreditamos que o homem é:

Ilustrações utilizadas nos fascículos do Programa Profi ssionalização Marcus Eurício ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 175

Aprendizagem Edu Carvalho 176 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

BB Educar Zeluca ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 177

BB Educar Zeluca 178 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Desenvolvimento sustentável Ítalo Cajueiro ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 179

Vida de educando

ESTE É GUIOBERTO, FUNCIONÁRIO DO BANCO DO BRASIL, AFASTADO TEMPORARIAMENTE DO SERVIÇO POR UMA VIROSE. FICOU EM RECUPERAÇÃO NA SUA CASA, ÀS MARGENS DO RIO SOLIMÕES, NA CIDADE DE MANACAPURU (AM).

FAZER NEGÓCIOS, OPERAÇÕES DE CRÉDITO. ETC,! Cosmo 180 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Vida de educando Cosmo ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 181

Vida de educando

GUIOBA, VOCÊ TEM CERTEZA QUE JÁ RECEBEU ALTA???

COLEGA, SEJA BEM-VINDO! Cosmo

Parte III Narrativas temáticas

ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 185

Apresentação

O que eu vi, sempre, é que toda ação principia mesmo é por uma palavra pensada. Palavra pegante, dada ou guardada, que vai rompendo rumo. João Guimarães Rosa

uem não gosta de conversar? Ouvir rememorações do que foi marcante na experiência dos amigos? Sabendo que a fala é testemunho vivo, sem Qintermediários, de quem a pronuncia e de sua experiência, incluímos nas próximas páginas, trechos das “conversas” que realizamos para composição dessas memórias. Ouvimos mais de cem pessoas. Gostaríamos de expressar literalmente todas essas conversas que ajudaram a compor essas memórias. O tempo e o espaço ditam os limites humanos. Neste trabalho não foi diferente. Então, pinçamos trechos que compõem essas narrativas e que falam sobre temas diversos. O critério da escolha? A relevância do tema, sua aderência ao “tom” que quisemos imprimir ao texto, o brilho no olhar de quem falou, a proximidade da experiência do entrevistado ao tema sobre o qual discorria, entre outros tantos motivos que tornam o discurso humano sempre imprescindível. Todas as entrevistas foram vitais para dar imanência aos fragmentos colhidos no decorrer da pesquisa e transformá-los numa história “vertebrada”, viva. Por isso, todas as entrevistas e depoimentos foram transcritos e vão compor um memorial impresso sob arquivo na Diretoria Gestão de Pessoas. Fizemos questão de preservar esses discursos. Eles esclarecem, relembram, preenchem lacunas. Enfi m, prestam tributo ao esforço das pessoas e da própria instituição para se estabelecer como agência educacional de sua rede social. Acreditamos que a sessão Narrativas temáticas será leitura prazerosa de tantos quantos folhearem este livro. 186 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

O DESED

Cheguei no DESED em 1977, um ano depois do Vicente... que já che- fi ava o DESED. Na época, ele fez uma revolução.... nós tínhamos ape- nas três cursos (CAIEX, COORD e CIPAD) e ele, com a concepção de formação permanente, ampliou essa formação, criando novos cursos. Ele implantou uma política de treinamento onde estava embutida a idéia de que o funcionário, na medida em que começasse a galgar os degraus mais altos da carreira, ele precisaria menos da visão técnica e mais de uma visão cultural. Além disso, essa política criava a primeira sistema- tização de treinamento dentro do Banco com três níveis distintos: exe- cução, supervisão e administração... Via-se paixão naquilo que se fazia. Solidariedade.

LUIZA Helena Branco GRECA da Cunha. Analista do DESED de 1977 a 2004. Aposentada. Entrevista em 27.3.2006

YZ

O DESED foi um fenômeno corporativo. Quase uma entidade! Refl etia uma atitude. Uma fi losofi a de atuação. Uma maneira de enxergar a educação que perpassava toda a organização. Tinha o lado bom do corporativismo. O DESED era também uma ideologia. A gente percebia o DESED trabalhando com a formação do cidadão. A preocupação com o ser político.

José MARCELO ASSUNÇÃO. Educador. Aposentado. Entrevista em 25.4.2006

YZ

O DESED representou uma revolução na educação da empresa. A con- tribuição do grupo que implantou as relações humanas como módulo nos cursos foi fundamental para a valorização do diálogo no Banco. A mudança de paradigmas através da riqueza do processo de ensino-apren- dizagem, a relação dialógica na construção do conhecimento foi uma experiência transformadora.

Mário Batista CATELLI. Educador. Aposentado. Entrevista em 27.3.2006 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 187

A queda da sigla DESED foi um choque. Acho que era muito liga- da à idéia de departamentalização que o Banco precisava tirar de nossa cultura. Mas acho que era uma marca tão forte que até hoje representa muito para os funcionários. Podiam ter mantido a sigla e mudado o conceito.

Francisco AIRTON Mendes. Gerente de administração. Entrevista em 24.2.2006

YZ

A meu ver, o embrião do DESED foi o curso voltado para a Carteira Agrícola e Industrial, a pedido do Dr. Nestor Jost. O programa girava em torno de Economia. Havia um professor contratado pelo DESED, prof. Diógenes Machado, que ministrava a disciplina Diagnóstico Inte- grado da Pequena Empresa, inclusive no México. O Dr. Admon Ganem dava aulas de Marketing.

AMILCAR de Souza Martins. Ex-diretor de Recursos Humanos. Entrevista em 29.5.2006

YZ

O Banco teve um papel civilizatório, interiorizando o desenvolvimento, mesmo em regiões inóspitas, e o DESED teve muita infl uência nesse sentido.

NESTOR Jost. Presidente do Banco de 1967 a 1974. Entrevista em 5.5.2006

YZ

Enquanto preparávamos o plano completo de treinamento e à guisa de apresentação do novo departamento, o DESED, decidimos oferecer um Seminário de Relações Humanas no Trabalho para os executivos da di- reção geral. Dr. Nestor Jost, presidente do Banco e grande incentivador do treinamento, foi solicitado a comparecer à aula inaugural, para dar prestígio às futuras ações do DESED. Dr. Jost se inscreveu e participou de todas as aulas e estimulou os diretores a participarem. O evento foi 188 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

um sucesso, não só pela competência do Prof. Adelmar Linhares que con- duziu o seminário, como pela participação em peso da diretoria.

ADMON Ganem. Chefe do DESED de 1967 a 1968. Depoimento em 9.5.2006

YZ

A ação do DESED nas seleções que patrocinou para o programa de Está- gios nas Agências do Exterior, para cursos de pós-graduação em univer- sidades de primeira linha, particularmente, o MBA na Michigan State University... e na elaboração do programa de Menores Estagiários, todas com visíveis resultados positivos, e contando com o apoio daqueles chefes que haviam passado pelo CIPAD, produziu uma aceitação generalizada dessa política. São incontáveis os exemplos de funcionários que retoma- ram estudos interrompidos porque acreditavam que seus esforços seriam um dia recompensados.

Joaquim Ferreira AMARO. Chefe do DESED de 1971 a 1975. Aposentado. Entrevista em 26.4.2006

Educação

O papel da área de educação é pensar, discutir, projetar, orientar e acom- panhar a educação do Banco. Não podemos nos limitar a criar cursos, que é um trabalho complexo, árduo. Mas nosso papel não se limita a criar metodologias. É importante orientar os que nos demandam, mas precisamos PENSAR a educação no Banco. Nosso papel é irradiar, con- cretizar uma visão de educação na empresa.

VÂNIA Maria Lopes VENÂNCIO. Gerente de divisão da DECOM. Entrevista em 24.4.2006

ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 189

O Banco do Brasil, nos seus quase duzentos anos de existência, demonstra ser uma empresa adaptável, versátil e se mantém, por muitos anos, em posição de vanguarda na área de gestão de pessoas... No entanto, nessas últimas décadas, foi perdendo esse perfi l vanguardista. E hoje o Banco tem a oportunidade de retomar seu posto, proporcionando acessibilidade em seu ambiente de trabalho a pessoas com defi ciência, e promovendo ações de capacitação aos gestores, gerentes, analistas e funcionários para lidarem com a diversidade.

MARCELO LUCCHESI Rocha Carvalho. Analista da DECOM. Depoimento em 16.8.2006

YZ

A feição das relações humanas nos cursos, a partir da gestão de Vicente da Costa Alves no DESED, ganhou perfi l de um choque cultural, pois o novo paradigma passava a integrar o conceito de educação permanente e a formação modular, fi cando sob responsabilidade do funcionário a escolha do módulo que, naquele momento, mais interessava ao anda- mento de sua carreira.

OSCAR Capello. Educador. Aposentado. Entrevista em 3.3.2006

YZ

A contribuição da área de educação no Banco é inegável. Principal- mente para referenciar a expansão da empresa, com um sistema de educação corporativo levando aos funcionários uma política integrada de desenvolvimento.

José Francisco de Carvalho REZENDE. Gerente executivo da UFRH/GEDEP de 1996 a 1999. Entrevista em 4.5.2006

190 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Educação plena é utopia. Mas, ai do povo que perder a utopia!

José MARCELO ASSUNÇÃO. Educador. Aposentado. Entrevista em 25.4.2006

YZ

Não se conhece prova do poder de cooperação como a que oferecem formigas, abelhas e cupins. A Amazônia e também os desertos são dominados por eles. Formigas e cupins são senhores do planeta. Como nós. Não! Como nós, não. Também temos, os humanos, o que mostrar como resultado de nossa cooperação. Nossa solidariedade, porém, não se dá graças a uma harmonia domesticada. Nossas ações coletivas não respondem a forças instintivas. Nossas parcerias são construídas a partir da possibilidade de debater idéias e revê-las diante da argumentação do outro.

ARTUR ROMAN. Educador. Aposentado. Trecho extraído do texto de apresen- tação da Revista 4º Fórum. Brasília. 2003

YZ

Lembro-me, claramente. Embora nos anos mil novecentos e setentas não se falasse de democratização da esfera privada tanto quanto da esfera pública, nos cursos exemplifi cávamos, com o relacionamento daqueles participantes, a maioria homens, com suas fi lhas e fi lhos... Ainda não se falava em (des)-igualdade de relações sociais de gênero ou de relações raciais, mas havia uma germinação, em nossas discursividades sobre de- mocratização. Articulávamos empresa e sociedade.

ANA LIÉSI Th urler. Ex-funcionária do DESED. Entrevista em 10.5.2006

ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 191

O Banco do Brasil poderia, como muitas outras instituições, deixar o treinamento de seu pessoal a critério das entidades governamentais ou de outras instituições particulares especializadas. Mas, como empresa moderna, que visa o melhor aproveitamento do potencial humano ao seu dispor, e dada a especialização de suas atividades, resolveu aprimorar os recursos de que dispõe no campo do ensino, agregando experiências alheias, ao procurar, paralelamente, aproveitar tudo o que de útil a sociedade lhe possa oferecer, porque tem certeza de que o aperfeiçoamento do nível técnico há de conduzi-lo a prestar serviços cada vez melhores ao povo. Na escalada para o desenvolvimento, pensamos poder formar um maior grupo de homens treinados para a administração do Banco e, além disso, capazes de contribuir com efi cácia para o desenvolvimento das diversas atividades econômicas do País... Se quisermos, verdadeiramente, marchar para o pleno aproveitamento do potencial físico e humano de que dispomos, precisaremos incrementar as atividades escolares, não só sob a forma tradicional, mas, sobretudo, pela informação especializada, que é a própria razão de ser deste importante departamento do Banco – O DESED.

NESTOR Jost. Aula inaugural do primeiro curso intensivo para administradores do Banco do Brasil, em 29.6.1967, in Considerações Sobre a Atualidade. Discursos e palestras de Nestor Jost

Educação a distância

Observo mudanças com a educação a distância. A EAD é imprescindível para o Banco. São muitos funcionários a capacitar em todo o território nacional. Os custos com a formação presencial são astronômicos. A em- presa não pode prescindir da formação presencial, principalmente para os cursos com foco na dimensão comportamental. As tecnologias de EAD estão propiciando uma radical democratização da formação profi ssional no Banco.

JURACI Masiero. Atual diretor da DIPES. Entrevista em 1.6.2006

192 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Com uma demanda de mais de oitenta mil funcionários, temos que lan- çar mão de todas as mídias e recursos tecnológicos disponíveis.

José NOGUEIRA. Analista da DECOM. Entrevista em 31.3.2006

YZ

A educação a distância possibilita o compartilhamento de saberes para a construção coletiva do conhecimento.

DANIEL José de SOUZA. Analista da DECOM – Educação a distância e cultura organizacional no Banco do Brasil: um estudo de caso. Dissertação de mestrado. Florianópolis, 2002 A ampliação dos cursos auto-instrucionais considera as vantagens da de- mocratização do acesso à educação. Precisamos avançar na criação de um modelo de tutoria.

