Capoeira E Capoeiras Entre a Guarda Negra E a Educação Física No Recife
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ISRAEL OZANAM Capoeira e Capoeiras entre a Guarda Negra e a Educação Física no Recife Recife Fevereiro de 2013 ISRAEL OZANAM Capoeira e Capoeiras entre a Guarda Negra e a Educação Física no Recife Dissertação de Mestrado apresentada ao Departamento de História do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Pernambuco pelo aluno Israel Ozanam de Sousa Cunha, sob a orientação da Profa. Dra. Isabel Cristina Martins Guillen. Recife Fevereiro de 2013 Catalogação na fonte Bibliotecária Divonete Tenório Ferraz GominhoCRB4-985 O99c Ozanam, Israel. Capoeira e capoeiras entre a guarda negra e a educação física no Recife / Israel Ozanam.. – Recife: O autor, 2013. 294 f. : il. ; 30 cm. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Isabel Cristina Martins Guillen. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Pernambuco, CFCH. Programa de Pós Graduação em História, 2013. Inclui bibliografia. 1. História. 2. Capoeira. 3. Cidadania. 4. Educação física. 5. República – Brasil. I. Guillen, Isabel Cristina Martins. (Orientadora). II. Título. 981 CDD (22.ed.) UFPE (CFCH2013-19) ATA DA DEFESA DE DISSERTAÇÃO DO ALUNO ISRAEL OZANAM DE SOUSA CUNHA Às 9h. do dia 18 (dezoito) de fevereiro de 2013 (dois mil e treze), no Curso de Mestrado do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, reuniu-se a Comissão Examinadora para o julgamento da defesa de Dissertação para obtenção do grau de Mestre apresentada pelo aluno Israel Ozanam de Sousa Cunha intitulada “Capoeira e Capoeiras entre a Guarda Negra e a Educação Física no Recife”, em ato público, após argüição feita de acordo com o Regimento do referido Curso, decidiu conceder ao mesmo o conceito “APROVADO”, em resultado à atribuição dos conceitos dos professores doutores: Isabel Cristina Martins Guillen (orientadora), Marc Jay Hoffnagel e Raimundo Pereira Alencar Arrais. A validade deste grau de Mestre está condicionada à entrega da versão final da dissertação no prazo de até 90 (noventa) dias, a contar a partir da presente data, conforme o parágrafo 2º (segundo) do artigo 44 (quarenta e quatro) da resolução Nº 10/2008, de 17 (dezessete) de julho de 2008 (dois mil e oito). Assinam a presente ata os professores supracitados, o Coordenador, Prof. Dr. George Felix Cabral de Souza, e a Secretária da Pós-graduação em História, Sandra Regina Albuquerque, para os devidos efeitos legais. Recife, 18 de fevereiro de 2013. Profª. Drª. Isabel Cristina Martins Guillen Prof. Dr. Marc Jay Hoffnagel Prof. Dr. Raimundo Pereira Alencar Arrais Prof. Dr. George Felix Cabral de Souza Sandra Regina Albuquerque Resumo Frequentemente se considera que no início da República a capoeira foi erradicada no Recife pela polícia, mas ao mesmo tempo ela seria hoje herdeira da tradição dos “brabos” ou “valentes” que viveram na cidade no período. Essa aparente contradição está relacionada a uma compreensão daquela prática como dotada de significado estável ao longo do tempo e, no passado, pertencente naturalmente aos sujeitos classificados como “capoeiras”. Ao explorar o sentido da atribuição dessa identidade coletiva por quem produziu as fontes consultadas, espera-se aqui considerá-la uma categoria que oscilou de acordo com as mudanças nas compreensões difundidas sobre a capoeiragem e com as disputas por produzir diferenças sociais que restringissem a participação política de determinados segmentos da população recifense entre o final do século XIX e o início do século XX. Portanto, a questão central desta dissertação é a relação entre os significados da capoeira no período das supostas repressões republicanas e as trajetórias dos sujeitos cujo legado é atualmente reivindicado por capoeiristas do Recife. Palavras-chave: cidadania, cultura física, guarda negra, pós-abolição, primeira república Abstract Capoeira is frequently considered to have been eradicated in Recife in the beginning of the Republic by the police; however nowadays some might consider this practice the heir of the tradition of the “brabos” (“furious/angry”) and the “valente” (“brave”) who lived in the city during that period. This apparent contradition is related to an understading of this practice as having an estable meaning throughout time and, in the past, as naturally belonging to those called “capoeiras”. By exploring the meaning of the attribution of such colective identity by those who elaborated the sources consulted, this work aimed at classifying this identity as a category that has oscillated according to the changes in the interpretations spread out about “capoeiragem” (“‘capoeira’ practices”) and according to the disputes to produce social differences that could restrict political participation of certain segments of Recife’s population between the end