Gloriosa a batuta de Cláudio Botelho e Charles Möeller Marília P êra canta e desafina (lindamente) sob P Guia deO teatro exemplar gatuito º N X O N A Gilberto Gawronski Cláudio Cavalcanti Adriane Galisteu Marcelo Serrado Leandro Hassun Jornal doTeatro Otávio Muller Daniel Herz Luís Salém Em Cartaz Inez Viana Eva Todor 8 9 bbastidores a s t i d o r e s Novas gerações

“­­O teatro é o alicerce de qualquer arte. É no palco que o artista aprende a ter segurança, descobre o domínio sobre uma plateia. Ali, ele reconhece os silêncios, os sorrisos, o improviso, o ritmo de uma atuação. É fundamental para a formação do ator. Acredito que a arte só é válida se o público corresponde ao que o artista apresenta. Em mais de 70 anos de carreira, não tive um só papel que não me agradasse. E correspondi ao que o público esperava de mim. Eu tinha um senso de improvisação inato e uma forma de encarar a vida de maneira divertida, o que era perfeito para as comédias daquela época, leves, suaves, fa- miliares. Fazer humor não é fácil. Em frente à plateia, percebe-se o momento exato para levar alguém a rir. Desenvolvi um gênero próprio de atuar e, embora tenha me tornado conhecida como comediante, fiz diversos papéis dramáticos. Porém acabava retornando à comédia, uma especialidade da companhia Eva e Seus Atores, que meu primeiro marido, Luiz Iglesias, criou. Quando cheguei ao Brasil, continuei os estudos de balé ini- ciados na Hungria, onde nasci. Mas depois que comecei a atuar, aos 14 anos, nunca mais parei de trabalhar como atriz. Estive no palco por mais de 50 anos, 23 deles somente no Teatro Serrador. Perdi a conta do número de peças de que participei. Enquanto pude, acumulei teatro, televisão e cinema, mas houve um momento, na década de 1980, em que precisei optar. Estava cansada com tantas atividades. Escolhi a televisão. Nela, além de papeis que me apresentam a plateias diferentes, tenho a oportunidade constante de contracenar com jovens artistas. Gosto muito deste encontro com as novas gerações: a esperança para nós, artistas veteranos, de que a arte teatral a nd e rl y / divulg ção permanecerá sempre viva. ” André W Eva Todor, fevereiro de 2009 jornaldoteatrojornal do teatro Interatividade Inclusão artística Cada vez mais o público teatral Baseada em quatro textos do participa ativamente da realização americano Tennessee Williams, a teatral. No Centro Cultural Justi­ peça Quartos de Tennessee fala da ça Federal, as atrizes Amanda solidão em ambientes claustrofó­ Holcomb, Emileine Zarp e Tuini bicos. Para atender a um grande Bitten­­court fazem uma reflexão grupo que se sente isolado em sobre a memória em Um Homem quase todas as situações sociais, e Três Janelas. Cada encenação, uma equipe faz a descrição em no entanto, é diferente da outra, áudio de tudo que acontece em pois antes de entrar no teatro cada cena. Os deficientes visuais que espectador escolhe entre 40 objetos forem ao Centro Cultural dos Cor­ quais serão utilizados pelo elenco reios recebem fones de ouvido para em cena. acompanhar o espetáculo.

Estreantes Haja fôlego! A atriz Vera Holtz faz seu debut À frente do elenco do musical como diretora teatral à frente de O Sassaricando – E o Rio Inventou a Estrangeiro, baseada no romance Marchinha, o compositor, ator e de Albert Camus. Pela primeira vez cantor Eduardo Dussek volta ao encenada no Brasil, a peça também palco do Teatro das Artes (onde marca a estréia de Guilherme Leme também está a peça, todas as no monólogo. quintas-feiras) para apresentar seu show Dussek de Quinta. A primei­ ra se inicia às 17h. De Quinta, às 21h30m.

Aplauso é uma publicação mensal da Sociedade Cultural Itaipava Ltda. Redação, adminis- tração, publicidade, informações sobre assinatura e correspondência: Rua Gal. Venâncio Flores, 620/101, CEP 22441-090, , RJ. Tels.: (21)2233-6648, 2263-1372 e 2516-5056. E-mail: [email protected]. Diretora: Ivonette Albuquerque. Colabora- dores: Walkyria Garotti (edição de arte); Olga de Mello (textos). Coordenador de produção: Vinnicius Lucena. Jornalista responsável: Catarina Arimatéia MTb.: 14135. Certificado de Registro de Direito Autoral nº 155.441. Impressão: Grafitto. Capa: Wilson Melo / Divulgação www.aplauso.art.br palavrapalavrapalavra de atriz Inez Viana Momento iluminado

Nas minhas angustiadas noi- tes em claro, o Marcelo Neves

sempre me dizia: “Calma, vai Est e la A lban i / d iv ulgação Depois do sucesso de A mulher que aparecer um bom trabalho, acredita nisso...” escreveu a Bíblia, Inez Viana está em Na medida do possível, tentava acreditar Sassaricando e... não é que apareceu ? A feia mais linda que já tive a honra de conhecer. A mulher que escreveu a Bíblia. Sabia que ia ser um trabalho diferente em minha carreira, mas adaptação, à Isabel Themudo pela linda pro- não sabia que ia mudar minha vida! Gente, dução e, principalmente, pela generosidade, simplesmente a ansiedade e as noites mal ao autor, . ‘dormidas acabaram. Juro, a cada dia é uma E que texto, meu Deus! Ele nos faz re- sensação de êxtase, de plenitude, de eterni- fletir sobre qual beleza estamos realmente dade. Logo no teatro, onde tudo é efêmero, buscando, que vida queremos ter, tudo com onde as incertezas são maiores, onde é tão muito humor, claro. difícil conseguir patrocínio – nós, por exem- Mas eis que surge também o musical plo, não tivemos nenhum, montamos a peça Sassaricando, onde tive a honra de entrar no graças ao apoio do Espaço Sesc –, onde nos lugar da talentosa e amiga querida Soraya perguntamos o tempo todo: será que virá Ravenle, para cantar marchinhas carnava- alguém hoje? Será sucesso? Conseguirei lescas. Então, começo 2009 em dois teatros, pagar o mínimo do teatro? de terça a domingo! Agradeço todos os dias A este 1 ano e 2 meses de felicidade e por esse momento iluminado. realização, devo muito ao Guilherme Piva, O prazer é tanto que depois ainda consigo meu querido diretor, que não só me convi- ir ao Trapiche Gamboa cantar sambas e dou para este monólogo, como formou uma ouvir meus amigos do Samba Bom e Samba equipe de profissionais impecáveis. Devo de Fato encherem mais ainda de alegria também à Thereza Falcão pela belíssima meu coração. Todo mundo é mundo

papel da arte no resgate Brasil que deu certo O lado bom do País social e a paixão que É imperdível, é emocionante. Gostaria que muitas pessoas O o palco desperta em O projeto é maravilhoso e a assistissem a este trabalho. quem passou muito tempo peça é tecnicamente boa. Eles É o lado bom do País. É o lado da vida sem qualquer acesso cantam e dançam bem, são que pode dar certo.