DANIEL Garcia, Analista da DECOM. Entrevista em 5.4.2006

YZ Um marco que acho importantíssimo no Banco é que coube, inicialmente, à área de educação corporativa, colocar em funcionamento a TV corporativa. Hoje, a TV corporativa não é mais administrada pela área de Recursos Humanos, embora grande parte de sua programação seja dedicada a treinamento, mas é um marco da área ter colocado a TV no ar. Implantar um sistema complexo de uma TV corporativa tomou horas e horas de trabalho e foi um momento que demandou muita criatividade, porque criar, a partir do nada toda uma grade de programação de TV exige muita reunião. A TV é um mecanismo para alavancar ações de clima e cultura organizacional.

José Francisco de Carvalho REZENDE. Gerente executivo da UFRH/GEDEP de 1996 a 1999. Entrevista em 4.5.2006

YZ

Fui chefe do DESED por cerca de um ano, em período entre abril de 1985 a abril de 1986, mais ou menos. Nesse lapso, foi levado avante o projeto de reestruturação organizacional, basicamente com a redefi nição ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 193

da política de recursos humanos, voltada à formação e desenvolvimento profi ssional, e à melhor dotação de cargos, com APs mais adequados à missão do DESED. Estiveram à sua frente, os nossos colegas Luiz Oswaldo (o nosso atual vice-presidente), Ana Liési Th urler e Maria Dalva Martins Palhano. Na sua fase fi nal, nós o submetemos à crítica do Departamento Especializado de Recursos Humanos da USP, que o chancelou, diante de sua magnífi ca qualidade... Uma outra contribuição se refere ao treinamento a distância. Quando o Dr. Gigante assumiu, em 1979, a vice- presidência de administração – e eu era seu chefe-de-gabinete – disse-me que tinha, como uma de suas metas, implantar no Banco o treinamento a distância. Sugeri-lhe que eu faria um curso de treinamento a distância para absorver basicamente aspectos metodológicos a serem observados nos programas de treinamento. E isso realmente ocorreu: realizei curso do IOB, em Direito Processual do Trabalho. Foram vários meses de recebimento de apostilas, estudo sistemático e de avaliação. Concluído, produzi um relatório para o Dr. Gigante, fornecendo elementos úteis ao desenvolvimento e implantação de projetos de treinamento a distância. O Dr. Gigante remeteu-o ao DESED com despacho de que era para ser introduzido no Banco o treinamento a distância. Depois, quando passei a chefi ar o departamento, já era intensa a atividade com tal mister.

ARIDEU Galdino da Silva Raymundo. Chefe do DESED em 1986. Depoimento em 5.5.2006

Educação popular – O BB Educar

Fiquei devendo ao Paulo Freire, uma história do BB Educar. A Funda- ção agora vai publicar as experiências do programa. Fiz até um prefácio. Um texto pequeno, mas aproveitei para citar alguns nomes que foram importantes naquele primeiro momento. Citei o Alair, a Anaíres, a Lia, a Nilda, a Patrícia, a Sandrinha, a Vitória.

LUIZ OSWALDO Sant’Iago Moreira de Souza. Atual vice-presidente de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental. Chefe do DESED de 1993 a 1994. Entrevista em 13.4.2006 194 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

O trabalho da Fundação Banco do Brasil se realiza em dois eixos, bem defi nidos: Educação e Trabalho e Renda. A Diretoria de Educação abri- ga programas estruturados e alguns projetos pilotos. Como programas estruturados, temos o BB Educar, o AABB Comunidade, o Inclusão Di- gital e o Projeto Memória. Temos vários projetos pilotos: a Escola Saga- rana, o Banco na Escola, o Alimentação Sustentável e o Projeto Quilom- bola. Estive por quatro anos vinculado ao BB Educar. Foi um período de aprendizagem... No período, foi realizada a avaliação do programa. Fizemos revisão do material pedagógico. Foi implantada a Coordenação Regional e o Projeto de Saúde Ocular, que possibilita a aquisição de ócu- los para os alfabetizandos. Foi desenvolvido o almanaque do BB Edu- car, direcionado aos alfabetizados pelo programa e entregue no momento da formatura. O quadro de educadores do programa foi ampliado. Os educadores cursaram uma especialização na área de alfabetização de jo- vens e adultos. O BB Educar é um programa que tomou uma dimensão muito grande.

FERNANDO da Nóbrega Júnior. Funcionário da Fundação Banco do Brasil. Entrevista em 11.7.2006

YZ

Especialmente no BB Educar, constatei as possibilidades de uma educa- ção voltada para a práxis, ou seja, de uma formação que faz sentido na prática e de uma prática que não prescinde da teorização. O BB Educar formou alfabetizadores e educadores em todo o País, contribuindo para a redução dos índices de analfabetismo e infl uenciou práticas de ensino- aprendizagem em outras áreas de formação do DESED. Revelou aos funcionários os diversos “brasis” que estavam bem próximos às agências do Banco. Motivou educadores a tomar a alfabetização de jovens e adul- tos como objeto de estudo, em universidades brasileiras ou no exterior, como Vladimir, em e Ana Lúcia, nos Estados Unidos, além de dis- ponibilizar cursos de pós-graduação a todos os educadores, que, a partir de suas práticas de formação e de alfabetização, produziram conheci- mentos signifi cativos para a educação de jovens e adultos.

PATRÍCIA Teixeira de Almeida. Educadora. Aposentada. Coordenadora regional do Programa BB Educar. Depoimento em 16.7.2006 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 195

Ministrei aulas na tribo dos Ticunas, no Amazonas, às margens do Rio Solimões. Foi uma experiência inconfundível. As aulas começavam às sete da noite e iam até três da manhã. Os índios passavam o dia na roça e só restava essa opção de horário. Havia um índio que traduzia alguns aspectos das aulas, das ofi cinas, (tradutor) para facilitar o trabalho. No início, os índios fi cavam presos à realidade mais imediata deles. Então, trabalhei os temas geradores, utilizando palavras, não apenas da realida- de, mas da língua deles. Por exemplo: se eu explorasse a palavra geradora “balaio”, trabalhava o termo também em ticuna; isso facilitou a tarefa. Foi um processo de alfabetização em duas línguas. A experiência marcou minha vida. Na relação com eles, fui testando – pois, como diz Einstein, “a teoria sempre acaba, mais cedo ou mais tarde, assassinada pela expe- riência” – (descobrindo) que algumas coisas que os livros ensinam não correspondem exatamente à realidade. Por exemplo: um jovem ticuna me disse: ‘Dizem que o rio é uma bênção. O rio é uma bênção para o meu avô, mas para nós que conhecemos a televisão, a Xuxa, o Rock, o rio vira um obstáculo que nos impede de sair daqui. Daqui pra Tabatinga é uma viagem muito longa, sofrida. ‘A gente se sente isolado’.

ALAIR Negri. Educador. Aposentado. Entrevista em 3.3.2006

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No ano que se inicia, é importante refl etirmos sobre nossa prática educativa a partir do que representam, para a alfabetização, as comemorações ocorridas em 1995 em torno dos 300 anos da morte de Zumbi. Zumbi é símbolo da luta de homens e mulheres trazidos da África como escravos e escravas. Sua prática, na organização do Quilombo de Palmares, refl ete a busca de uma educação libertadora. A história da educação é originalmente excludente, elitista e etnocêntrica. Índios, negros e mulheres foram, por muito tempo, excluídos do processo de escolarização. Para a historiadora Ana Maria Araújo Freire, é o que se pode chamar de “ideologia da interdição do corpo”. Corpos de homens e mulheres marcados pelas discriminações sociais, regionais, setoriais e sexuais do elitismo brasileiro que permaneceu no analfabetismo. 196 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

A questão do analfabetismo, uma das peças da grande engrenagem que é a construção social, caracteriza-se em dois níveis: a) os excluídos da escola; e b) os marginalizados na escola. Dos 22 milhões de não-alfabetizados, grande parte é marginalizada do processo de escolarização, vítima de preconceitos. Maria Preta*, por ser pobre, negra e mulher, representa tanto os excluídos como os marginalizados. Agora, no processo de alfabetização, ela nos dá uma demonstração de luta e coragem, disposta a não baixar a cabeça frente aos preconceitos, discriminações e injustiças sociais.

* Maria Laura de Jesus, 42 anos, nascida em Exu-PE. Mãe solteira e doméstica, sem emprego fi xo. Aluna do BB-Educar em Assaré-CE, sua turma concluiu a alfabetização em junho/95 e recebeu o nome de Maria Preta, seu apelido. (Informativo do Programa BB-Educar – número 2 – maio/1996

Educadoria

O grupo de educadores da área de Relações Humanas marcou... Jorge Roux era uma espécie de ideólogo da turma. Um grupo com pensamen- tos diferenciados... Éramos um grupo que às vezes tinha uma aspiração meio quixotesca de almejar derrubar moinhos de vento, mas era um grupo que tinha força. Teve um papel importante para compor a marca forte que foi o DESED.

LUIZ OSWALDO Sant’Iago Moreira de Souza. Atual vice-presidente de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental. Chefe do DESED de 1993 a 1994. Entrevista em 13.4.2006

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Cheguei ao DESED em 1987 para compor a equipe de vídeo que estava sendo criada no Setor de Multimeios – SEMEI. Trabalhei na produção e direção de programas informativos e de treinamento até 1998, quando criamos a TVBB. Com a ida do trabalho para a área de comunicação, optei por permanecer ligado à área de treinamento, passando a traba- lhar com o planejamento de cursos internos. Em 2003, assumi a antiga ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 197

Instrutoria. Já havia um movimento forte para a mudança da nomen- clatura de instrutor para educador, pois entendia-se que o papel do edu- cador é mais amplo e faz mais justiça aos colegas que desempenham essa função, indo além do simples repasse de instruções. Criamos então a Educadoria e promovemos a reformulação do antigo Fundamentos Pedagógicos para Instrutores – FPI, atendendo antiga reivindicação do corpo de educadores do Banco. Em 2004 coordenamos a realização de um seminário internacional, com palestrantes ligados ao Professor Edgar Morin, que trouxeram para o Banco a Abordagem Multirreferencial e a Teoria da Complexidade. A partir desse evento, um grupo de colegas aposentados ajudou a planejar o Curso de Preparação de Educadores – CPE, que recuperou a carga horária da antiga formação de educado- res do BB e incorporou novas tendências em educação.

Névio Carlos de Alarcão, NEVINHO. Analista da DIPES/GEDUC/DIPAR. Depoimento em 29.8.2006

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Ter as potencialidades adormecidas. A consciência de tantos poderes, sem, no entanto, saber como fazê-los afl orar. Desejar ajudar no pro- cesso de descobertas e reencontros aguardados por tantos. Foi assim du- rante o meu processo de formação para educadores. Num redemoinho de questões e aquisições, as coisas irem se clareando, se acordando e se integrando num projeto de educadoria. Tomando forma e dizen- do-se presentes. As idéias vão-se desanuviando. É assim que acontece. A formação pedagógica assenhora-se de coisas antes existentes, porém apenas em potência. Agora, conscientes e prontas para o uso. Para se- rem doadas. Foi assim, para mim, participar do curso de Preparação de Educadores, o CPE.

TARCIZO Leite de Vasconcelos. Educador. Gerente de negócios da SUPER Va- rejo Pernambuco. Depoimento em 28.7.2006 198 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

As pessoas cultivavam certo orgulho pelo trabalho no DESED e é relevante observar que esse fato mudava a vida das pessoas. Cito Jorge Roux, Ana Lié- si, Nelma, Catelli, Antônia, Giovani,Th eo, Barbieri, como referências.

MARÍZIA Ferreira de Araújo. Educadora. Aposentada. Entrevista em 2.4.2006

Fui trabalhar com seleção, formação e acompanhamento dos instrutores. Trabalhei com a Norma Parrot e com a Nelma. Participei da equipe de formadores de diversos CFI, inclusive de Matemática Financeira. Além dos conteúdos de Matemática Financeira e Didática, estimulamos a busca da compreensão mais ampla do contexto em que a Matemática se acha envolvida. O porquê da existência de ‘taxas de valor nominal’, ‘taxas sobre o valor líquido’. A Matemática não é a expressão das leis naturais. Há toda uma organização social, um sistema de criação e transferência de riquezas. É sempre possível a interrogação. A busca do sentido.

Mário Batista CATELLI. Educador. Aposentado. Entrevista em 27.3.2006

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É inegável a importância da educação a distância. Todavia, há que se avançar em estratégias que não permitam a fragmentação do pensa- mento, da cultura da organização. Para isso, o papel da Educadoria é fundamental.

ELIANA Santos Faccini. Educadora. Aposentada. Entrevista em 3.4.2006

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A difi culdade para liberação dos educadores, pelas suas unidades de tra- balho, foi uma constante na história da educação do Banco. Muitas vezes, cursos foram cancelados. É uma luta constante, o trabalho junto aos administradores para liberar funcionários que trabalham no Banco, também com educação.

