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Julho 2013 | www.fnlij.org.br DESDE 1968 Resultado dos Concursos FNLIJ 2013 á 18 anos a Academia Estudantil de Letras – Entrega dos Certificados F u n d a ç ã o AEL – desenvolvido em São Paulo Nacional do e a Mala de Leitura – Missão Este ano, a entrega dos certifica- Livro Infantil e Ramacrisna – desenvolvido em dos aos vencedores dos concursos H Juvenil – FNLIJ Betim, Minas Gerais. FNLIJ ocorreu em duas ocasiões, – iniciou o seu primeiro concurso durante o 15º Salão FNLIJ. Os Melhores Programas de Incen- No 12º Concurso FNLIJ Leia tivo à Leitura Junto a Crianças e Comigo! o júri elegeu dois textos No dia 12 de junho, durante o X Jovens de Todo o Brasil, com foco vencedores em cada uma das duas Encontro Nacional de Autores Indí- na promoção da leitura literária. categorias: Ficcional e Real. Na genas, no 15º Seminário FNLIJ, Depois vieram os concursos: Leia categoria Real o vencedor foi o realizado no Auditório do 15º Comigo!; Curumim – Leitura texto Ler na Bititinga, de Vanessa Salão FNLIJ, em parceria Inbrapi, de Obras de Escritores Indígenas Brandão Maya de Omena cujo tema foi Buscando horizontes. e Tamoios – Textos de Escritores (Maceió/AL) e em segundo lugar Gerando metamorfoses, Tatiane, Indígenas, os dois últimos em ficou o textoLer América, de vencedora do Concurso Curumim parceria com o Instituto Indí- André Telecazu Kondo (Jundiaí/ – Leitura de Obras de Escritores Indí- gena Brasileiro para Propriedade SP), ganhador pela segunda vez genas e Jaime, contemplado com Intelectual – Inbrapi. consecutiva. Na categoria Ficcio- Menção Honrosa no Concurso nal o vencedor foi o texto Ana FNLIJ/Inbrapi - Tamoios – Textos Os inscritos são avaliados por Luíza e as letras do lixo, de Valdir de Escritores Indígenas, receberam os uma Comissão Julgadora, for- Bressane (Oscar Bressane/SP) e certificados e livros oferecidos pela mada por especialistas em Litera- em segundo lugar o texto Eu sei FNLIJ. tura Infantil e Juvenil, atendendo quem escreveu..., de Ivane Laurete aspectos como a originalidade Perotti (Sete Lagoas/MG). No dia 14 de junho, no final do quanto à concepção e operacio- Encontro Paralelo, organizado pelo nalização; área de abrangência; O texto vencedor do 10º Con- Movimento por um Brasil Literário qualidade do acervo de livros curso Curumim – Leitura de Obras - MBL, os vencedores e os contem- utilizado; práticas que propiciem de Escritores Indígenas foi Todo plados com Menção Honrosa nos a criação e a geração de autono- mundo tem um pouco dos indíge- concursos FNLIJ: Os Melhores Pro- mia de leitores; periodicidade das nas dentro de si, de Tatiane P. de gramas de Incentivo à Leitura Junto ações; resultados alcançados e Souza Faria Motta (Jardim Amé- a Crianças e Jovens de Todo o Bra- formas de propostas de continui- lia/Americana/SP). sil e Leia Comigo! receberam seus dade; referências teóricas e práti- certificados e livros oferecidos pela cas que lhe sirvam de base. No 10o Concurso FNLIJ/ FNLIJ. Estiveram presentes: a vice- Inbrapi - Tamoios – Textos de presidente da Missão Ramacrisna, A Comissão Julgadora concedeu Escritores Indígenas, a Comissão Solange Bottaro; Vanessa Omena e Menção Honrosa, a dois projetos Julgadora concedeu somente André Kondo, primeiro e segundo inscritos no 18º Concurso FNLIJ Menção Honrosa que coube ao lugares na categoria Relato Real, do Os Melhores Programas de Incen- texto Wãhtirã – A lagoa dos mor- Leia Comigo! tivo à Leitura Junto a Crianças e tos, de Jaime Moura Fernandes/ Jovens de Todo o Brasil. São eles: Dessana (Manaus/AM). 18º Concurso FNLIJ Os Melhores Programas de Incentivo à Leitura Junto a Crianças e Jovens de Todo o Brasil

mais antigo dos Nesta edição os projetos eleitos da Silva, Missão Ramacrisna, em quatro concursos foram contemplados com Menções Betim/Minas Gerais, sob a respon- FNLIJ é Os Melhores Honrosas. O projeto Academia Es- sabilidade de Solange Bottaro. O Programas de Incen- tudantil de Letras – AEL – é de- Os responsáveis por cada um deles tivo à Leitura Junto a Crianças e Jovens senvolvido na capital paulista, en- recebeu da FNLIJ livros de literatura de Todo o Brasil, que está na sua 18ª volvendo alunos e docentes da rede infantil e juvenil, contribuindo para edição. O objetivo do concurso é o municipal de ensino de São Paulo, o aumento da oferta de livros aos de incentivar programas e proje- servindo de modelo para outras uni- leitores dos projetos. Leia a seguir tos de estímulo a leitura junto aos dades de ensino em municípios do sobre os dois projetos que receberam públicos infantil e juvenil, levando estado e fora dele, sob a responsabi- Menção Honrosa no 18º Concur- em conta critérios como originali- lidade de Maria Sueli Fonseca Gon- soOs Melhores Programas de Incentivo dade na concepção, viabilidade, área çalves. O outro projeto agraciado foi à Leitura Junto a Crianças e Jovens de de abrangência e número de bene- Mala de Leitura, desenvolvido na Todo o Brasil. ficiários. Biblioteca Professor Arlindo Corrêa Academia Estudantil de Letras – AEL - São Paulo EL configura-seSeminários dos alunos sobre os O Projeto AEL foi criado em em uma estratégia autores e suas obras, resultado 2005. Atualmente, existem pedagógica, com o das pesquisas feitas, momento 22 (vinte e duas) Academias A objetivo de desen- também em que compartilham Estudantis de Letras, na Rede volver o gosto dos alunos pela textos e experiências. Os Semi- Municipal de São Paulo, leitura, elevando sua autoes- nários constituem-se em um inauguradas entre 2005 e 2012, tima, promovendo a inclusão momento especial, em relação envolvendo cerca de 1500 (mil social no processo de aqui- ao exercício do desempenho dos e quinhentos) alunos, resultado sição da linguagem, envol- jovens, pois, para realizá-los, os da expansão de um projeto que vendo alunos e professores do “acadêmicos” utilizam-se dos nasceu de forma espontânea ensino fundamental, gestores, recursos materiais disponíveis em uma escola da região leste funcionários e pais de alunos e ainda contam com a colabo- da cidade. A iniciativa também da Rede Municipal de Ensino ração espontânea dos colegas, serviu de modelo para a implan- de São Paulo. Tendo como numa demonstração de solida- tação de Academias Estudan- modelo a Academia de Letras, riedade e de companheirismo. tis de Letras em escolas das com as devidas adaptações Escritores, poetas e convidados, cidades de Ferraz de Vasconce- para o público estudantil, visa professores e pais dos “alunos los, Guarulhos, Poá e Suzano e, promover a leitura. Os alunos acadêmicos” comparecem a para além do estado, em Apodi, escolhem um autor da literatura esses encontros. O Cronograma interior do Rio Grande do Norte. para representar na Academia. Anual das Atividades é orga- Há registro da reaplicação da Fazem pesquisas e realizam nizado com a seguinte configu- experiência em outros estados seminários sobre os seus amigos ração: no primeiro semestre são do Brasil, como Quixadá (CE) literários. Assistem a palestras realizadas as Festas Anuais de e Tijucas (SC). Leia mais sobre de poetas, escritores e artistas Posse em todas as escolas que já o projeto Academia Estudantil convidados. fundaram suas Academias e, no de Letras através do link: segundo semestre, as Fundações http://academiaestudantilde- Além das reuniões sema- das Novas Academias, e a Mostra letras.blogspot.com.br/ nais de literatura e de teatro, Anual de Teatro. mensalmente, são realizados os

