MORENA FILMES, FOX FILM DO BRASIL, GLOBO FILMES, RIOFILME, GOVERNO DO , SECRETARIA DE ESTADO DE CULTURA, LEI ESTADUAL DE INCENTIVO À CULTURA, PREFEITURA DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO E SECRETARIA MUNICIPAL DE CULTURA APRESENTAM

EM NOME DA LEI

Um filme de SERGIO REZENDE

COM MATEUS SOLANO, PAOLLA OLIVEIRA E CHICO DIAZ

APRESENTAÇÃO

Estrelado por Mateus Solano, Paolla Oliveira e Chico Diaz e livremente inspirado em histórias reais sobre o combate ao crime organizado na fronteira do Brasil com o Paraguai, o thriller “Em Nome da Lei” chega aos cinemas no dia 21 de abril. Dirigido por Sergio Rezende, o filme é uma coprodução da Morena Filmes, Globo Filmes e Fox International Productions, com distribuição da Fox Film do Brasil. No elenco ainda estão Eduardo Galvão, Emilio Dantas, Silvio Guindane, entre outros.

“Em Nome da Lei” conta a história de Vitor (Mateus Solano), jovem juiz da cidade grande que chega a uma pequena cidade da fronteira disposto a desmontar o esquema de contrabando e o tráfico de drogas que impera na região, controlado pelo mafioso Gomez (Chico Diaz). Ele conta com a colaboração da jovem procuradora de Justiça Alice (Paolla Oliveira) e da equipe do policial federal Elton (Eduardo Galvão), mas terá que arriscar a própria vida para desbaratar uma organização que opera há décadas na região com a conivência do poder público. A produção consumiu sete semanas de filmagens em Dourados, no Mato Grosso do Sul, e mobilizou cerca de 700 pessoas, entre equipe e extras.

O filme joga luz na discussão sobre ética e moral em todas as esferas da sociedade brasileira e a corrupção que mina as instituições do país. “Todo mundo participa desse negócio ilegal, comprando material contrabandeado ou pirateado em feiras e camelôs. A gente vai à praia em Ipanema e encontra gente vendendo óculos de sol falsificados”, conta Sergio Rezende, diretor de “Salve Geral” (2009), sobre os ataques do PCC (Primeiro Comando da Capital) em São Paulo, em 2006. “Eu me interesso mais pelo outro, pela sociedade, do que por mim, ou minha história. Para mim, um filme pessoal não é falar do meu pai ou da minha família, mas sobre o meu mundo”.

Rezende diz que a fronteira, paisagem pouco explorada pelo cinema nacional, é um personagem importante em “Em Nome da Lei”. “A fronteira é um tema contemporâneo, discutido no mundo inteiro, que inspira diversos filmes e documentários. Nos Estados Unidos e no México, ela levanta discussões sobre imigração e o tráfico de drogas. Em décadas passadas, cidades americanas como Miami cresceram e prosperaram com o dinheiro da cocaína”, lembra o diretor. “A fronteira sempre inspirou o cinema americano, de Orson Welles, com ‘A Marca da Maldade’, aos filmes de faroeste”, aponta Mariza Leão, produtora do longa.

SINOPSE

Em Nome da Lei – Coragem e determinação permeiam a jornada do idealista Vitor, um jovem juiz federal que decide desmantelar a máfia que impera há anos na fronteira do Brasil com o Paraguai. Numa missão heroica e sem precedentes, ele não mede esforços para acabar com o sólido esquema de contrabando e tráfico de drogas chefiado por Gomez. Para isso, conta com a ajuda da procuradora Alice e do policial federal Elton. INSPIRADO EM FATOS REAIS. Com Mateus Solano, Paolla Oliveira, Chico Diaz, Eduardo Galvão, Emilio Dantas e Silvio Guindane. Direção: Sergio Rezende. 115 minutos. Classificação 14 anos. Thriller.

ELENCO PRINCIPAL - PERSONAGENS

Mateus Solano - Vitor Paolla Oliveira - Alice Chico Diaz - Gomez Eduardo Galvão - Elton Emilio Dantas - Hermano Silvio Guindane - Cebolinha Paulo Reis - Desembargador Silveira Roberto Biringelli - General Ramirez

FICHA TÉCNICA

Direção - Sergio Rezende Produção - Mariza Leão e Erica Iootty Produtor Associado - Roteiro - Sergio Rezende e Rafael Dragaud Direção de Fotografia - Nonato Estrela Direção de Arte - Fabiana Egrejas Trilha Sonora Original - Pedro Bromfman Montagem - Maria Rezende, EDT. Produção Executiva - Camila Medina Figurino - Mel Akerman Maquiagem - Martín Macias Trujillo Som Direto - Felipe Machado Edição de Som - Waldir Xavier Mixagem - Rodrigo Noronha Produção de Elenco - Marcela Altberg

ENTREVISTA COM O DIRETOR SERGIO REZENDE

O que há de particular na região de Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai?