Carlos Almeida CARREIRO. Educador. Aposentado. Entrevista em 5.6.2006

ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 199

O primeiro projeto mais importante com que trabalhei foi a elabo- ração do Plano de Desenvolvimento Gerencial – PDG. Fiz parte de equipe matricial formada por um conjunto de especialistas coordena- dos pelo economista Dércio Garcia Munhoz. A demanda era preparar os gerentes, dar uma capacitação ampla para uma mudança de ati- tude. O segundo, foi participar do próprio grupo de Relações Huma- nas. Começamos preparando seminários e a experiência de montar o PDG evoluiu. O grupo de RH era formado por: Jorge Roux, Ana Liési, Barbosa, Branisso, Eliana Faccini (não sei se estou esquecendo alguém). Não sou bom de memória...Quando as resistências à área de RH aumentaram muito... vimos que... existia um trabalho pedagógi- co novo baseado em Paulo Freire, Lauro de Oliveira Lima, mas não estava escrito. Nós tínhamos inventado uma forma de trabalhar com educação. Criamos uma cultura sem saber. Percebemos que depois que os funcionários participavam de cursos na metodologia que desenhá- vamos e iam participar de cursos e seminários de contratados externos do Banco, o pessoal reclamava e na avaliação aparecia a insatisfação. Criamos a cultura do ensino socializado na montagem dos cursos da área internacional, na formação do pessoal do antigo IMPLA. Foi aí que fi zemos a formação do primeiro grupo da área metodológica. Se não me engano, em 1975.

RUI Severino de LIRA. Aposentado. Educador. Entrevista em 15.3.2006

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Em 1975, ingressei no DESED, por concurso interno, como instruto- ra de Relações Humanas. Na oportunidade, éramos vinte pessoas que passaríamos a trabalhar como instrutores(as), permanecendo nas nossas unidades e sendo convocadas para ministrar os cursos oferecidos pelo de- partamento. Jorge Roux (do quinteto que estava lá, quando ingressamos, acho que éramos vinte aprovados no concurso) e eu propusemos um curso de Dinâmica de Grupo com Lauro de Oliveira Lima. Seu livro foi ado- tado. Virou livro de cabeceira do grupo. ANA LIÉSI Th urler. Ex-funcionária do DESED. Entrevista em 10.5.2006 200 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

É preciso preservar o conhecimento, as contribuições dos educadores. Eles têm conhecimento, experiência. Enfi m, uma história, e as pessoas vêm para a área de educação porque têm vocação. Porque gostam. Essa é uma questão da maior importância. É preciso ter mecanismos para buscar as pessoas.

João Hamilton dos Anjos Vianna – o SENADOR. Educador. Aposentado. Entrevista em 2.6.2006

Ensino-aprendizagem

Montamos um Seminário de Preparação dos Instrutores de Recursos Hu- manos para o Curso Básico de Supervisão, o CBS. Eu, o Rui Lira, a Eliana Faccini, a Dalva, o Ronnie Santos, de Campinas. Escolhemos textos de Paulo Freire, Gadotti, Rubem Alves, Further. O Rui Lira, no início, resistiu ao texto de Rubem Alves, mas a Eliana defendeu de forma aguerrida a sua inclusão no material do curso. No fi nal, o Rui se acalmou e disse que aquele era o melhor texto que havia sido escolhido (risos). Era muito bom fazer parte da turma de RH.

LUIZ OSWALDO Sant’Iago Moreira de Souza. Atual vice-presidente de Ges- tão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental. Chefe do DESED de 1993 a 1994. Entrevista em 13.4.2006

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Aprendo muito no meu trabalho. Embora simples, tem muita impor- tância. Preparo as salas com equipamentos: retro-projetor, data show, aparelhos de TV, pincéis para os quadros. Confi ro os equipamentos, troco as lâmpadas nas salas, disponibilizo o material aos educadores e participantes. Atendo educadores e participantes em tudo que precisam. Conheço as manhas dos treinamentos. Os materiais específi cos de cada curso. Hoje, perto de me aposentar, vejo a importância do meu trabalho. Quando penso o que seria um curso sem esse apoio prévio. Sem uma pes- soa com experiência pra fazer tudo isso. O melhor de tudo é o reconheci- mento que recebo dos colegas. Da chefi a. Dos educadores de todo Brasil ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 201

que vêm aqui ministrar cursos. Isso me enche de alegria e satisfação. Dá a motivação pra retribuir. Faço o melhor que posso. Sinto que tenho o carinho, a amizade dos colegas de trabalho.

José Ribeiro dos Santos – ZÉ RIBEIRO. Funcionário da GEPES Brasília. Entrevista em 14.7.2006

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Educação não é só conteúdo. Implica, sobretudo uma relação de troca. Nesse sentido, a experiência grupal em sala de aula é insubstituível.

Maria José Trindade - MAIZÉ. Educadora. Aposentada. Entrevista em 24.3.2006

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Criamos um espaço para realizar eventos. Assim, no CEFOR Brasília, às quartas-feiras aconteciam os encontros da “Prata da Casa” (depois denominado “Ouro da Casa”). Constavam de apresentações artísticas dos participantes dos cursos. Oportunidade para divulgar talentos, compartilhar dons. Alguns tocavam violão, outros recitavam. Havia encenações, piadas.

Luiz Jorge MIR. Chefe e coordenador de equipe do CEFOR Brasília no período de 1991 a 1996. Educador. Aposentado. Entrevista em 25.4.2006

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Estou aposentado há vinte anos. Signifi ca que muita coisa vai se per- dendo da memória. Chefi ei o DESED, substituindo o Mandarino e o Maurício Teixeira da Costa. O vice-presidente, Dr. Gigante, queria que o BB tivesse os melhores gerentes. O DESED programou curso especial. Foi quando nasceu o Curso Básico de Supervisão (se não me engano, esse foi o nome). O trabalho esteve aos cuidados do Antônio Massarioli André. Lembram-se dele? De quando em vez vejo-o na missa dominical da São Camilo. Esse curso teve enorme sucesso. Signifi cava treinamento para o meio-de-campo. Quem tem meio-de-campo bom tem garantia maior para ganhar o jogo, não? E sabemos, eram os supervisores os mais 202 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

próximos gerentes na carreira. O CBS durava trinta, quarenta dias. O pessoal era submetido a prova também. Cuidamos de preparar para eles ambiente bem descontraído.

Antônio MENEZES. Chefe do DESED em 1984. Depoimento em 14.7.2006

Os Fóruns – de Recursos Humanos e de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental do Banco do Brasil

Os três primeiros fóruns se constituíram em passos no sentido de se bus- car conhecer a necessidade e o anseio dos funcionários com relação aos produtos, serviços e processos da área de RH do Banco do Brasil. Com um grande quadro espalhado por todo o território nacional – com toda a complexidade que isto signifi ca – houve a necessidade de, pouco a pouco, criar-se a condição para que esse ouvir fosse o mais abrangente e democrático possível. A cada etapa, novas descobertas, novas demandas, novas atitudes.

DEOLINDA da Conceição Gouvêa. Educadora. Aposentada. Participou dos comitês organizadores dos 1º, 2º e 4º Fóruns. Trecho do artigo: Um ligeiro olhar sobre os três primeiros Fóruns

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O 4° Fórum de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental, de- senvolvido com o objetivo de promover uma escuta institucional, visando o aprimoramento das políticas de gestão de pessoas e de responsabilidade socioambiental no Banco do Brasil, teve uma produção de 8.269 críticas e 9.731 propostas de solução para as críticas apresentadas. O projeto foi estruturado para incluir nas discussões o maior número possível de funcio- nários, nos diversos níveis hierárquicos, envolvendo toda a rede de agên- cias, superintendências, órgãos regionais e direção geral. Foram eventos presenciais com a produção de documentos parciais, que se foram consoli- dando em cada uma das etapas: local, regional, estadual e nacional. Os resultados do fórum não podem ser mensurados (no sentido técnico ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 203

do termo ‘mensurar’ que signifi ca ‘atribuir valor’), apenas avaliados segundo determinados parâmetros, os quais certamente serviram de base para a decisão. Parte dos resultados corresponde à qualidade das dezoito mil críticas e sugestões e outra parte a uma série de resultados potenciais que podem se materializar ao longo do tempo por meio da implementação das soluções que gerem valor, para a organização e para o funcionalismo.

SOLANGE Garcia dos Reis. Trecho do artigo: 4º Fórum: Um foco sobre a gestão de suas despesas. Brasília: 2003

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Pode-se dizer que o 4º fórum promoveu o início de um processo de cons- trução compartilhada do conhecimento em que as necessidades e opini- ões foram socializadas. Ainda há muito a ser feito. As próximas ações passam pela compreensão das propostas, exercício do diálogo, busca de soluções e suas implementações. Continuam com a avaliação do real valor do que está sendo construído, da sua concretização, procurando produzir resultados como a satisfação das necessidades das pessoas, uma relação mais intensa entre a empresa e seus funcionários, uma empresa mais efi ciente e competitiva, que possa contribuir com a sociedade e o ambiente em que está inserida.

LUIZ HENRIQUE Boff . Analista da GEPES Porto Alegre. Trecho do artigo: Compartilhar é produzir conhecimento. Brasília: 2003

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Finalmente, cheios de orgulho por estarem representando oitenta mil co- legas, chegaram a Brasília nossos 54 ‘mensageiros’ para o grande fórum, trazendo na bagagem um imenso tesouro: a riqueza do super-diagnós- tico com dezoito mil pedidos sobre 31 temas diferentes, construídos de forma organizada e democrática, por pessoas competentes, conscientes e altamente comprometidas com os destinos dessa empresa.

REGINA COELI Silva de Sousa. Agência Setor Público. Belém. Trecho do artigo: Uma viagem pelos sentimentos no 4º Fórum. Brasília: 2003 204 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Gerenciar pessoas é uma função antiga, considerando que o termo representa uma evolução da expressão “Recursos Humanos”. Ela ocorre todos os dias, em todos os lugares. O que se ressalta na proposta formulada pelo 4º Fórum é uma gestão de pessoas diferentes, compartilhada, que valoriza a participação e reconhece cada profi ssional como uma pessoa capaz de contribuir para a integralidade da vida organizacional. Se cada pessoa é vista desta forma pela organização, já não é gerenciada. Cada pessoa se apresenta como um ser responsável pelo curso de sua história e pela dos outros: um ser que cuida dos seus propósitos e ajuda a construir os sonhos dos demais. ...Foram 54 participantes que, durante três dias, envolveram-se, com entusiasmo e dedicação à tarefa de contribuir para que a gestão de pessoas esteja cada dia mais presente na vida dos profi ssionais do Banco do Brasil. Vale destacar que não foi um envolvimento de apenas três dias; foi uma teia que se iniciou em cada unidade da empresa, depois percorreu o caminho das regionais, consolidou-se nas propostas estaduais, e fi nalmente, fechou o seu ciclo de discussões em Brasília. Reconhecimento tem sido uma prática adotada pelas organizações para demonstrar a importância que os profi ssionais têm para a geração de resultados. Do ponto de vista psicológico, signifi ca um processo permanente de valorização, que permite ao profi ssional ser reidentifi cado em termos de sua contribuição no trabalho. Para o 4º Fórum, reconhecer se traduz em “não fechar o ciclo de discussão em Brasília”. Signifi ca dar continuidade ao processo, analisar propostas, defi nir políticas e implementar ações.

ISA Aparecida de Freitas. Analista da DIPES. Trecho do artigo: Um olhar sobre as expectativas do 4º Fórum. Brasília: 2003

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Utopia? Tem cara e jeito de ser. E então? Ora, que sociedade pode viver sem utopias, apesar de ouvirmos sempre que elas já morreram? Num mundo perfeito, provavelmente não existiria o 4º Fórum Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental. Se fosse necessário destacar do ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 205

mundo da vida um momento especial em que se discutissem questões como as do 4º Fórum, talvez bastasse um único fórum: o primeiro. Num mundo perfeito, em que fosse realidade a utopia de uma comunicação livre, essas questões seriam equacionadas dia-após-dia, através do diálogo permanente. Mas, então, há uma contradição aqui: se aceitamos a afi rmação de que nenhuma sociedade pode viver sem utopias, um mundo perfeito seria a utopia transformada em realidade, logo não haveria necessidade de novas utopias, porque não haveria nada a se sonhar além dela. Se o raciocínio estiver correto, então, nunca uma utopia assim totalizante será realizada. Todos sabemos que os pés humanos jamais chegarão ao lugar que os olhos desejam, pois, ao chegarem lá, os olhos já conseguem enxergar mais à frente. Isso quer dizer que são próprias da caminhada humana as duras con- quistas e, ao lado delas, a incompletude, a irrealização de projetos. Se queremos um mundo de comunicação perfeita, não há como nos prepa- rarmos de maneira melhor, senão por meio do exercício do debate. Como ainda está muito distante de nós esse mundo perfeito, há muitos fóruns a serem realizados. Ainda há muita negociação em diferentes esferas da vida esperando nosso envolvimento, até mesmo para que nos realizemos como seres humanos. Ao que tudo indica, não há como fugir; o ser hu- mano está condenado ao diálogo.