a ele estão em Todo Mundo é DIVULGAÇÃO FOTOS: bons atores. Há tempos eu não Lucélia Santos, atriz Mundo, uma criação coletiva chorava de alegria. A gente da Cia Aplauso, que vem en- sai com a impressão de um cantando o público carioca e Brasil que deu certo. Eu, que faz nova temporada. Artistas, estou há 15 anos na profi ssão, formadores de opinião e até a sinto muitas vezes que preciso Rainha Sílvia, da Suécia, co- recuperar essa alegria. É transformador para quem está nheceram o trabalho do grupo começando e para quem já está e têm declarado seu encanto há tempos no ofício. com o espetáculo, apresen- Ingrid Guimarães, atriz tado no Galpão Aplauso, na Zona Portuária do Rio. Alguns desses depoimentos estão aqui. >> Exemplo de vitalidade O Galpão Aplauso não é um cenáculo de caridade, de assistencialismo. Lá são preparadas pessoas para entrar no mercado de trabalho, lá os jovens passam por períodos de conhecimento da criação, da cultura, para depois entrarem na vida profissional. Hoje, Lufada de esperança os principais grupos culturais brasileiros O espaço é deslumbrante pelo surgem das periferias para os centros tamanho, pela exposição e pela urbanos e ensinam, sim, a nós, como eles disponibilidade. Agrega um são e como querem ser. O Galpão Aplauso número enorme de jovens, dá é exemplo dessa vitalidade. Importante é assistência, estofo... Por tudo isso pegar as sementes que estão na vida social é fascinante. E tinha que ser lá dos esquecidos. O Galpão Aplauso deve ser mesmo a peça. Ali é o espaço, conhecido e imitado no Brasil todo. é onde rola a energia positiva Arnaldo Jabor, cineasta deles. O público que tem ido lá é a resposta. Acaba sendo uma escola de arte dramática onde se aprende a fazer tudo. E entra uma coisa de pureza, de ingenuidade, de superação. Uma avalanche emocional para a gente que trabalha com isso, como uma viagem nostálgica de grupo, de >> Show emocionante Modelo a ser seguido quando começou, da emoção O Rio é capaz de criar coisas como o A arte integra todas as possibilidades do de estar no palco. É uma lufada Galpão Aplauso, projeto sociocultural ser humano, originando-se na desordem, de esperança de que as coisas que há cinco anos vem atraindo representada pelo deus grego Dionísio, podem acontecer. centenas de jovens da periferia e pela ordem e harmonia simbolizada Du Moscovis, ator para lhes dar uma profissão e por Apolo. Já trabalhei, de forma ensinar o que fazer da vida. Fui ver desordenada, nos anos 1970 e 1980, com >> o espetáculo de música, dança, circo grupos de comunidades carentes. Era e teatro que o grupo está encenando uma iniciativa própria, sem qualquer Amor pela vida Depois que a gente assiste aos espetáculos da Cia num armazém do Cais. Dificilmente apoio. Chego ao Galpão Aplauso e Aplauso compreende que a possibilidade de transformar há programa melhor aos sábados do encontro a harmonia construída por um nossa realidade violenta existe. O que é necessário é que pegar um ônibus especial que trabalho de profundidade, que emociona. vontade. Este é o mais emocionante e lindo espetáculo sai do Jockey às 20h30m e assistir a É um modelo a ser seguido aqui e em do grupo. É uma peça a ser assistida por quem tem amor esse show emocionante. outras cidades. pela vida e esperança na humanidade. Zuenir Ventura, jornalista Camila Amado, atriz Elisângela, atriz Explosão de vitalidade Temos aqui uma explosão de vitalidade, de energia, de alegria que nos faz, >> Paixão, juventude apesar de todas as crises, apesar de e garra todos os percalços, acreditar, sempre, Agradeço muito a na força transformadora da juventude oportunidade que vocês brasileira. Na força do Brasil. estão nos dando de sair Aconteceu e acontece no daqui um pouquinho Galpão Aplauso. mais brasileiros, um Wilson Cunha, pouquinho mais artistas supervisor e um pouquinho menos do espetáculo reclamões da vida, menos esnobes, menos aquilo que não se deve ser. Mais daquilo que enobrece, paixão, juventude, garra. Sem vocês não há futuro nenhum. Nem do teatro. Nem do Brasil. Cristiane Torloni, atriz

Todo Mundo é Mundo O quinto espetáculo da Cia Aplauso conta a história de seus integrantes e a descoberta da arte como instrumento para a inserção social e fortaleci- mento de valores. Dramaturgia: João Batista. Direção: Gilberto Gawronski. Supervisão: Wilson Cunha. Galpão Aplauso (Rua General Luís Men- des de Moraes, 50, Santo Cristo). Tel.: 2233-6648. Estacionamento no local (rua de desembarque da Rodoviária Novo Rio). Sábados, 21h. R$ 20. Transporte gratuito de ida e volta para o local em ônibus que sai do Jockey Club às 20h30. não perca n ã o pO espectador e assistiu, r gostou e indica c a Tom & Vinicius, o musical “Politicamente, é muito importante termos um teatro que conte a história não apenas de uma riquíssima parceria, mas de uma amizade profunda. Isso é importante, neste mundo em que vivemos. As interpretações de Marcelo Serrado, como Tom, e Thelmo Fernandes, como Vinicius, são generosas o s: divulgaçã t

f o a ponto de permitir que o público projete o Tom e o Vinicius que cada um tem dento de si”. Camila Amado, atriz Motel Paradiso “Juca de Oliveira conhece todos os caminhos para uma boa comédia. O elenco afinadíssimo garante divertimento na certa”. Sílvia Salgado, atriz