Notícias - Julho 2013 2 Mala de Leitura Betim – Minas Gerais - Menção Honrosa

Missão Ramacrisna nil – FNLIJ, Educar para Crescer, FNLIJ nos anos de 1982 a 1986. que abriga a biblio- Eco Futuro dentre outros. teca Professor Arlindo “Os Pescadores de Leitores A Corrêa da Silva foi Em junho de 2010, nasceu o é um grupo de alunos da fundada em 03/02/1959, como projeto Mala de Leitura, uma inici- Ramacrisna que participou das uma instituição social, cuja iden- ativa da Coordenação da Biblioteca ações de formação de mediadores tidade organizacional é “Promover Arlindo Corrêa da Silva, na Creche de leitura da biblioteca, que sonhos, transformar vidas por meio Centro Infantil Municipal Casa após serem formados passaram de soluções em educação e profis- Escola Jardim Recreio (Vianópo- a realizar medições de leitura sionalização, visando o desenvolvi- lis). A ideia surgiu a partir da em escolas públicas da área mento humano, cultural, social, experiência acumulada em proje- de abrangência da instituição tecnológico, cientifico e ambi- tos de leitura em uma região com e em eventos literários. Além ental.” Em 1974, a Ramacrisna pouco ou nenhum investimento na de realizarem mediações criou a Biblioteca Arlindo Corrêa área da leitura e/ou de biblioteca, semanais na Unidade Básica da Silva, (que recebeu o nome do como Vianópolis. de Saúde – UBS Marimbá, em fundador). A biblioteca é informa- Dezembro/2010. Nessa iniciativa tizada, com acervo de 5.000 livros Partindo do princípio que não do grupo, os mesmos levavam cadastrados, encontra-se aberta de havia estrutura adequada para o projeto Mala de Leitura para segunda a sexta-feira, das 7 às 16 exposição e alocação de livros na intermediar suas intervenções, horas para uso de toda a comuni- creche, criou-se a Mala de Leitura. que os permitiam sensibilizar dade de seis bairros que compõem Uma forma de transportar os livros ainda mais o público da unidade, a regional de Vianópolis (Vianópo- em segurança e manter sua integri- quanto ao prazer inerente ao ato lis, Tapera, Açude, Santo Afonso, dade física durante o período que de ler e/ou ouvir boas histórias”. Pimentas e Marimbá). Vale desta- ficassem no ambiente da creche, Conheça mais sobre o projeto car que a coordenação da biblio- uma vez que essa mala se transfor- Mala de Leitura através do link: teca prima pela renovação e ampli- mava em estante móvel, podendo http://lereler.blogspot.com. ação, constante, de seu acervo ser fixada em qualquer estrutura br/2013/05/projeto-mala-de- priorizando a aquisição de livros fixa ou móvel. Lembrando a leitura-da-biblioteca.html indicados pelo site da Fundação “sapateira” da Ciranda de Livros, Nacional do Livro Infantil e Juve- projeto pioneiro, desenvolvido pela 12º Concurso Leia Comigo! o ano de 2001 a reais. Na categoria Real o vencedor ias e a criatividade na elaboração dos FNLIJ promoveu a foi o texto Ler na Bititinga, de Vanessa relatos. Os vencedores ganharam primeira edição do Brandão Maya de Omena (Maceió/ livros de literatura infantil e juvenil. N concurso Leia Comigo! AL) e em segundo lugar ficou o texto A proposta foi de incentivar a leitura Ler América, de André Telecazu Kondo De acordo com o regulamento entre o adulto e a criança, promovendo (Jundiaí/SP). Na categoria Ficcional do concurso Leia Comigo! a FNLIJ a ideia de que o adulto é o principal o vencedor foi o texto Ana Luíza e as publica integralmente no jornal mediador do interesse da criança e letras do lixo, de Valdir Bressane (Oscar Notícias, os textos escolhidos pela do jovem, pela leitura. O concurso Bressane/SP) e em segundo lugar o comissão julgadora da instituição. é voltado para adultos, brasileiros ou texto Eu sei quem escreveu..., de Ivane Conheça os vencedores: estrangeiros residentes no Brasil, cujo Laurete Perotti (Sete Lagoas/MG). tema seja uma situação de leitura partilhada entre ele e a criança ou o O júri FNLIJ analisa cada um dos jovem. Os textos podem ser apresen- textos inscritos e leva em conta a origi- tados como relatos ficcionais ou fatos nalidade do tema, organização das ide-

Notícias - Julho 2013 3 Relatos Ficcionais

Ana Luíza e as letras do pareciam não jogar livros infantis O pequeno folheou-o cuidadosa- lixo no lixo, ou talvez não os tivesse mente de lá para cá e de cá para lá Por Valdir Bressane, em casa. Por mais que andasse a tentando entender o que dizia. de Oscar Bressane/São Paulo. cata de um, nunca o encontrava. Encontrava livros sem figuras, - Tata, como é o nome desse sol a pino, mas ela de gramática, de matemática... livro? não sentia. Não Alguns falavam sobre coisas que - Fábulas. ouvia os sermões de ela não entendia, mesmo assim os - Ele é tão bonito. Lê para mim. O sua mãe: lia. Talvez, quando crescesse, os pudesse compreender. Algumas Ana Luíza pôs-se a ler imediata- - Ana Luíza, se você estragar as histórias adultas ela reinventava mente diante dos olhos impres- vistas com essas porcarias quero e contava ao seu irmão Juquinha sionados do irmão. Leuvárias ver quem vai ter dinheiro para lhe que ria, admirava-se ou assustava- páginas, o menino nem piscava. comprar óculos. se. Ela adora ver suas reações a essa Ela sabia como contar uma boa ou àquela estória. história, fazia os personagens fala- Mas ela não se importava se sua rem. visão, tão boa, pudesse ser prejudi- Quis a sorte que numa bela cada. Pelo contrário, quanto mais manhã ela encontrasse um Durante aquela manhã ficaram lia, melhor enxergava, seus olhos livro grande de capa dura, com sentados na cama, um ao lado do se abriam para um mundo vasto. desenhos. Um livro velho. outro, viajando pelas histórias de Algumas palavras pareciam Monteiro Lobato. Durante horas percorria as ruas escritas erradas, concluiu, porém, da cidade à cata de reciclagens que eram palavras muitas velhas, Perto do meio dia, sua mãe que a mãe vendia para conseguir usadas, talvez, por sua avó Emília chegou. Ana Luíza correu mostrar- pagar as contas do mês. Achava quando jovem. Voltou correndo lhe o fruto do seu trabalho. interessante o quanto as pessoas para casa, o livro seguro numa desperdiçavam em suas casas, em mão, com a outra empurrava o - Mãe. Mãe. Encontrei um livro suas vidas. Jogavam tudo aquilo carrinho com as outras recicla- para o Juquinha. que não lhes era útil, ou parte de gens. Entrou no barraco correndo. suas vidas que não queriam mais Quase sem fôlego pôs-se ao pé da Sua mãe tinha o cenho franzido. reviver, nem ver, nem sentir. Sua cama de Juquinha ainda adorme- Olhou-a com os olhos lampejando pouca idade, 11 anos, não era o cido. de raiva. suficiente para lhe limitar a curio- sidade aguçada de que era vítima. - Juquinha, olha o que eu achei. - É por causa dessa porcaria que Ela queria saber tudo o que acon- o seu carrinho está vazio? tecia no mundo, conhecer o por- O menino abriu os olhos ainda menor de tudo, entender como sonolentos, deparou-se com o sor- Ela entendeu o porquê do ódio cada coisa funcionava. Não se im- riso da irmã. Sorriu sem entender o no olhar da mãe, ela não perdoava portava com o que lia, poderia ser que acontecia. Mas, tão logo, Ana chegar em casa com o carrinho até bula de remédio, uma revista Luíza, colocou o livro à sua frente vazio. Sentiu, no mesmo instante, velha, uma carta de um estranho... ele abriu-se num sorriso largo. Ela uma bofetada em seu rosto. Sua Simplesmente lia. Precisava ler encontrara o seu livro cheio de de- mãe tomou-lhe o livro das mãos: cada vez mais, era uma fome in- senhos. terminável de conhecimento. - Olha, aqui, vou lhe ensinar - Você achou um livro para para que servi essa porcaria. Prometera ao seu irmão de sete mim? anos, o Juquinha, que, um dia, lhe Cega de ódio, a mãe, começou a traria um livro de histórias boni- Ela fez que sim com a cabeça, rasgar o livro em pedaços, amas- tas, todo colorido. Mas as pessoas passou o livro às mãos do irmão. sando as folhas e jogando-as na

