Marília Pêra Canta E Desafina (Lindamente) Sob a Batuta De

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Marília Pêra Canta E Desafina (Lindamente) Sob a Batuta De A N O X N º 9 8 EXEMPLAR GRatUito O Jornal do Teatro Em Cartaz Guia de teatro Adriane Galisteu Cláudio Cavalcanti Daniel Herz Eva Todor Gilberto Gawronski Inez Viana Leandro Hassun Luís Salém Marcelo Serrado Otávio Muller P GloriosaMarília Pêra canta e desafina (lindamente) sob a batuta de Cláudio Botelho e Charles Möeller BASTIDORESbastidores Novas gerações “­­O teatro é o alicerce de qualquer arte. É no palco que o artista aprende a ter segurança, descobre o domínio sobre uma plateia. Ali, ele reconhece os silêncios, os sorrisos, o improviso, o ritmo de uma atuação. É fundamental para a formação do ator. Acredito que a arte só é válida se o público corresponde ao que o artista apresenta. Em mais de 70 anos de carreira, não tive um só papel que não me agradasse. E correspondi ao que o público esperava de mim. Eu tinha um senso de improvisação inato e uma forma de encarar a vida de maneira divertida, o que era perfeito para as comédias daquela época, leves, suaves, fa- miliares. Fazer humor não é fácil. Em frente à plateia, percebe-se o momento exato para levar alguém a rir. Desenvolvi um gênero próprio de atuar e, embora tenha me tornado conhecida como comediante, fiz diversos papéis dramáticos. Porém acabava retornando à comédia, uma especialidade da companhia Eva e Seus Atores, que meu primeiro marido, Luiz Iglesias, criou. Quando cheguei ao Brasil, continuei os estudos de balé ini- ciados na Hungria, onde nasci. Mas depois que comecei a atuar, aos 14 anos, nunca mais parei de trabalhar como atriz. Estive no palco por mais de 50 anos, 23 deles somente no Teatro Serrador. Perdi a conta do número de peças de que participei. Enquanto pude, acumulei teatro, televisão e cinema, mas houve um momento, na década de 1980, em que precisei optar. Estava cansada com tantas atividades. Escolhi a televisão. Nela, além de papeis que me apresentam a plateias diferentes, ÇÃO A tenho a oportunidade constante de contracenar com jovens artistas. Gosto muito deste encontro com as novas gerações: Y / DIVULG E RL a esperança para nós, artistas veteranos, de que a arte teatral E ND A permanecerá sempre viva. ” ANDRÉ W Eva Todor, fevereiro de 2009 JORNALDOTEATROjornal do teatro Interatividade Inclusão artística Cada vez mais o público teatral Baseada em quatro textos do participa ativamente da realização americano Tennessee Williams, a teatral. No Centro Cultural Justi­ peça Quartos de Tennessee fala da ça Federal, as atrizes Amanda solidão em ambientes claustrofó­ Holcomb, Emileine Zarp e Tuini bicos. Para atender a um grande Bitten­­court fazem uma reflexão grupo que se sente isolado em sobre a memória em Um Homem quase todas as situações sociais, e Três Janelas. Cada encenação, uma equipe faz a descrição em no entanto, é diferente da outra, áudio de tudo que acontece em pois antes de entrar no teatro cada cena. Os deficientes visuais que espectador escolhe entre 40 objetos forem ao Centro Cultural dos Cor­ quais serão utilizados pelo elenco reios recebem fones de ouvido para em cena. acompanhar o espetáculo. Estreantes Haja fôlego! A atriz Vera Holtz faz seu debut À frente do elenco do musical como diretora teatral à frente de O Sassaricando – E o Rio Inventou a Estrangeiro, baseada no romance Marchinha, o compositor, ator e de Albert Camus. Pela primeira vez cantor Eduardo Dussek volta ao encenada no Brasil, a peça também palco do Teatro das Artes (onde marca a estréia de Guilherme Leme também está a peça, todas as no monólogo. quintas­feiras) para apresentar seu show Dussek de Quinta. A primei­ ra se inicia às 17h. De Quinta, às 21h30m. Aplauso é uma publicação mensal da Sociedade Cultural Itaipava Ltda. Redação, adminis- tração, publicidade, informações sobre assinatura e correspondência: Rua Gal. Venâncio Flores, 620/101, CEP 22441-090, Rio de Janeiro, RJ. Tels.: (21)2233-6648, 2263-1372 e 2516-5056. E-mail: [email protected]. Diretora: Ivonette Albuquerque. Colabora- dores: Walkyria Garotti (edição de arte); Olga de Mello (textos). Coordenador de produção: Vinnicius Lucena. Jornalista responsável: Catarina Arimatéia MTb.: 14135. Certificado de Registro de Direito Autoral nº 155.441. Impressão: Grafitto. Capa: Wilson Melo / Divulgação www.aplauso.art.br PALAVRAPALAVRApalavra de atriz Inez Viana Momento iluminado ULGAÇÃO IV / D Nas minhas angustiadas noi- I LBAN A LA tes em claro, o Marcelo Neves E sempre me dizia: “Calma, vai EST Depois do sucesso de A mulher que aparecer um bom trabalho, acredita nisso...” escreveu a Bíblia, Inez Viana está em Na medida do possível, tentava acreditar Sassaricando e... não é que apareceu ? A feia mais linda que já tive a honra de conhecer. A mulher que escreveu a Bíblia. Sabia que ia ser