O bilontra “A montagem de O bilontra, misturando fatos atuais aos da época da peça original, que Artur Azevedo lançou há mais de 100 anos, é uma grande sacada. A sátira política sempre foi um dos pontos fortes do teatro de revista. É um espetáculo divertido, com elenco competente e uma adaptação excelente”. Rogério Fróes, ator Às favas com os escrúpulos “É sempre incrível ver em cena. O espetáculo já vale só por ela, imagina com um bom texto, um bom elenco e muita diversão! É de lavar a alma.” Rosa Maria Murtinho, atriz não são travestis, não estão fazendo carica- Coringas em cena tura de mulheres. Naturalmente, provocam Para pontuar as ações de Medida por risadas iniciais, pois são mulheres um pouco Medida, Gilberto Gawronski interferiu no diferentes, precisam afinar a voz, cuidar da texto original de Shakespeare criando dois postura, tudo sem afetação. Ninguém quer novos personagens que permanecem

Medida por buscar o riso fácil”. em cena durante toda a peça. Os dois coringas são interpretados por Wallace Nem bom nem mau Lima e Murilo Fontes, atores da Cia Aplauso Como em muitos trabalhos de Shakes- de Teatro. “Aos sábados, assim que o peare, em Medida por Medida não há um espetáculo termina, vestimos os figurinos protagonista definido, o que, segundo Ga- de Todo Mundo é Mundo e nos enfiamos wronski, exigiu um cuidado maior na escola em um táxi para chegar a tempo de nos do elenco, que conta com Ricardo Blat, Nildo apresentarmos, às 21h, no Galpão Aplauso”, Parente, Luis Salém e Pedro Neshling em conta Wallace, 22 anos. papéis de destaque. Salém vive o Duque, o Contracenar com atores consagrados ainda governante de Viena, que passa o governo parece um sonho para Murilo, de 20 anos. “Custo a acreditar que divido palco com o para Ângelo (Blat) e Escalo (Parente), quan- Ricardo Blat. É um aprendizado maravilhoso, do sai em viagem. Invocando a necessidade até porque todo o elenco tem sido afetuoso de limitar a corrupção moral na cidade, e generoso conosco”, diz Murilo, que está na Ângelo decide punir com a morte quem o Sever / divulgaçã o : Paul

t Cia Aplauso há dois anos. Participar de uma

f o praticar sexo fora do casamento. A primeira medida peça com atores mais experientes levou vítima é um nobre, Cláudio (Neschling), cuja Wallace a se reconhecer como ator: Montagem elizabetana para um clássico de Shakespeare noiva, Julieta, está grávida. Quando a irmã “A Cia Aplauso é nossa família, que nos Por Olga de Mello de Cláudio, Isabela (Sérgio Maciel) pede trata com carinho, que nos protege. que a pena seja comutada, Ângelo prome- Fazer um trabalho sem o grupo é me ver frente da primeira montagem no desta comédia sombria, situada em Viena. te voltar atrás se a moça, muito religiosa, como um artista autônomo, um crescimento Brasil da comédia Medida Por Medida, “Que ninguém espere dar gargalhadas perder a virgindade com ele. Mas o Duque, profissional importantíssimo”, afirma À de William Shakespeare, o diretor estrondosas. A concepção de comédia da- que voltou à cidade disfarçado, consegue Wallace, que pretende, como Murilo, fazer Gilberto Gawronski quer que o espectador quela época era outra”, adverte Gawronski, reverter a situação. faculdade em Artes Cênicas. que for ao Teatro I do Centro Cultural Banco que no palco faz duas aparições – uma Para Ricardo Blat, apesar do comporta- do Brasil tenha a sensação de uma viagem como o próprio Shakespeare, outra na pele mento dúbio, Ângelo não é um vilão, mas Agenda ao tempo, com homens desempenhando de Bernardino, um prisioneiro. “É um papel um funcionário determinado a cumprir sua Comédia de William Shakespeare. Tradução: pequeno, mas o crítico Harold Bloom diz Bárbara Heliodora. Direção: Gilberto Gawronski. os papéis femininos, como na Inglaterra missão: “Shakespeare não tem personagens Com Luís Salém, Nildo Parente, Ricardo Blat, seiscentista. Mesmo que a irreverência que ele guarda toda a essência da trama”, totalmente bons ou totalmente maus, exce- Celso André, Rodolfo Bottino, Alcemar Vieira, Pedro contemporânea perpasse o espetáculo – que informa o diretor, que pediu o máximo de tuando os claramente psicopatas que en- Neschling, Tatsu Carvalho, Rafael Leal, Gilberto naturalidade a todo o elenco, incluindo Ro- Gawronski , Murilo Fontes e| Wallace Lima. Centro conta com canções de um passado pouco contramos em algumas tragédias. Ele tinha Cultural Banco do Brasil Rio de Janeiro - Teatro I distante, como Non, Je ne Regrette Rien, dolfo Bottino, Sérgio Maciel e Rafael Leal, um olhar agudo para analisar o ser humano (Rua Primeiro de Março, 66, Centro). Fone: 3808- sucesso de Edith Piaf, para pontuar a trama que interpretam as mulheres da peça. “Eles em todas as suas nuances e contradições”. 2020. Quarta a segunda, 19h. R$ 10. Gloriosa Marília Pêra desafina – e muito bem – sob a regência de Cláudio Botelho e Charles Möeller Por Olga de Mello

ma “coincidência cósmica” juntou Marília Pêra, Cláudio Botelho e Char- U les Möeller na montagem de Gloriosa, de Peter Quilter. Quem garante é o próprio Charles, que há alguns anos assistiu, com o sócio Cláudio Botelho, a uma peça na Broadway que contava a história da desafi- nadíssima cantora Florence Foster Jenkins. “Pensamos imediatamente na Marília para o papel, mas não conseguimos comprar os o s: Wils n Mel / divulgaçã direitos. E não é que, anos depois, os pro- t f o dutores Sandro Chaim e Claudio Tizo vieram nos convidar para encenar a versão inglesa Avenida Q, O despertar da primavera e nossas peças estreiem no Rio! É clausula Aplauso: Por que vocês viram em Marília do mesmo episódio?”, conta Charles, que di- Gipsy. O fôlego para estar à frente de tantas contratual”. Com um currículo de sucessos Pêra a intérprete ideal de Florence? rige o espetáculo, cuja adaptação e direção montagens surge sempre que necessário, de público, alguns inesperados – como Bea- Charles Möeller: Só uma profissional que musical ficaram a cargo de Cláudio Botelho. garante Charles, que se orgulha de haver tles, montado sem grandes pretensões, para canta muito bem poderia interpretar uma Atualmente com três outros espetáculos contribuído para firmar a cidade como praça aproveitar um espaço na agenda do Sesc personagem que canta tão mal. Não há em cartaz no Rio – A noviça rebelde, Beatles para grandes produções. “O Rio de Janeiro Copacabana –, Charles Möeller conversou registro filmado de Florence, mas ouvimos num céu de diamantes e 7, o musical – a estava muito desacreditado, todos diziam com Aplauso sobre o desafio de fazer um algumas gravações. É algo fora do comum. dupla tem a agenda fechada até o fim do que aqui só valia a pena fazer monólogos musical onde a harmonia e o ritmo ficam Ela simplesmente não acertava uma nota ano, quando estrearão mais três musicais: ou besteirol. Hoje, exigimos que todas as em permanente desencontro. sequer. Não tinha melodia, tom, ritmo.

