História Da África E Relações Com O Brasil Ministério Das Relações Exteriores
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coleção EVENTOS História da África e Relações com o Brasil MINISTÉRIO DAS RELAÇÕES EXTERIORES Ministro de Estado Aloysio Nunes Ferreira Secretário ‑Geral Embaixador Marcos Bezerra Abbott Galvão FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO Presidente Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais Diretor Ministro Paulo Roberto de Almeida Centro de História e Documentação Diplomática Diretor Embaixador Gelson Fonseca Junior Conselho Editorial da Fundação Alexandre de Gusmão Presidente Embaixador Sérgio Eduardo Moreira Lima Membros Embaixador Ronaldo Mota Sardenberg Embaixador Jorio Dauster Magalhães e Silva Embaixador Gelson Fonseca Junior Embaixador José Estanislau do Amaral Souza Embaixador Eduardo Paes Saboia Ministro Paulo Roberto de Almeida Ministro Luís Felipe Silvério Fortuna Professor Francisco Fernando Monteoliva Doratioto Professor Eiiti Sato A Fundação Alexandre de Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada ao Ministério das Relações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informações sobre a realidade internacional e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opinião pública para os temas de relações internacionais e para a política externa brasileira. História da África e Relações com o Brasil Organizador: Nedilson Jorge Brasília – 2018 Direitos de publicação reservados à Fundação Alexandre de Gusmão Ministério das Relações Exteriores Esplanada dos Ministérios, Bloco H Anexo II, Térreo 70170 ‑900 Brasília–DF Telefones: (61) 2030‑6033/6034 Fax: (61) 2030 ‑9125 Site: www.funag.gov.br E ‑mail: [email protected] Equipe Técnica: André Luiz Ventura Ferreira Eliane Miranda Paiva Fernanda Antunes Siqueira Gabriela Del Rio de Rezende Luiz Antônio Gusmão Projeto Gráfico: Yanderson Rodrigues Programação Visual e Diagramação: Gráfica e Editora Ideal Impresso no Brasil 2018 H673 História da África e relações com o Brasil / Nedilson Jorge (organizador). – Brasília : FUNAG, 2018. 554. – (Coleção eventos) ISBN 978-85-7631-757-9 1. África - aspectos históricos. 2. História econômica - África. 3. Política externa - Brasil - África. 4. Política econômica - África. 5. Cooperação econômica - Brasil - África. 6. Crescimento econômico - África. I. Jorge, Nedilson. II. Série CDD 327.81916 Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional conforme Lei nº 10.994, de 14/12/2004. APRESENTAÇÃO A política externa do Brasil tem-se tradicionalmente pautado pela confluência de aspirações, interesses e percepções, oriundas de distintos setores de nossa sociedade. O Itamaraty, caixa de ressonância no exterior dos nossos desígnios, auxilia no planejamento e na execução de medidas e iniciativas que têm por objetivo precípuo refletir coerentemente a convergência desses vetores, ensejando sinergias. Cumprindo essa tarefa, a diplomacia brasileira tem logrado acolher as demandas dos brasileiros em relação ao modo como aspiramos à nossa inserção internacional, a dialogar com outros países e organizações internacionais, assim como a tecer linhas de cooperação, nos mais distintos âmbitos, gerando benefícios mútuos para nós e os nossos parceiros no exterior. A África tem despontado cada vez mais como um dos continentes preferenciais para clássicos e novos atores de nossa sociedade engajados na projeção internacional do Brasil. Esse fenômeno é, praticamente, consequência direta da importância que esse continente recobra nas últimas duas décadas. Suas taxas de crescimento foram impressionantes no período da bonança dos gêneros de base. Nem sequer a crise financeira de 2008 e seus efeitos posteriores foram capazes de frear o progresso de muitos países africanos. Na sub-região da África Oriental, por exemplo, prossegue ritmo de desenvolvimento respeitável: em 2017, essa área cresceu mais de 5%. Em face dessas tendências, a atenção internacional recentrou- -se no continente, e os investimentos forâneos certamente continuarão fluindo para a África. Além dos exportadores de capital mais convencionais – EUA, França, Reino Unido, demais europeus e Japão – já entraram na cena econômica africana China, Índia, Malásia, Turquia e países do Golfo, entre outros. No próprio continente, mobilizam-se empresariados poderosos, que alentam o passo do desenvolvimento, como eloquentemente demonstram os empreendedores sul-africanos e marroquinos. Ademais, já distante de seus primeiros tempos pós-coloniais, quando as então jovens nações africanas davam os seus passos iniciais de afirmação de soberania em meio a contingentes de maioria rural, agora vemos uma África de maior complexidade. Desmentindo preconceitos e falácias absurdas como a do “fardo do homem branco” e a do “Estado falido”, muitos governos e suas respectivas populações, que