Esportes Não Olímpicos
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Capoeiragem ANDRÉ LACE LOPES Capoeiragem – Brazilian old street fight Capoeira, whose historical files go back to the beginning of the with dances and Afro-Brazilian rituals, and (ii) Capoeiragem: a since the end of the 19th century. According to the pioneer 19th century, is a popular fight in the northeast and southeast of utilitarian fight with its roots in Old Rio de Janeiro. Capoeiragem research conducted by the Federação Italiana de Capoeira (Italian Brazil. Today, Capoeira can be found anywhere in the world can be endangered today as the older masters have already Capoeira Federation), there are more than 500 research papers either as a martial art or as a type of fight with rhythm and retired and the few remaining younger masters have been on capoeira, particularly on rhythm and singing. However, the singing. This chapter starts off from the original African influences migrating to other similar fights such as muay thay, karate or repertoire here revealed an antagonism: capoeira is a theatrical of Capoeira and then examines the two varieties Capoeira has Thai boxing. This chapter displays an inventory of selected sources fight while capoeiragem is a dramatic fight (see chapter on developed into along the years: (i) Capoeira: a fight conducted that have described and analyzed capoeira and capoeiragem Capoeira in this Atlas). Origens e Definições A capoeiragem nasceu em berço africano. 1886 Abreu, Plácido de. Os capoeiras. Rio de Janeiro: Escola quando o capoeira Francisco da Silva Cyriaco, mais conhecido por Não, certamente, com este nome e tampouco com suas formas Serafim Alves de Souza. Português radicado no Rio de Janeiro, Moleque Cyriaco, nascido em Campos, Rio de Janeiro, venceu Sada atuais. Até mesmo seus componentes mais herméticos – filosóficos, onde tornou grande escritor e jornalista. Exímio e valente capoeira, Miyaco (Conde Koma), um campeão japonês de jiu-jitsu. Resultado ritualísticos, técnicos, musicais e religiosos – ao longo do tempo, cidadão militante, acabou covardemente assassinado. Seu livro – desconcertante, sobretudo para a Marinha de Guerra que acabara vêm sofrendo profundas modificações. A origem africana, Os Capoeiras – considerado um livro cult está sendo adaptado de contratar o japonês para ensinar a “nobre arte do jiu-jitsu” aos entretanto, é evidente e incontestável. Comprovada não apenas para um especial para TV. Para escrevê-lo, D‘Abreu usa o recurso marinheiros brasileiros. O confronto realizou-se no dia 1º de maio pelo perfil étnico predominante dos capoeiras brasileiros do passado, de adiantar um resumo do seu livro seguinte – Guaiamus e Nagoas de 1909, no Pavilhão Internacional na Avenida Central, hoje Avenida mas, sobretudo, pela existência na África, há séculos, de práticas – (que deixou incompleto), e, ainda, listar uma relação de gírias Rio Branco. O resultado foi amplamente divulgado por jornais e similares. O Moringue no Oceano Índico – Ilha de Reunião, próprias da capoeiragem da época. Estratégia apropriada posto revistas, publicados no Rio de Janeiro e de circulação nacional (Jornal Madagascar, Moçambique etc – sem dúvida, é um bom exemplo. O que um dos personagens principais do romance – Fazenda (ou do Commercio, Kosmos, Careta, Malho etc). mesmo raciocínio pode ser ajustado ao berimbau africano, Albano...) – era um respeitável capoeira guaiamu; e, ao longo do instrumento musical que, no Brasil, acabou fortemente associado romance, ocorrem confrontos entre os guaiamus e os nagoas, as 1922 Publicação de Pederneiras, Raul. Geringonça carioca: ao jogo da capoeira. Cada vez menos, mestres de capoeira e duas mais poderosas e temidas maltas de capoeiragem de então. verbetes para um dicionário da gíria. 2. edição revista e aumentada. pesquisadores tendem a divergir quanto a esses aspectos. Da Rio de Janeiro: Officinas Graphicas do Jornal do Brasil. Referindo- mesma forma que está surgindo um consenso sobre a utilização do 1890 Decreto nº 487 de 11 de outubro (Código Penal Brasileiro): se a capoeira diz o autor: “Geringonça carioca nasceu do vulgo nome “capoeira” para rotular o ensino e a prática do jogo com “Art. 402. Fazer nas ruas e praças públicas exercícios de agilidade hybrido, da mestiçagem que formou a nacionalidade. A primeira a acompanhamento musical (cantoria e ritmo: berimbau, pandeiro, e destreza corporal, conhecidos pela denominação de capoeiragem destacar-se foi a do capoeira, essa entidade que teve foros de caxixi, reco-reco, agogô, atabaque), e a utilização do nome andar em correrias, com armas ou instrumentos capazes de produzir instituição, esse exercício que alcançou as principaes camadas da “capoeiragem” para a prática da capoeira como uma espécie de uma lesão corporal, provocando tumulto ou desordem, ameaçando sociedade” (Duas Palavras, p. 3). Grande parte do livro de briga abrasileirada de rua, em desuso, na qual, no máximo, batiam- pessoa certa ou incerta, ou incutindo temor de algum mal: Pena – Pederneiras baseia-se na gíria específica dos capoeiras da época. se palmas e cantavam-se versos curtos (samba duro, pernada