>> o tratamento era à base de mercúrio, o que pode causar alterações mentais e até de percepção.

Aplauso: E onde estavam os amigos para dizer que cantar não era o seu forte? Charles Möeller: Depois que o pai morreu, Florence herdou toda a fortuna e passou a promover saraus. Ninguém tinha coragem de negar-lhe o direito de cantar. Afinal, era ela quem financiava as apresentações. Entusiasmada, cantava trechos de óperas e tornou-se uma sensação em Nova York. As pessoas iam vê-la desafinar e tinham acessos de risos. Mas ela achava que pro- vocava em seus ouvintes a mesma reação >> Alcançava algumas notas altas, mas não que as fãs histéricas de Frank Sinatra. Como conseguia alinhá-las com afinação. se considerava uma diva, decidiu alugar o teatro Carnegie Hall, que teve a venda de Aplauso: O que há por trás da personagem? ingressos mais rápida de toda a sua história. Charles Möeller: A história dela é muito A procura só é comparável às apresentações trágica. O pai era um banqueiro da Pensil- de Judy Garland e dos Beatles. O problema vânia, riquíssimo. A quantidade de terras é que pela primeira vez ela recebeu críticas que ela recebeu de herança era maior do arrasadoras. Cinco dias depois, morreu de que o território do estado do Texas. Em enfarte fulminante. menina, aprendeu piano e mostrou-se muito Afinação na alma talentosa. Mas o pai não admitiu que ela se Aplauso: Como foi dirigir Marília Pêra? Enquanto Florence Jenkins era desafinada e de coração fraco, cantar em bom tornasse artista, disse que tinha de se casar. Charles Möeller: Não tínhamos a menor tom nunca foi problema para Marília Pêra, que já interpretou Dalva de Oliveira em Ela, então, fugiu de casa e se casou com um dúvida de que Marília daria à Florence toda A Estrela Dalva, além de ter trabalhado em diversos musicais, como Pippin, My médico que lhe transmitiu sífilis. Na época, a dimensão tragicômica da personagem. Fair Lady e Roda Viva. Também participou de peças-show, cantando sucessos de Ela não se acomoda na posição de grande Carmem Miranda e de . Mesmo assim, Marília se considera uma cantora mediana. O que a atraiu no papel foi trabalhar em um musical “em que a atriz Agenda atriz, se entrega ao trabalho com empenho. principal tem como obrigação cantar bem mal”. Para Marília, Florence Jenkins tinha Musical de Peter Quilter. Adaptação e direção Foi o encontro perfeito entre três pessoas musical: Cláudio Botelho. Direção: Charles Möeller. neuroticamente disciplinadas. Todos nós três uma vaga percepção de que não cantava bem. “Mas ela nem pensava nisso, creio eu, Com Marília Pêra, Guida Vianna e Eduardo Galvão. somos excessivamente pontuais. O temor de tamanho o amor que tinha pela música e a necessidade de estar cercada de aplauso. Teatro Fashion Mall (Estrada da Gávea, 899, Shop- atrasos era tamanho que havia quase uma Na verdade, acho que ela não queria ter essa consciência”, diz Marília, que, além de ping Fashion Mall, São Conrado). Tel.: 3222-2495. Ave Maria, de Gounod, interpreta, na peça A Rainha da Noite, de Mozart; A Risada de Quinta a sábado, 21h30; domingo, 20h. R$ 70 (qui. competição para ver quem chegaria mais Adele, de Strauss; e A Canção do Sino, e sex.) e R$ 80 (sáb. e dom.). adiantado ao ensaio... so. Tom e Vinicius, mais que cariocas, são Eucanã Ferraz. O ator Thelmo Fernandes, patrimônio do Brasil”, diz Herz. que vive , foi chamado Autor do projeto, o ator Marcelo Serrado a pedido da família do Poetinha. “Além de Tom & Vinicius, sempre quis produzir um espetáculo ligado Thelmo ser um grande ator, ele lembra um à Bossa Nova. Para interpretar o maestro pouco o Vinícius fi sicamente e consegue Tom Jobim, começou a se preparar há três mostrar todo aquele encanto do poeta, o o musical Marcelo Serrado e Thelmo anos, quando foi aprender a tocar piano. charme, suas paixões por diferentes mulhe- Fernandes vivem a dupla mais “Cheguei a instalar um piano ao lado da res e a angústia que sofria antes de encontrar minha cama para tornar o instrumento parte um novo amor”, diz Marcelo Serrado. reverenciada da MPB de meu dia a dia. Tom é um personagem O diretor Daniel Herz, que já dirigira os Por Olga de Mello muito difícil de interpretar, porque sua vida musicais Geraldo Pereira e Otelo da Manguei- foi muito uniforme, muito tranqüila. Ele não ra, mostra-se empolgado com o espetáculo, a segunda noite de apresentação de Tom & renderia, sozinho, uma peça de teatro. No pois teve a Bossa Nova como fundo musical Vinicius, o Musical, no Teatro João Caetano, no máximo valia para uma biografi a, um docu- de sua adolescência. “Meu encontro com o N início de janeiro, a plateia carioca mostrou que mentário.Tom teve uma história tranqüila, samba se deu na fase adulta. Tom e Vinicius não guardava qualquer mágoa por estar recebendo apenas dois casamentos, poucos romances. deram voz à classe média, trouxeram a so- o espetáculo depois dos paulistanos. “No meio de Já Vinicius, sim, é drama puro. Ele trouxe fi sticação harmônica para a música popular. Garota de Ipanema houve uma ovação espontânea. um pouco de chama para a vida pacata do E os dois são personagens muito ricos. Tom, Isso nunca aconteceu em São Paulo, onde o público Tom”, afi rma Marcelo. um príncipe, uma pessoa muito estável, mas se mostrava emocionado, mas era mais contido. Acho de uma entrega absoluta à música. E Viní- que era o reconhecimento de que Tom e Vinicius ha- O príncipe e o sedutor cius, o sedutor por quem todas as mulheres viam chegado em casa”, observa o diretor Daniel Herz. Para contar a história da amizade que le- caíam, que se apaixonava intensamente sem A peça deveria ter estreado no Rio, mas a escassez vou ao mais importante encontro da música deixar de lado o compromisso com a criação de casas de espetáculo na cidade levou a montagem popular brasileira, foram convidados a escri- artística. É impossível deixar de se apaixonar primeiro a São Paulo. “Foram cinco meses de suces- tora Daniela Pereira de Carvalho e o poeta por ambos”, diz o diretor. AGENDA Texto: Daniela Pereira de Carvalho e Eucanaã Ferraz. Direção: Daniel Herz. Direção musical: Josimar Carneiro. Com Marcelo Serrado, Thelmo Fernandes, Guilhermina Guinle e outros. Teatro João Caetano (Praça Tiradentes, s/n°, Centro). Fone: 2332-9166. Sextas, sábados e domingos, 20h. R$ 40. FOTO: LENISE PINHEIRO / DIVULGAÇÃO FOTO: em cartaz e m c apeças, horários, r teatros t e preços a z

