Capoeiras E Valentões Na História De São Paulo (1830-1930)
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Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de História Programa de Pós-graduação em História Social PEDRO FIGUEIREDO ALVES DA CUNHA Capoeiras e valentões na história de São Paulo (1830-1930) São Paulo 2011 VERSÃO CORRIGIDA 2 Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de História Programa de Pós-graduação em História Social Capoeiras e valentões na história de São Paulo (1830-1930) Pedro Figueiredo Alves da Cunha Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em História. Orientação: Profª. Drª. Maria Cristina Cortez Wissenbach São Paulo 2011 VERSÃO CORRIGIDA 3 Resumo Até meados do século XX, a capoeira teve seu potencial, enquanto registro de ações e vontades de africanos escravizados e seus descendentes, ignorado pelo estudo histórico. A partir de pesquisas específicas sobre tal manifestação, a historiografia sobre o tema avançou de maneira significativa. Primeiro, mais focada em dois estados conhecidos como polos da capoeira moderna, Rio de Janeiro e Bahia. Em seguida, com novos trabalhos sobre outras áreas, como Pernambuco, Pará e Maranhão. São Paulo foi cenário de uma escravidão vigorosa que avançou por todo o século XIX e explorou milhares de almas. Pesquisas sobre a vida dos cativos no território paulistas, nesse período, demonstraram, ainda que de maneira tênue, que a capoeira estava presente no cotidiano das cidades em processo de urbanização. Com o objetivo de compreender melhor como esta atividade se imbricava nas engrenagens da sociedade paulista ao longo dos oitocentos e nas primeiras décadas do século XX, desenvolvemos uma investigação sobre esta manifestação na capital e em outros espaços urbanos, através da análise de fontes de naturezas diversas – reminiscências, jornais, posturas e atas de câmaras municipais, livros de entrada e saída de presos e outros registros policiais, documentos do poder judiciário, como processos criminais, bem como ofícios e telegramas. De maneira mais ampla, esperamos com isso contribuir com as discussões sobre o processo de formação no Brasil dessa arte marcial de raízes africanas, hoje praticada no mundo inteiro. Palavras-chave: Capoeira, samba, cultura afro-brasileira, escravidão, abolicionismo, pós-abolição. 4 Abstract Until mid-twentieth century, capoeira had its potential as a record of deeds and wills of enslaved Africans and their descendants ignored by historical study. Based on specific studies about this practice, the historiography advanced significantly. First, more focused at two states known as poles of modern capoeira: Rio de Janeiro and Bahia. After that, new studies have been showing the practice in other areas such as Pernambuco, Pará and Maranhão. São Paulo was scenario of a vigorous slavery that advanced throughout the nineteenth century and explored thousands of souls. Researches on the lives of slaves at São Paulo territory in this period have shown, albeit loosely, that capoeira was present in the everyday life of cities in urbanization process. Aiming to better understand how this activity is embedded in the cogs of São Paulo society throughout the nineteenth century and the first decades of the twentieth century, we developed a study on this martial art in the capital and other cities, through analysis of sources of diverse natures – reminiscences, newspapers, laws and registers of municipal councils, prisoners record books, documents of the judiciary, such as criminal cases as well as letters and telegrams of authorities. More broadly, we expect that this research contributes to discussions about the formation process in Brazil of the capoeira, an afro-brazilian martial art now practiced worldwide. Keywords: Capoeira, Samba Afro-Brazilian culture, Slavery, abolition, post-Abolition. 5 Sumário Agradecimentos ............................................................................................................. 06 Introdução ...................................................................................................................... 08 1 – Problemas, posturas, ordens: primeiros indícios da capoeira em São Paulo ........... 37 1.1 - Desafio entre capoeiras cariocas e paulistas ............................................. 37 1.2 – Uma campanha contra os capoeiras?......................................................... 53 1.3 – Sorocaba, Itu e Cabreúva aderem à campanha?........................................ 61 1.4 – A visão das autoridades sobre o ―jogo dos escravos‖ ............................... 65 1.5 – Conclusões parciais ................................................................................... 