O filme é uma ficção, uma história original inspirada em histórias daquela parte do país. Aquele mundo ali tem muita história. Na década de 1970, aquilo era o fim do mundo e uma paisagem ainda muito desconhecida pelos brasileiros. Aos poucos, foi se transformando em solo fértil para o agronegócio. A proximidade com a fronteira, pouco policiada, a transformou em porta de entrada para o contrabando e o tráfico de drogas. Primeiro, foi o contrabando de café e de outros produtos. Depois as drogas, maconha, cocaína, e até roubo de carro. Hoje é uma região turbulenta. Mais recentemente, as gangues de São Paulo se mudaram para lá. Tenho muita pesquisa sobre isso. Acabei me interessando mais pelo aspecto mítico da fronteira.

A fronteira geográfica ou a metafórica?

Ambas. Esse espaço físico e humano onde a linha entre o legal e o ilegal, a justiça e o crime é sempre tênue. Fui começando a pensar no filme a partir das questões que a ideia de fronteira levantam. De repente, percebi que tinha estruturado o filme quase como um western: o cara chega em seu cavalinho numa cidade nova para enfrentar todo mundo. No caso de “Em Nome da Lei”, o herói chega em uma moto, mas é mais ou menos a mesma coisa. Meu horizonte eram filmes americanos como “A Marca da Maldade” e “O Homem que Matou o Facínora”.

Vê alguma relação entre a extensão de nossa fronteira e o crime organizado?

Uma fronteira como a brasileira é uma coisa que não dá para cercar ou vigiar de forma eficiente. É um estímulo ao contrabando, ao tráfico. Hoje, cerca de ¼ do cigarro consumido aqui no Brasil é contrabandeado, pirata. Agora tem uma coisa que está animando muito os criminosos, é o fato de que contrabando é considerado uma contravenção, já traficar droga é crime. Dirigir um caminhão carregado de cigarro pirateado é um crime afiançável; quem é pego com maconha ou cocaína é preso. Os rigores são outros. O contrabando é um negócio que rende bilhões de reais aos criminosos, e gera uma perda bilionária de impostos para o país. E todo mundo participa disso ao comprar material contrabandeado. A sociedade também tem responsabilidade sobre isso.

O filme chega aos cinemas brasileiros em um momento em que há um clamor por um Judiciário mais eficaz. Há juízes que estão se tornando verdadeiros heróis. O que acha disso?

Em um país como o Brasil, a lei, muito frequentemente, serve à injustiça. É através da lei que a justiça não é feita, o julgamento de casos de corrupção são protelados por décadas, até caducarem. Isso acontece porque a lei permite. Há um conflito entre a lei a a Justiça. Até o (juiz Sergio) Moro (à frente das investigações da operação Lava-Jato) tem falado sobre isso. Essa questão está muito latente na sociedade brasileira.

“Em Nome da Lei” se passa em uma cidade fictícia da fronteira. Por que a escolha de Dourados como locação?

Filmar em Dourados significou uma facilidade logística brutal, não perdíamos tempo. Tínhamos aeroporto, restaurantes e locações tudo a cinco minutos do hotel em que a equipe ficou hospedada. Aqui no Rio, por exemplo, teríamos o problema locomoção. Em Dourados não houve nenhuma locação mais distante 20 minutos. Filmamos ao longo de sete semanas. A gente construiu cenários e adaptou prédios já existentes. O fórum onde o Vitor trabalha foi construído em um clube social da cidade. A casa do Gomez é uma mansão que pertenceu a um cara que tinha uma vida meio polêmica e estava abandonada. A gente reformou o casarão inteiro. Grande parte em locações.

O elenco do filme combina antigos colaboradores seus com nomes de jovens talentos revelados pela televisão. Como chegou a essa composição?

Nunca havia trabalhado com o Mateus e a Paolla, mas tinha admiração pelo trabalho deles na TV. São pessoas que ajudam a dar visibilidade ao filme. Chegar ao Chico foi mais fácil, pois já havia feito dois filmes com ele, “O Sonho Não Acabou”, nosso primeiro filme de ficção, e “O Homem da Capa Preta”. Mas o resto da turma também me deu um grande prazer. Trouxe atores da série “Questão de família”, que fiz recentemente para o canal GNT, como o Eduardo Galvão. Éramos um pouco como uma companhia de teatro, rolou uma integração, um companheirismo muito grande na locação.