7 – O MUSICAL para salvar-se da falência. Direção: Misturando elementos de contos-de- José Henrique. Com Alexandre Mofa- fada com música de Ed Motta, a nova ti, Cristiano Gualda. Teatro Solar de produção de Cláudio Botelho e Charles Botafogo (Rua General Polidoro, 180, Möeller discute envelhecimento, amor Botafogo). Fone: 2543-5411. Terça e e perda sob a ótica feminina. Texto e quarta, 21h. R$ 30. direção: Charles Möeller. Com Ales- sandra Maestrini, Ida Gomes, Zezé AS CENTENÁRIAS Motta, Rogéria, Eliana Pittman. Teatro Duas carpideiras, que passam a vida Carlos Gomes (Praça Tiradentes s/n, em velórios e enterros no interior do Centro) Fone: 2232-8701. Sexta e Nordeste, encontram com celebri- sábado, 20h. Domingo, 18h. R$ 30. dades locais e entram em confronto com a Morte. Texto: Newton Moreno. BEATLES NUM CÉU DE DIAMANTE Direção: Aderbal Freire-Filho. Com Charles Möeller e Cláudio Botelho , Andréa Beltrão e Sá- fazem uma releitura das músicas dos vio Moll. Teatro Poeira (Rua São João Beatles, contando a trajetória de uma Batista, 104, Botafogo). Fone: 2537- jovem da adolescência à vida adulta. 8053. Sexta e sábado, 21h. Domingo, Texto: Charles Möeller e Cristiano 20h. R$ 60 (sex. e dom.); R$ 70 (sáb.). Gualda. Direção: Charles Möeller. Di- reção musical: Cláudio Botelho. Com CLANDESTINOS Gottscha, Marya Bravo e outros. Teatro Comédia conta a história de jovens Leblon – Sala artistas que chegam ao Rio em busca (Rua Conde de Bernadotte, 26, Le- de uma chance profissional. Texto blon). Fone: 2529-7700. Quinta, sexta e direção: João Falcão. Com a Cia e sábado, 21h30; domingo, 20h. R$ Instável de Teatro, criada a partir da 60 (qui.) e R$ 70 (sex., sáb. e dom.). seleção de artistas estreantes. Teatro Glória (Rua do Russel 632, Glória). O BILONTRA Fone: 2555-7262. Quinta a sábado, A peça, lançada por Artur de Azevedo 21h; domingo, 19h. R$ 20. em 1886, marcou a ascensão do teatro de revista, popular no Brasil no fim OS DIFAMANTES do século XIX. A adaptação de José Maria Clara Gueiros e Emílio Orciollo Henrique, que dirige o espetáculo, interpretam um casal de apresenta- junta fatos atuais com os mencionados dores de um talk-show sobre cele- no texto original, que conta a história bridades de televisão. Texto: Martha de um jovem envolvido em falcatruas Mendonça e Nelito Fernandes. Di- peças, horários, teatros e preços e m c a r t a z

reção: Ernesto Piccolo. Teatro do – Sala Marília Pêra (Rua Conde de Leblon – Sala Tonia Carrero (Rua Bernadotte, 26, Leblon). Fone: 2529- Conde de Bernadotte, 26, Leblon). 7700. Quinta a sábado, 21h. Domingo, Fone: 2529-7700. Quinta a sábado, 20h. R$ 60 (qui.), R$ 70 (sex.), R$ 80 21h30; Domingo, 20h. R$ 50 (qui. e (sáb. e dom.). sex.) e R$ 60 (sáb. e dom.) O ESTRANGEIRO DOIS PARA VIAGEM Guilherme Leme estrela monólogo Um feitiço prende no tempo dois baseado no romance existencialista de atores que tentam apresentar uma Albert Camus. Mersault é um homem comédia ao público. Texto: Miguel que observa os acontecimentos, sem Thiré, Mateus Solano e Jô Bilac. lutar para preservar a própria vida. Direção: Jô Bilac. Com Miguel Thiré Adaptação: Morten Kirkskov. Direção: e Mateus Solano. Teatro Candido Vera Holtz. Espaço Sesc/Mezanino Mendes (Rua Joana Angélica, 63, (Rua Domingos Ferreira, 60, Copa- Ipanema). Fone: 2267-7295. Terça e cabana). Fone: 2547-0156. R$ 16. A quarta, 21h. R$ 30. partir de 5 de fevereiro. DUSSEK DE QUINTA EU SOU O SAMBA Show no formato de cabaré e stand-up Os jornalistas João Máximo e Fátima comedy, com piadas em torno da vida Valença contam a história do samba de quinta categoria que levamos em através de suas canções neste musi- nosso dia-a-dia. Com Eduardo Dussek cal com fi gurinos de Rosa Magalhães e Copacabanda. Teatro das Artes. e coreografi a de Carlinhos de Jesus. (Rua Marquês de São Vicente, 52, Direção: Fábio Pilar. Direção musical: Shopping da Gávea, Gávea). Fone: Helcius Vilella. Com Cláudia Mauro, 2540-6004. Quinta, 21h30. R$ 50. Romeu Evaristo, Rafaela Fisher. Te- atro Villa-Lobos (Av. Princesa Isabel, ENSINA-ME A VIVER 440, Copacabana) Fone: 2275-6695. Glória Menezes é Maude, mulher de Quinta, sexta e sábado, 21h; domingo, quase 80 anos que festeja a vida 19h. R$ 50 (qui. e sex.) e R$ 60 (sáb. diariamente. Harold, um rapaz rico e dom.). e depressivo. Texto: Colin Higgins. Tradução: Millôr Fer nades. Direção: ÀS FAVAS COM OS ESCRÚPULOS João Falcão. Com Arlindo Lopes, Bibi Ferreira estrela a comédia de Juca Ilana Kaplan, Fernanda de Freitas de Oliveira como a mulher de um se- e Augusto Madeira. Teatro Leblon nador da República que descobre que em cartaz e m c apeças, horários, r teatros t e preços a z

