O SUBÚRBIO EM AVENIDA BRASIL: INDÍCIOS DE INOVAÇAO NA TELEDRAMATURGIA BRASILEIRA1

FARIA, Paula Beatriz Domingos (mestranda)2 Universidade Federal de Juiz de Fora/MG

Resumo: O presente trabalho tem como objetivo a análise da ambientação da telenovela “Avenida Brasil” enquanto produto televisivo de massa representante da teledramaturgia atual. Para tanto, parte-se das considerações a respeito da relação entre televisão e sociedade para se falar mais especificamente sobre as telenovelas. A recente trama de João Emanuel Carneiro tem sido tratada como inovadora por se ambientar - em consequência das mudanças da sociedade brasileira - num bairro fictício da Zona Norte carioca. E é este bairro, o Divino, que ganha atenção neste estudo, com destaque para as personalidades de seus habitantes e para os deslocamentos entre este local e a Zona Sul carioca ocorridos durante a trama. Levando em consideração a persistência por muitos anos da chamada "cultura Zona Sul" na teledramaturgia brasileira, objetivamos verificar a existência de possíveis mudanças ou inovações manifestadas no desenvolvimento da telenovela em questão. Palavras-chave: História da mídia audiovisual; Televisão; sociedade; telenovela; Avenida Brasil.

Televisão e sociedade

Conforme reportagem do Jornal O Globo, do dia 25 de março de 2012, véspera da estreia de “Avenida Brasil”3, esta telenovela buscaria retratar o universo da classe C. A matéria, assinada por Clarissa Frajdenrajch, afirma que o autor João Emanuel Carneiro percebeu que as classes ricas retratadas nas novelas não tinham mais um forte apelo junto ao público e, por isso, resolveu criar uma trama em que o personagem rico é o jogador de futebol nascido no subúrbio, no caso Jorge Tufão, interpretado por Murilo Benício. Esta opção do novelista pode ser vista como resposta a uma necessidade da Rede Globo, que teve a força de suas telenovelas abalada a partir da década de 1990, supostamente devido ao desgaste dos repetitivos enredos que retratavam, em sua maioria, prósperos personagens da Zona Sul carioca (BORELLI, PRIOLLI, 2000). Como afirmam Machado e Becker (2008), a telenovela não pode falhar em termos de audiência e, por isso, os produtores repetem fórmulas já testadas, tornando o produto previsível e mumificado. É preciso compreender que estas fórmulas de que