Por que você trouxe o Pedro Bromfman, que mora e trabalha nos Estados Unidos, para fazer a trilha sonora?

Já tinha tentado trabalhar com o Pedro antes, em “Salve Geral” (2009), mas não deu certo. “Em Nome da Lei” é um filme de gênero, coisa que não se faz tanto aqui no Brasil e, como o Pedro agora está no olho do furacão, assinando a música de produções como “Robocop”, a refilmagem do sucesso dos anos 1980, e da série “Narcos”, ambos com direção de José Padilha, achei que a contribuição dele seria mais que oportuna. O Pedro é um cara que está imerso no cinema de gênero e, ao mesmo tempo, sendo brasileiro, conhece o universo cultural do filme. Ele fez essa ponte.

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ENTREVISTA COM MATEUS SOLANO (Vitor)

Qual foi sua reação ao convite do Sergio Rezende para fazer “Em Nome da Lei”?

A primeira coisa que pensei foi: “Sergio Rezende? Caramba!”. Ele é uma referência para mim, como ator e como espectador. O convite do Sergio me deu um pouco a sensação de onde eu cheguei na carreira; estou sendo chamado por pessoas que me construíram como ator. Já estava dentro do projeto só por ser dele, o Sergio. Depois que li o roteiro, fiquei mais animado ainda, porque fala de temas importantes, como honestidade, e de até onde podemos ser honestos.

Como descreveria o juiz Vitor, o seu personagem?

Ele é um cara honesto, mas ingênuo também, porque acha que a honestidade vai resolver, por si só, a criminalidade naquela região. O Vitor carrega a arrogância natural do jovem que quer mudar o mundo, enfrentar o status quo, os paradigmas sociais. Acha que, como tem a lei do lado dele, vai transformar tudo da noite para o dia. Logo descobre que há muitos lados da mesma moeda e que, para vencer o inimigo, ele tem que jogar com ele, e aprender como ele joga.

A produtora Mariza Leão descreve o Vitor como um herói imperfeito...

Essa é uma dos grandes sinais de maturidade do roteiro do Sergio. O discurso do Vitor é muito bonito mas, na hora de colocá-lo em prática, esbarra em muitas coisas, até na própria arrogância. Ele chega com ideias novas como que dizendo “façam o favor de acatá-las e não discutam!”, e vai dando com a cara na porta, até encontrar um caminho diferente. Essa humanidade do personagem é muito importante: não há maniqueísmo.

E isso vale para todos os personagens, não?

Sim. O próprio Gomez (Chico Diaz), o traficante e contrabandista da história, ou seja, o grande vilão, é mostrado sem maniqueísmo. Porque a corrupção faz parte de nós, está no nosso sangue, em todas as áreas. É difícil pedir o fim da corrupção quando ela é servida já no nosso café da manhã. É tudo torto, nada é preto no branco.

Que tipo de pesquisas fez para construir o Vitor?

O Vitor não foi um personagem que compus com a ajuda de livros e outros tipos de referência. Ele é um cara que chega à cidade com as melhores intenções possíveis, mas descobre que só isso não é suficiente para resolver os problemas. Ele sobrevive a um atentado, permite que pessoas corram risco de vida por causa dessa impetuosidade dele. O roteiro por si só me deu material para trabalhar. Tirando a questão sentimental, a relação dele com a Alice (Paolla Oliveira), o roteiro contém muita informação. “Em Nome da Lei” não é um filme que o ator precisa entender o que o personagem está sentindo naquele momento; é uma trama de ação concreta, sem grandes sutilezas emocionais.

Então não houve necessidade de longos ensaios?

Fizemos, basicamente, leituras do roteiro na casa do Sergio, nas quais ele dava orientações sobre para aonde cada personagem ia. A calma do Sergio é contagiante, ele é um cara muito atento e generoso. Uma coisa que admiro em um artista é a sua juventude, independentemente da idade que ele tem, pelo jeito em que vai aproveitando as coisas que vão surgindo no caminho, sem se agarrar a ideias preconcebidas.

Já se acostumou com a rotina de um set?

Minha história vem do teatro. Cinema, para mim, é coisa nova. Acho que participei de uns cinco filmes até agora, se muito, e todos diferentes um do outro. Ainda acho meio estranho essa coisa de juntar uma galera para trabalhar, morar com ela durante algum tempo, ficar íntimo dessas pessoas e, depois de algumas semanas, todos irem cada um para o seu canto, e só vai ver o filme meses depois. É diferente de fazer uma peça, quando a gente não se desgruda nem depois que a temporada termina; ou mesmo da TV, que exige convivência diária por muitos meses seguidos. Ainda não me acostumei com essa característica meteórica do cinema.