o marido a trai. Direção: Jô Soares. Nildo Parente, Pedro Neshling. Teatro Com Gracindo Júnior, Bárbara Paz, I do Centro Cultural Banco do Brasil Neusa Maria Faro e Daniel Warren. (Rua Primeiro de Março, 66, Centro). Teatro Clara Nunes (Rua Marquês de Fone: 3808-2020. Quarta a segunda, São Vicente, 52, Shopping da Gávea). 19h30. R$ 10. Fone: 2274-9696. Quinta a sábado, 21h, Domingo, 20h30m. R$ 80 (qui., MORTE SOBRE A LAMA sex. e dom.) e R$ 100 (sáb.). Travesti recorda seu passado no mo- mento em que vai se suicidar. Texto A FRUTA E A CASCA e direção: Ricardo Torres. Com Déo Helena Varvaki e Garcez, Dani Ornellas, Carlos Arruza. vivem Capitu nesta peça inspirada no Centro Cultural Solar de Botafogo, clássico Dom Casmurro, de Machado Espaço Dois. Sexta e sábado, 21h30. de Assis. Texto e direção: Manoel Pra- Domingo, 20h30. R$ 30. zeres. Casa da Gávea (Praça Santos Dumont, 116, Gávea). Fone: 2239- A MULHER QUE ESCREVEU A BÍBLIA 3511. Sexta e sábado, 21h. Domingo, Thereza Falcão adaptou o romance de 20h. R$ 30. Moacyr Scliar sobre a mulher que, no século X antes de Cristo, foi uma das INVEJA DOS ANJOS 700 esposas do Rei Salomão. Dire- Uma revisão sobre os laços familiares, ção: Guilherme Piva. Com Inez Viana. discutindo as carências e os medos de Teatro Clara Nunes (Rua Marquês de cada um, com referências às obras de São Vicente, 52, Shopping da Gávea). Paul Auster e Garcia Marquez. Texto: Fone: 2274-9696. Terça e quarta, Arruda Mendonça e Paulo de Moraes. 21h. R$ 50. Direção: Paulo de Moraes. Com Mar- celo Guerra, Patrícia Selonk, Ricardo A NOVIÇA REBELDE Martins. Fundição Progresso (Rua dos Um dos mais populares musicais da Arcos 24, Centro). Fone: 2220-5070. história estréia em superprodução Quinta a domingo, 20h. R$ 30. assinada por Cláudio Botelho e Char- les Möeller. Com Hérson Capri, Kiara MEDIDA POR MEDIDA Sasso, Vera Canto e Mello, Fernando A comédia de William Shakespeare Eiras, Dudu Sandroni. Oi Casa Grande discute comportamento, sexualidade, (Av. Afrânio de Mello Franco, 290, erotismo e hipocrisia. Direção: Gilberto Leblon). Fone: 2511-0800. Quarta, Gawronski. Com Luiz Salém, Ricardo quinta e sexta, 20h30. Sábado, 16h e Blat, Rodolfo Bottino, Celso André, 20h. Domingo, 16h. R$ 60 a R$ 120 peças, horários, teatros e preços e m c a r t a z

(qua.). R$ 90 a R$ 150 (qui. e sex.). peça faz referências a técnicas tea- R$ 120 a R$ 180 (Sáb. e dom.). qua., trais contemporâneas. Texto: Daniel qui. e sex., 20h30; sab, 17h e 21h; Gaggini e Marcelo Adnet. Direção: dom, 18h. R$ 60 a R$150. Daniel Gaggini. Com Ricardo Tozzi, Danny Oliveira, Daniel Gaggini. Casa OPERETA CARIOCA da Gávea (Praça Santos Dumont, 116, O musical de Gustavo Gasparani Gávea). Fone: 2239-3511. Sexta a conta o romance entre a Cabrocha domingo, 21h. R$ 30. e o Malandro, através de diferentes tipos de samba. Direção: João Fon- QUARTETT seca. Com Soraya Renvele e Gustavo O dramaturgo alemão Heiner Muller Gasparani. Teatro Maison de France traz para a época atual a trama de (Av. Presidente Antônio Carlos, 58, Ligações Perigosas. Adaptação: João Centro). Fone: 2544-2533. Quinta, Gabriel Carneiro. Direção: Victor Gar- sexta e domingo, 19h30; sábado, cia Peralta. Com Beth Goulart e Paulo 20h30. R$ 60 Goulart Filho. Teatro do Leblon, Sala Tonia Carrero (Rua Conde de Berna- PÁSSARO DA NOITE dotte, 26, Leblon). Fone: 2529-7700. Monólogo. Luana Piovani interpreta Sexta e sábado, 23h30. R$ 40. uma mulher anônima em situação de total solidão. Texto: José Antônio QUARTOS DE TENNESSEE de Souza. Direção: Marcus Alvisi. Três peças curtas e um artigo de Ten- Teatro Leblon, Sala Marília Pêra (Rua nessee Williams tratam da solidão. Di- Conde de Bernadotte, 26, Leblon). reção: Susana Ribeiro. Com Graciela Fone: 2529-7700. Sexta e sábado, Pozzobon, Angela Rebello e Emílio de 23h30. R$ 80. Mello. Direção: Susana Ribeiro. Centro Cultural Correios (Rua Visconde de A PROPOSTA Itaboraí, 20, Centro) Fone: 2253- Comédia baseada em Pedido de 1580. Quinta a domingo, 19h. R$ 15. Casamento, de Anton Tchekhov, a QUASE PARA SEMPRE A trajetória de duas amigas em um “programa de emagrecimento”. Texto: Bosco Brasil. Direção: Roberto Souza. Com Bernardo Lacombe, Joana Ler- Rua Siqueira Campos, 239-B ner e Juliana Delgado. Espaço Sesc Fone: (21) 2255-1533 (Rua Domingos Ferreira, 60, Copa- em cartaz e m c apeças, horários, r teatros t e preços a z