Notícias - Julho 2013 4 cara da menina. Depois, tirou o que você jamais vai esquecer. Livro sua alma. chinelo do pé, deu tanto na me- é para filhinho de doutor que pode nina a ponto de deixá-la prostrada estudar, você é pobre, se parar para Mesmo sentindo dor continuou no chão, implorando para que a ler, vai morrer de fome.A menina a pegar latinhas, garrafas pets, mãe parasse. pegou o seu carrinho. Seu corpo papelão e livros que ocultava dos doía. Enquanto andava pelas ruas olhos da mãe. E os seus livros lhe - Agora, pega o carrinho e vai da cidade sentia a dor da covardia deram arroz, feijão, um salário, trabalhar. Se eu pegar você de da mãe, uma dor que ia além da uma casa e esperança. novo com uma porcaria de um surra, além do corpo. Sua mãe não livro nas mãos dou-lhe uma surra rasgara um simples livro, rasgara

Eu sei quem escreveu… mais perto de meus pés. Juntei ali mesmo. No chão, o melhor contrafeito achando que poderia lugar do mundo naquele mo- Por Ivane Laurete Perotti, parecer um gesto furtivo, daqueles mento. As palavras chegavam en- de Sete Lagoas/MG. que às vezes a gente usava para voltas em diversas cores e cheiros, malandrar algum trocado. Ao tamanhos e formas. Eu não sabia folha amarrotada co- estender-lhe a folha de caderno em ler. Eu sabia ouvir e ouvindo lava-se em mim pelo devolução os olhos de tornaram-se chorei. Chorei pelos peixinhos lado de dentro da líquidos e demoraram-se dentro vermelhos e pelos pássaros da A camisa. Quanto mais dos meus. Antes que minhas cos- praça que via descerem em busca perto melhor. Sentia cada verso tas bloqueassem aquela visão, ouvi de migalhas. Chorei porque a voz entrar pele adentro até instalar-se sua voz dizer a primeira linha: daquela senhora vinha trazida em meu coração. Ainda ouvia a pelo vento que me abraçava carre- cadência da última voz que os lera “A estória é minha, mas o pas- gando lembranças de um menino duvidando de meu pedido: sarinho e o peixinho não são meus...” que não era eu. Chorei em silêncio para não abafar a voz que lia: “A estória é minha, mas o pas- O chafariz estava seco desde o sarinho e o peixinho não são meus...” último inverno. Os peixes ver- “Mas não me importa tê-los na melhos haviam morrido pelo ex- mão. Aprendo a me satisfazer pelos Morar nas ruas daquela cidade cesso de lixo deixado na borda de olhos, assim como os pássaros e peixes que abraçava tantos mundos não pedra. Não era disso que ela fa- que não têm mãos. “ apagava o desejo de estar em outro lava. Ninguém que eu conhecesse lugar. Queria entrar no espaço das na rua tinha peixe ou passarinho. Poderia ser eu. As palavras palavras que guardava e me deixar Era nosso o que se via de longe, tinham um pouco do que era levar pelo vento que as trouxera. A muito longe, quando o perto es- meu, do que ninguém sabia que solidão das ruas não tem a bênção tava do outro lado do mundo que eu trancafiava no fundo da parte do silêncio, mas tem milagres que nos cercava. de trás de meus olhos sempre acontecem quando a gente fecha abertos. os olhos. Ela lia. Minhas mãos vazias encheram- Fazia mais de um ano. A senhora Aquela senhora lia para mim se de alegria. Agigantaram-se to- parada em frente ao chafariz des- com tal encantamento e força que cando as nuvens, o sol, as estrelas, ligado não tinha uma moeda para me paralisei estupefato. Nunca as camas com lençol limpo, as me alcançar. Junto com o sorriso antes, nos dez anos de vida, pude mesas postas, o colo de uma mãe que me ofereceu, entregou-me a sentir tamanha emoção. com nome e endereço, o pão que folha que carregava. Dobrada em saía da padaria marcando a hora dois, a folha de caderno com linhas “Até que é fácil possuí-los. Basta do café da manhã. duplas continha letras coloridas. um aquário e uma gaiola...” Devolvi. Não sabia ler. A escola era Fazia mais de um ano que a ilusão de um lugar que não fora Abriu-se um oásis em meu peito. eu encontrara aquela senhora feito para mim. Um vento forte so- Uma onda de calor tomou conta olhando para o chafariz vazio. prou a folha para longe dela e para de minhas pernas e braços e sentei Há mais de um ano eu carregava

Notícias - Julho 2013 5 junto a mim o papel dobrado com antes de crescer, se lhe derem vidro, nem peixinhos vermelhos as letras coloridas a lápis de cor. E tempo para isso. Eu queria tempo. no chafariz. Nada se manifestava entre todas as vozes que repetiam Queria tempo para aprender a mais forte e encantador do que o os versos, a dela era a que ficava ler. Queria tempo para descobrir som das palavras lidas embalando- ecoando dentro de mim como se quem escrevera aqueles versos. me com as riquezas do mundo. percorresse meu sangue. “Lê para mim? “Era um per- Milagres acontecem diante de Memorizara todas as frases, gunta simples, mas negava-se olhos fechados e mãos vazias. todos os versos que embalaram o diante do quadro que eu fazia: “Quer ler comigo?” milagre junto ao chafariz. Ainda magro, feio, exalando o abandono assim, era diferente quando al- de meu corpo desengonçado. “Lê Os meninos de rua que são guém lia para mim. Era sempre para mim?”, pediam meus olhos filhos de ninguém devem ser novo e diferente. antes de minha boca abrir-se para amados pela natureza, pois às soltar a súplica: “Lê para mim?”, vezes ela vem até eles e abre sor- Pelas ruas da cidade que me “Lê para mim?”... risos que engolem o tempo. adotara como filho de ninguém, eu não mais pedia um trocado. Quando convencia alguém, “Quer ler esses versos junto Pedia uma leitura. E tal pedido minhas mãos tocavam o céu. O comigo? Eu sei quem os es- causava tanta estranheza que mesmo céu e as mesmas palavras creveu. Era um lindo menino e muitos fugiam com a certeza de chegavam novas; molhavam com se chamava... Bartolomeu! Bar- se tratar de mais uma estratégia leite morno o forro de minha alma. tolomeu Campos Queiroz. Leia de malandragem. Menino de rua Nem gaiola, nem passarinhos comigo!” em cidade grande vira malandro atrás das grades, nem aquário de Relatos Reais Ler na Bititinga importante, é que sempre temos jeto. Foi daí que nasceu a Biblioteca algum livrinho para levar para a Comunitária da Bititinga que fica Por Vanessa Brandão Maya biblioteca. instalada em uma salinha do an- de Omena, Maceió/AL. tigo clube da ex-usina. Geralmente, Pelo caminho, paramos para com- assim que chegamos vou logo cha- ábado, por volta de 1 e prar algum lanche para a meninada, mando a garotada para a rodinha meia da tarde, partimos e enquanto dirijo, em companhia de de leitura. Com o tempo sem rumo à Bititinga, meu filho de 12 anos e de minha chuva fica bem agradável fazer as S localizada na área rural mãe, que morou na Bititinga com atividades ao ar livre, na sombra das do município de Messias, zona da meu pai e as filhas, inclusive eu, árvores frondosas que existem no mata alagoana. De carro o percurso é ainda criança lá pela década de 60, lugar. Tem dias que tem mais gente de cerca de 1 hora, saindo da capital, quando o lugar era bem dinâmico e na rodinha, e em outras vezes tem Maceió, caso o trânsito ajude. Antes com uma pulsante usina de açúcar, menos participantes, pois alguns de pegar a estrada, os preparativos vou pensando nas atividades que ire- estão fora ou ainda por chegar. Aos para organizar na mala do carro mos fazer com a turminha, alguns poucos vamos identificando cada as caixas com os livros doados e bem pequeninos, e a maioria pré- um deles, principalmente os mais as- catalogados; algumas mudinhas ou adolescentes e adolescentes. Quando síduos, e sentindo falta daquele que sementes de plantas para o jardim chegamos, alguns deles já estão em não pôde vir. que estamos ajudando a fazer em volta do clube onde são feitas as torno da biblioteca comunitária; e o atividades do Projeto que recebeu o Antes de iniciar a Contação de que mais pudermos levar de doação, nome de Engenho de Leitura, Artes e História do dia, conversamos sobre como estantes para os livros e alguns Empreendedorismo Bititinga. algumas novidades na comunidade, brinquedos e roupas. Às vezes o sobre o que foi lido na vez passada, carro vai bem cheio, e outras vezes A família do Geraldo Rosalino, e as crianças vão lembrando das levamos apenas o que foi possível morador antigo e ex-trabalhador histórias já contadas, e os que não arrecadar naqueles dias. Mas, o mais da usina, é o nosso parceiro no Pro- participaram vão sendo motivados a