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ENTREVISTA COM PAOLLA OLIVEIRA (Alice)

O que você achou da promotora Alice, sua personagem no filme?

Eu vinha da minissérie “Felizes Para Sempre?”, que tem características muito diferentes do que projeto do Sergio propunha. O desafio de “Em Nome da Lei” era fazer uma personagem mais neutra, que não tivesse essa característica feminina muito forte, de abordá-la pelo lado do romance, que tem um peso menor na trama. Ela está ali por causa do juiz Vitor (Mateus Solano), tentando fazer o trabalho dela de forma correta. Alice tem uma ligação maior com o Vitor porque eles compartilham dos mesmos objetivos e valores. Então, minha preocupação era entender como uma promotora se comporta, e como profissional, como ela se relaciona com policiais e juízes.

E onde você foi buscar essas informações para ajudar a compor a personagem?

Procurei um promotor do Rio e troquei ideias com ele. Queria entender melhor essa relação de subordinação entre os profissionais do judiciário, e como eles se comportavam dentro do fórum. Ele me explicou tudo, que cada um exerce um tipo de poder, mas não estão subordinados. Já tinha perguntado tudo que fora possível com parentes que trabalham nessa área, mas foi bom ter conversado com uma pessoa de fora. A gente também foi buscar referências em filmes sobre a fronteira, guerra contra o narcotráfico e gângsteres, sugeridos pelo Sergio.

A fronteira já lhe era familiar?

Ainda não conhecia aquela região do Mato Grosso do Sul. Foi uma experiência bacana. Visitei lugares mais afastados do set. Fui até o Paraguai! É engraçado perceber as pequenas diferenças entre países vizinhos, coisas que são permitidas lá e proibidas aqui, e vice-versa. A gente pegar uma permissão para atravessar do Brasil para o Paraguai, tem multas aqui que não existem lá, do outro lado. Mas estamos falando do lado mais puro da fronteira. O filme trata de como se vive numa área em que o legal e o ilegal se misturam, e sobre que tipo de justiça pode ser feita num lugar em que as pessoas vivem nessa confusão.

É uma região violenta?

Não tive essa impressão. Pelo menos em Dourados, a cidade onde filmamos. A violência de que fala o filme é de outra ordem. “Em Nome da Lei” mostra, por exemplo, que as pessoas se revoltam contra a ação dos juízes que estão tentando prender os traficantes da região. A contravenção é tão bem organizada que a presença de lei ali acaba representando a desordem. A maior violência acontece entre as organizações criminosas que atuam na região.

Como foi reencontrar o Mateus Solano, com quem contracenou na novela “Amor à Vida”, agora no set de um filme?

Foi muito bom nos reencontrarmos tanto tempo depois da novela. O engraçado é que, na TV, ele tinha um personagem quase cômico; e no filme ele está num personagem tão sério. Como interpretamos irmãos durante meses na novela, eu entrei no set ainda me sentindo um pouco irmã do Mateus, e ele lá, fazendo o Vitor, um personagem seríssimo. E eu me perguntava: “Meu Deus, cadê o Félix da novela?”.

Este é o seu sétimo longa-metragem em pouco mais de 10 anos de carreira. Gostaria de fazer mais cinema?

Só não fiz mais filmes até agora porque não me aparecerem mais convites. Em cinema a gente pode fazer coisas diferentes, experimentais; em TV isso é muito mais difícil esse tipo de experimentação. Do ponto de vista da atuação, não vejo diferença no fazer entre as duas mídias. A distinção está na expectativa que ele gera. O filme é uma obra fechada, você vê o arco de evolução do personagem; telenovela é uma obra aberta, a personagem vive em função da resposta do telespectador ou de algo que o coloque na berlinda.

A que você credita a falta de mais convites para cinema? Que tipo de filme gostaria de fazer?

Gostaria de fazer escolhas não tão populares, como tenho feito na TV, e acho que as pessoas não me enxergam fazendo outro tipo de personagem em filmes. Fazer cinema no Brasil é complicado, lento, burocrático, e isso atrapalha muito a produção, em termos de quantidade e diversidade. Mas é no cinema que gostaria de fazer coisas diferentes.

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ENTREVISTA COM CHICO DIAZ (Gomez)

“Em Nome da Lei” é o seu terceiro filme sob a direção de Sergio Rezende. Como vê esse reencontro?