carioca De prisão celular de dois a seis meses.” Daí a sua importância como memória. etc). A Capoeira, dança-luta, com ritmo completo e lindas cantorias, 1890 Data da primeira edição de Azevedo, Aluísio. O Cortiço 1924 Netto, Coelho, Nosso Jogo, do livro Bazar. Livraria Chardron, espalhou-se pelo Brasil inteiro, sendo muito difícil, senão impossível, (30a. edição). Rio de Janeiro: Ática, 1997. No capítulo X, há um de Lello & Irmão Editores, Rua das Carmelitas, 144, Porto, Portugal, afirmar com exatidão aonde ela teria aportado ao chegar da África confronto do capoeira Firmo com o português Jerônimo, que se 1928. Este livro foi publicado em 1928 (Porto), mas o artigo Nosso nas suas formas mais primitivas. O estado da Bahia, entretanto, é socorreu de um “varapau minhoto” na parte final da luta. Jogo foi publicado, pela primeira vez, em 1924, no Rio de Janeiro. reconhecido hoje como o grande celeiro de mestres da capoeira mais tradicional, chamada genericamente de Angola, denominação 1906 Capoeira. Kosmos, Rio de Janeiro, v. 3, n. 3, mar. 1906. 1928 Burlamaqui, Annibal. Ginástica nacional: methodizada e sem muita precisão porque a História do Brasil é bastante pródiga Artigo escrito pelo cronista Lima Campos que vale como registro regrada. Rio de Janeiro: [edição do autor]. Mais completo do que o ao registrar a prática da capoeira antiga, “tradicional”, em vários de memória da luta e da época; ilustrações do famoso Calixto livro de “ODC”sobre a capoeiragem, foi distribuído para os estados, outros estados, como Pernambuco e Rio de Janeiro. Essas capoeiras, Cordeiro com valor iconográfico. servindo de fonte inspiradora para novos trabalhos similares. entretanto, nada tinham de “angola”, nem o nome, nem o estilo, nem o propósito. Embora sendo também luta, a chamada Angola 1907 O.D.C. Guia do Capoeira ou Ginástica Brasileira (2a. edição). 1929 Capoeiragem e Capoeiras. Revista Criminal, no. 28. Rio de envolvia e envolve outros componentes fascinantes, mas fora do Rio de Janeiro, Livraria Nacional. Livro duplamente misterioso. Janeiro, 1º de maio do ano assinalado. Artigo escrito pelo jornalista presente contexto de luta pura. Já a capoeiragem, ou seja, a Pelo seu autor que não quis aparecer e, sobretudo, pelo seu e capoeira Paulo Várzea: “Madrid tem o chulo; Buenos Aires, o capoeira-luta, a capoeira briga-de-rua, concentrou-se, sobretudo, desaparecimento da Biblioteca Nacional. Por sorte, antes desta compadron; Lisboa, os fadistas, o Rio de Janeiro, a Capoeiragem...” no Rio de Janeiro, onde foi, ora adulada ora perseguida pela ocorrência, Annibal Burlamaqui teve a chance de copiá-lo (sem ter 1931 “Escola Typica de Agressão e Defeza”- Entrevista com Jayme sociedade e pelos governos. Em perspectiva atual, há diversos como reproduzir as ilustrações). Enquanto o original não reaparece Ferreira, Noite Ilustrada, junho 24, 1931. Reportagem pela qual se fatos passados sobre esta relação conflitiva que podem ser é esta cópia que está correndo o mundo. Segundo alguns estudiosos, pode perceber a existência de várias academias, nas décadas de apreciados nos registros de memória encontrados a seguir. Estes, “ODC” não representa as iniciais do possível nome do misterioso 1920 e 1930 no Rio de Janeiro: “A Capoeiragem tem no Rio, o seu em resumo, sugerem um contraponto: a capoeira é uma luta autor; “ODC” significa simplesmente, “Ofereço, Agradeço, período áureo. Foi quando praticada no “batuque”, apenas pelos dramatizada; a capoeiragem é uma luta dramática. Consagro”. Corre, ainda, uma curiosa versão em que a autoria do livro é atribuída ao primeiro tenente da Marinha José Egydio Garcez chamados “malandros”, se irradiou pela cidade toda, descida da 1828 O Governo convoca a Capoeira: “À 9 de julho de 1828, o Palha. Tendo esse oficial falecido em 1898, seu livro sobre capoeira Favela e de outros morros mais ou menos célebres, na pessoa do segundo batalhão de granadeiros alemães revoltou-se, protestando foi publicado posteriormente sobre a sigla ODC. “capoeira” que se servia della para levar a bom termo as suas contra o espancamento de um de seus soldados. D. Pedro I prometeu proesas de certo modo arriscadas”. atendê-los no prazo de oito dias, mas no dia seguinte o batalhão de 1908 Ano da primeira edição de Rio, João do (João Paulo Barreto). 1931 “Combates que despertam Emoção”. Jornal dos Sports, 3 irlandeses insubordinou-se e poucos depois o dos granadeiros A alma encantadora das ruas. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de julho de 1931: “As gymnasticas nacionais (capoeiragem) e alemães. E os mercenários iniciaram o saque na cidade. A população de Cultura, Departamento de Documentação e Informação Cultural, japoneza, face a face...”. A matéria termina da seguinte maneira: teve de correr para a rua, a fim de defender a sua propriedade. Divisão de Editoração, 1995 (Biblioteca carioca). Neste livro, João “Os juizes serão os srs. Carlos Gracie. Director da Academia de jiu- Vidigal congrega os capoeiras e os comanda no ataque à soldadesca do Rio registra a presença do berimbau no Rio. Significativa a jitsu, e Jayme Ferreira, director da Academia de Capoeira”.