Notícias - Julho 2013 6 ficar para ouvir uma nova história. as frases nas paredes da biblioteca. iniciativas bacanas existem pelo Além da garotada, um ou outro Algumas dessas frases dizem: Ler é Brasil à fora. adulto também acompanha quando imaginar mundos novos; Ler é apre- pode. nder e criar; Ler é viajar.... Um desses contatos veio de longe, de uma brasileira que mora na cidade Depois da contação é hora de fazer Comparo o projeto na Bititinga de Zundert, na Holanda, e após uma as atividades de artes, e o meu filho como uma sementinha que foi troca de e-mail ela ficou de mandar Louis Tiago, agora já um pré-adoles- plantada em um lugar que esteve uma doação de livros infantis cente de 12 anos, tem o maior jeito tanto tempo abandonado, desde que da Biblioteca de Breda, onde ela para comandar as brincadeiras, que a usina fechou em meados dos anos trabalha como voluntária. Essa moça pode ser um desenho, um jogo, ou 90. Antes era um lugar próspero, é a Juliette Fernandes, que reaproveita dessas atividades de recortar, colar, com emprego para os moradores, a os livros infantis que são substituídos perguntar e responder, enfim, a tur- maioria trabalhadores de fazendas nessa importante biblioteca da minha, principalmente os menores, de cana-de-açúcar ou da própria Holanda e traduz as historinhas precisa de estímulo para participar, indústria. Depois da venda da usina para a nossa língua portuguesa, num perguntar, ler e aprender, e o que e da posterior falência da indústria, trabalho muito interessante de colar, queremos com as brincadeiras é des- muitas famílias deixaram o lugar, e adesivar por cima do texto original, pertar a vontade de todos em se en- e os que ficaram lutam por dias a tradução para os nossos pequenos, cantar com os livros, para além das melhores. e assim fazer com que as crianças leituras obrigatórias da escola, é claro. daqui tenham acesso a esses livrinhos Além das visitas à comunidade tão especiais. Aliás, na Bititinga de hoje existe para as atividades do projeto e da uma creche mantida pela prefeitura biblioteca, resolvi fazer um blog jus- Sobre esses livros vindos da local, além da escola municipal que tamente para dar vazão a tudo isso. Holanda, eu postei no blog Engenho existe desde os tempos da usina. Os Pena que a comunidade da Bititinga de Leitura e Artes Bititinga uma maiores completam os estudos na ci- ainda não tenha acesso à internet por historinha que se chama “Os livros dade de Messias. Isso é muito bom, lá, mas mesmo assim vamos regis- viajantes”, e dessa forma vou mostrar pois ninguém fica fora da sala de trando tudo e oferecendo dicas aos as crianças da Bititinga de onde aula, e a biblioteca é um estímulo a internautas. eles vieram, quem enviou, e assim mais para que as crianças, jovens e faremos uma contação diferente adultos tenham acesso aos livros nas As doações são sempre muito com a criançada. O bom mesmo horas de lazer. bem vindas. Recebemos livros de desse projeto é saber que, com pouco vários gêneros, a maioria didáticos, investimento e a ajuda de pessoas que Um dia pedimos aos meninos e mas também chegaram doações de nem esperávamos, podemos fazer meninas, geralmente na faixa entre 6 livros paradidáticos, infantil, infanto- algo inovador naquele lugar, dando e 15 anos, para escreverem, cada um, juvenil, técnicos e coleções. Por meio mais possibilidade de lazer, cultura, uma frase sobre o que é ler para eles. do blog vou conhecendo outros entrosamento e novas descobertas Recolhemos as frases com os nomes projetos de bibliotecas comunitárias por meio da leitura compartilhada, e as idades das crianças para impri- e essa sinergia é muito importante, e a biblioteca comunitária é sempre mir em um papel do tipo cartolina, pois vamos aprendendo muita coisa um ótimo ponto de partida para e que na próxima vez que formos à com quem já vem lidando com o novas possibilidades. Bititinga será lido por cada um deles, incentivo à leitura. É só buscar na comentado, e depois vamos colar web e vamos conhecendo quantas

Notícias - Julho 2013 7 Ler América roupa para mim. Vivo apenas entre hemisférios... Fui visitar a Por André Telucazu Kondo, com o que ganho da literatura. Biblioteca do Congresso, onde de Jundiaí/SP. Para muitos, é pouco. Para estava sendo exibida a exposição: mim, é muito mais do que o Books that shaped America. Lá uitas pessoas necessário, pois não sou afeito a estavam os livros que moldaram vivenciam viagens luxos. os Estados Unidos. Os livros incríveis, realiza- que em parte também me M das graças a um Quer dizer, o único luxo a moldaram. Também estava livro. Mas até onde um livro que me permito nesta vida é sendo realizada uma feira de pode realmente te levar? Pode viajar. Mas o problema é que eu livros na capital americana. parecer ficção, mas fiz uma não tinha dinheiro para viajar, Uma faixa proclamava: “Let´s viagem de milhares de quilô- naquele final de 2011. Foi read America”. Foi o que fiz. metros apenas com um livro de quando descobri um concurso poesia e um poema. Seria apenas literário da Universidade de Pé na estrada, visitei primeiro uma licença poética, viajar só Fortaleza, cujo prêmio para o o túmulo de Jack Kerouac. com poesia? melhor livro inédito de poesia Segui para Concord e tomei seria uma passagem aérea, banho na lagoa de Walden. No final do ano de 2011, eu para conhecer a Biblioteca do Uma placa dizia: “Proibido morava em um quarto desa- Congresso em Washington, a nadar”. Senti que estivesse vi- tivado de um asilo para idosos. maior biblioteca do mundo! vendo a Desobediência Civil de Ainda sou jovem, então, como Para quem gosta de ler e viajar, Thoreau. Depois, visitei Ralph fui parar lá? Em parte, por haveria prêmio maior? Waldo Emerson, Louisa May ter compartilhado um livro. Alcott e Nathaniel Hawthorne. Conheci o tataraneto do Vis- Enquanto vivia o cotidiano Na fronteira entre Vermont e conde de Mauá, ao ajudar um do asilo, escrevi “Cem pequenas New Hampshire, cacei J. D. Sa- grupo de cinquenta tailandeses, poesias do dia a dia”. Ganhei a linger. Não encontrei ninguém que buscavam um local tem- passagem para os Estados Uni- no Campo de Centeio. porário para ficar no Brasil. dos. Mas, e o dinheiro para a Não vou narrar aqui (pois seria viagem? Fácil, era só pagar com Em Boston, me despedi do muito extenso) como uma série mais poesia. Escrevi o poema oceano e naveguei em um ôni- de acontecimentos inusitados “Lavar”, pelo qual fui premiado bus para Pittsfield, em uma in- me levaram a dar um livro, de pela Universidade Federal de sana busca por Moby Dick. E minha autoria, para o tataraneto São João del-Rei, com a quan- lá estava ela, no quarto em que do visconde. tia que daria aproximadamente Herman Melville avistava o 500 dólares. Comprei um passe monte Greylock. As palavras do O fato é que ele me cedeu um da Greyhound, que me permitia guia da Arrow Head, residência- quarto tranquilo para que eu viajar por 15 dias para qualquer museu de Melville, preenchiam pudesse me dedicar ao ofício da ponto servido por esta empresa o oceano. Ele lia um trecho de escrita, sem ter que me preocu- de ônibus nos Estados Uni- Moby Dick, onde ela havia nas- par com contas de água, luz, alu- dos. Custo: US$ 360,00 para cido... guel... Apenas pela simples gen- transporte e... hospedagem. erosidade, para que, mais tarde, Dormiria no ônibus. Restariam Que experiência de leitura eu pudesse compartilhar novas cerca de dez dólares por dia para partilhada é esta, em que o que histórias com ele e com meus que eu pudesse comer e fazer se compartilha é muito mais do leitores. outras coisas. Para viver por este que meras palavras? O que é ver tempo. Ok. um fio de lágrima correndo pelo É o que faço agora. rosto de alguém, tornando-se Parti no último dia da um oceano em que uma grande Claro que o ofício de escritor primavera e cheguei no primeiro baleia branca nada? Foi o que iniciante só é possível porque dia de outono. Como isso é vivenciei... vivo uma vida simples. Há anos possível? Com poesia, tudo é não compro sequer uma peça de possível. Bem, bastava viajar