71 2 – Capoeira, conflito e sociedade em São Paulo .......................................................... 73 2.1 – Entre agressões e solidariedades ............................................................... 74 2.2 – Os ―pequenos do chafariz‖ ....................................................................... 79 2.3 – A capoeira na Academia de Direito ........................................................ 101 2.4 – Dos recrutamentos à Guerra do Paraguai ............................................... 119 2.5 – Conclusões parciais ................................................................................. 135 3 – Capoeiras em Santos: da disputa entre bairros à luta pela abolição ...................... 137 3.1 – As raras prisões por capoeira na província ............................................. 137 3.2 – Valongueiros versus quarteleiros ............................................................ 151 3.3 – Capoeiras e valentões entre radicais do abolicionismo .......................... 162 3.4 - Conclusões parciais ................................................................................. 205 4 - Capoeira no pós-abolição: de desordeiros e vadios a bambas do samba .............. 207 4.1 – Guarda Negra: medo e contestação ....................................................... 208 4.2 – O combate às práticas bárbaras ............................................................... 224 4.3 – Batuque e tiririca, samba e futebol ......................................................... 255 4.4 - Conclusões parciais ................................................................................. 309 5 – Considerações finais .............................................................................................. 312 6 – Fontes, bibliografia e filmografia .......................................................................... 316 6.1 – Fontes ...................................................................................................... 317 6.2 – Bibliografia ............................................................................................. 323 6.3 – Filmografia .............................................................................................. 341 6 Agradecimentos Em quase todas as dissertações e teses que li, encontrei na parte dos agradecimentos um sabor peculiar. Era ali que eu pressentia os percalços superados pelos autores e, em especial, o quanto o apoio de familiares, amigos e colegas de trabalho ou estudo fizeram a diferença na superação dos problemas que pesquisas nesses níveis depreendem. Espero poder, em poucas palavras, transmitir igual sensação, pois tenho muito a agradecer. Primeiro a Deus, que sempre iluminou meus caminhos. A meus pais, Nei e Beth, com os quais aprendi que o mais importante é buscar a felicidade. Aos meus irmãos, Ana e João, pelo amor incondicional que me transmitem diariamente, e aos respectivos companheiros, Tiago e Isa, por compreenderem a força do amor que une nossa família, desde meus avôs e tios, até primos e sobrinhos. Sem vocês, nada disso seria possível. À minha mentora, profa. dra. Maria Cristina Wissenbach, cuja abnegação aos seus orientandos a transforma em uma segunda mãe para todos. E aos seus orientandos, Elisângela, Fábia, Ivana, Juliana Magalhães, Juliana Farias, Chico, Tico, Gilson, Rosana, Thiago e, em especial, Elaine Ribeiro e Rafael Galante. À profª. Drª Maria Odila Leite da Silva Dias, por primeiramente abrir-me espaço na USP e pelos inúmeros trabalhos inspiradores. E aos demais profs. drs. que também contribuíram muito com minha formação como historiador: Maria Helena P. T. Machado, Lilia Moritz Schwarcz, Rafael de Bivar de Bivar Marquese, ..., e, a dois em particular por dividirem comigo a paixão pela capoeira, Maurício Barros de Castro e Matthias Assunção. A todos aqueles que, dentro ou fora do meio acadêmico, produziram trabalhos anteriores aos meus, sem os quais talvez meu estudo fosse impossível, enfatizando um pesquisador que me deu todo o suporte que pôde, Carlos Carvalho Cavalheiro. E aos funcionários dos arquivos nos quais pesquisei, sempre muito solícitos. Aos mestres de capoeira que já se foram, mas que até hoje suas histórias inspiram praticantes da capoeira no mundo inteiro, Pastinha, Bimba, Waldemar, Canjiquinha, Caiçara, Paulo dos Anjos, Traíra, Besouro, Cobra Verde, Manduca da Praia, Leopoldina, Nascimento Grande,... E aos mestres mais antigos ainda vivos, 7 repositórios da história da capoeira, João Pequeno, João Grande, Boca Rica, Decânio, Acordeon, Suassuna,... Com carinho especial, a Roberto Teles de Oliveira, o mestre Sombra, responsável pela minha linhagem na capoeira, Senzala de Santos, e a todos os seus formados, principalmente ao meu