Identidades Na Roda: Diálogos Com a Capoeira Angola E Com As Narrativas De Suas/Seus Praticantes

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Identidades Na Roda: Diálogos Com a Capoeira Angola E Com As Narrativas De Suas/Seus Praticantes Universidade do Estado do Rio de Janeiro Centro de Educação e Humanidades Faculdade de Educação Ludmilla de Lima Almeida Identidades na Roda: diálogos com a Capoeira Angola e com as narrativas de suas/seus praticantes Rio de Janeiro 2014 Ludmilla de Lima Almeida Identidades na Roda: diálogos com a Capoeira Angola e com as narrativas de suas/seus praticantes Dissertação apresentada, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre, ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Área de concentração: Cotidiano, Redes Educativas e Processos Culturais. Orientadora: Profª. Drª. Mailsa Carla Pinto Passos Rio de Janeiro 2014 CATALOGAÇÃO NA FONTE UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CEH/A A447 Almeida, Ludmilla de L. Identidades na Roda: diálogos com a Capoeira Angola e com as narrativas de suas/seus praticantes / Ludmilla de Lima Almeida. – 2014. 153 f. Orientadora: Mailsa Carla Pinto Passos. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Educação. 1. Capoeira Angola – Teses. 2. Negros – Identidade racial – Teses. 3. Diáspora africana – Teses. I. Passos, Mailsa Carla Pinto. II. Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Educação. III. Título. es CDU 394.3:37 Autorizo, apenas para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta dissertação. ___________________________________ _______________ Assinatura Data DEDICATÓRIA Este trabalho é dedicado às minhas crianças, alunas e alunos, que me apresentam nos cotidianos um mundo cheio de questões e me ensinam a abrir caminhos, para que elas possam trilhar um dia. A toda comunidade angoleira, mais velhas/os e mais novas/os, camaradas e camaradinhas/os, em especial ao Mestre Pastinha (em memória); por fazerem da Capoeira Angola suas vidas e de suas vidas a Capoeira Angola! Aos meus sobrinhos e afilhado, Diego, João Victor e João Pedro; e à Luisa, para que cresçam com exemplos de outros olhares sobre a vida. Ao meu companheiro Tiago Magalhães, por ter sido fundamental nesse processo. Por todas as leituras, conversas, incentivo, paciência, carinho e amor! AGRADECIMENTOS Agradeço às minhas ancestrais, minhas mais velhas e meus mais velhos, às Iyabàs e Oborós, que me abrem os caminhos para estar aqui. Em especial, à Iemanjá, por cuidar do meu Orí, Odòìyá! A minha orientadora professora Mailsa Passos, por me ensinar a olhar com atenção os saberes do cotidiano, por todo incentivo na produção do conhecimento em Educação e por me auxiliar, de forma sensível e contundente, a encontrar caminhos. Ao grupo de pesquisa Culturas e identidades no cotidiano, em especial Claudinha, Luiz, Juliana, Geo, Chaua, Zeca, Soninha, Luana, Lilian, Amanda, Diony, Dani e ao professor Beto, por tantos diálogos importantes, pela diversão garantida nos encontros e por tornarem a produção do conhecimento na universidade, um caminho que não se trilha só! A Professora Rosangela Costa Araújo, Mestra Janja!, por aceitar ler esse trabalho, pela paciência, pela inspiração e contribuições valiosas para a feitura dessa pesquisa e para a vida como angoleira. Axé! A Professora Conceição Soares, pelas aulas durante o curso de mestrado, pelo olhar generoso para este projeto e por contribuir com minha caminhada na Educação. Ao meu Mestre Claudio, que me ensinou a ver a vida de cabeça para baixo, a vestir branco nas sextas-feiras, a me reconhecer e me encontrar no mundo – “a ele devo dinheiro, saúde e obrigação”! Ao meu amado Grupo de Capoeira Angola Volta ao Mundo: Mariana, Ananda, Guilherme, Fernanda, Javier, Nay, Alexis (e tantas outras/outros que passaram por nós, antes de nós), meus companheiros/as de vida! Em especial à Vanessa, que me incentivou aos caminhos do mestrado, da produção de conhecimento do nosso povo e dessa escrita. Gratidão família! A todas e todos mestres, contramestres e treineis que gentilmente aceitaram compartilhar suas narrativas de vida e também protagonizam esta pesquisa: Mestre Carlão, Contramestra Cristina, Treinel Érida, Treinel Camila, Treinel Maicol, Treinel Stéph. Além dos Mestres Claudio, Célio, José Carlos e Lumumba, que participaram do primeiro momento da pesquisa. Axé angoleiro! A minha avó Vivi (em memória), a quem eu sinto por não ter tido a oportunidade de conhecer mais; mas que tenho certeza, se faz presente! A minha mãe Jandaira, por todo amor dado, pelo suporte à minha educação e por ser um exemplo de mulher a seguir. A minha avó Inácia, por ser também um exemplo na minha vida, por todo carinho e ensinamentos de sempre. A Glória Maria, Carmem Lucia, Ana Cristina e João José por serem minhas mães, pais, tias, tios, amigas e amigos ao mesmo tempo! A Sinara Rúbia e Ana Flávia, minhas companheiras do Grupo Cultural Balé das Iyabàs que me fortalecem a cada dia como Mulher Negra! Axé mulheres! A Valéria Monã, Mestra na dança e na vida. Parceira, amiga, sua benção! A irmã Carolina, pelo suporte no Inglês e por tantos diálogos que, com certeza, contribuíram com essa pesquisa. Axé! Por fim à FAPERJ, cujo financiamento me possibilitou a dedicação a essa pesquisa, que acredito ser de relevância para a sociedade. Minha rainha sereia do mar, Não deixa meu barco virar. Não deixa meu barco virar, Odòíyà Minha rainha ela é Iemanjá! RESUMO ALMEIDA, Ludmilla de L. Identidades na Roda: diálogos com a Capoeira Angola e com as narrativas de suas/seus praticantes. 