José MARCELO ASSUNÇÃO). Educador. Aposentado. Trecho do artigo: Nenhuma empresa é melhor que seus funcionários. Brasília: 2003

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No 4° Fórum, realizou-se a lição da semeadura coletiva que apontou para o campo das possibilidades de uma colheita democrática. Os facilitadores dos eventos atuaram como mediadores da interlocução para uma compatibilidade entre necessidades da empresa e as dos funcionários. Tudo isso, dentro de um projeto de socialização dos saberes para construção de princípios estratégicos, cartilha fundamental, que viabilize soluções para todos e por todos. Da lição, vem o aprendizado que brota da interação, da participação e 206 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

que traz sementes de uma nova realidade, só fecundada pela ação e na comunhão de discursos – que confi rmam, que negam, que explicitam contradições – mas que, sobretudo, constituem interlocutores, sujeitos sociais capazes de, no embate de idéias e posições, realizar o movimento pedagógico de criação e apropriação do saber. Quando se aborda a natureza pedagógica dos encontros, que se caracterizam por ensinar a interação, a participação e a inclusão, não se vislumbra apenas o caráter imediato da realização dessas reuniões. O que se quer ressaltar é que no fórum – como locus de igualdade, liberdade e respeito mútuo – ensina-se a atitude fundamental de integrar o modelo, o comportamento e o aprendizado organizacionais para o bem comum. E é preciso cuidar para que nossas ações cotidianas refl itam o rascunho projetado em cooperação. A tarefa de casa para todos não pode ser diferente do necessário exercício de reorganizar a ação institucional, a partir de princípios pensados e construídos no campo do diálogo para o atingimento de nossos objetivos. Seja como seres humanos – sermos felizes e plenos. Seja como cidadãos – zelarmos por esse Banco que tem a honra e a responsabilidade de ser o Banco do Brasil. Seja como funcionários – cumprirmos nosso dever de servidores da sociedade e trabalharmos por uma empresa que possa e queira escutar nossos anseios e traduzi-los em ações justas.

LIDUÍNA Benigno Xavier. Analista da GEPES Natal. Trecho do artigo: Uma pedagogia da participação. Brasília: 2003

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A idéia mestra de todos esses fóruns está colocada em intenções democráticas manifestadas numa possível “gestão participativa”, ou seja, quem pode dar as ordens, elaborar políticas e ações estratégicas para a empresa, “abre mão” , de certa forma e sob certas circunstâncias, desse dever, para compartilhá-lo com todos os demais integrantes da organização. Decisões compartilhadas geram solidariedade, cumplicidade e compro- misso, ao mesmo tempo em que diluem o ônus da decisão solitária de um comitê ou de uma corajosa e isolada liderança organizacional. ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 207

Por outro lado, convidar oitenta mil funcionários a criticarem as políticas de gestão de pessoas e a sugerirem mudanças nessas políticas signifi ca assumir com eles, não apenas o óbvio compromisso de governança solidária; signifi ca, também, torná-los partícipes de sucessos e fracassos em que, porventura, tal política venha a resultar. Não há dúvidas da efi cácia desse tipo de apelo num discurso político. Ninguém duvida que essa forma de aliança mantém a consistência de uma liderança construída a partir da base. E é justamente por esse motivo que o 4º Fórum Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental se diferencia substancialmente de todos os demais que o antecederam.

Luiz Carlos Assis IASBECK. Educador. Aposentado. Trecho do artigo: Amor/ humor no fórum da esperança/desesperança. Brasília: 2003

GEPES Regionais

A área de educação corporativa está enraizada na empresa inteira, ela se expandiu, se espalhou e conta hoje com um expressivo número de edu- cadores, orientadores profi ssionais e também de selecionadores, que estão alocados nas diversas dependências do Banco e vinculam-se, enquanto colaboradores, às unidades regionais de gestão de pessoas – GEPES, que a partir de 2003 foram enriquecidas em suas funções e passaram a con- duzir os diversos programas e processos da Vice-presidência Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental, representando as diretorias DIPES e DIRES na “ponta”, como se diz. Importante registrar que as GEPES de hoje substituíram os antigos Cen- tros de Formação Profi ssional – CEFOR e que em 2005 passaram de 12 para 20 unidades, divididas em áreas de atendimento que, somadas, cobrem todo o território nacional e continuam com a nobre função de cuidarem dos funcionários, em especial no que se refere aos processos relacionados ao desenvolvimento pessoal e profi ssional, responsabilidade socioambiental e relações trabalhistas. Para viabilizar a coordenação, as unidades foram vinculadas hierarqui- camente à DIPES/GEMAC/COGEP – Gerência de Monitoramento e Avaliação em Gestão de Pessoas e Coordenação da Rede GEPES – e o modelo de gestão adotado funciona como uma rede, consolidando alguns 208 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

dos pressupostos idealizados lá atrás no “repensando o DESED”.

SILVESTRE Silva Serrano. Atual gerente executivo da DIPES – Gerência de Mo- nitoramento e Avaliações em Gestão de Pessoas e Coordenação da Rede GEPES. Entrevista em 24.5.2006

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As organizações, uma vez impulsionadas por sonhos, perenizam-se, pois assumem seu papel no bojo de transformações necessárias. Sim, a cria- ção das Unidades Regionais de Gestão de Pessoas em mais oito Estados, evidenciou a decisão do Banco do Brasil de priorizar o diálogo como es- tratégia de relacionamento com o funcionalismo. Ao investir nos valores humano e social, nossa empresa consolida sua pujança no mercado com a construção de excelentes resultados tangíveis e intangíveis que a tor- nam ímpar perante a sociedade. Somos, além de tudo, um conglomerado fantástico de emoções, idéias, anseios, sentimentos... de NOVAS GEPES e de pessoas!

Antônio ARTEQUILINO da Silva Neto. Atual gerente da GEPES Goiânia. Depoimento em 14.11.2006

Identidade socioprofi ssional

Um marco dos tempos atuais é o discurso do autodesenvolvimento, pois incentiva os funcionários a estudar. Estudar não apenas como meio para a ascensão profi ssional, mas como forma de preparar-se para a vida. Ainda existem funcionários sem curso superior. Considero que a Univer- sidade Aberta é uma grande conquista do Banco para ajudar os colegas que estão nessa situação... A virada foi estratégica no sentido de ampliar as oportunidades de qualifi cação, também porque aliou-se vontade de democratizar ao uso intensivo da tecnologia.

JURACI Masiero. Atual diretor da DIPES. Entrevista em 1.6.2006 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 209

Entendemos que trabalho e vida são indissociáveis e que a relação ho- mem-trabalho não pode ser reduzida aos pressupostos do chamado com- portamento organizacional. Existem, no trabalho, processos de produção de subjetividade que se traduzem na construção dos ambientes em que as pessoas trabalham e vivem. Pensamos a subjetividade como criação, sujeito e objeto se produzindo no ato de conhecimento, se construindo e se modifi cando mutuamente em um constante vir-a-ser que produz traba- lho e vida. Essa criação envolve uma diversidade de instâncias (políticas, econômicas, sociais) complexas, heterogêneas e de múltiplas faces. O trabalho, neste sentido, é também um processo multifacetado, de ca- ráter sempre enigmático e que não pode ser reduzido a explicações sim- plistas, fórmulas mágicas ou receitas pré-produzidas, como muitas vezes supõe a Psicologia Organizacional. A Ergonomia da Atividade Situ- ada e a Ergologia têm contribuído muito para o entendimento dessa complexidade. [Cada funcionário, a partir de suas histórias de vida e dos seus encontros e desencontros com o trabalho, concebe a empresa e age dentro dela de maneira diferenciada. Também neste sentido, o 4º Fórum foi de funda- mental importância ao promover, em toda a empresa, debates em torno dos mais variados temas de interesse de todos. A valorização da vivên- cia singular de cada funcionário e o estímulo a este debate de valores fortalece os funcionários para que possam se sentir co-construtores das estratégias da empresa e se reconheçam como responsáveis pelos sucessos organizacionais.

MARCUS VINICIUS Santa Cruz Pereira e MARIA ELISA Siqueira Borges. Fun- cionários da GEPES Rio de Janeiro. Trecho do artigo: Conhecimento e experiência: valorizando saberes produzidos nos coletivos de trabalho. Trabalho produzido em co-autoria para o 4º Fórum. Brasília: 2003

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Realizamos o curta-metragem em animação ‘O Lobisomem e o Coronel’. O fi lme conquistou mais de vinte prêmios, dentre os quais o de melhor fi lme do Anima Mundi, conferido por júri popular, em 2002, nas cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo. Em comum é que, Eu, o Zeluca, o Krish- 210 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

namurti e o Elvis Kleber – responsáveis pela criação do curta-metragem – nos conhecemos no DESED, onde trabalhamos juntos no antigo Setor de Multimeios – SEMEI, posteriormente transformado em Endomarketing. O Zeluca, famoso por suas ilustrações geométricas de inspiração cubista, utilizadas durante anos pelo BIP, foi o responsável pelo cenário; o Khrisna- murti Costa e o Elvis Kleber se encarregaram da computação gráfi ca e da animação; e eu fi z o roteiro e dividi a direção geral do fi lme com o Elvis.

ÍTALO Cajueiro, a respeito do curta-metragem em animação intitulado O Lobisomem e o Coronel, que conquistou mais de vinte prêmios. Funcionário da DIPES/DIAGE. Depoimento em 17.8.2006

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A mobilização que teve início nos tempos do Betinho, volta, com maior ânimo no Banco, com o voluntariado. A força social está muito presente nas ações do Programa Fome Zero. Também relacionada com essa con- cepção, está se construindo uma nova prática, com a aprovação, pelo Conselho Diretor do Banco, do conceito de responsabilidade socioam- biental e a Carta de Princípios, contendo diretrizes e objetivos de postu- ra. Juntos, vamos fazer a ética ser um compromisso efetivo e o respeito à nossa atitude primordial com todos os públicos.

RICARDO Uhry. Diretor de Comunicação e Marketing da Fundação Banco do Brasil. Trecho do artigo: De pipocas, piruás e fazer alguma coisa. Brasília: 2003

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A informatização levantou questionamentos relativos, não somente à ca- pacitação para o trabalho, mas sobretudo à redução das possibilidades de trabalho (emprego). A leitura de que o profi ssional bancário continuaria a existir, porém, em quantidade menor, assustou as pessoas. A busca para se manter capacitado/qualifi cado ganhou corpo.

ANYSIE Rosa de Moura Pires. Funcionária da VIPES. Entrevista em 12.4.2006

Quando fi z concurso em 1954, todas as capitais do País participaram. Só elas. Em Belo Horizonte, de 1.200 candidatos, passaram 150. Provas chamadas subjetivas, ou seja, tínhamos que escrever as respostas. Havia ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 211

prova de redação. Caminho mais fácil para ex-seminaristas (como eu) e para ex-alunos de colégios internos. Depois, já funcionário, conduzi os concursos do BB a partir de 1979. O Banco crescia e crescia, precisava sempre de mais pessoal. Hoje, isso a partir de 1990, o BB pode crescer muito sem precisar de tanto pessoal como antigamente. Precisa mais de máquinas e de novas tecnologias.

Antônio MENEZES. Chefe do DESED em 1984. Depoimento em 14.7.2006

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Desde 1974, venho participando de forma acentuada como educador do Banco em diversas disciplinas e, eventualmente, na elaboração de apos- tilas... A atuação em sala de aula, em número de trezentas, aproxima- damente, teve período mais intenso em 2000, quando participei de 28 eventos... O que me conduz a participar tanto tempo como colaborador da área de educação no Banco é a grande paixão que afl ora em mim, sempre que participo de alguma ação educativa. Sinto-me recompensa- do, ao fi nal de cada evento, ao ver no rosto do participante e em suas declarações, que as suas expectativas foram alcançadas.

Carlos Almeida CARREIRO. Educador. Aposentado. Entrevista em 5.6.2006

MBA

Tão logo percebemos a necessidade de abrir a empresa a parcerias para introdução de novos parâmetros dentro da educação corporativa, bus- camos o diálogo com as universidades e comunidades em torno de um projeto de educação, visando à aquisição de conhecimento de forma des- centralizada (MBA), num contexto de construção coletiva com a nata da academia, com as diferentes comunidades e formadores de opinião, provocando uma guinada na educação corporativa do Banco e causando grande impacto e integração entre as várias cadeias produtivas que rece- biam os novos treinamentos. Os efeitos colaterais positivos foram muito signifi cativos. Uma ação que oxigenou a empresa.

Pedro Paulo CARBONE. Atual gerente executivo da DIPES/GEDUC. Entrevista em 8.4.2006 212 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

No período de 1993 a 2004, o Programa MBA disponibilizou vagas nos cursos de formação geral e específi ca. Participaram dessas formações 8.287 funcionários do BB e 2.203 treinandos externos. No período de 1997 a 2004, o Programa de Bolsas de Pós-graduação disponibilizou 2.988 bolsas.

MÁRIO de Muzio. Educador. Aposentado. Entrevista em 21.3.2006

Memória

Sinto grande satisfação em ter trabalhado no DESED. Foi uma boa preparação para exercer outros cargos. Parabenizo o Banco pelo trabalho de resgate da memória da educação.

Paulo Rubens MANDARINO. Chefe do DESED de 1980 a 1984. Entrevista em 12.5.2006

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Para o concurso nacional inscreveram-se quase um milhão e quinhen- tos mil candidatos. Era tanta gente que tivemos que, em várias praças, especialmente nas capitais, dividir os candidatos em duas turmas, sub- metendo-os a provas diferentes e em datas diferentes, claro. A turma da RESEL, liderada pelo José Siqueira, bolou um programa de apuração quase divinamente perfeito. Ou seja: depois se podia juntar os dois resul- tados para uma classifi cação só. Diferença que houvesse seria de fração de milésimo. Moçada genial, a da RESEL. Tenho muita saudade deles. Às vezes nos vemos. Não vemos mais, sim, o Antunes e o José Carlos. Deus os tenha na glória. Pois bem: resultado fi nal divulgado, nenhum candidato reclamou nada.