Notícias - Julho 2013 8 Em Baltimore, perguntei pela os domínios de Jack, apenas me filho me levou a San Francisco. casa de Edgar Allan Poe. Dis- despedi dele em seu túmulo, Passamos em frente à livraria seram-me para correr, pois o uma pedra no meio do bosque. City Lights. Ao ver as luzes museu estava prestes a fechar. – Não vai visitar a casa em que iluminando os livros, passando Não a fechar para aquele dia, Jack morou? – uma simpática de carona, ouvi toda uma mas para fechar em definitivo, voluntária do parque me geração de poetas em um uivo se é que existe tal coisa na litera- perguntou. que me arrepiou a alma. tura: nunca mais. Respondi que não teria tempo, Ainda leria Hemingway A porta já estava fechada. pois do contrário perderia o em Chicago, Mark Twain e Porém, juro que um corvo gras- último ônibus para voltar a San Wallace Stevens em Hartford, nou no instante em que prague- Francisco. Falei sobre o motivo Tennessee Williams e Khalil jei pelas portas fechadas deste de estar ali, a minha jornada Gibran em Nova Iorque... mundo. E o corvo, mais do que literária, e finalizei, comentando o abrir de uma porta, me permi- que achava que não teria sorte A minha jornada literária, tiu entrar com suas asas no lar de obter outra carona... iniciada na infância graças aos de Allan Poe. Ainda tive tempo – Quer ir a San Francisco? Meu meus pais, me levou a acreditar de visitar Benjamin Button, no filho vai para lá hoje, depois do em sonhos. É possível viajar local em que morou F. Scott jantar. com livros. Eu estava vivendo Fitzgerald. O tempo sempre se um destes sonhos. Ao final de esgota, seja para qual direção ele Minha segunda carona no mais um capítulo desta viagem caminha. mesmo dia? Assim, na casa em de paixão pelos livros, enquanto que Jack morou, pude desfru- o avião deixava um rastro de Cruzei os Estados Unidos de tar da leitura realizada por dois saudades pelos céus da América, leste a oeste e lá estava eu atraves- gentis voluntários, que compar- feliz por tê-la lido, ainda tive o sando a Golden Gate. Do outro tilharam aventuras que ecoavam prazer de ouvir a voz da infância, lado, Jack London. Peguei uma desde o Alasca aos mares do poeticamente, antes de apagar carona. Corri pelas ruínas da sul.... a luz de leitura sobre a minha Wolf House. Envolto pelas ár- cabeça: vores da Jack London State Park, Jantei na casa de Renate, a ouvi o chamado da floresta... gentil voluntária do parque. Sua – Mãe, leia mais um sala repleta de livros e leituras pouquinho para mim? Não tinha tempo para explorar partilhadas... Pela noite, seu 10o Concurso Curumim Leitura de Obras de Escritores Indígenas

á dez anos, a FNLIJ por meio de relatos e leituras entre para crianças e jovens. A FNLIJ apre- promove, em parce- crianças e jovens dos livros de auto- sentou uma lista sugestiva de obras ria com o Instituto ria indígenas, além de incentivar o de escritores indígenas, feita em par- H Brasileiro de Proprie- surgimento de novos escritores indí- ceria com o Daniel Munduruku, dade Intelectual – Inbrapi –, presi- genas. para a pesquisa e o trabalho dos edu- dido pelo escritor Daniel Mundu- cadores. O texto vencedor da 10ª ruku, dois concursos voltados à O Concurso Curumim – Leitura edição do concurso foi o texto Todo cultura indígena. São eles: Curumim de Obras de Escritores Indígenas é mundo tem um pouco dos indígenas – Leitura de Obras de Escritores Indí- um concurso que contempla textos dentro de si, de Tatiane P. de Souza genas e Tamoios – Textos de Escritores escritos por professores e educadores, Faria Motta, professora de Educação Indígenas. Ambos têm o objetivo no qual relatam suas experiências tra- Infantil da rede Municipal da cidade de disseminar o conhecimento da balhando a leitura de livros literários de Santa Bárbara D´Oeste-SP. cultura indígena e sua perpetuação, de autores indígenas direcionados