1 Trabalho apresentado no GT de História da Mídia Audiovisual e Visual, integrante do 9º Encontro Nacional de História da Mídia, 2013. 2 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da Universidade Federal de Juiz de Fora; Pós- Graduada em TV, Cinema e Mídias Digitais e Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Jornalismo pela mesma instituição. Bacharel em Comunicação Social com habilitação em Publicidade e Propaganda pela Faculdade Estácio de Sá campus de Juiz de Fora. E-mail: [email protected] 3 “Avenida Brasil” foi uma telenovela de grande sucesso no Brasil, escrita por João Emanuel Carneiro e exibida pela Rede Globo entre 26 de março e 19 de outubro de 2012, no horário das 21h. falam os autores não se relacionam ao aspecto técnico – quesito no qual os produtos televisivos sempre se aprimoram -, e sim a aspectos do enredo e às clássicas temáticas ligadas ao melodrama, que sempre foi a base para a produção de telenovelas. Para Vera França (2009a) a homogeneização é uma realidade não só na programação televisiva, mas em qualquer empreendimento comercial ou cultural, e além dos interesses ideológicos, objetiva a diminuição de custos e a racionalização da produção. Contudo, a autora também lembra que a televisão, desde seu surgimento, passa por modificações que acompanham as mudanças tecnológicas e sociais. “Avenida Brasil” inovou em sua ambientação e na postura dos personagens em relação ao bairro em que viviam, mas manteve muitas características tradicionais das telenovelas ligadas ao melodrama, como as grandes histórias de amor - Nina (Débora Falabella) e Jorginho (Cauã Reymond), Monalisa (Heloísa Perissé) e Tufão (Murilo Benício) – e a própria vingança de Nina contra Carminha (). Portanto, a trama ao mesmo tempo em que se mostra diferente, se mantém atrelada a princípios clássicos das telenovelas. Mesmo assim, pode-se entender a nova ambientação existente em "Avenida Brasil" como uma resposta à situação detectada por Borelli e Priolli (2000): no fim dos anos 1990, as tramas globais já não conseguiam atingir o gosto geral e nem atender a demandas específicas. Os autores afirmam que os telespectadores pareciam reivindicar um balizamento moral ou um retorno aos princípios inabaláveis de comportamento. Para Dominique Wolton (1996, p. 65), a televisão é “uma formidável abertura para o mundo, o principal instrumento de informação e de divertimento da maior parte da população, o mais igualitário e o mais democrático”. O autor também a considera um instrumento de libertação por proporcionar uma “participação à distância, livre e sem restrições”, que permite sua atuação como laço social, o que é muito visível nas telenovelas brasileiras. Porém, ele lembra que a mensagem televisiva, apesar de permitir esta participação promotora de um sentimento de igualdade, também está sujeita a diferentes interpretações devido aos contextos socioculturais em que é recebida. O autor fala dos conceitos de televisão geralista e televisão fragmentada. A primeira é aquela que destina sua programação a um público amplo e heterogêneo, buscando fazer diferentes públicos conviverem – como ocorre com as telenovelas. Já a segunda se pauta de acordo com as demandas de seu público. Pode-se associar o pensamento de Wolton sobre a televisão geralista às ideias de Vera França (2009b) sobre o conceito de popular. Para a autora, o popular na TV se baseia em um destinatário ou público consumidor que ultrapassa as questões de classe e lugar, no sentido de conter elementos de universalização e de atender a interesses que seriam de todos, e não devido a uma suposta neutralização das diferenças. Estas ideias correspondem ao que Wolton chama de laço social. “Avenida Brasil”, da mesma forma que as telenovelas em geral, é um exemplar da televisão geralista, por possuir uma grande e heterogênea audiência, por ter causado uma grande mobilização, e também por conta de seu sucesso comercial4, já que Wolton também afirma que a televisão geralista, além de funcionar como laço social, permite a maximização dos lucros. A telenovela brasileira procura estabelecer uma relação que corresponde ao laço social de que fala Wolton. O autor defende esta ideia em detrimento da visão de televisão geralista como uma tentativa de unificar uma sociedade de massa. Ou seja, ao invés de buscar uma homogeneidade, a TV busca unir ou fazer conviver diferentes identidades. Este laço é invisível, porque se tem a consciência, ao se assistir uma telenovela, de que um público imenso o está fazendo simultaneamente. Wolton também fala de um segundo sentido para a ideia de laço social, que seria o de espelho da sociedade, pois esta se vê representada na TV. A televisão, assim, cria uma imagem e uma representação, oferecendo um laço a seus telespectadores. Segundo Wolton, a televisão brasileira é uma ilustração de sua tese sobre a televisão geralista. “Nela encontramos, com efeito, o sucesso e o papel nacional de uma grande televisão, assistida por todos os meios sociais, e que pela diversidade de seus programas constitui um poderoso fator de integração social” (WOLTON, 1996, p.153). França (2009a) também aborda a relação entre televisão e vida social. Seus estudos detectaram uma participação afetiva do público no desenvolvimento das telenovelas e também um reflexo, nas telenovelas, de acontecimentos e valores presentes na sociedade brasileira em determinados momentos. Um exemplo disso é, claro, a ascensão social da nova classe C, refletida em “Avenida Brasil”. A autora acima citada recorre ao conceito de homeostase para descrever as relações entre a televisão e a sociedade, que,