cabana). Fone: 2548-1088. Sexta e 176, Ipanema). Fone 2247-6946. sábado, 20h; domingo, 19h. R$ 10. Quinta a sábado, 21h30; domingo, 20h30. R$ 30 (qui e sex) e R$ 40 , A PEÇA (sab e dom). Bruno Gomlevsky interpreta o ro- queiro nesta biografi a recheada por TERAPIA DO RISO canções do Legião Urbana. Texto: Espetáculo mostra o primeiro dia de Daniela Pereira de Carvalho. Direção: terapia de um grupo de personagens Mauro Mendonça Filho. Teatro Miguel surtados. Texto e atuação: Carlos Falabella (Av. Dom Hélder Câmara, Alexandre, Hellen Suque e Israel 5.332, Norte Shopping, Cachambi). Linhares. Direção: Anja Bittencourt. Fone: 2595-8245 Quinta a sábado, Teatro Vanucci (Marquês de São Vi- 21h. Domingo, 20h. R$ 40 (qui. e cente 52, Shopping da Gávea). Fone: sex.) e R$ 50 (sáb. e dom.). 2239-8545. Sexta e sábado, 21h30; domingo, 20h30. R$ 50 (sex) e R$ 60 SASSARICANDO – E O RIO INVENTOU A (sab e dom). MARCHINHA A história do Rio de Janeiro é conta- TRAIÇÃO da pelas marchinhas de carnaval de Um triângulo amoroso envolve um Lamartine Babo, e João homem, sua mulher e o amante dela. Roberto Kelly, entre outros. Texto: Texto: Harold Pinter. Direção: Ary Sérgio Cabral e Rosa Maria Araújo. Coslov. Com Isabella Parkinson, Leo- Com Eduardo Dussek, Inês Viana. nardo Franco e Isio Ghelman. Centro Teatro das Artes (Rua Marquês de Cultural Solar de Botafogo (Rua São Vicente, 52, Shopping da Gávea, General Polidoro, 180 – Botafogo) Gávea). Fone: 2540-6004. Quinta, Fone: 2543. Sexta e sábado, 21h30; 17h; sexta e sábado, 21h; domingo, domingo, 20h30. R$ 40. 20h. R$ 60 (qui.), R$ 70 (sex. e dom.) e R$ 80 (sáb.). UM HOMEM E TRÊS JANELAS Uma refl exão sobre a produção e a TATODOMUNDONOMESMOBARCO! vivência da memória. Texto e dire- Ricardo Napoleão criou e interpreta ção: Emanuel Aragão. Com Arman- todos os papéis neste monólogo que da Holcomb, Emileine Zarp e Tuini mostra diferentes e inusitados perso- Bitencourt. Centro Cultural Justiça nagens viajando de navio. Direção: Federal (Av Rio Branco 241, Centro). Victor Garcia Peralta. Casa de Cultura Fone: 3212-2550. Terça e quarta, Laura Alvim (Avenida Vieira Souto, 19h. R$ 15. depois do teatro DEPOISDOTEATROA peça termina, as cortinas se fecham, mas o programa continua Cláudia E. Aproveitando o verão, fui conhecer alguns restaurantes, bastante recomendados, no Nordeste. Seguem algumas ideias para o “depois do teatro” de Maceió e Salvador. Direto de Alagoas Já em Salvador...

Em Maceió, você não pode deixar Chegando em Salvador, vá jan- de ir ao Wanchaco, da chef Simone, tar no Amado, do chef Edinho, o especializado em comida peruana mesmo do Manacá, em São Paulo. com toques nordestinos. Maravilho- O excelente serviço se inicia com so. Comece pelos ceviches, todos pequenas porções de polvo ao muito apetitosos. O tiradito Astrid vinagrete, camponata – uma rico- &Gaston, numa homenagem ao ta feita lá, espetacular –, pepino famoso restaurante peruano – uma agridoce, escabeche de tilápia e mistura de peixe, polvo e camarões pães integral, de leite e de azeite, num molho com vinagre, limão, todos deliciosos. Depois peça os alho e azeite – é de comer rezando. camarões empanados na tapioca O ceviche costaneira vem com com o molho “lambão” – não me molho de limão, azeite, gengibre e pergunte o que é, mas coma, pois shoyo... inimaginável! é dos deuses! Como pratos principais, minha Como prato principal comi um sugestão é o Peixe Otoni com molho salmão grelhado ao molho de de gengibre agridoce acompanhado manga, papaya e coentro com por arroz com alho frito, ou ainda arroz negro, petit-pois e mandio- o Senõra Gladys, peixe grelhado quinha frita. com risoto verde e geléia exótica Mais uma sugestão: pescada de aguaymanto (fruta dos Andes). amarela em crosta de castanha de As sobremesas são um capítulo caju com caruru, banana da terra à parte: peça sem piscar o me- e blend de arroz selvagem: uma rengue de morangos. Um show! combinação de sabores e texturas Wanchaco sofi sticada e inesquecível. Rua São Francisco de Assis, 93 Amado Jatiúca, Maceió. Avenida do Contorno, 660 Fone: (82) 9902-5833 Salvador. Fone: (71) 3322-3520 em se expor de tal maneira para alguém com idade para ser sua neta”, diz a diretora. Um amor verdadeiro Um dos principais dramaturgos do teatro Decisão difícil contemporâneo, Pirandello tinha 58 anos quando conheceu Marta Abba, de 25, que Quando se é alguém Inédita no Brasil, não se tornou protagonista de suas peças. obteve sucesso ao ser montada pela primeira A confissão íntima de um homem dividido vez na Itália, em 1933. Um ano mais tarde, entre o desejo erótico por uma jovem Pirandello recebia o Prêmio Nobel de Litera- mulher e a sublimação desta pulsão em tura por sua obra, que revitalizou a criação um casto amor paterno mostrados em teatral. Mesmo assim, Quando se é alguém Quando se é Alguém foi inspirada pelo e outros trabalhos de sua última fase, que envolvimento do autor com a jovem atriz apresentam um processo constante de ma- – como se comprovou em 1995, quando a nifestação do inconsciente, foram rejeitadas correspondência entre ambos foi revelada por crítica e público. “Talvez o tema tenha in- ao público. Nas cartas, eles mencionam dignado a sociedade puritana da época. Para situações apresentadas na peça. Embora um homem que sempre se manteve afastado sua mulher vivesse em uma instituição