Notícias - Julho 2013 9 Todo mundo tem um população com múltiplos grupos nos programas curriculares e tem pouco dos indígenas étnicos, com seus costumes e suas sido sistematicamente pouco explo- dentro de si crenças. rado ou lembrado apenas no dia Por Tatiane Pereira de Souza 19 de abril, além de haver alguns Faria Motta, de Americana/SP. A partir desse dado, acredito que equívocos. as identidades deverão ser preser- ada escola tem a sua vadas e não extinguidas como Contudo, para o professor história, suas preo- ocorre nos momentos atuais, de trabalhar a temática indígena na cupações que a faz forma que todos possam aceitar sala de aula, é necessário despir-se de C diferente uma das suas raízes e valorizá-las. Porém, qualquer forma de etnocentrismo outras. A comunidade escolar tem cabe ressaltar que não cabe valorizar contra os povos indígenas, bem uma população formada por diver- nossas raízes por benevolência, cabe como o reconhecimento de seus sos grupos étnicos com seus cos- ter a consciência que ao desprezar direitos e sua importância em nossas tumes, seus rituais e suas crenças. nossa matriz de formação entre elas vidas. E isso venho corroborando A diversidade existente no grupo a indígena, estaremos desprezando há alguns anos com os “meus” favorecerá a troca de experiência e o nós mesmos. alunos de Educação Infantil. crescimento de cada um, uma vez que, as crianças são o resultado de Tomando essa análise para o Este trabalho é fruto das minhas suas experiências e da troca com o contexto escolar, acredito que intervenções ocorridas no ano pas- outro. a escola deve ser um espaço de sado na minha sala de Educação convivência entre as diferentes Infantil com alunos de 4 e/ou 5 Para compreender seu desenvolvi- culturas. Portanto, a escola não anos de idade da cidade de Santa mento é preciso considerar o espaço deve apenas transmitir conheci- Bárbara D´Oeste. Adotei em em que elas vivem a maneira que mento, a mesma deve preocupar - minha sala de aula livros da litera- constroem significados, pois a cul- se com a formação global do aluno tura indígena como Kabá Darebu tura constitui uma herança social numa visão onde conheça as dife- cuja editora é Brinque Book; e Coisa de uma comunidade humana, renças e busquem terem um olhar de índio: Versão Infantil da Editora: transmissível simbolicamente de não etnocêntrista ao estudar sobre Callis ambos do autor Daniel geração para geração. a mesma. Munduruku. Utilizei o livro: As Fabulosas Fábulas de Iauaretê cujo Em relação ao tema deste tra- O professor e a escola precisam autor é Kaka Wera Jecupe da Edi- balho, a recente legislação brasileira preparar as crianças para o mundo tora: Peirópolis; A lenda da Vitória- para a educação básica e superior da diferença, de forma que essas Régia, e do Guaraná cuja fonte foi ressalta a importância de escolas crianças desde cedo, possam valo- o site You Tube. Destaco também e universidades como um espaço rizar a cultura local, ou seja, a o clipe “Céu dos índios” e a can- sociocultural e institucional cultura trazida por elas próprias e ção- Tu Tu Tu Tupi - Composição: responsável pelo trato pedagógico redimensioná-la na relação com Hélio Ziskind. (TV Cultura/ Pro- do conhecimento e da cultura. outras culturas, de forma que a grama- Cocoricó) Nesse sentido, é convocada a lidar escola aponte aos alunos as demais com a pluralidade, reconhecer os culturas existentes além da sua. A partir do livro Kaká Darebu, diferentes sujeitos sociocultural elaboramos um texto coletivo presentes em seu contexto, abrir A cultura indígena faz parte da sobre o modo de vida das crianças espaços para a manifestação e valo- nossa história. E a escola deve propi- indígenas da nação mundurucu. rização das diferenças. ciar aos alunos o conhecimento Realizamos uma pesquisa de pala- sobre o processo de construção vras indígenas presentes na nossa Na educação básica constatamos do país pelas diferentes etnias, língua e utilizadas no nosso dia a essa vertente nos Parâmetros trazendo a necessidade de traba- dia. Após elencamos quantas pala- Curriculares Nacionais (PCN) e lhar de forma adequada a história vras estão presentes e se referem a seus temas transversais, em que a e a cultura indígena na sala de aula. nomes de animais como urubu, pluralidade cultural aparece como Faz necessário explorar a temática, piranha, quati, jacaré, cutia, paca, tema central. Desta forma, a escola pois pesquisas apontam que este surucucu, tatu, tamanduá, jabuti, é um local formado por uma tema é frequentemente ignorado tucano, pirarucu, arara, jararaca,

Notícias - Julho 2013 10 uirapuru... na Aldeia Indígena Pataxó loca- no Brasil. Novamente o livro Coisa lizada em Porto Seguro- BA, uma de Índio: Versão Infantil esteve Com base nestas literaturas vez que não possuímos reserva in- presente. Neste caso, destaquei o realizei com os alunos várias dígena em nossa cidade. milho, feijão; a mandioca além das propostas de atividades, inclu- diversas frutas, como o mamão, sive apresentações para os pais e Outros dados levantados a melancia, assim como carne pro- responsáveis acerca da variedade respeito da cultura indígena veniente da caça e a pesca. linguística de palavras indígenas referem-se às brincadeiras, uma vez presentes no nosso dia a dia. Neste que, todas as sociedades humanas Explorei o urucum com a caso chamo a atenção para a canção constroem brinquedos para suas turma, inclusive um pai nos doou Tu Tu Tu Tupi - Composição: crianças. Os brinquedos construí- uma muda, plantamos, mas infe- Hélio Ziskind. (TV Cultura/ dos e utilizados nas sociedades lizmente a mesma morreu “atro- Programa- Cocoricó). E o livro As indígenas, no Brasil, variam de pelada”, (expressão do meu aluno) Fabulosas Fábulas de Iauaretê. acordo com as matérias-primas para nossa tristeza provavelmente encontradas no meio ambiente em na implantação do novo parque Outro recorte empregado com a que esses grupos vivem, sendo que infantil. minha turma de alunos, refere-se à os brinquedos mais comuns são formulação de Problemas: Quais feitos de palha, madeira ou barro. Sendo assim, entendo que a es- os hábitos e costumes indígenas e Construímos e brincamos com cola tanto pode ser um espaço de sua a influência em nossa vida; O nossa peteca. disseminação (ah! Para que tra- que é aldeia? Como vivem? Como balhar essa questão com os alu- se mantêm? Quais os seus atuais Aproveitei novamente a leitura nos, todos são iguais...) quanto costumes? Neste caso, utilizei o do livro Kaká Darebu para obser- um meio eficaz de prevenção e livro: Coisa de Índio: Versão Infan- vamos as brincadeiras dos povos diminuição do preconceito exis- til, que retrata essa questão de uma mundurucu, neste caso, as brinca- tentes tanto no meio social como forma clara e atraente. deiras das meninas e meninos. educacional e como é importante sabermos sobre essa cultura, uma Outras indagações foram levan- Outro recorte adotado gerou vez que, fazemos parte dela, pois tadas como: Há influência dos em torno da Culinária do povo Todo mundo tem um pouco dos in- índios no artesanato? Lembro que brasileiro, culinária esta que se dígenas dentro de si. levei para sala de aula um objeto de utilizou das influências indígenas, cestaria e uma gamela que adquiri para fazer a base da alimentação 10º Concurso Tamoios Textos de Escritores Indígenas Concurso Tamoios apresentada. O texto deve ser Manaus/AM, ganhou Menção – Textos de Escri- inédito e voltado para crianças Honrosa do júri FNLIJ. tores Indígenas é e jovens. Este ano não houve O direcionado para vencedor. O texto Wãhtirã – adultos brasileiros, residente A lagoa dos mortos, de Jaime no país, com filiação indígena Moura Fernandes/Dessana, de