enfrentaram crises institucionais e humanitárias nos anos 90, reemergem com capacidades organizativas promissoras, como Gana e Ruanda. Há já também países de renda média, cujo perfil demográfico e econômico-social vai assemelhando-se gradualmente ao do Brasil e ao do restante da América Latina, como a África do Sul, a Namíbia e a Tunísia. Se as perspectivas de crescimento econômico e robustecimento institucional animam países do resto do mundo a interagir com a África, os desafios que esse continente enfrenta no início do século XXI concorrem, em proporção semelhante, para atrair a atenção internacional: negociações comerciais, migrações, questões de segurança, fortalecimento da democracia, os impactos geopolíticos da Primavera Árabe, mudança do clima, etc. Eles não são poucos, mas os africanos têm-se esforçado para lidar com esses fenômenos. A União Africana (UA) e demais entes sub- -regionais têm estabelecido foros de concertação e mecanismos operacionais para tratar desses temas. Buscam soluções cada vez mais africanas para temas candentes na ordem global. Emblema dessa maior autonomia no tracejar de suas políticas comuns foi o nascimento, neste ano de 2018, na capital ruandesa de Kigali, da Área Continental Africana de Livre Comércio, a qual, nos próximos anos, acarretará na livre movimentação de mercadorias pelo continente. Ciosos de sua soberania, os africanos querem, assim mesmo, quando reputam necessário, dialogar com atores extraconti- nentais, com o objetivo de compartilhar experiências e expandir frentes de cooperação. Jamais alheio ao mundo africano, o Brasil lhe confere no decorrer de uma década e meia acrescida prioridade. Às históricas e estruturais forças-motrizes que entrelaçam o nosso destino ao da África – o componente étnico-cultural africano e nossa determinação em compensar o continente pelos efeitos nefastos do odioso tráfico negreiro – juntam-se as novas motivações. A dinamização das economias africanas impele nossas empresas a venderem aos seus mercados consumidores e comprarem de seus parques produtivos. A África, recorde-se, como um todo, ocupou 4,3% do destino de nossas exportações em 2017, implicando a absorção de cerca de US$ 11,67 bilhões em artigos brasileiros. Ao mesmo tempo, no ano passado, 3,6% do conjunto de importações pelo Brasil vieram de países africanos, perfazendo a soma de US$ 5,53 bilhões. A maior pujança das economias africanas vem demandando a melhoria de infraestruturas, e aí vemos novamente uma mais vocal contribuição brasileira. Nos últimos 15 anos, muitas de nossas companhias de reconhecidas capacidades em engenharia civil participaram de importantes empreendimentos na África, de maneira que, se fizermos um levantamento, encontraremos estradas, aeroportos, mercados públicos, pontes e barragens em todas as sub-regiões africanas edificados por nossas construtoras. Além disso, temos investimentos no setor industrial africano – veículos, cimento, máquinas – e no agrícola. A identidade cultural comum e a percepção compartilhada de que os passivos sociais e econômicos contra os quais o Brasil e os países africanos lutam são os mesmos que encorajam o estreitamento de redes de solidariedade transatlântica. Temos movimentos sociais, ligados à cultura afro-brasileira, que adensam a comunicação com expoentes das sociedades africanas. No que tange ao governo brasileiro, a carteira de projetos de cooperação da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) tem a maioria de suas iniciativas devotada à África: agricultura, educação, saúde, segurança alimentar, entre outras áreas. Variadas instituições de renome participam de missões ao continente africano: Caixa Econômica Federal, EMBRAPA, FGV, FIOCRUZ, IBGE, INEP, SEBRAE, etc. Esses feixes de colaboração entre o Brasil e a África conjugam- -se com o incremento de nossa interlocução acerca da agenda internacional. Se, nos organismos multilaterais, brasileiros e africanos advogam por uma ordem mundial mais horizontal, mais segura e mais conducente ao bem estar material de nossos países, não nos furtamos de nossos próprios canais para alcançar esses objetivos. É de acordo com essa lógica que o governo brasileiro tem mantido interação direta com seus pares africanos, seja em suas capitais, onde há cada vez mais embaixadas brasileiras, seja junto à União Africana, da qual o Brasil participa como observador, ou mediante as organizações sub-regionais da África: CEDEAO, CEEAC, COMESA, IGAD, SADC, etc. Nesse mesmo espírito, incentivamos a CPLP, espaço de concertação simétrico, lastreado pela herança lusófona, no qual seis países africanos trocam pontos de vistas e cooperam com o Brasil, na América do Sul, Portugal, na Europa, e Timor Leste, na Ásia. Todo o capital político erigido pelo Brasil na África a partir dessas plataformas econômico-comerciais, culturais, cooperativas