Acho que foi um belo reencontro, porque o Sergio pensou em mim para um ótimo personagem. Na verdade, foi o Sergio e a Mariza Leão que me apresentaram ao mundo do cinema, em “O Sonho Não Acabou” (1982), meu primeiro filme. Depois, fizemos juntos “O Homem da Capa Preta” (1986). Então, há um sentimento de gratidão muito grande por ele ter aberto esse caminho para mim. Foi interessante ver como o Sergio e a Mariza amadureceram ao longo desse tempo e, ao mesmo tempo, o quanto permaneceram os mesmos também, em termos de camaradagem e no cuidado com os detalhes, as pequenas coisas.

A partir de que referências você construiu o traficante Gomez?

O Gomez não é baseado em ninguém em particular. A inspiração é mais abrangente: o universo dos grandes capi do tráfico de cocaína. Sergio me apresentou a um personagem que poderia ter um corte arquetípico, como um grande bicheiro ou um mafioso italiano, com fortes laços com a família e noções de fidelidade, que encontramos em livros, filmes e séries de TV. Minha preocupação maior era dar peso ao personagem, porque sou mais baixo e, portanto, mais leve também. Tinha que adquirir uma densidade de movimento e de voz. E é isso que a gente vai aprendendo com o cinema, a se movimentar dentro do quadro.

Consegue entender as motivações de Gomez?

Li recentemente uma entrevista agora o traficante mexicano “El Chapo” Guzmán. A argumentação dele é próxima à do Gomez: de onde vim não tinha nada, aprendi a sobreviver, me impus. Ele é produto de uma geração quase espontânea, fruto da ausência do Estado, que não oferece proteção e educação a seus cidadãos. Gomez é um criminoso, mas também um pai de família e bom comerciante. Ele é cria de uma região de fronteira em que, historicamente, esses procedimentos ilegais eram ignorados pelo poder público, um problema que só observado há pouco mais de 10 anos. Antes era invisível a todos.

O que você conhecia sobre a fronteira entre o Brasil e o Paraguai?

A familiaridade se dá mais pelo sangue do que pela geografia: meu pai mora no Paraguai e vou lá com uma certa frequência. Mas eu nunca tinha estado na fronteira do lado de cá, o brasileiro. Desconhecia a pujança agroindustrial daquela região. A cidade de Dourados, onde filmamos “Em Nome da Lei”, me impressionou muito pela riqueza, mas também pela discriminação dos índios, que são colocados de lado, marginalizados.

O que achou da experiência de filmar em locação?

Adoro fazer filmes em locação. A natureza em torno e as pessoas do lugar contribuem para compor a personagem. Ficamos meio isolados naquela localidade, mas eu saía para fotografar, escutar como as pessoas falam e constroem seu mundo para então roubar um pedacinho para colocar no roteiro. Cada filme exige uma forma de abordagem do personagem. Uns exigem imersão mais profunda, em outros a técnica vai melhor o personagem, e há outros que não valem tanto o esforço da imersão, porque não vai imprimir tudo na tela.

Como classificaria “Em Nome da Lei” dentro da produção nacional atual?

É um exemplar raro no panorama de hoje, um filme pesado, de locação pesada, e com um elenco heterogêneo. Essa experiência me deu vontade de navegar no grande cinema brasileiro que fiz lá atrás, 20 anos ou mais. É uma história onde há um embate entre claro e escuro, o que é lei e o que não lei. Um filme que não se propõe a fazer uma leitura, um julgamento, daquela realidade que apresenta. “Em Nome da Lei” não tem proposta sociológica, é um filme de ação e romance.

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ENTREVISTA COM EDUARDO GALVÃO (Elton)

“Em Nome da Lei” é uma de suas raras incursões em cinema. Por quê?

Acho o cinema muito peculiar, diferente. Poucos atores brasileiros fazem filmes com frequência hoje em dia porque, normalmente, o cinema é feito por um mesmo grupo de pessoas, mais ou menos fechado. É muito difícil fazer cinema no Brasil, não só para o ator, então é comum trabalhar com as mesmas pessoas.

Lembra de alguma experiência anterior marcante em cinema?

Fiz um filme com do Oswaldo Caldeira chamado “Tiradentes” (1999), sobre a Inconfidência Mineira, que tinha o Humberto Martins, o Marco Ricca, a e o Cláudio Cavalvante no elenco, que foi feito por uma turma de faculdade e que nunca ganhou um lançamento decente. Também fiz algumas participações menores em algumas outras produções. Então, considero “Em Nome da Lei” o meu primeiro filme de verdade, porque as pessoas vão poder ver um trabalho meu melhor.