Notícias - Julho 2013 11 Projeto Nas Trilhas da Literatura

primeira aula do O projeto Nas trilhas da literatura visa Resende e Viviane Siqueira. projeto Nas trilhas da contribuir para a formação literária de literatura, promovido bibliotecários e auxiliares de biblio- Segundo reportagem publicada A pela ABL, ministrado teca do SENAI, SESI e Indústria no site do Governo do Estado do pela FNLIJ, patrocinado pela Funda- do Conhecimento, integrantes do Rio de Janeiro sobre o projeto Nas ção SM, em parceria com a FIRJAN, sistema FIRJAN. trilhas da literatura, Renata Silva da aconteceu no dia 15 de abril, na Sala Paixão, 30 anos, moradora há 15 na José de Alencar, situada no primeiro A FNLIJ estruturou o curso Nas Comunidade Santa Marta, no bairro andar da Academia Brasileira de trilhas da literatura baseado no curso de Botafogo, e há dois trabalha como Letras, no Rio de Janeiro. O curso ministrado há sete anos na preparação auxiliar de biblioteca na Indústria do é destinado aos profissionais da rede de professores leitores da rede munici- Conhecimento: “Tem gente de todas de bibliotecas do sistema FIRJAN pal de ensino do Rio de Janeiro. O as idades. Eu gosto muito de trabalhar (SENAI, SESI e Indústria do Conhe- grupo de Literatura Infantil estuda lá, é a minha vida. As crianças cimento). obras de oito destacados escritores são como filhos para mim. Tenho da LIJ brasileira, como Ana Maria contato com muitas histórias de vida, “A ABL está muito contente em Machado; Bartolomeu Campos de algumas tristes, outras de superação. abraçar esse projeto, num esforço Queirós; Joel Rufino dos Santos; Tem criança que vai pra lá porque a conjunto com FNLIJ, o Sistema Firjan Lygia Bojunga; Monteiro Lobato; mãe sai, fecha a porta e a criança não e a Fundação SM, uma instituição ; Sylvia Orthof e Ziraldo. tem onde ficar. Melhor que fique lá espanhola ligada à difusão da litera- A turma de Literatura Infantil possui dentro, lendo, em vez de ficar na rua tura. A preocupação da Academia 35 alunos, formada por profissionais fazendo besteira.”, contou. está estritamente ligada ao aspecto do SESI e SENAI que participam “Para os funcionários que social que representa essa proposta de da turma de Literatura Infantil são trabalham nas Indústrias do Conhe- desenvolvimento de mão de obra para das localidades: Jacarepaguá (Rio); cimento é maravilhoso conhecer um as bibliotecas do SESI Cidadania. E Duque de Caxias; Nova Iguaçu; pouco mais sobre literatura e perceber estou muito feliz em representar nossa Petrópolis; Barra Mansa; Barra que dessa forma vão poder ajudar Presidente, uma defensora ardorosa do Pirai; Itaperuna; Macaé; Nova muitas pessoas da comunidade em do incentivo à leitura de literatura Friburgo; Resende e Volta Redonda. que vivem”, concluiu Cássia Curi, para crianças e jovens”, afirmou o supervisora da rede de bibliotecas da secretário geral da ABL, Geraldo Para o segundo grupo são FIRJAN. Holanda Cavalcanti, na cerimônia de trabalhados temas universais da abertura. (site da ABL) literatura de interesse juvenil como A escritora Laura Sandroni, uma A literatura e o amor; Formação das fundadoras da FNLIJ, ministrou O projeto é de formação de leitores do romance brasileiro; O gótico e a aula de abertura do curso, nas duas por meio da literatura infantil e o romântico; Os jovens e a leitura modalidades, com o tema Litera- juvenil organizado em dois grupos literária; Os best sellers para jovens. tura para crianças e jovens no mundo, e realizado entre os meses de abril e Ele é dividido em duas turmas, mencionando os precursores, a publi- agosto, no total de 80 horas para cada formado por 62 profissionais da cação de lendas e fábulas da tradição grupo, atendendo profissionais de 52 Indústria do Conhecimento das oral, os grandes fundadores (Perrault, bibliotecas do SESI e do SENAI no seguintes UPPs: Borel; Formiga; Grimm e Andersen) e os principais estado do Rio de Janeiro, sendo dez Macacos; Santa Marta; Fazendinha; nomes da Europa e América, com localizadas em comunidades paci- Cidade de Deus; São Carlos; Andaraí; a leitura de alguns trechos de suas ficadas, todas integrantes do projeto Tabajaras; Providencia e Morro Azul. obras: “O mais importante desses SESI Cidadania. cursos é que estamos motivando A equipe de profissionais convi- pessoas dessas comunidades. Ter Um dos grupos é formado por dada pela FNLIJ para ministrar o biblioteca é um grande passo, mas profissionais das bibliotecas do SESI curso é formada por Adriana Guedes; precisamos, acima de tudo, motivar e das comunidades pacificadas no Alexandra Figueiredo; André Brown; os futuros bibliotecários, assim como município do Rio de Janeiro e a ênfase Chris Mello; Glaucia Mollo; Laura os usuários, a gostar cada vez mais é nos autores da literatura infantil. O Sandroni; Luiz Antonio Aguiar; Luiz dos livros. É preciso manusear, tocar, outro, por profissionais das biblio- Raul Machado; Maria Lilia; Mario ler. Despertar o interesse de todos na tecas do SENAI de todo o Estado do Feijó; Marisa Borba; Ninfa Parreiras; leitura de literatura”, afirmou. (site da Rio de Janeiro, que atende a jovens. Roger Mello; Sonia Travassos; Vânia ABL)

Notícias - Julho 2013 12 A presidente do Conselho Dire- crianças a conhecerem cada vez mais crítico e consciente. Pretendemos, tor da FNLIJ, Isis Valéria Gomes, e com informações de destaque a com esses cursos, atender à demanda também participou da abertura: aventura que é ler”. (site da ABL) de capacitação dos profissionais que “Vieram (os cursos) em muito boa trabalham em bibliotecas do Sistema hora. Exatamente quando a Funda- Em cerimônia da assinatura de Firjan, e contribuir para a qualifi- ção está às vésperas de completar 45 convênio entre a FNLIJ e a ABL, cação profissional dos bibliotecários e anos de existência, dia 25 de maio no dia 08 de abril, a presidente da auxiliares de biblioteca, como media- deste ano. Para nós, representa um ABL, disse: dores de leitura e de literatura para as marco, um elo importante, a proposta “a Academia tem aberto suas portas crianças e os jovens brasileiros”. de se formar agentes de leitura. Mais para a valorização da Literatura e importante ainda, agente de leitura para a formação de leitores, além de literatura. Estamos criando raízes de partilhar do conceito sobre sua e ajudando a incentivar adolescentes e importância na formação do cidadão

Tatiana Belinky (1919 – 2013) ma das mais esteve presente à cerimônia de i m p o r t a n t e s premiação, custeada pela edi- e s c r i t o r a s tora, causando comoção aos pre- U da literatura sentes. infanto-juvenil do Brasil, Tati- ana Belinky morreu aos 94 anos, A escritora também ganhou no dia 15 de junho, após passar o Prêmio Monteiro Lobato – A 11 dias internada no Hospital Melhor Tradução/Adaptação Alvorada, em São Paulo. Autora Jovem 1989 – pelo livro Salada de mais de 270 livros, entre eles Russa, de vários autores, tradução Coral dos Bichos e O Grande feita por ela, da editora Paulinas. Rabanete. Ressaltando que esta foi a pri- meira vez que a FNLIJ laureou Tatiana nasceu em Petro- uma obra nessa categoria. Em grado, na Rússia, e imigrou 1991, Tatiana volta a receber o para o Brasil aos 10 anos com Prêmio FNLIJ Monteiro Lobato a família. Em São Paulo, onde – A Melhor Tradução/Adapta- sempre viveu, ingressou no Ofélia Fontes – O Melhor Livro para ção Criança – só que dessa vez curso de Filosofia da Faculdade Criança 1999 - referente ao livro Dez para o público infantil, com o livro São Bento, mas o abandonou em sacizinhos, de sua autoria e ilustrações Di-versos russos, uma adaptação seguida, quando se casou com o de Roberto Weigand, publicado pela de Samuel Marchak, ilustrações de médico e educador Júlio Gouveia. editora Companhia das Letras. Na Claudia Scatamacchia, traduzido Em 1948, Tatiana começou a tra- época, aos 80 anos, Tatiana Belinky, por Tatiana, da editora Scipione. balhar em adaptações, traduções e criações de peças infantis para a prefeitura de São Paulo junto com o marido. Quatro anos depois, criaram o programa Os Três Ursos a pedido da TV Tupi. Foi para a emissora que ela e Júlio fizeram a primeira adapta- ção do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, obra que a encan- tava - Tatiana sempre dizia se identi- ficar com a boneca Emília.

Pela Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil – FNLIJ – Tatiana foi agraciada com o Prêmio FNLIJ Prêmio FNLIJ Ofélia Fontes – O Melhor Livro para Criança 1999

Notícias - Julho 2013 13 Ana Maria Machado foi a homenageada da 5ª FLIST

premiada escritora e acadêmica Ana Maria Machado foi A a homenageada da quinta edição da Festa Literária de Santa Teresa - FLIST, realizada pelo Centro Educacional Anísio Teixeira – CEAT – nos dias 04 e 05 de maio. O evento ofereceu uma programação variada das 8h às 18h, em diversos locais do bairro carioca de Santa Teresa, fazendo um tributo ao poeta ; ao compositor Jamelão e ao cronista .