2014. 153 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014 Este trabalho tem como proposta pensar os processos identitários da afrodiáspora, a partir dos diálogos com a Capoeira Angola e as narrativas de suas/seus praticantes. Apresentamos a Capoeira Angola como prática cultural de matriz africana, significada por um processo histórico de luta e resistência das populações negras na diáspora. Procuramos discutir quais identidades são reivindicadas, tecidas e enunciadas nessa prática, com especial atenção às identidades angoleiras, às identidades negras e ao pertencimento etnicorracial enunciado por suas/seus praticantes. O processo histórico de escravização das populações negras no Brasil resultou na discriminação racial de mulheres e homens negras/os e na visibilização estereotipada das suas práticas e epistemologias, produzindo diferenciações hierárquicas. A cultura como enunciação e diferença permite através do ato enunciativo, a produção de novos sentidos e significados para as populações negras, que ressignificam suas identidades e tensionam às lógicas e racionalidades hegemônicas. As identidades são compreendidas como processos de identificação, permitidos pelo dinamismo da cultura e pelas práticas discursivas. O agenciamento coletivo reivindica outras identificações, de modo que o ato enunciativo pode produzir novos sentidos para às significações atribuídas às populações negras, sendo a linguagem um importante mecanismo de circulação da palavra e o indicador mais sensível de transformações sociais. Palavras-chave: Processos Identitários. Afrodiáspora. Capoeira Angola. Narrativas. ABSTRACT ALMEIDA, Ludmilla de L. Identities in the “Roda”: dialogues with Capoeira Angola and with the narratives of its practitioners. 2014. 153 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2014 This work aims thinking identity processes African diaspora, from the dialogues with Capoeira Angola and the narratives of his / hers practisers. The Capoeira Angola is presented as a cultural practice of African origin, signified by a historical process of struggle and resistance of the populations of black ethnicity in the diaspora. We seek to discuss what identities are claimed, woven and classified in this practice, with special attention to “angoleiras” identities, the black identity and belonging “etnicorracial” enunciated by his/hers practisers. The historical process of enslavement of blacks in Brazil resulted in racial discrimination and black women / men and stereotypical visualization of their practices and epistemologies, producing hierarchical differentiation. Culture as enunciation and difference allows through the enunciative act, the production of new meanings and feelings for the black population, which resignify their identities and tighten the hegemonic logics and rationalities. Identities are understood as processes of identification, allowed by the dynamism of culture and the discursive practices. The collective agency claims other identifications, so the enunciative act can produce new feelings to the meanings attributed to black populations, being the language an important mechanism of circulation of the word and the most sensitive indicator of social changes. Key words: identity processes, African Diaspora, Capoeira Angola, narratives. SUMÁRIO VAMOS LÁ BRINCAR NA RODA!..................................................................... 10 1 QUANDO EU VENHO DE LUANDA, EU NÃO VENHO SÓ: ENCONTROS COM A CAPOEIRA ANGOLA E O CAMINHAR COM DA PESQUISA..................................................................................................... 17 2 MINHA MÃE CHAMA MARIA, O MEU PAI CHAMA JOSÉ, EU NASCI FOI NO BRASIL O MEU AVÔ, NÃO SEI QUEM: QUEM PRECISA DE IDENTIDADE? ................................................................................................... 43 2.1 Identidades, identificações, diferenças, diferenciações: discursos de uma cultura................................................................................................................... 44 2.2 Identidade contraditória:
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