Em que circunstâncias você entrou para o projeto de “Em Nome da Lei”?

Foi o Sergio quem me convidou. Acho até que outro ator iria interpretar o Elton, porque recebi o convite dois meses antes do início das filmagens (risos)... Acho que o Sergio lembrou de mim porque havíamos trabalhado juntos em “Questão de Família”, série de TV que ele dirigiu para o canal GNT. Li o roteiro de “Em Nome da Lei” e adorei. Adoro trabalhar com o Sergio. Ele é um diretor maravilhoso. Nunca havia trabalhado com alguém tão gentil e generoso, que sabe o que está fazendo. A Mariza Leão também. É uma família talentosa, é agradável trabalhar com eles.

O que há de especial no seu personagem, o Elton, o policial federal que ajuda o juiz Vitor na luta contra o tráfico?

Nunca tinha feito esse tipo de personagem na vida. É personagem meio ambíguo, que trabalha há anos na fronteira, e que já conhece todo o esquema de tráfico de drogas e contrabando de mercadorias da região e sabe que não é de uma forma brusca que vão acabar com aquilo, como o juiz Vitor quer. O Elton conhece os bandidos, o delegado, os juízes, o promotor, todo mundo da cidade, então meio que sabe lidar com todas essas pessoas, ele alinhava o filme. Só no final ele vai saber se é um policial honesto ou não.

Fez algum tipo de pesquisa para ajudar na caracterização do personagem?

Não gosto muito dessa coisa de fazer laboratório. Eu me guio pelo roteiro, pelas conversas com o diretor, e pela minha intuição. Assisti a alguns filmes e séries policias também, mas não para imitar, apenas para conhecer o terreno do personagem. Também não me inspirei em ninguém em particular. Na TV, já fiz empresário mau caráter, advogados e empresários, mas nada parecido com o Elton. A televisão rotula você um pouco. Só agora, na nova temporada da novela “Malhação” é que estou fazendo algo diferente, o Jorge, um cara do subúrbio, de classe média baixa, que adora malhar.

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ENTREVISTA COM A PRODUTORA MARIZA LEÃO

Você não produz um filme do Sergio, seu marido, desde “Onde Anda Você” (2004). Como analisa esse período em que vocês dois estiveram “separados”?

Acho que foi muito bom a gente ter ido cada um para o seu lado, durante algum tempo, para poder voltar com um projeto que encantava os dois. Sempre digo que é bom trabalhar juntos por opção e não por contingência. Ele me propôs esse projeto, adorei e achei que já estávamos muito tempo separados profissionalmente. De certa forma, “Em Nome da Lei” é um reencontro.

Quais aspectos de “Em Nome da Lei” te chamaram mais a atenção?

Acho que a contemporaneidade do projeto me interessou mais. Tenho mais afinidade com filmes contemporâneos. O filme fala de um personagem que identifico no Brasil contemporâneo e isso me atrai muito. Essa coisa de me ver colada numa realidade que estou vivendo. Acho que um juiz jovem que assume uma vara em uma região de fronteira é uma coisa muito contemporânea, sim.

Enxerga alguma semelhança entre o Vitor, protagonista de “Em Nome da Lei”, e o juiz Sergio Moro, que está à frente das investigações da Lava-Jato, na vida real?

Acho que o nosso juiz não tem nada a ver com o Moro. O que acontece no nosso Brasil é que os poderes Executivo e Legislativo estão passando por um momento muito difícil, e o Judiciário está assumindo um papel que, a meu ver, não é equilibrado. Existem três poderes, não pode existir apenas um que seja um depositório da expectativa da sociedade. Nesse sentido, gosto desse juiz imperfeito, que tem contradições. O Vitor de “Em Nome da Lei” é um herói imperfeito. Não um herói no sentido tolo, rasteiro, mas alguém que tem um compromisso com seus ideais e que os leva adiante com todas as contradições que nós, seres humanos, temos.

Quais as vantagens de se filmar em locação uma história com geografia tão complexa como essa?

Acho que não conseguíramos uma figuração com essa, meio com cara de índio boliviano/matogrossense. Outra vantagem são os grandes planos abertos daquela região, a terra vermelha das plantações de cana e soja, que aqui, no Rio, não teria. Sergio não tem medo de filmes em locação. Eu também sou maluca o suficiente para filmar no sertão (“Canudos”), no interior de Portugal (“Meu Passado Me Condena 2”), ou num navio (“Meu Passado Me Condena”). Filmo muito pouco no Rio. Acho que interessante também porque a região Centro Oeste é muito pouco mostrada no cinema ou na TV brasileiros. O visual do filme é elemento de atração para o público. Aqueles grandes planos de estradas, sem montanhas, fogem do lugar comum.