Antônio MENEZES. Aposentado. Chefe do DESED em 1984. Depoimento em 14.7.2006 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 213

Cito Dr. Camillo Calazans, ex-presidente do Banco, que lutou pela construção do CEFOR Brasília, hoje CCBB, Centro Cultural em Bra- sília, cuja negociação foi muito difícil. É dele também a iniciativa do CCBB – Rio, em razão de sua visão, intuição e sensibilidade.

MAURÍCIO Teixeira da Costa. Aposentado. Ex-diretor de Recursos Humanos.

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Meu pai, Manoel Salek, era um idealista. Tinha temperamento fe- chado, meio arredio. Foi contador da Agência Centro Rio, ali na 1º de Março. Em conversas comigo, dizia que sonhava com um centro de treinamento no Banco para especializar os funcionários do Comércio Exterior e da CREAI. Quando foi aprovada a criação do DESED, ele foi convidado para ser o primeiro chefe.

Marilúcia Salek. Filha de Manoel Salek. Primeiro chefe do DESED. Entrevista em 4.5.2006

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Tive um contato muito grande com a área de educação do Banco, principalmente, em Bento Gonçalves. Lá havia um Centro de Forma- ção. O prédio do Banco é grande, construído pelo ex-presidente Geisel que era de lá. Por uma questão de racionalidade, acabamos colocando o CEFOR lá em Bento Gonçalves e era o foco de atração dos funcioná- rios do Rio Grande do Sul. Então, a maior parte dos cursos que eu fi z, foi em Bento Gonçalves... toda minha formação profi ssional foi feita dentro do DESED. A minha formação escolar foi esforço próprio. Na época, o Banco não tinha esse sentido que tem hoje de bolsa ou até de parceria estratégica com a universidade. Fui para o Direito. Eu sem- pre trabalhei com crédito. Fui educador na área de Análise Econômica e Financeira, fui instrutor do ANFIC.

JURACI Masiero. Atual diretor da DIPES. Entrevista em 1.6.2006 214 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Eu trabalhava no gabinete do diretor da CREAI/DIRIN, Dr. Nestor Jost, quando a OEA exigiu treinamento de funcionários para a libe- ração de empréstimo. O DESED já havia sido criado mas não possuía estrutura para montar esse curso. Aí então, no próprio gabinete, monta- mos o Curso de Crédito Industrial. Participei do primeiro como aluno e coordenei o segundo, realizado em Recife.

JOSÉ LUIZ de Carvalho. Aposentado. Ex-funcionário do DESED. Entrevista em 28.4.2006

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Quero compartilhar minha visão de educanda e também falar um pou- co sobre o Programa Memória da Educação no Banco. Lembro-me de que aguardava com ansiedade a carta circular, com a oferta dos cursos, e já preparava fi rme argumentação para obter do gerente a aprovação para concessão de oportunidades a mim e às pessoas da equipe. Nunca foi fácil, no Banco, ceder funcionários. Mas a necessidade e o desejo de aprender coisas novas, compartilhar experiências com os colegas, era in- questionável. Acredito que a educação desenvolve habilidades, liberta, abre horizontes, concretiza sonhos. Dá sentido e dignidade. E o melhor, é direito de todos. Como gestora, sempre estimulei e criei oportunida- des de treinamento para desenvolvimento das equipes. Como treinanda, cedo compreendi que a empresa me capacitava porque acreditava no retorno desse investimento. Fazia visitas freqüentes ao CEFOR Forta- leza, especialmente na época de Marcelino, Evandro, Toinha, Verinha, para prospecção de cursos, encontros, etc. Além de me sentir renovada e motivada com as notícias da área da educação, havia sempre uma troca proveitosa de idéias para os ambientes da agência e para o próprio centro de formação. Hoje, aposentada há mais de dez anos, percebo que a área continua com o mesmo espírito que inspirou nossos pioneiros, antenada com as inovações tecnológicas, alinhada à estratégia empresarial e ancorada na responsabilidade socioambiental. Por tudo isso, sinto-me gratifi cada em contribuir na realização desse projeto da História da Educação no Ban- co, que resgata a extraordinária contribuição das pessoas para o fortale- ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 215

cimento da empresa, enfi m, perfuma lembranças, exalta saberes, revela emoções e deixa uma cálida sensação de gratidão aos que, nominados ou não, construíram essa história.

Maria de FÁTIMA BARRETO Carvalho. Aposentada. Ex-funcionária da Agência Centro Fortaleza. Depoimento em 10.8.2006

Pressupostos fi losófi cos da educação no Banco do Brasil

Tudo o que cerca a vida da organização, de uma forma ou de outra, interfere no processo de formação. A visão de que a educação “não pode tudo” e “nem está sozinha”, mas, que é capaz de transformar as pessoas, o mundo, sempre esteve presente nos pressupostos educacionais do Banco.

ANYSIE Rosa de Moura Pires. Funcionária da VIPES. Entrevista em 12.4.2006

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Lideranças como Jorge Roux e Ana Liési colocaram em discussão os pres- supostos fi losófi cos e políticos para a educação no Banco.

ROQUE Tadeu Gui – Educador. Aposentado. Entrevista em 28.3.2006

Na década de 1980 houve uma intensifi cação de ações voltadas para a formação pedagógica e atualização de instrutores, por meio da contratação de palestras e estruturação de seminários com educadores e fi lósofos como Rubem Alves, Paulo Freire, Moacir Gadotti, Mário Sérgio Cortella e ou- tros pensadores que contribuíram para a formação de todo um referencial teórico... Para mim, o Barbieri, o Marcelo Assunção, o André e o Teobaldo são alguns nomes que conhecem parte considerável da memória da área de treinamento da época. Em 1988, a estruturação do treinamento nas áreas psico-social, administrativa, político-negocial e técnica representa grande avanço no modelo de sistematização do treinamento.

Antônia de Maria V. B. do Rego – BEIGA. Educadora. Ex-funcionária do DESED. Aposentada. Depoimento escrito em 8.9.2006 216 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Cito como exemplo o colega Olavo Lopes de Faria, que foi um dos pre- cursores nos cursos implantados por ocasião da criação do DESED, sen- do que, na época, foi mais privilegiado o tecnicismo das operações ban- cárias de então. Posteriormente foram introduzidos novos pressupostos de educação pedagógica, com ampliação da visão e fi losofi a de treinamento dos recursos humanos do Banco.

Walter Piedade DENSER. Aposentado. Chefe do DESED de 1991 a 1992. Entrevista em 30.3.2006

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Todos os que pensaram no passado, e ainda hoje pensam, uma fi losofi a para nortear o ensino no DESED/DIPES, sempre tiveram os melhores propósitos. Educadores chegam, educadores saem. O mesmo acontece com seus pensadores preferidos: Álvaro Vieira Pinto, Th eilhard de Chardin, Paulo Freire, Rubem Alves, Edgar Morin... excetuando Jorge Roux, nosso primeiro e último(?) pensador... Eric Hobsbawn diz que a história como inspiração e ideologia tende a se tornar ‘mito de autojustifi cação’. Seria como um tipo de venda para os olhos e caberia ao historiador removê-la.

AFONSO Celso Agrello. Educador. Aposentado. Depoimento em 19.7.2006

Programa Desenvolvimento de Altos Executivos

Minha experiência no Programa de Desenvolvimento de Altos Executi- vos, ora em andamento, me sensibiliza enquanto possibilidade de par- ticipar de mais uma ação inovadora na área de Recursos Humanos do Banco do Brasil. Sem medo de ser diferente, o Banco investiu numa idéia que amplia as possibilidades de identifi cação de talentos, valoriza os preceitos weberianos de constituição de um corpo gerencial capacitado e aderente às estratégias da instituição, além de injetar mais esperança de ascensão profi ssional para os funcionários que, por algum motivo cir- cunstancial, estejam afastados dos centros de decisão da empresa. Torço para que o programa, aperfeiçoado e amadurecido, torne-se uma rotina ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 217

no Banco, fazendo eco à fala de um colega que me calou fundo quando da minha promoção: ‘Paulo, te parabenizo, especialmente porque o pro- cesso pelo qual ocorreu tua ascensão faz com que todos nós também nos sintamos promovidos’.

PAULO César MACHADO. Diretor-presidente da Ativos S.A. Securitizadora de Créditos Financeiros. Depoimento em 17.8.2006

Programa Memória da Educação

A história da instituição é feita por pessoas e o programa de resgate da memória da educação é um reconhecimento a todos os que fi zeram e fazem essa história.

VÂNIA Maria Lopes VENÂNCIO. Gerente de divisão da DECOM. Entrevista em 24.4.2006

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Nós iniciamos um trabalho de pesquisa pensando em elaborar um documento para resgatar a memória dos principais cursos elaborados no Banco, ou em parceria com entidades externas, desde os tempos do DESED. O projeto foi denominado de Genealogia dos Cursos. Na medida em que foi sendo desenvolvido, percebemos que a tarefa ganhou uma amplitude maior. Agora, estamos entregando a consolidação do levantamento realizado. Essa compilação vai servir como referencial e apoio na elaboração de programas e cursos futuros. O objetivo do trabalho foi atingido, pois os saberes construídos nos diferentes e muitos cursos do Banco serão preservados. Isso racionaliza as ações, minimiza custos e valoriza a memória da construção dos saberes.

Luiz Jorge MIR. Chefe e coordenador de equipe do CEFOR Brasília de 1991 a 1996. Aposentado. Colaborador responsável pelo Projeto Genealogia dos cursos. Depoimento em 12.4.2007 218 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

É como se passasse um fi lme... Eu me lembro quando o DESED ainda fi cava no Morro Vermelho. E a gente vinha pra Brasília, ora se hospeda- va na pensão da Conceça, ora em hotéis bem estrelados! Dava orgulho ser instrutor. Muitas atuações, muitas histórias, muitos amigos... Memórias históricas... Não se trata simplesmente de resgate de documentos, é nossa vida, a trajetória da educação na empresa, isso sim. Por exemplo: quando preparávamos o primeiro Curso de Cultura Orga- nizacional, no início da década de 1990, descobrimos que já nos anos 1920, 1930, o BB se preocupava com o treinamento, com a formação de seus funcionários no Rio de Janeiro (...) Isso é História, da qual ati- vamente participamos, sempre questionando. Afi nal, o que ajudamos a construir nos tempos de DESED? E hoje, com que enfoque atuam nossos educadores?

SYLVIO Carvalho Maestrelli. Gerente de divisão da DIPES/GEDUC/DAVAL. Entrevista em 19.5.2006

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Não consigo imaginar que pessoa seria eu sem essa história. Sem minha participação no DESED. Cada pessoa que viveu o DESED carrega uma história que não se confunde com nenhuma outra. Resgatar um pouco das múltiplas histórias, elucidar as grandes linhas de convergência, expor fi ligranas sem medo dos desencontros que elas carregam. Eis uma tarefa respeitável. Parabéns ao Banco por esta garimpagem!

Mário Batista CATELLI. Educador. Aposentado. Entrevista em 27.3.2006

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Avalio de fundamental importância preservar a memória da educação na empresa para discutir e projetar o seu futuro... O DESED hoje é citado como referência. Construiu grande identifi cação com o funcionalismo.

ROQUE Tadeu Gui. Educador. Aposentado. Entrevista em 28.3.2006 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 219

É preciso aproveitar tudo de bom que já existe e pensar coisa nova... é preciso haver um grupo de pessoas com a mesma sabedoria dos pioneiros que criaram o modelo de educação que temos... Acho fundamental essa ação da memória. Ela vai ser muito importante pra gente entender até onde chegou e como a gente chegou.

José Francisco de Carvalho REZENDE. Gerente executivo da UFRH/GEDEP de 1996 a 1999. Entrevista em 4.5.2006

Projeto Político-pedagógico

Na GEDUC o Projeto Político-pedagógico da empresa está em constru- ção. Realizamos eventos para ampliação do nível de participação nesse trabalho de elaboração de um documento que expresse os objetivos, os marcos teóricos, as premissas, enfi m, que seja um norte a orientar nos- sas ações educativas. Estamos trabalhando num modelo de participação inclusiva, considerando as pessoas na ótica da carreira, mas tendo como base: a diversidade, a cidadania, o propósito institucional, o negócio, o modelo de gestão e desenvolvimento das competências.

VÂNIA Maria Lopes VENÂNCIO – Gerente de divisão da DIPES/GEDUC/ DECOM. Entrevista em 24.4.2006

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Vejo esforços na Diretoria de Pessoas no sentido de alimentar a discus- são das questões da educação corporativa, resgatar as bases fi losófi cas do treinamento e produzir uma área de educação que promova a responsa- bilidade socioambiental da empresa.

Antônio SÉRGIO Riede. Atual gerente executivo da DIRES. Entrevista em 10.4.2006

220 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

O Projeto Político-Pedagógico é o momento de retirar tudo dessa histó- ria. Repassar. Construir um projeto novo. O confl ito, reprodutivismo versus educação transformadora contínua.

