Jornal Notícias Julho 2004
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FUNDAÇÃO NACIONAL DO LIVRO INFANTIL E JUVENIL Notícias 7 Seção Brasileira do International Nº.7 Vol. 26 – Julho de 2004 Board on Books for Young People Há 30 anos o Brasil FeiraFeira dede participa da BolonhaBolonha No estande coletivo brasileiro na Feira de Bolonha, em 2004, além da exposição dos livros selecionados para o catálogo da FNLIJ e dos livros escolhidos pelas editoras, foram apresentadas três pequenas exposições, homenageando Angela Lago e Joel Rufino dos Santos (autores brasileiros que foram indicados pela FNLIJ ao Prêmio Andersen), os escritores indígenas de literatura para crianças e jovens e Lygia Bojunga, vencedora do Prêmio Astrid Lindgren/ALMA. esde 1974, a Fundação Nacional do Livro contou com a colaboração de editoras e de um fabri- Infantil e Juvenil apresenta a literatura brasi- cante de papel. A editora Ática se responsabilizou D leira para crianças e jovens na Feira de Bolo- pela versão para o inglês, a Nova Fronteira cuidou do nha – Fiera del Libro per Ragazzi di Bologna – realiza- projeto gráfico, a Martins Fontes ofereceu o fotolito da na cidade de Bolonha, na Itália. E na 41a edição para impressão e a editora Global encarregou-se da deste grande evento mundial, que aconteceu de 15 a impressão. A Cia. Suzano, parceira da FNLIJ no pro- 18 de abril, pela trigésima vez a FNLIJ esteve presen- grama das Bibliotecas Comunitárias Ler é preciso, do te, e divulgou sua seleção dos melhores livros da pro- Instituto Ecofuturo, forneceu o papel Reciclato. dução editorial brasileira, do ano anterior, publicados Neste ano de 2004 – o último da Década dos Po- em inglês no catálogo FNLIJ’s Selection for Bologna. vos Indígenas declarada pela UNESCO em 1995 – o O catálogo da FNLIJ para a Feira de Bolonha em Catálogo de Bolonha homenageou os autores indíge- 2004 apresentou 127 livros de 43 editoras, agrupados nas que escrevem para crianças e jovens, espe- em 7 categorias: criança, jovem, informativo, poesia, cialmente Daniel Munduruku, escritor, que recebeu teatro, teórico e reconto, que representam a produção Menção Honrosa no Prêmio Tolerância da de 115 escritores e 80 ilustradores. A produção do UNESCO, em 2003, por seu livro Meu vô Apolinário Catálogo, como nas edições anteriores do evento, (publicado pela editora Studio Nobel, em 2001). FNLIJ FundaçãoBrasil Nacional na Feira do de LivroBolonha Infantil e Juvenil A homenagem se expressou no catálo- go, valorizando as publicações indígenas em páginas coloridas, e por meio de uma ex- posição de livros e posters na Feira. Tam- bém foi organizada, pela FNLIJ, uma pa- lestra com Daniel Munduruku: “Livros in- fantis brasileiros escritos por autores indí- genas”, que estamos publicando neste número de nosso informativo. Nesta pa- lestra estiveram presentes editores e especi- alistas estrangeiros interessados na produ- ção de literatura brasileira para crianças. O texto da palestra foi vertido para o inglês e distribuído aos participantes, o que permi- tiu um melhor aproveitamento da sua ex- posição. Daniel falou em português e Lenice Bueno, da editora Moderna, fez a leitura paralela do texto em inglês. A presença de Daniel, que só foi possível mediante apoio No estande brasileiro em Bolonha, o jornalista Cícero Sandroni, Elizabeth Serra, da FNLIJ, o escri- da Editora Global, despertou um grande tor Daniel Munduruku, Jefferson Alves, da editora Global, e Laura Sandroni, da FNLIJ. interesse de editores estrangeiros em publi- car seus livros. O estande do Brasil na vros - Editora Ática, Editora Biruta, Edito- Na apresentação do Catálogo da FNLIJ Feira de Bolonha dá o ra Companhia das Letrinhas, Editora FTD/ para 2004, a secretária geral Elizabeth Ser- destaque merecido Quinteto, Editora Melhoramentos, Edito- ra comentou sobre o pioneirismo da bibli- para a literatura para ra Mercuryo Jovem, Editora Miguilim, otecária, Ruth Villela de Souza, uma das Editora Rocco, Editora Scipione, Global três fundadoras da nossa instituição que, crianças e jovens Editora e Distribuidora, Livraria Martins vencendo todos os desafios, organizou a Mais uma vez a FNLIJ teve o apoio da Fontes Editora e Manati Produções Edito- participação da Fundação Nacional do Li- Câmara Brasileira do Livro (CBL), do Sin- riais. vro Infantil e Juvenil na Feira de Bolonha, dicato Nacional dos Editores de Livros No estande brasileiro, além da exposi- em 1974. A partir daí, a FNLIJ esteve pre- (SNEL) e da Fundação Biblioteca Nacio- ção dos livros selecionados para o catálogo sente em todas as edições do evento, so- nal (FBN). Com a colaboração de todos, da FNLIJ e dos livros escolhidos pelas edi- mente não comparecendo em 1989. tem sido possível dar continuidade à repre- toras, foram apresentadas três pequenas ex- sentação de nosso país, com o posições compostas, cada uma, de 2 posters destaque merecido, na mais e livros. Uma sobre os autores Angela Lago importante feira internacional e Joel Rufino dos Santos, indicados pela de livros infantis e divulgar