A que você credita essa quase ausência da paisagem do Centro Oeste no cinema brasileiro?

Se você pegar a literatura brasileira, vai encontrar uma quantidade enorme de livros que têm como cenário o sertão ou o litoral nordestino, ou ambientados na região amazônica. Há poucos autores que se detêm sobre o Pantanal, como o poeta . Em outras mídias, a escassez é maior ainda. A gente consegue lembrar de “O Matador”, do Beto Brant, que se passa na fronteira do Centro Oeste, e mais nada. Mas a fronteira é muito ativa, é um tema brasileiro.

É mais difícil levantar fundos para um filme com questões sociais e políticas, como “Em Nome da Lei”, do que uma comédia?

O tema não trouxe facilidades ou dificuldades. Ele tem apoios fortes da Fox e do Fundo Setorial, por exemplo. Sim, há investidor que só quer fazer filmes para as pessoas rirem, o que não é o caso do nosso, que fala sobre contrabandistas que agem entre o Brasil e o Paraguai. Há filmes que são mais fáceis de conseguir apoio do que outros, mas tem lugar para tudo no mercado. O que vejo é uma dificuldade maior para levantar recursos para produções mais encorpadas. Hoje, no Brasil, os filmes que se viabilizam mais facilmente são os de custo médio, de até R$ 6 milhões, com alguma vocação popular. Os filmes mais encorpados, orçados entre R$ 7 e R$ 7,5 milhões, que também são importantíssimos, têm mais dificuldades de encontrar parceiros. Até porque os recursos oriundos de leis de incentivo diminuíram muito nos últimos anos.

Você produz filmes de diversos gêneros e tamanhos. Tem preferência por algum tipo?

Gosto da pluralidade. Uma produtora tem que ter no currículo filmes de diferentes patamares. Tem que fazer um drama intimista como “Ponte Aérea”, comédias como “Meu Passado Me Condena” e um filme de ação como “Em Nome da Lei”. Não quero ser refém de um modelo de sucesso, nem de um caminho. Acho que produzir é também se expor, se colocar no mundo, ter um ponto de vista através dos filmes que você faz. Mas não é fácil, porque o “Em Nome da Lei” é um filme de porte grande, em termos de elenco, quantidade de extras, de cenas de ação. É diferente de fazer um filme urbano sobre relações afetivas, com o “Ponte Aérea”. E todos eles têm que ser igualmente bem realizados. ***

DEPOIMENTO DE NONATO ESTRELA (DIRETOR DE FOTOGRAFIA)

“No caso de ‘Em Nome da Lei’, foi a locação que forneceu o conceito do filme. Dourados, a cidade em que filmamos, tem uma luz extremamente tropical, forte. Também há o barro vermelho, as plantações de soja, imagens que se impõem. Se você vai retratar essa região de forma realista, não tem como fugir desses elementos. A gente fez os testes de câmera e, paralelamente, o Sergio ensaiava as cenas com os atores. O Chiquinho (Chico Diaz) colocou um figurino, virava de silhueta e o Sergio dizia se aquele era o efeito de luz que ele queria ou não, por exemplo. A luz da cidade, tanto durante o dia quanto durante a noite, contribuiu para a fotografia do filme. A noite havia o vapor urbano das lâmpadas de sódio. A luz artificial da cidade impões também o estilo, captei aquilo e coloquei no filme.”

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DEPOIMENTO DE FABIANA EGREJAS (DIRETORA DE ARTE)

“O maior desafio de “Em Nome da Lei” para a direção de arte foi o tempo. Era muito filme para pouco tempo, e as locações não eram muito fáceis. A gente estava numa cidade relativamente pequena, afastada das facilidades e dos fornecedores. Tivemos que reinventar o modo de fazer algumas coisas, com a ajuda dos profissionais existentes e os materiais a mão. A casa de um dos personagens era em cima de um tanque de gasolina de um posto de abastecimento de aviões! Um perigo, não podia haver faíscas, e eu tinha que montar uma casa ali... A casa do Gomez, que tinha uma arquitetura imperdível para aquele personagem, estava em ruínas, então 90% do esforço da gente foi gasto para restaurar a propriedade. Apesar disso tudo, o filme ganha com a cor da terra, a luz do Mato Grosso do Sul e a arquitetura local, que fornecem a alma particular dele.”