de escândalos, foi uma ousadia tocar em um para doentes mentais, o escritor recusou- tz / d iv u lg a ção tema tão pessoal, ainda que de uma maneira se a manter um relacionamento amoroso muito particular e dramática. A peça puxa com Marta Abba, que abandonou o teatro pela inteligência, busca o emocional sem depois da morte de Pirandello, em 1936. Quando se é alguém tantas elocubrações metateatrais típicas de a l a koss pau foto: Pirandello. É extremamente poética essa tinha, perguntando-se se o amor que sente visão do homem em idade avançada, apai- pela moça não seria até uma projeção Os dilemas do amor maduro pela beleza da juventude, xonado, que se entristece por sentir que o incestuosa, já que ela tinha idade para ser em peça inédita de Pirandello corpo velho e decadente abriga um espírito filha dele. No fim, ele prefere dedicar-se à jovem”, diz Martha Ribeiro. arte para entrar na história do que viver um rtista que rompeu com a linguagem cemos que a paixão independe do físico”, Para Cláudio Cavalcanti, Pirandello con- romance que a sociedade condenaria. Uma do teatro tradicional, Luigi Pirandello diz o ator Cláudio Cavalcanti, protagonista segue exprimir perfeitamente a sensação de decisão sofrida, que transcende a questão A (1867-1836) foi um homem discreto e do espetáculo. quem não se reconhece na imagem enve- íntima e passa pela reflexão sobre o enve- contido na vida particular. Sua paixão pela A diretora Martha Ribeiro, especialista na lhecida que vê no espelho. A platéia acima lhecimento”, diz Cláudio Cavalcanti. atriz Marta Abba, 33 anos mais jovem, só se obra de Pirandello, concorda com Cavalcan- de 40 anos vai se emocionar profundamente concretizou profissionalmente e o inspirou a ti: “Na Era do Botox, é importante refletir com o texto, acredita o ator: “Juventude é escrever diversas obras, entre elas a nitida- sobre a velhice, em como é difícil ser velho”. alma, não é físico. Hoje existe uma exigência Agenda mente autobiográfica Quando se é alguém, Segundo Martha, o escritor era um homem de superação do declínio físico que chega às Drama de Luigi Pirandello. Direção e tradução: em cartaz na Sala Marília Pêra do Teatro do típico de sua época. “Na peça, ele mostra raias do absurdo. Seria ridículo que eu, aos Martha Ribeiro. Com Natália Lage, Claudio Ca- valcanti e a Cia. Fudidos Privilegiados. Teatro Leblon. “Nada mais atual do que falar do suas razões para não se envolver com uma 69 anos, quisesse interpretar um homem de do Leblon – Sala Marília Pêra (Rua Conde de amor na velhice, neste momento em que mulher tão jovem. Além do preconceito da 30. A vida atual não superou o preconceito Bernadote, 26, Leblon). Fone: 2529-7700. Terças e somente valorizamos a juventude e esque- sociedade, Pirandello tinha um pudor natural contra a velhice, que o próprio Pirandello quartas, 21h. R$ 40. AGENDA de uma maneira delirante, típica do bufão e Comédia de Dario Fo e Franca Rame. Direção: palhaço genial que é Dario Fo”, diz Muller. Otávio Muller. Com Adriane Galisteu e Leandro Hassum. Teatro dos Quatro (Rua Marquês de São Além de discutir as formas de sobreviver Vicente, 52, Shopping da Gávea). Fone: 2274-9895. Um casal aberto em um casamento contemporâneo, o texto Quinta, sexta e sábado, 21h30. Domingo, 20h. R$ 60 ... Ma Non Troppo. Ou as múltiplas de Fo e Rame mostra quanto existe de re- (qui.), R$ 70 (sex. e dom.) e R$ 80 (sáb.). presentação na relação a dois, colocando combinações do amor em cheque não apenas o papel do teatro, como também questionando o que é atuar. A Acho que essas questões ainda nos trazem peça começa com a tentativa de suicídio da muitas inquietações. O tema do Casal é pri- mulher, que não suporta mais viver um ca- mo-irmão do Brincando. Nos últimos 40 anos samento aberto, proposto pelo marido – que houve mudanças na forma de se entender sente ciúmes quando ela tem envolvimentos as famílias e os casamentos, mas há muito extraconjugais. Para Adriane Galisteu, a que se refl etir sobre os confl itos que surgem identifi cação com as situações apresentadas pela possessividade”, acredita Otávio Muller. na peça é imediata para qualquer pessoa que Alessandra Vanucci, especialista na obra tenha vivido algum relacionamento. de Dario Fo, adaptou e traduziu a peça, e indicou Adriane Galisteu e Leandro Hassum Inquietações para protagonizarem o espetáculo. “O teatro Otávio Muller vê a montagem como um perdeu para a televisão o poder de legitimar aprofundamento do trabalho que desenvolveu a qualidade artística de um ator, mesmo ao dirigir, há um ano e meio, Deborah Bloch quando exige que ele não interprete, mas no monólogo Brincando em Cima Daquilo, sim viva aquela situação. Apesar do talento, também assinado pelo casal de autores popularidade e carisma de ambos, só assisti italianos. “Não sou um especialista na obra Adriane e Leandro fazendo o óbvio: Adriane, a do Dario Fo. Muitos críticos afi rmam que bonitona, Leandro, o engraçado. Tenho certe- algumas de suas histórias são datadas, que o za de que o público terá uma boa surpresa ao momento político e social é outro atualmente. assistir Um Casal Aberto...”, diz Alessandra.

A irreverência a serviço da política O libertário e iconoclasta Dario Fo criou polêmica desde que surgiu na cena teatral italiana, na década de 1950, com textos satíricos sobre a Igreja Católica, a política onogamia, machismo, monotonia, e Leandro Hassum, sob a direção de Otávio italiana, a corrupção policial e até a Máfi a. Por suas críticas às principais instituições traição e as agruras do matrimônio Muller. “A ação acontece em todo o espaço da sociedade ocidental recebeu ameaças de morte, além de censuras públicas do Vaticano, do Partido Comunista Italiano, e do governo norte-americano. Em 1973, M descem do palco para a plateia em teatral, palco, foyer, platéia... Optei por não Franca Rame chegou a ser sequestrada e torturada por militantes fascistas. Mesmo Um Casal Aberto, Ma non Troppo, de Dario ter cenário, quero que o teatro não tenha cara assim, o casal não esmoreceu em seu posicionamento político. A importância da Fo e Franca Rame, que chega ao Teatro dos de teatro nesta grande brincadeira sobre o ca- dramaturgia de Fo rendeu-lhe o Prêmio Nobel de Literatura em 1997. Quatro protagonizada por Adriane Galisteu samento, que trata de assuntos importantes FOTOS: NANA MORAES E GUGA MELGAR / DIVULGAÇÃO / MELGAR GUGA E MORAES NANA FOTOS: ccena e n aberta a a b e r t a

Sérgio Brito em “Os Veranistas”, Teatro dos Quatro, 1978