of the nineteenth century and the beginning of the twentieth century. Therefore the main question in this dissertation is the relation between the meanings of capoeira in the period of the alleged republican repression and the trajectories of the subjects whose legacy is nowadays claimed by “capoeira practitioners” from Recife. Keywords: citizenship, physical culture, Black Guard, post-abolition period, First Republic Deputado Duarte de Azevedo: Se nos diversos pontos do Império, não em malta ou em reuniões sediciosas, mas isoladamente, um indivíduo ofender a outro com uma cabeçada, com uma rasteira, ou de qualquer outro modo jeitoso, para mais facilmente subjugar a sua vítima e feri-la ou matá-la, verificar-se-á, além do crime comum de ofensa física ou de homicídio, o delito de capoeiragem? Deputado Seve Navarro: Não. Anais do Parlamento Brasileiro – Câmara dos Srs. Deputados, sessão em 29/08/1887. A Plantinha. Agradecimentos Não foi por que eu quis, mas de uma maneira que não sei explicar criou-se em mim a impressão de que o tópico dos agradecimentos de uma dissertação consiste em política disfarçada de afetividade. Essa impressão carrega consigo uma distinção entre as duas coisas, o que possivelmente é uma infantilidade minha. Com ela, passei a achar que quanto mais afetivos, menos políticos seriam os meus agradecimentos; e vice-versa, a começar pela linguagem utilizada, mas também pela ausência de alguns nomes. Bem, a essas alturas certamente ninguém vai querer ver o seu nome aqui (exceto talvez Dirceu, que não abre mão de ser mencionado neste tópico, mesmo merecendo muito mais). Porém, digo com sinceridade, estas linhas não são um ardil para evitar escrever umas vinte páginas – pois as ajudas que recebi vão por aí – e sim uma justificativa do porquê de eu não me sentir à vontade para condensar a minha gratidão aqui. Ela também não está condensada ao longo do texto. Em suas notas de rodapé eu eventualmente agradeci a algumas pessoas por motivos relacionados diretamente ao contexto da coleta de fontes e da escrita, exceto no caso da minha orientadora Isabel Guillen, a quem mencionei em função do seu papel na pesquisa como um todo. Mas eu não fui ajudado apenas por quem consta nas notas. Aos mais próximos, tentarei ser grato no dia-a-dia de diversas formas. Os mais distantes são, no final das contas, todos os contribuintes que com seus impostos me permitiram sair da rotina de auxiliar administrativo no comércio e passar cerca de cinco anos estudando. Lamento pelas e pelos colegas de trabalho que não tiveram a mesma chance. Quando penso em vocês indo em ônibus e metrôs lotados, passando o cartão pela manhã, passando o cartão à noite e voltando em ônibus e metrôs lotados, sinto vergonha por não ter aproveitado mais a minha liberdade para estudar na iniciação científica e no mestrado. Como manda o figurino e por serem os canais pelos os quais me chegaram os recursos e incentivos de uma maneira ampla, agradeço à FACEPE pelas bolsas do PIBIC e de mobilidade discente, ao CNPq pela bolsa de mestrado e aos departamentos de História da UFPE e da UNICAMP. Se eu soube aproveitar as oportunidades proporcionadas por eles, é outra questão. Já que estou me referindo a instituições, gostaria de saudar a todos os arquivos nos quais tive manhãs e tardes tão nostálgicas por meio de um agradecimento particular ao IAHGP, cujas portas sempre estiveram abertas para mim (exceto em sábados contíguos a feriados). Saudações também ao Terça com Tobias, o corresponsável pelos erros que certamente serão encontrados no texto. Lista de quadros e figuras Quadro 1: Presos por/como capoeira (profissão) .......................................................... 157 Quadro 2: Presos por/como capoeira (instrução) .......................................................... 160 Quadro 3: Presos por/como capoeira (cor) .................................................................... 161 Quadro 4: Presos por/como capoeira (idade) ................................................................ 163 Quadro 5: Denúncias de conflitos envolvendo capoeiras em bandas de música entre 1887 e 1909 (amostragem por bandas citadas) .............................................................. 173 Quadro 6: Denúncias de conflitos envolvendo capoeiras em bandas de música entre 1887 e 1909 (amostragem por bairro) ........................................................................... 177 Figura 1: A República comparada à escravidão em charge sobre as deportações dos envolvidos nos episódios que ficaram conhecidos como Revolta da Vacina. Jornal Pequeno de 01/05/1905 ................................................................................................... 85 Figura 2: 1 – Praça João Alfredo; 2 – Estrada dos remédios; 3 – Estrada nova de Caxangá; 4 – acesso a Capunga. Fragmento da Planta da Cidade do Recife,