um trabalho diferente em minha carreira, mas adaptação, à Isabel Themudo pela linda pro- não sabia que ia mudar minha vida! Gente, dução e, principalmente, pela generosidade, simplesmente a ansiedade e as noites mal ao autor, Moacyr Scliar. ‘dormidas acabaram. Juro, a cada dia é uma E que texto, meu Deus! Ele nos faz re- sensação de êxtase, de plenitude, de eterni- fletir sobre qual beleza estamos realmente dade. Logo no teatro, onde tudo é efêmero, buscando, que vida queremos ter, tudo com onde as incertezas são maiores, onde é tão muito humor, claro. difícil conseguir patrocínio – nós, por exem- Mas eis que surge também o musical plo, não tivemos nenhum, montamos a peça Sassaricando, onde tive a honra de entrar no graças ao apoio do Espaço Sesc –, onde nos lugar da talentosa e amiga querida Soraya perguntamos o tempo todo: será que virá Ravenle, para cantar marchinhas carnava- alguém hoje? Será sucesso? Conseguirei lescas. Então, começo 2009 em dois teatros, pagar o mínimo do teatro? de terça a domingo! Agradeço todos os dias A este 1 ano e 2 meses de felicidade e por esse momento iluminado. realização, devo muito ao Guilherme Piva, O prazer é tanto que depois ainda consigo meu querido diretor, que não só me convi- ir ao Trapiche Gamboa cantar sambas e dou para este monólogo, como formou uma ouvir meus amigos do Samba Bom e Samba equipe de profissionais impecáveis. Devo de Fato encherem mais ainda de alegria também à Thereza Falcão pela belíssima meu coração. Todo mundo é mundo papel da arte no resgate Brasil que deu certo O lado bom do País social e a paixão que É imperdível, é emocionante. Gostaria que muitas pessoas O o palco desperta em O projeto é maravilhoso e a assistissem a este trabalho. quem passou muito tempo peça é tecnicamente boa. Eles É o lado bom do País. É o lado da vida sem qualquer acesso cantam e dançam bem, são que pode dar certo. a ele estão em Todo Mundo é DIVULGAÇÃO FOTOS: bons atores. Há tempos eu não Lucélia Santos, atriz Mundo, uma criação coletiva chorava de alegria. A gente da Cia Aplauso, que vem en- sai com a impressão de um cantando o público carioca e Brasil que deu certo. Eu, que faz nova temporada. Artistas, estou há 15 anos na profi ssão, formadores de opinião e até a sinto muitas vezes que preciso Rainha Sílvia, da Suécia, co- recuperar essa alegria. É transformador para quem está nheceram o trabalho do grupo começando e para quem já está e têm declarado seu encanto há tempos no ofício. com o espetáculo, apresen- Ingrid Guimarães, atriz tado no Galpão Aplauso, na Zona Portuária do Rio. Alguns desses depoimentos estão aqui. >> Exemplo de vitalidade O Galpão Aplauso não é um cenáculo de caridade, de assistencialismo. Lá são preparadas pessoas para entrar no mercado de trabalho, lá os jovens passam por períodos de conhecimento da criação, da cultura, para depois entrarem na vida profissional. Hoje, Lufada de esperança os principais grupos culturais brasileiros O espaço é deslumbrante pelo surgem das periferias para os centros tamanho, pela exposição e pela urbanos e ensinam, sim, a nós, como eles disponibilidade. Agrega um são e como querem ser. O Galpão Aplauso número enorme de jovens, dá é exemplo dessa vitalidade. Importante é assistência, estofo... Por tudo isso pegar as sementes que estão na vida social é fascinante. E tinha que ser lá dos esquecidos. O Galpão Aplauso deve ser mesmo a peça. Ali é o espaço, conhecido e imitado no Brasil todo. é onde rola a energia positiva Arnaldo Jabor, cineasta deles. O público que tem ido lá é a resposta. Acaba sendo uma escola de arte dramática onde se aprende a fazer tudo. E entra uma coisa de pureza, de ingenuidade, de superação. Uma avalanche emocional para a gente que trabalha com isso, como uma viagem nostálgica de grupo, de >> Show emocionante Modelo a ser seguido quando começou, da emoção O Rio é capaz de criar coisas como o A arte integra todas as possibilidades do de estar no palco. É uma lufada Galpão Aplauso, projeto sociocultural ser humano, originando-se na desordem, de esperança de que as coisas que há cinco anos vem atraindo representada pelo deus grego Dionísio, podem acontecer. centenas de jovens da periferia e pela ordem e harmonia simbolizada Du Moscovis, ator para lhes dar uma profissão e por Apolo. Já trabalhei, de forma ensinar o que fazer da vida. Fui ver desordenada, nos anos 1970 e 1980, com >> o espetáculo de música, dança, circo grupos de comunidades carentes. Era e teatro que o grupo está encenando uma iniciativa própria, sem qualquer Amor pela vida Depois que a gente assiste aos espetáculos da Cia num armazém do Cais. Dificilmente apoio. Chego ao Galpão Aplauso e Aplauso compreende que a possibilidade de transformar há programa melhor aos sábados do encontro a harmonia construída por um nossa realidade violenta existe.
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