RUI Severino de LIRA. Educador. Aposentado. Entrevista em 15.3.2006

Responsabilidade socioambiental

A disseminação de uma cultura de responsabilidade socioambiental tem sido trabalhada, internamente, com a ajuda de parcerias com divisões que cuidam das nossas seleções e da educação. A RESEL, quando pro- move as seleções internas, pede leitura de assuntos de RSA, para que as pessoas se aprofundem nessa discussão que pode ser tema de entrevista ou prova. A DECOM, ao desenvolver cursos, presenciais ou a distância, também trabalha os conceitos de responsabilidade socioambiental... Não é algo que você consiga mudar da noite para o dia. Mas, vamos acostu- mando as pessoas a lidarem com o tema de forma mais profunda, para ampliar a visão específi ca, do senso comum. Estamos preocupados com essa questão. Ela precisa se fazer presente. Ser pré-requisito. Entrar na concepção de desenvolvimento humano da própria formação... O pro- cesso de formação no Programa dos Altos Executivos tem ênfase forte na questão de responsabilidade socioambiental... Eles discutem o tema com facilidade, mostram aderência às questões na atuação no Banco... Então há uma atuação diferenciada. E são os novos gestores, eventuais gerentes executivos. Ou podem vir a ser. Será muito diferente se eles já tiverem tido essa oportunidade de refl exão. IZABELA Campos Alcântara Lemos. Atual diretora da DIRES. Entrevista em 5.6.2006 YZ

As organizações contemporâneas vivem um conjunto complexo de de- safi os. O mercado local exige foco de atuação, rapidez de resposta, qua- lidade no atendimento, contextualização dos produtos e serviços às ne- cessidades da clientela. A globalização exige capacidade de atualização constante, modernização dos produtos e plataformas de trabalho, fôlego ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 221

fi nanceiro para suportar a concorrência internacional cada vez mais ágil e competente. A sociedade, por sua vez, exige comportamento ético e socialmente responsável. Os funcionários, de outro lado, querem respeito, bons salários, qualidade de vida, acesso a informações e conhecimentos. As organizações precisam aprender a se superar. Responder bem a estas exigências e desafi os é uma questão de sobrevivência. ...Podemos afi rmar, com certeza, que as organizações não podem mais se preocupar exclusivamente com seus balanços fi nanceiros. Estar bem fi nanceiramente é pré-requisito. A empresa que se destacará a partir de agora é aquela que consegue conciliar sucesso nos negócios, ações sociais de impacto no seu âmbito de atuação e satisfação de seus funcionários. Pode-se dizer que a organização deve bem responder aos seus clientes, entregando um produto ou serviço de qualidade a preço justo; aos seus acionistas, remunerando o capital investido em níveis ótimos da indús- tria de atuação; aos seus funcionários, oferecendo ambiente propício ao trabalho, traduzido em bons sistemas de recompensa, ascensão e desen- volvimento humano e profi ssional; e à sociedade de uma forma geral, contribuindo, particularmente no Brasil, para o desenvolvimento local e a inclusão social. ...Desde a época das grandes expedições marítimas do Século XIV, os in- vestidores vêm utilizando a contabilidade tradicional como instrumento de controle das suas operações e do desempenho do negócio. Naquela épo- ca, as companhias já buscavam um mecanismo fi el para tangibilizar os resultados do negócio. De lá para cá, pouco mudou na visão contábil das organizações modernas para a expressão do desempenho fi nanceiro. O lucro tem sido visto como sinônimo de resultado econômico-fi nanceiro. Mas, as novas demandas pelas quais as organizações passam a responder não falam apenas de resultados econômicos. Muitas empresas vêm pu- blicando balanços sociais, tentando demonstrar sua aptidão por meio de ações de responsabilidade socioambiental e divulgando, também, suas ações internas de recompensa e de desenvolvimento de seu quadro de funcionários. Pedro Paulo CARBONE. Atual gerente executivo na DIPES/GEDUC. Trecho extraído do artigo O 4º Fórum e o acordo de trabalho de desenvolvimento humano. Revista 4° Fórum. Brasília 2003 222 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

A literatura da área aponta ser o processo educativo imprescindível para a disseminação dos novos valores que o desenvolvimento sustentável suscita. O papel da educação reveste-se de caráter de mobilização, sensibilização, instrumentalização. Permite compartilhar uma nova cultura organiza- cional que agrega novos requisitos funcionais como exercício efetivo da ci- dadania, participação política, visando contribuir para o País. Através da ação educativa, os funcionários são capacitados para irem às comunidades, associações, atores da sociedade civil organizada, governos, institutos de pesquisa. Assim, é tecida uma rede capaz de alavancar atividade produ- tiva que seja economicamente viável, socialmente justa e ambientalmen- te correta, respeitando-se a diversidade cultural. A educação possibilita o salto diáletico da própria maneira de se conduzir negócios do Banco impactando todo o desenvolvimento de competências e retroalimentando a própria maneira de o Banco conduzir negócios de forma sustentável.

Ricardo de Faria Barros – o RICARDIM. Gerente de núcleo. DIPES/GEDUC/ CAPAC-DRS. Depoimento em 11.7.2006

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Identifi co, nos dias de hoje, uma reação no sentido de resgatar o papel de fomento ao desenvolvimento do País, via estratégia de negócios. Por isso, é fundamental, resgatar a história da educação no BB para discutir e projetar o futuro da nossa organização.

ROQUE Tadeu Gui – Educador. Aposentado. Entrevista em 28.3.2006

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O compromisso é formar o cidadão. Toda ação de qualifi cação deve apresentar conteúdos de responsabilidade socioambiental.

Luiz Jorge MIR. Educador. Chefe e coordenador de equipe do CEFOR Brasília de 1991 a 1996. Aposentado. Entrevista em 25.4.2006

ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 223

Responsabilidade social e ambiental exige preocupação equilibrada en- tre todos os públicos que se relacionam com a organização. No caso do Banco do Brasil, a atenção com os acionistas é vital para a sobrevivên- cia da empresa. Como nosso maior acionista é a União, isso equivale a dizer que o BB precisa ser efetivamente um banco do Brasil, portanto, do povo brasileiro.

No último dia da etapa nacional do 4º Fórum, na presença de todos os representantes estaduais, foi assinada, solenemente, pelo Conselho Diretor, a Carta de Princípios e Responsabilidade Socioambiental do Banco do Brasil. Do documento constam o conceito e quatorze princí- pios de RSA adotados ofi cialmente na empresa.

Antônio SÉRGIO Riede. Atual gerente executivo da DIRES. Trecho do artigo: Responsabilidade socioambiental e terceirização da culpa. Brasília: 2003

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A discussão sobre o desenvolvimento humano nas organizações está pró- xima de cumprir oitenta anos e teve como marco a obra de Mary Parker Follet (1868 – 1933), estranhamente esquecida em seu tempo, talvez por preconceito e certamente por incompreensão: seus argumentos esta- vam muito à frente de sua época. E, é no mínimo curiosa a aderência das idéias desta intelectual com a agenda atual da VIPES, relacionada ao enfrentamento de um duplo desafi o: a gestão de pessoas (o compro- misso com o funcionalismo) e a responsabilidade socioambiental (o com- promisso com o desenvolvimento social do país). As pregações de Follet se baseavam no trabalho social e no estudo das pessoas como componentes centrais das organizações. Defendeu o fortalecimento da consciência so- cial, a democratização da administração e o conceito de integração na busca da solução de confl itos. Foi, segundo Peter Drucker, a profetiza da gestão e ajudou a construir as bases da escola das relações humanas, conhecida pelas experiências de Elton Mayo, na Wester Eletric Company. Inaugurava-se assim, uma nova era na teoria administrativa voltada para a consideração dos motivos e comportamentos humanos, em con- trapartida à abordagem mecanicista da administração. Conquistar a lealdade e promover a motivação das pessoas eram os objetivos centrais 224 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

do movimento, que tinha como premissa a existência de confl ito entre os interesses individuais e os objetivos organizacionais. De lá para cá, conquistas e novos requerimentos foram incorporados, além das distintas denominações deste campo de estudo e de práticas ad- ministrativas: administração de pessoal, relações industriais, gerência de recursos humanos e, mais recentemente, gestão de pessoas. Não se trata, porém, de usar um novo nome para um velho problema. Signifi ca uma nova atitude, um enfoque diferente. O desafi o de promover as mudanças nas relações com as pessoas impõe às organizações a necessidade de repen- sar os seus modelos de gestão e, ao mesmo tempo, de adotar mecanismos inovadores de relacionamento com a sociedade. Outro aspecto do debate contemporâneo diz respeito à adoção de meca- nismos de gestão compartilhada baseados na cooperação e no comprome- timento, em substituição aos sistemas tradicionais centrados no comando e controle. Isto signifi ca a evolução de práticas de gestão tipicamente hie- rárquicas para o desenvolvimento de uma nova capacidade institucional voltada para a atuação em rede.

Caio Marini. Professor da FGV, ENAP, ESAF. Consultor em Estratégia e Gestão. Trecho do artigo: 4º Fórum: Cuidando de gente com responsabilidade socioambiental – Uma experiência inovadora no Banco do Brasil. Brasília. 2003

Revista DESED

Tinha eu um ano de Banco e trabalhava na Carteira de Câmbio, nos idos de 1965, quando passa pela minha mão uma circular informando a cria- ção do Departamento de Seleção e Desenvolvimento de Pessoal (DESED). Aquilo mexeu com meus neurônios. Na verdade, minha formação sem- pre fora na área de humanas, e não de exatas, e a alvissareira novidade abria novos caminhos para minha recém-iniciada carreira no BB. Mais que depressa, procurei informar-me sobre a possibilidade de ser transferido para o novo departamento e consegui marcar uma entrevista com o Dr. Manoel Salek, chefe nomeado para o órgão. Ele estava instalado provisoriamente numa grande sala no 6º andar do então edifício-sede da Rua 1º de Março, nº 66 e tinha a companhia do ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 225

colega Cílio Rosa Ziviani e do contínuo Humberto da Silva. Recebeu-me com grande cordialidade, examinou meu currículo e acei- tou a minha admissão, ocasião em que enumerou os objetivos da direção da casa com a criação do departamento, o que só fez aumentar minha euforia, fazendo-me sentir a iminência de tornar-me um peixe dentro dágua – ali seria minha praia, onde eu poderia colocar em prática idéias e contribuir para a concretização de projetos fecundos. Sabedor de minha boa expectativa, Dr. Salek logo me atribuiu a pri- meira incumbência: – Você bem que poderia sugerir alguma coisa para a revista do depar- tamento, que pretendo criar como instrumento de divulgação, aos fun- cionários, do trabalho que estamos iniciando no campo educacional, iniciativa inédita até hoje no banco. Aquilo foi música para meus ouvidos. Como era sexta-feira, aproveitei o fi m-de-semana para fazer algumas bonecas da futura publicação. Para seu espanto, foram 28 as que apresentei a ele na segunda-feira de manhã. Aprovou algumas e disse que submeteria o assunto ao dire- tor-superintendente do Banco, Luiz de Paula Figueira, que certamente encaminharia a matéria à consideração do Presidente Luís de Moraes Barros e de toda a diretoria. Dias depois, fi quei sabendo, por um exultante Manoel Salek, que a idéia da revista estava aprovada e que o primeiro número seria editado possi- velmente no início de 1966, o que de fato aconteceu. O passo seguinte foi lutar para que a revista chegasse a todos os funcio- nários, indistintamente – na época, cerca de 110 mil servidores. Depois de muita argumentação, a sugestão foi acolhida. Assim nasceu a Revista DESED, que por muitos anos foi o principal veículo de divulgação da casa, o seu chamado house organ. Num olhar retrospectivo e cheio de saudade, fi ca a lembrança de um primeiro esforço bem sucedido no campo da comunicação interna do Banco do Brasil. Ele frutifi cou e tem dado resultados que falam por si a toda a sociedade brasileira.

MÁRCIO DA SILVA COTRIM. Aposentado. Jornalista. Depoimento em 1.3.2007 226 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Uma olhada retrospectiva às manchetes nos anos 1960 nos dá, do homem do nosso tempo, a idéia de um ser angustiado, desajustado, deprimido, agressivo, um solitário neurótico. Aos males psíquicos juntaram-se males físicos da vida moderna: a poluição do ar e a acústica, que tornaram o ar irrespirável e o dia-a-dia insuportável; o tumulto de um trânsito em que se conduz com morosidade e mata com velocidade... Devemos en- tender como advertência e não como vaticínio, as palavras amargas que um homem como Lewis Mumford, por alguns considerado o crítico mais feroz de nossa época, distribui por quase toda a sua obra: ‘atingimos um ponto da História em que o homem se tornou seu mais perigoso inimigo. Ao mesmo tempo em que se orgulha da conquista da natureza, abre mão das suas capacidades mais elevadas e, fora do horizonte limitado da Ciência, vai perdendo o poder de pensar.