a FNLIJ, como seção brasileira do IBBY, ao produção editorial brasileira no Prêmio Hans Christian Andersen. Outra exterior. sobre os escritores indígenas de literatura Este ano, doze editoras para crianças e jovens. E, a terceira sobre participaram do estande cole- Lygia Bojunga, a grande vencedora do Prê- tivo brasileiro expondo seus li- mio Astrid Lindgren/ALMA. Essa exposi- ção foi também destaque no estande, atrain- do inúmeros interessados. Ao final da Fei- ra, os 2 posters e livros de Lygia foram doa- dos ao Prêmio ALMA, por intermédio de sua diretora Sra. Anna Cokorilo. Inúmeros editores e autores estrangei- ros visitaram o estande da FNLIJ. Muitos A ilustração de Rogério Borges deixaram recados para editores e autores para um dos livros de literatura brasileiros que não estavam presentes. A para crianças de jovens de Daniel FNLIJ encaminhou os mesmos a seus des- Munduruku está na capa do belo catálogo da FNLIJ para a Feira de tinatários. Entre os brasileiros que estive- Bolonha em 2004. Na página 4, ram presentes à Feira estavam os acadêmi- acima, à direita, capas dos livros de Daniel Munduruku: Coisas de cos Ana Maria Machado e Cícero Sandroni, índio (infantil), editado pela Callis, a ilustradora Maria Inês Martins, Jefferson com ilustrações de Camila Mesqui- e Fabíola Alves, da Editora Global, Alexan- ta e Histórias de índio, editado pela Cia. das Letrinhas, com ilustrações dre Martins Fontes, da editora Martins 22 de Laurabeatriz. Fontes, Paulo Rocco e Vivian Wyler, da FNLIJ FundaçãoBrasil Nacional na Feira do de Livro Bolonha Infantil e Juvenil Editora Rocco, Lenice Bueno, da Editora do Comitê Executivo do International É sempre motivo de orgulho e alegria Moderna, Sâmia Rios, da Editora Scipione, Board on Books for Young People, como mostrar no exterior a qualidade da produ- Heloísa Alves, da Produtora ARCO e vice-presidente do IBBY. ção editorial brasileira para crianças e jo- Concetta Ricca, brasileira que mora em Por sua vez, antes da Feira, Laura vens. E poder divulgar autores de literatura Bolonha há mais de 40 anos, grande amiga Sandroni, esteve em Basel, na Suíça, sede para crianças e jovens do porte de Ana da FNLIJ desde o início da participação do IBBY, para participar da reunião do Prê- Maria Machado, Lygia Bojunga, Joel brasileira no evento, que foi mais uma vez mio Hans Christian Andersen, como mem- Rufino dos Santos, Daniel Munduruku e contratada para atuar como recepcionista. bro do júri. Depois, Laura esteve presente à tantos outros, bem como ilustradores como Além dos já citados, Daniel Munduruku e Feira, quando os vencedores são anunciados Angela Lago e Rogério Borges e os própri- Laura Sandroni. em cerimônia do IBBY. Os vencedores do os artistas das aldeias indígenas, que O IBBY na Feira Prêmio Andersen foram o escritor irlandês embelezaram com sua arte o Catálogo da Martin Waddell e o ilustrador holandês Max FNLIJ para a Feira de Bolonha. de Bolonha Velthuijs. Foi com grande emoção que os Leia, a seguir, o texto da palestra feita Elizabeth Serra, durante sua estada em brasileiros presentes ouviram o nome de Joel pelo escritor Daniel Munduruku, sobre a Bolonha, além de coordenar os trabalhos Rufino dos Santos, citado como um dos qual já comentamos, na 41a edição da Fei- do estande brasileiro, participou da reunião cinco finalistas do prêmio. ra de Bolonha: Literatura Indígena: um movimento que se expande Daniel Munduruku Estar aqui hoje, participando deste evento internacional, é motivo de muita alegria e orgulho. É motivo de alegria por estar conhecendo novas pessoas, novos amigos, novas esperanças que o encontro com o outro sempre proporciona. É alegria também por estar percebendo um crescente interesse pelo saber da gente indígena e de as pessoas de muitos lugares estarem ou- vindo o que temos a dizer. É também motivo de orgulho pessoal estar aqui. É um reconheci- mento que o trabalho que estamos realizando tem deixado uma trilha na mente e no coração das pessoas que nos lêem. E isto nos mostra que Este desencontro entre olhares deixou profundas marcas no espírito o caminho está sendo bem pisado, bem estruturado, bem alicerçado de nossos povos e no espírito da natureza. E mesmo que nossos pais para as gerações futuras, as gerações que hão de encontrar um caminho tenham procurado resistir bravamente, a sanha gananciosa dos con- seguro por onde andar. quistadores acabou destruindo a harmonia que havia e deixou em seu Todos sabem que o Brasil é um país que tem uma lugar o medo, a tristeza e a submissão. sociobiodiversidade gigantesca. Sabem que em nossa terra brasileira Isto vem acontecendo desde o século XVI, se num primeiro mo- caminham povos muitos diferentes entre si, mas que sempre carrega- mento a culpa foi dos colonizadores, depois passou a ter a contribuição ram a marca do respeito por esta biodiversidade. Povos que nunca também dos brasileiros nascidos deste desencontro perpetuando uma olharam o lugar onde vivem como fonte de lucro e riqueza e, sim, consciência negativa e preconceituosa de nossos povos.