Nessa edição comemorativa dos “Ana Maria Machado vive e No âmbito internacional, recebeu cinco anos, os espaços literários foram escreve dialeticamente, apresenta em o Prêmio Hans Christian Andersen batizados com os nomes dos autores suas histórias o ponto e o contra- do IBBY, em 2000, considerado o homenageados nas cinco edições: ponto dos conflitos para, em seguida, pequeno Nobel da Literatura Infan- Lygia Bojunga (2009); Manoel de trazer uma síntese que se abre para til e juvenil. Em 2011, recebeu o Barros (2010); Bartolomeu Campos uma nova situação sem se encerrar Prêmio Príncipe Claus, da Holanda. de Queirós (2011); Joel Rufino dos em uma mensagem. Essa combi- Em 2012, o título de Membro Santos (2012) e Ana Maria Machado nação original é o mistério que nos Honorária do IBBY e o Prêmio (2013). atrai e que torna a sua obra única: a Iberoamericano de Literatura Infan- sua vida como uma pessoa comum til e Juvenil da Fundação SM. A FNLIJ, como parceira nessa e o seu olhar artístico e crítico para edição da FLIST, cedeu o mobiliário observar e procurar entender o O caminho de Ana como escri- e o acervo usados pela instituição mundo e suas relações. Suas histórias tora nos mais de 40 anos é firme, não na Biblioteca FNLIJ para Criança, têm sucesso também com crianças e cedendo aos modismos ou às exigên- montada todos os anos no Salão jovens de terra diferentes e distantes cias do mercado, pois é fiel ao que FNLIJ do Livro. Os móveis cria- do Brasil, em dezenas de países onde acredita, ao que ela gosta de fazer”. dos especialmente para o conforto estão publicadas. da garotada e os livros de literatura Leia mais sobre a FLIST no site: infantis, previamente seleciona- A Fundação Nacional do Livro www.flist.org.br dos pela FNLIJ, foram utilizados Infantil e Juvenil – FNLIJ, seção na Biblioteca Infantil Bartolomeu brasileira do International Board on Campos de Queirós, montada no Books for Young People – IBBY, é a Parque das Ruínas, um dos locais instituição da qual Ana recebeu as onde foram desenvolvidas atividades mais altas premiações, inúmeras em direcionadas às crianças. diversas categorias.

Ana Maria Machado esteve Entre tantos prêmios, há impor- presente à cerimônia em que foi tantes reconhecimentos: em 2000, a homenageada, na presença de convi- Ordem do Mérito da Cultura, conce- dados e amigos, na Galeria batizada dida pelo Ministério da Cultura; com o seu nome. Elizabeth Serra, em 2001, a Academia Brasileira secretária geral da FNLIJ, foi convi- de Letras – ABL lhe deu o prêmio dada a escrever um pequeno texto Machado de Assis; e, em 2003, foi de apresentação para o folder da 5ª eleita para a cadeira I da ABL. Atual-

FLIST: mente, é a Presidente da ABL. Ana Maria Machado

Notícias - Julho 2013 14 Nº 04/2013

Nesta edição da Biblioteca FNLIJ, estamos publicando a última relação de livros enviados pelas editoras para a 39ª Seleção Anual do Prêmio FNLIJ 2013 – Produção 2012 – totalizando nesta lista 60 títulos.

Abacatte acabar, de modo que talvez você Papelão. Rogério Rodrigues. Il. Celina. Regina Rennó possa quebrar esse galho. Nick Regina Miranda Guta e a gata. Regina Rennó Homby, Neil Gaiman, Jon Scieszka, Rapunzel e o Quibungo. Adapt. Jonathan Safran Foer, Clement Cristina Agostinho e Ronaldo Biruta Freud e outros. Trad. Heloisa Jahn. Simões Coelho. Il. Walter Lara Sete patinhos na lagoa. Caio Riter. Vários ilustradores Il. Laurent Cardon Melhoramentos A última carta. David Labs. Il. Dedo de Prosa Aqui se faz... Aqui se paga? contos Casa Rex O aniversário do dinossauro. policiais latino-americanos. Vários Índigo. Il. Elma autores Cia Mafagafos Autos e farsas de Gil Vicente. Gil Cada um conta de um jeito. Aline Farol Vicente. Il. Kerem Freitas e Kris Maciel . Il. Fabio Dudas As minas do Rei Salomão. H.R. Barz Haggard. Trad. Allan Vidigal. As aventuras de Tom Sawyer. Mark Twain. Trad. Luiz Antonio Aguiar. Ciranda de Letras Desenhos de Bhupendra Ahluwalia Il. Kerem Freitas Olhos do mundo: lendas Formato A cidade e as serras. Eça de escolhidas e recontadas. Edson Queirós. Il. Kerem Freitas Gabriel Garcia, Jorge Miguel Ave em conserto. Mirna Pinsky. Il. Ana Terra Contos. Machado de Assis. Il. Marinho e Lidia Izecson de Kerem Freitas e Kris Barz Carvalho. Il. Thais Leal e Thais O macaco que inventava. Anna Flora. Il. Cláudio Martins O corvo. Edgar Allan Poe. Trad. Linhares Luiz Antonio Aguiar. Il. Ryan Price Diário de um neto. Regina Gulla. Gaivota Companhia das Letrinhas Il. Laura Teixeira O latke que não parava de gritar: Crescer não é perigoso. Januária Diário do carbono 2015. S. Lloyd. uma história natalina. Lemony Cristina Alves. Il. Nireuda Trad. Roberta Silva Bronzatto. Il. Snicket. Il. Lisa Brown Longobardi Maykel Nunes Mil e quinhentos: o ano do O direito de ser criança: como Cosac Naify desaparecimento. Alan Oliveira vivem as crianças do mundo. Cine Bijou. Marcelo Coelho. Il. David J. Smith. Trad. Antonio Caco Galhardo Iluminuras Carlos Vilela. Il. Shelagh Armstrong Contos maravilhosos infantis e Era uma vez duas linhas. Alonso Edgar Allan Poe, o mago do domésticos: 1812-1815. Jacob e Alvarez. Il. Marcelo Cipis terror: romance biográfico. Wilhelm Grimm. Trad. Christine Jeanette Rozsas Röhrig.Il. J. Borges Lê Escolha profissional. Mauricio de Foras da lei barulhentos, bolhas Théo e a noite. Regina Rennó Sousa e Antonio Carlos Vilela raivosas e algumas outras que Espumas flutuantes.Castro Alves. não são tão sinistras, quem Mazza Il. Kerem Freitas e Kris Barz sabe, dependendo de como você Akikó. Regina Miranda A estrela mecânica. Tiago de Melo se sente quanto a lugares que O barquinho invisível. Leida Andrade. Il. Kael Kasabian somem, celulares extraviados, Lusmar. Il. Katya Helaine Gabi e o universo coletivo. Tiago seres vindos do espaço, pais que Mizu e a estrela. Margarida de Melo Andrade. Il. Eduardo Engel desaparecem no Peru, um homem Cristina Vasques. Il. Rubem Filho Galinha pintadinha: 5 quebra- chamado Lars Farf e outra O mundo das pessoas coloridas. cabeças divertidos! história que não conseguimos Caio Ducca. Il. Thiago Amormino A ilha do tesouro. Robert Louis

Notícias - Julho 2013 15 Stevenson. Trad. Luiz Antonio Luís Pimentel. Il. Andrea Ebert Um dia na aldeia: uma história Aguiar. Il. Kerem Freitas Oliver Twist. Charles Dickens. munduruku. Daniel Munduruku. Inocência. Visconde de Taunay. Il. Trad. Sandra Pina. Il. Kerem Freitas Il. Mauricio Negro Kerem Freitas e Kris Barz A peleja do violeiro Chico Bento Viagens na minha terra. Almeida Iracema: lenda do Ceará. José de com o rabequeiro Zé Lelé. Fábio Garrett. Il. Kerem Freitas Alencar. Il. Kerem Freitas e Kris Sombra e Barz Pintinho Amarelinho: 5 quebra- Nitpress Lucíola: um perfil de mulher.José cabeças divertidos! História de um cambucazinho. de Alencar. Il. Aline Inforsato, Kris Sabores incríveis. Flávia Muniz e Fabiana Figueira Corrêa. Il. Arthur Barz e Paula Torrecilha Márcia Kupstas. Il. Ricardo Paonessa Considera Abreu Memórias póstumas de Brás Sob controle. Fábio Sgroi Cubas. Machado de Assis. Il. Kerem Tartalira. Gloria Kirinus. Il. Sami e Paulinas Freitas Bill Arca de haicais. Lena Jesus Ponte. A menina do avesso. Ilan Til. José de Alencar. Il. Kerem Il. Marcia Misawa Brenman. Il. Bruna Assis Brasil Freitas Qual a palavra? Roseana Murray. Os meninos de Marte. Ziraldo Topetinho magnífico.Cristina Il. Victor Tavares Mundim perdido no mundão. Rappa. Il. Maurício Veneza

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