Trecho do artigo Tempo de Viver, elaborado por colegas. Articulistas da Revista DESED. Brasília, 1975

Universidade aberta

A importância da universidade aberta para o Banco do Brasil e para o funcionário é garantir o direito democrático ao curso de graduação. É assegurar que o funcionário, onde quer que esteja, possa continuar seus estudos. Tanto ele quanto seus familiares, pois uma grande virtude da universidade aberta é que não se trata de um programa fechado, ape- nas para o funcionalismo; mas aberto à sociedade brasileira como parte também da política do Banco de responsabilidade socioambiental. Essa iniciativa insere ainda mais o Banco na sociedade, uma vez que ele assume o papel de instrumento promotor que leva o desenvolvimento no âmbito da educação superior a todos os cantos do País. Representa um ganho para o Banco, que terá quadro de pessoas mais bem preparadas, e para os funcionários, que terão mais oportunidades na carreira.

LUIZ OSWALDO Sant’Iago Moreira de Souza. Atual vice-presidente de Gestão de Pessoas e Responsabilidade Socioambiental. Entrevista ao Boletim Pessoal, n.7. Boletim eletrônico dirigido ao pessoal. Brasília: maio de 2006 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 227

Os métodos de educação a distância existiam há muitos anos. Havia o Curso Madureza, que o pessoal fazia por correspondência. Não é uma coisa nova, mas a tecnologia empregada hoje é nova. A interatividade dos veículos tem uma dinâmica altamente superior àquela dos cursos por correspondência. Apesar de boa parte do fundamento vir lá dos velhos cursos por correspondência: o conteúdo, a auto-disciplina, o autodesen- volvimento. Só que a tecnologia hoje permite a interatividade com a tutoria, com os colegas. Permite o debate. Isso revoluciona a educação a distância... Os cursos presenciais são fundamentais pela interação, pela troca de experiências. Mas a democratização da educação no Banco pas- sa também pelo aproveitamento da tecnologia do ensino a distância.

JURACI Masiero. Atual diretor da DIPES. Entrevista em 1.6.2006

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Está em curso uma transformação radical na formação profi ssional no BB. Cursos de pós-graduação e especialização, ministrados por univer- sidades de renome, estão sendo oferecidos a funcionários de todos os ní- veis hierárquicos e em todos os Estados da federação. Esta oportunidade, única na história da educação no Banco, tornou-se possível graças a convênios fi rmados pela UniBB com instituições de ensino tidas como referência em educação a distância no País.

MÁRIO de Muzio. Educador. Aposentado. Entrevista em 21.3.2006

YZ

O Projeto de Educação a Distância é uma revolução na democratização de oportunidades de educação na empresa.

RUI Severino de LIRA. Educador. Aposentado. Entrevista em 15.3.2006 228 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Universidade Corporativa Banco do Brasil - UniBB

A opção do Banco do Brasil, na implantação da universidade, foi de dar continuidade a uma história de mais de quarenta anos na educação da empresa, considerando as novas perspectivas estratégicas e as condições tecnológicas do contexto. Nesse sentido, a implantação calcou-se em três principais pilares: primeiro, a possibilidade de tornar o complexo inter- no da educação do Banco mais compreensível e acessável pelos funcio- nários; segundo, a possibilidade de oferecer estratégias e ferramentas de compartilhamento de conhecimento; terceiro, a possibilidade de oferta da expertise do Banco, em educação, para outros públicos. A ampliação do entendimento e o acesso à informação sobre o sistema de educação do Banco se estabeleceu a partir da implementação do Portal da UniBB. Nesse ponto, também se aproveitou da experiência histórica. A partir do Portal de Desenvolvimento Profi ssional, um produto da Gestão de Pesso- as disponibilizado na intranet, estabelece-se um novo projeto que indica a sistematização do processo em uma estrutura ‘hiperlincada’ e de nave- gação não linear, que propicia ao funcionário a condição de pesquisar as possibilidades de desenvolvimento a partir de suas necessidades. Esta es- trutura foi construída e disponibilizada via intranet. Esse modelo torna mais visíveis os treinamentos internos, o modelo de ascensão profi ssional, os programas de bolsas de graduação, pós-graduação e de idiomas, além de se constituir espaço para a oferta de espaço web quanto à colocação de novos cursos e materiais complementares, além de ferramentas correla- cionadas com os temas da educação. A oferta da expertise da educação do Banco se dá pela criação do espaço aberto do portal, onde qualquer usuário que tenha interesse no tema de educação no âmbito das organi- zações pode usufruir de conteúdo relacionado ao tema.

EDGARD Rufatto Júnior. Gerente de Divisão da DIPES/GEDUC/DIPAR. Depoimento em 25.8.2006

As perspectivas que se abrem à UniBB para o trabalho de desenvolvi- ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 229

mento e formação profi ssional, com o uso de tecnologias de informação e comunicação, apontam para um futuro de renovação de práticas pedagó- gicas, aprimoramento da qualidade do ensino e, sobretudo, ampliação de oportunidades para todos. Sem distâncias para a educação.

MÁRIO de Muzio. Educador. Aposentado. Entrevista em 21.3.2006

YZ

...recentemente, ainda no auge desses ventos neoliberais, quando se come- çou a falar na universidade corporativa, a gente tinha uma pressão muito grande na área para ter uma universidade corporativa. Só que a gente na prática já funcionava como tal. Por quê? Porque desde 1965, o Banco tinha uma área estruturada de educação empresarial, de formação de pes- soas, de desenvolvimento humano, e estava muito mais estruturado do que outras empresas. Aqui já se discutia há mais de vinte anos, em uma época anterior a esse momento da globalização, a importância de que o treina- mento não se restringisse à mera instrumentalização para o trabalho, que é importante, sem dúvida, mas que trabalhasse no sentido de desenvolver as pessoas de um modo mais integral.

Marcos FADANELLI Ramos. Gerente executivo da DIPES/GEDEP de 1999 a 2003. Atual diretor da Área de Educação da Fundação Banco do Brasil. Entrevista em 24.6.2006 A educação faz diferença Tornando-se educador

Ingressei no DESED como instrutor, em 1987. Fiz a preparação para atuar como instrutor do Curso Estratégias de Negociação. Na realidade, minha formação foi um período de muita importância pra mim como funcionário do Banco. Uma mudança de vida. Esse momento atinge uma série de coisas na minha vida: visão de mundo, estrutura de pensamento. Foi meu primeiro contato com a inovação. A educação era uma área avançada no Banco. Comecei a enxergar que a área tinha uma história. Percebi que havia pessoas envolvidas com essa história desde o início. A exemplo de Mário de Muzio, a Eliana, a Antônia, o Oscar Capello, o Alair. Enfi m, os instrutores formadores. A partir do ingresso na área de educação é que as coisas foram acontecendo.

Trecho de entrevista do funcionário aposentado. Educador: João Hamilton dos Anjos Vianna – SENADOR. Em 2.6.2006, na GEPES Salvador. Parte IV Memória imagética

ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 233

Apresentação

Meu pensamento é um devorador de imagens. Quando uma boa ima- gem me aparece, rio de felicidade e meu pensador se põe a brincar com ela como um menino brinca com uma bola. Se me disserem que esse hábito intelectual não é próprio de um fi lósofo, que fi lósofos devem se manter dentro dos limites de uma dieta austera de conceitos puros e sem temperos, invoco em minha defesa Albert Camus, que dizia: ‘só se pensa por imagens’. Rubem Alves

ltimo dia de curso. No fi nal, a foto da turma. ÚTodos capricham no visual. Nos homens, as camisas mais vistosas. Nas mulheres, chamativos acessórios. Indispensáveis! O momento da pose ofi cial é vivido com descontração. Piadas e brincadeiras manjadas. Sempre engraçadas: – Espera aí, vou me perfumar! O fotógrafo? Ofi cial, como manda o fi gurino. Ou, catado às pressas no corre- dor. Dá as últimas orientações: – Fiquem mais juntos; ninguém pode fi car de fora! Olhem prá câmera! Digam giz! Flash! Pronto. Todos guardados no instantâneo mágico que transforma o momento em sempre. Um registro do convívio que, na maioria das vezes, é engolido pelo nunca-mais da distância ou da falta de tempo. Quem não tem uma fotografi a bem guardada? Testemunha das idas à sala de aula? Lugar do aprendizado. Do diálogo, como fazia questão o mestre Paulo Freire. Ou da refl exão, como queria Jorge Roux. Por isso, a próxima etapa dessa jornada pela memória da educação no Banco do Brasil é um passeio numa galeria de fotos que retrata esses momentos. No percurso, vamos rever companheiros. Relembrar fatos. Uma memória de imagens. Exercício visual do reencontro. 234 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

Lista de fotos

1. Primeiro chefe do DESED, Manuel Salek, 1965, Rio de Janeiro 2. Abertura do Curso Intensivo para Administradores – CIPAD, pelo Dr. Delfi m Neto, 1967, Rio de Janeiro 3. Abertura do CIPAD, pelo Dr. Nestor Jost, 1967, Rio de Janeiro 4. Encerramento do CIPAD, Dr. Karlos Rischbieter, 1967, Rio de Janeiro 5. CIPAD, palestra Dr. Mário Andreazza, 1967, Rio de Janeiro 6. Curso para Caixa Executivo – CAIEX, 1970, Salvador 7. Curso para Caixa Executivo – CAIEX, 1971, Juiz de Fora 8. Curso para Caixa Executivo – CAIEX, 1971, Vitória 9. Curso para Coordenadores do Sistema de Atendimento Direto e Integrado – COORD, 1972, Rio de Janeiro 10. Curso para Coordenadores do Sistema de Atendimento Direto e Integrado – COORD, 1972, Rio de Janeiro 11. IV Simpósio Interamericano – Treinamento e Desenvolvimento – T&D, 1976, São Paulo 12. Curso para Caixa Executivo – CAIEX, 1978, Passo Fundo 13. Curso de Contabilidade I – CONTA I, 1979, Recife 14. Curso de Comunicação e Expressão I – COMEX I, 1981, Recife 15. Curso Básico de Supervisão – CBS, 1981, Brasília 16. Programa de Desenvolvimento Gerencial – PDG, 1982, Brasília 17. Seminário para Instrutores de Relações Humanas,1982, Brasília 18. Curso Comunicação e Expressão – COMEX, evento nº 240, 1982, Brasília 19. Seminário de Atualização dos Instrutores de Relações Humanas – RH, 1983, Brasília 20. Curso para Coordenadores do Sistema de Atendimento Direto e Integrado – COORD, 1984, Recife 21. Curso para Caixa Executivo – CAIEX, 1984, Belo Horizonte 22. Curso Micro, Pequena e Média Empresa – MIPEM, 1985, Brasília 23. Curso Básico de Supervisão – CBS, 1986, Brasília 24. Seminário para Formação de Monitores do Curso Comunicação e Expressão – COMEX a distância, 1986, Brasília 25. Curso para Formação de Instrutores de Estratégias de Negociação, 1987, Brasília 26. Curso Básico de Supervisão – CBS, 1987, Campo Grande 27. Curso Básico de Supervisão, 1987, Belo Horizonte 28. Seminário Instrutores de Estratégias de Negociação, 1988, Brasília 29. Curso para Formação de Instrutores de Negociação, 1988, Brasília 30. Curso Orientação sobre Técnicas em Serviços – OTS, 1988, Recife 31. Curso para Formação de Instrutores de Desenvolvimento de Equipes – DE, 1990, Brasília 32. Curso GRAFO, 1990, Belo Horizonte 33. Curso para Formação de Instrutores de Desenvolvimento do Sistema Gerencial – DSG, 1991, Brasília 34. Curso de Relações Interpessoais no Trabalho – RELIT, 1991, Brasília ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 235

35. Curso Básico para Analista de Organização, Sistemas e Métodos – OSM, 1991, Belo Horizonte 36. Curso de Desenvolvimento de Estratégias de Vendas – VENDAS, 1991,São Paulo 37. Formação de Instrutores do Curso Dinâmica do Modelo Organizacional – DMO, 1992, Brasília 38. Curso Administração do Fator Humano – AFH, 1992, Brasília 39. Curso para Formação de Instrutores da Área Metodológica, 1992, Brasília 40. Curso de Noções Didáticas para Palestrantes, 1993, João Pessoa 41. Dinâmica do Modelo Organizacional – DMO, 1993, Porto Alegre 42. Curso para Alfabetizadores do BB Educar, 1993, Tamoios 43. MBA – Assinatura de convênio com a UnB, 1994, Brasília 44. BB Educar – Prof. Paulo Freire e participantes do Encontro de Educadores, 1994, Fortaleza 45. Encontro para Educadores do BB Educar, palestra do Prof. Paulo Freire, 1994, Brasília 46. Curso Qualidade Total, 1994, Belo Horizonte 47. Grupo Repensando o DESED, 1994, Brasília 48. Curso de Dinâmica do Modelo Organizacional – DMO, 1995, Aracaju 49. Curso de Dinâmica do Modelo Organizacional – DMO, 1995, Maceió 50. Curso para Formação de Altos Executivos – FAE, 1995, Brasilia 51. Curso Palestrantes e Apresentadores, 1995, Belo Horizonte 52. Curso para Formação de Instrutores do BB Educar, 1997, Brasília 53. Capacitação dos Profi ssionais do CEFOR, 1997, Brasília 54. Curso de Formação de Instrutores do BB Educar, 1997, Brasília 55. Curso para Negociação, 1998, Fortaleza 56. Curso de Gestão de Equipes para Resultados, 1999, Recife 57. Atualização pra educadores da área de gestão, 2000, Brasília 58. Flagrante de uma sala de aula do MBA Finanças Públicas, 2001, Brasília 59. Lançamento da UniBB, 2002, BSB, Brasília 60. Atualização para educadores de área metodológica, 2004, Brasília 61. Curso Excelência Profi ssional, 2005, Curitiba 62. Curso Desenvolvimento Regional Sustentável – DRS, 2005, Curitiba 63. Curso de Economia Aplicada, 2005, Manaus 64. Curso Preparação de Educadores – CPE, 2005, Porto Alegre 65. Seminário Gestão no BB: Ética e Sustentabilidade, 2005, Brasília 66. Curso Preparação de Educadores – CPE, 2006, Brasília 67. Grupo de Desenvolvimento do Programa Bem-vindo ao BB, 2006, Brasília 68. Ofi cina Gestão do Desenvolvimento Profi ssional, 2006, Recife 69. Encontro dos Pioneiros da Educação no Banco do Brasil, 2006, Rio de Janeiro 70. Gravação do documentário Pioneiros da Educação no Banco do Brasil no CCBB, 2006, Rio de Janeiro 71. Encontro dos funcionários das GEPES regionais que trabalham no eixo de desenvolvimen- to pessoal e profi ssional, 2006, Brasília. 72. Encontro de gerentes da rede GEPES, 2006, Brasília

ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 237

1. À direita primeiro chefe do DESED, Manuel Salek, 1965, Rio de Janeiro

2. Abertura do Curso Intensivo para Administradores – CIPAD, pelo Dr. Delfi m Neto, 1967, Rio de Janeiro

3. Abertura do CIPAD, pelo Dr. Nestor Jost, 1967, Rio de Janeiro

4. Encerramento do CIPAD, Dr. Karlos Rischbieter, 5. CIPAD, palestra Dr. Mário Andreazza, 1967, Rio de Janeiro 1967, Rio de Janeiro 238 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

6. Curso para Caixa Executivo – CAIEX, 1970, Salvador

7. Curso para Caixa Executivo – CAIEX, 1971, Juiz de Fora

8. Curso para Caixa Executivo – CAIEX, 1971, Vitória ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 239

9. Curso para Coordenadores do Sistema de Atendimento Direto e Integrado – COORD, 1972, Rio de Janeiro

10. Curso para Coordenadores do Sistema de Atendimento Direto e Integrado – COORD, 1972, Rio de Janeiro

11. IV Simpósio Interamericano – Treinamento e Desenvolvimento – T&D, 1976, São Paulo 240 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

12. Curso para Caixa Executivo – CAIEX, 1978, Passo Fundo

13. Curso de Contabilidade I – CONTA I, 1979, Recife

14. Curso de Comunicação e Expressão I – COMEX I, 1981, Recife ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 241

15. Curso Básico de Supervisão – CBS, 1981, Brasília

16. Programa de Desenvolvimento Gerencial – PDG, 1982, Brasília

17. Seminário para Instrutores de Relações Humanas,1982, Brasília 242 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

18. Curso Comunicação e Expressão – COMEX, evento nº 240, 1982, Brasília

19. Seminário de Atualização dos Instrutores de Relações Humanas – RH, 1983, Brasília

20. Curso para Coordenadores do Sistema de Atendimento Direto e Integrado – COORD, 1984, Recife ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 243

21. Curso para Caixa Executivo – CAIEX, 1984, Belo Horizonte

22. Curso Micro, Pequena e Média Empresa – MIPEM, 1985, Brasília

23. Curso Básico de Supervisão – CBS, 1986, Brasília 244 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

24. Seminário para Formação de Monitores do Curso Comunicação e Expressão – COMEX a distância, 1986, Brasília

25. Curso para Formação de Instrutores de Estratégias de Negociação, 1987, Brasília

26. Curso Básico de Supervisão – CBS, 1987, Campo Grande ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 245

27. Curso Básico de Supervisão — CBS, 1987, Belo Horizonte

28. Seminário Instrutores de Estratégias de Negociação, 1988, Brasília

29. Curso para Formação de Instrutores de Negociação, 1988, Brasília 246 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

30. Curso Orientação sobre Técnicas em Serviços – OTS, 1988, Recife

31. Curso para Formação de Instrutores de Desenvolvimento de Equipes (DE), 1990, Brasília

32. Curso GRAFO, 1990, Belo Horizonte ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 247

33. Curso para Formação de Instrutores de Desenvolvimento do Sistema Gerencial – DSG, 1991, Brasília

34. Curso de Relações Interpessoais no Trabalho – RELIT, 1991, Brasília

35. Curso Básico para Analista de Organização, Sistemas e Métodos – OSM, 1991, Belo Horizonte 248 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

36. Curso de Desenvolvimento de Estratégias de Vendas – VENDAS, 1991,São Paulo

37. Formação de Instrutores do Curso Dinâmica do Modelo Organizacional – DMO, 1992, Brasília

38. Curso Administração do Fator Humano – AFH, 1992, Brasília ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 249

39. Curso para Formação de Instrutores da Área Metodológica, 1992, Brasília

40. Curso de Noções Didáticas para Palestrantes, 1993, João Pessoa

41. Dinâmica do Modelo Organizacional – DMO, 1993, Porto Alegre 250 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

42. Curso para Alfabetizadores do BB Educar, 1993, Tamoios

43. MBA – Assinatura de convênio com a UnB, 1994, Brasília

44. BB Educar – Prof. Paulo Freire e participantes do Encontro de Educadores, 1994, Fortaleza

45. Encontro para Educadores do BB Educar, palestra do Prof. Paulo Freire, 1994, Brasília ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 251

46. Curso Qualidade Total, 1994, Belo Horizonte

47. Grupo Repensando o DESED, 1994, Brasília

48. Curso de Dinâmica do Modelo Organizacional – DMO, 1995, Aracaju

49. Curso de Dinâmica do Modelo Organizacional – DMO, 1995, Maceió 252 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

50. Curso para Formação de Altos Executivos – FAE, 1995, Brasilia

51. Curso Palestrantes e Apresentadores, 1995, Belo Horizonte

52. Curso para Formação de Instrutores do BB Educar, 1997, Brasília ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 253

53. Capacitação dos Profi ssionais do CEFOR, 1997, Brasília

54. Curso de Formação de Instrutores do BB Educar, 1997, Brasília

55. Curso para Negociação, 1998, Fortaleza 254 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

56. Curso de Gestão de Equipes para Resultados, 1999, Recife

57. Atualização para educadores da área de gestão, 2000, Brasília

58. Flagrante de uma sala de aula do MBA Finanças Públicas, 2001, Brasília

59. Lançamento da UniBB, 2002, Brasília ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 255

60. Atualização para educadores de área metodológica, 2004, Brasília

61. Curso Excelência Profi ssional, 2005, Curitiba

62. Curso Desenvolvimento Regional Sustentável – DRS, 2005, Curitiba

63. Curso de Economia Aplicada, 2005, Manaus 256 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

64. Curso Preparação de Educadores – CPE, 2005, Porto Alegre

65. Seminário Gestão no BB: Ética e Sustentabilidade, 2005, Brasília

66. Curso Preparação de Educadores – CPE, 2006, Brasília ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 257

67. Grupo de Desenvolvimento do Programa Bem-vindo ao BB, 2006, Brasília

68. Ofi cina Gestão do Desenvolvimento Profi ssional, 2006, Recife

69. Encontro com dos Pioneiros da Educação no Banco do Brasil, 2006, Rio de Janeiro 258 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

70. Gravação do documentário “Pioneiros da Educação no Banco do Brasil” no CCBB, 2006, Rio de Janeiro

71. Encontro dos funcionários das GEPES regionais que trabalham no eixo de desenvolvimento pessoal e profi ssional, 2006, Brasília.

72. Encontro de gerentes da rede GEPES, 2006, Brasília Final Última refl exão

ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 261

Heráclito ou Parmênides?

Na imensurável extensão do tempo, vê-se que a vida se move para a frente e para cima, dos protozoários ao homem, e não se pode negar que infi nitas possibilidades de maior perfeição ainda aguardam a huma- nidade. Th omas Mann

Chegamos ao fi m deste “Itinerários”. A título de conclusão, deixamos algumas palavras para uma breve refl exão. Uma instituição secular como o Banco do Brasil, imerso na realidade sempre rápida e efervescente, sobretudo em tempos de globalização, enfrenta, muitas vezes, o confl ito: permanência versus mudança. Para refl etir sobre esse dilema, podemos pedir algumas idéias emprestadas aos antigos gregos. Heráclito, 540-476 a.C., defendia que o princípio organizativo de todas as coisas é o constante devir. O instável. “O sol é novo todos os dias”. “Para os que entram nos mesmos rios, correm outras novas águas”. Tudo é mudança, pregava o sábio. Parmênides, grego de Eléia, aprox. 470 a.C., considerado o criador da doutrina mais profunda do período pré-socrático, contradizia o fi lósofo da eterna mu- dança. Em Parmênides, não há movimento: “o ser tem de ser sempre”, “o ser é uno e imutável”. Unidade rígida do ser. Um outro fi lósofo grego, Zenão de Eléia, discípulo de Parmênides, discursava dizendo que a verdade é unidade. Zenão era contra a idéia de movimento, mas na defesa de suas posições, achou a contradição. Talvez por isso, para Hegel, Zenão é o iniciador da Dialética, enquanto modo de pensar que inclui a contradição. Na década de 1990, as idéias de Heráclito foram amplamente utilizadas. O cha- mamento para a dinâmica mundial globalizada utiliza sobejamente as idéias do pensador grego. O fenômeno não ocorre por acaso. O avanço da mundialização da economia impôs violentos movimentos de transformação global. 262 - ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL

As pessoas, principalmente no mundo organizacional, perplexas, não sabiam o que fazer. Para onde ir. Mas tinham que sair do lugar. Nesse contexto, o convite à mudança é incessante. Nas escolas, nas empresas e até em casa dizíamos: temos de mudar! ou, precisamos estar preparados para as mudanças!; ou ainda, a única coisa certa é a mudança. Talvez, essas tenham sido as frases mais ditas nos anos noventa. O século XXI chega e, com ele, ganham maior nitidez os efeitos da corrida mais que apressada pela acumulação acirrada a partir dos anos sessenta. Os pro- blemas ambientais, humanitários e sociais mostram que a visão de Heráclito, isoladamente, não permite uma apreensão total da realidade. Educar é, sobretudo, olhar o horizonte, refl etir e promover refl exões para: MUDAR e PERMANECER. Mudar para construirmos tudo o que podemos ser, como ensina Carl Rogers. Para sermos mais, como pensa Paulo Freire. Permanecer fi rmes no que nos torna mais humanos. Inarredáveis, no que toca aos valores humanitários, para nunca banalizarmos a dignidade humana. Nos valores ecológicos, para cuidarmos da Mãe-Terra, da biosfera; nos sociais para que saibamos viver em coletividade e respeitar a diversidade. Por tudo isso, Parmênides tem razão: todo ser é uno, singular. Heráclito está certo quando mostra que o ser muda. E Zenão pondera as duas posições e encontra a contradição no ser uno, que muitas vezes precisa mudar, sem deixar de ser o que é. Tecendo o fi o dessas memórias, olhando nossas práticas educativa e organizacio- nal, a gente percebe que, em alguns momentos, Parmênides é o senhor absoluto e nos paralisa. Noutros, escolhemos Heráclito que nos deixa em rodopios. E às vezes, enxergamos só contradição e fi camos amargos. Mas, em muitos momen- tos, convivemos com os três. E esses são os tempos mais profícuos. Num exercício de avaliação, pode-se perceber que muitos desses tempos de to- talidade foram proporcionados pela vivência dos processos educativos na em- presa: neles ou por causa deles. Podemos, por exemplo, considerar a chegada de Paulo Freire às nossas cartilhas pedagógicas como uma dessas horas de síntese. De verdadeiro conhecimento. E o pedagogo dos oprimidos só chegou à nossa “escola” e se fi rmou graças às contradições. Então, escolhemos Heráclito ou Parmênides? Incluamos Zenão e fi quemos com os três! Brasília, 14.2.2007 ITINERÁRIOS DA EDUCAÇÃO NO BANCO DO BRASIL - 263

Bibliografi a

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Ao longo dos anos, consolidei a convicção de que o Banco, além de ser uma casa de números, era e é também fonte da melhor brasilidade sob todas as suas formas. Reduto gerador de projetos que há duzentos anos impulsionam o progresso do País em seus mais distantes rincões, é também uma instituição que valoriza, como poucas outras, a formação profi ssional de seus servidores. O presente livro, em linguagem clara e objetiva, emoldurada por farta documentação fotográfi ca, conta uma rica história, desde seu advento em 31 de maio de 1965, com a criação do DESED e seu fecundo desdobramento, até os dias de hoje, numa perspectiva de futuros pro- missores desdobramentos, que consolidarão o insubstituível papel do Banco do Brasil como um dos principais agentes do desenvolvimento nacional.

Márcio Cotrim