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DISTRIBUIÇÃO

FOX FILM DO BRASIL - Presente no mercado nacional desde 1920, a Fox Film do Brasil é uma das empresas com maior contribuição à indústria do entretenimento no país, atuando com destaque e garantindo a seus filmes amplo e diferenciado apoio de divulgação. Dentre os grandes sucessos distribuídos pela Fox, encontram-se: “O Regresso”, “Birdman”, “O Grande Hotel Budapeste”, A Culpa é das Estrelas”, a franquia “X-Men”, “Planeta dos Macacos”, “As Aventuras de Pi”, “Cisne Negro”, as franquias “Como Treinar Seu Dragão”, “ Rio”, “A Era do Gelo”. Além de produções nacionais com grande sucesso como: “Lisbela e o Prisioneiro”, “Ensaio Sobre a Cegueira”, “Se Eu Fosse Você 2”, “Nosso Lar” e “Copa de Elite”.

PRODUÇÃO

MORENA FILMES - Fundada em 1975, por Mariza Leão, a Morena Filmes opera ao lado da Atitude Produções (desde 2002) na produção de filmes de longa-metragem de ficção, séries de tv e documentários. Nos últimos anos realizou os seguintes longa metragens: “Meu Passado Me Condena, o filme 1 e 2” (2015/2013 - direção de Julia Rezende, com Fabio Porchat e Miá Mello), que alcançaram juntos mais de 6 milhões de espectadores em exibição nos cinemas, “Ponte Aérea (2015 – direção de Julia Rezende, com Caio Blat e Letícia Colin), “De Pernas Pro Ar 1 e 2”, (2013/2010 – direção de , com Ingrid Guimarães, Maria Paula e Bruno Garcia), que alcançaram juntos mais de 7 milhões de espectadores em salas de cinema, “Vendo ou Alugo” (co-produção com Aurora Cinematográfica - 2013 – de Betse de Paula, com , Marcos Palmeira, e Silvia Buarque), vencedor de 12 prêmios no Festival Cine PE 2013, “Totalmente Inocentes” (2012, direção de Rodrigo Bittencourt com Fabio Porchat, Fabio Assunção e Mariana Rios), “Waldick, sempre no meu coração” (co-produção com Ânima Filmes - 2010 - de Patrícia Pillar, documentário), “Apenas O Fim” (2009 - direção Matheus de Souza, com Erika Mader e Gregório Duvivier) e “Meu Nome Não é Johnny” (2008 - direção de Mauro Lima, com Selton Mello e Cléo Pires), longa-metragem brasileiro de maior bilheteria no ano de 2008; Para televisão, realizou a 1º e 2º temporadas da série do Canal Brasil “Procurando Quem”, o Show “Irmãos Aniceto E Orquestra ”, as séries para o canal Multishow “Cara Metade”, “Ce Faz o Quê?”, “Meu Passado Me Condena” (temporadas 1 e 2), “Acerto de Contas” e “Na Mala”, e para o canal GNT “Questão de Família (temporadas 1 e 2)”.

GLOBO FILMES - Desde 1998, a Globo Filmes já participou de mais de 175 filmes, levando ao público o que há de melhor no cinema brasileiro. Com a missão de contribuir para o fortalecimento da indústria audiovisual nacional, a filmografia contempla vários gêneros, como comédias, infantis, romances, dramas e aventuras, apostando em obras que valorizam a cultura brasileira. A Globo Filmes participou de alguns dos maiores sucessos de público e de crítica como 'Tropa de Elite 2', 'Se Eu Fosse Você 2', '2 Filhos de Francisco', ‘O Palhaço’, ‘Getúlio’, 'Carandiru', 'Nosso Lar' e 'Cidade de Deus' – com quatro indicações ao Oscar. Suas atividades se baseiam em uma associação de excelência com produtores independentes e distribuidores nacionais e internacionais.

RIOFILME - Fundada em 1992, a RioFilme é uma empresa vinculada à Secretaria Municipal de Cultura, cuja missão é impulsionar o fortalecimento e o desenvolvimento do setor audiovisual carioca, considerando os vários elos de sua cadeia de valor. Apoia o desenvolvimento, a produção, a distribuição e a exibição de conteúdo audiovisual, realiza investimentos em cinema, TV e em novas mídias, patrocina eventos setoriais e também promove ações de acessibilidade e de capacitação profissional, o que estimula a produção cultural brasileira e gera emprego e renda, além de resultar em impactos sociais e econômicos que atingem pequenos, médios e grandes agentes do mercado e também a população do Rio de Janeiro. Seu principal objetivo é consolidar a cidade como principal polo de audiovisual da América Latina.

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