4 O faturamento comercial da novela “Avenida Brasil”, de acordo com a Revista Forbes, foi o maior registrado na história da telenovela brasileira por um produto do gênero: US$ 500 milhões (R$ 1 bilhão) considerando-se o total de inserções e acordos comerciais fechados ao longo dos sete meses de exibição. (fonte: Forbes - http://www.forbes.com/sites/andersonantunes/2012/10/19/brazilian- telenovela-makes-billions-by-mirroring-its-viewers-lives/. Acesso em 21/10/2012). segundo ela, são “relações de mútua afetação, configurando um quadro sistêmico, marcado por equilíbrios e desequilíbrios, estímulos (positivos e negativos), levando sempre ao reposicionamento das partes na composição do todo” (FRANÇA, 2009a, p. 49). Sobre esta interação, podemos voltar a Wolton, que fala da valorização da identidade nacional promovida pela TV brasileira. Para ele, a TV Globo se tornou ao mesmo tempo “um espelho e parte do ideal brasileiro” (WOLTON, 1996, p.159), conseguindo refletir e estimular a sociedade. Ele acredita que “o folhetim brasileiro está de tal forma inscrito na identidade e no sonho nacional, que, segundo as épocas, ele é reflexo de todas as histórias” (WOLTON, 1996, p.164). Apesar desta visão, o autor lembra o objetivo da Rede Globo de maximização dos lucros, que passa pelas estratégias comerciais das telenovelas e pelas questões ligadas ao consumo. É visível uma adequação do enredo da trama de João Emanuel Carneiro aos objetivos relacionados ao incentivo ao consumismo presentes na essência da telenovela, conforme Almeida (2003). Os resultados dos estudos da autora confirmam sua hipótese de que a própria estrutura das telenovelas induz ao consumo, mesmo sem se levar em consideração a publicidade e o merchandising, pensando apenas nos padrões de vida e pensamento difundidos. Para tanto, há várias características que contribuem para este processo: a exposição de uma série de bens e serviços, substancializados muitas vezes pelos diversos estilos de vida dos personagens, e a exposição de diversos padrões de comportamentos e representações culturais (ALMEIDA, 2003, p.292).

Já Rocha (1995) acredita que a telenovela tem o destino de ser um anúncio em capítulos. Ele vê este gênero televisivo como o principal modelo do mundo relacional e “um espaço privilegiado para juntar tudo com tudo” (ROCHA, 1995, p.176). Segundo Mattos (2002), a televisão brasileira sempre foi dependente do suporte publicitário por ser este sua principal fonte de receita. O autor afirma que as emissoras de TV só se tornaram economicamente viáveis após a consolidação do mercado de produtos industrializados e, por isto, a televisão favorece os objetivos capitalistas de produção. Ainda conforme o autor, as agências e anunciantes influenciaram o desenvolvimento da televisão brasileira e, ainda hoje, as emissoras de TV convidam publicitários para assistirem previamente a seus novos programas.

Em “Avenida Brasil”, o principal núcleo é muito bem sucedido financeiramente devido ao êxito de Jorge Tufão como jogador de futebol. Todos vivem na Zona Norte por opção, numa tentativa de permanecerem ligados às origens pobres da família na qual a vilã Carminha (Adriana Esteves) se infiltra. É inegável uma correspondência entre esta inovação apresentada em “Avenida Brasil” e as recentes mudanças da sociedade brasileira. Porém, há que se destacar que não se trata de uma mudança repentina na programação da Rede Globo: programas como “A grande família”, que está em sua grade de programação há 11 anos, mostram que o subúrbio já vinha sendo retratado de forma positiva pela emissora. Porém, nas telenovelas, sempre permaneceu a chamada cultura Zona Sul, em que havia, sim, personagem que viviam no subúrbio, mas que não tinham atitudes ou visões positivas sobre o local de origem.

“Avenida Brasil”: A família Tufão e a vida no bairro do Divino

O meu lugar é caminho de Ogum e Iansã, lá tem samba até de manhã, uma ginga em cada andar. O meu lugar, é cercado de luta e suor, esperança num mundo melhor e cerveja pra comemorar. O meu lugar, tem seus mitos e seres de luz, é bem perto de Oswaldo Cruz, Cascadura, Vaz Lobo, Irajá. O meu lugar, é sorriso é paz e prazer, o seu nome é doce dizer, É Divino, lá, laiá... É Divino, lá, laiá.

O trecho acima é da canção "Meu lugar", do sambista Arlindo Cruz, e contribuiu significativamente para a composição das primeiras cenas de “Avenida Brasil”, exibidas em 26 de março. a música, cujo refrão original entoa várias vezes – ao invés de “Divino” - a palavra ”Madureira”, nome de um conhecido bairro carioca, foi um elemento auxiliar da apresentação do fictício - mas igualmente suburbano - bairro do Divino ao telespectador, e acompanhou imagens tipicamente presentes no imaginário popular quando se menciona a palavra “subúrbio”: meninos jogando futebol e empinando pipa, pessoas em um bar tomando cerveja, feira livre e estação de trem. Neste início de primeiro capítulo, quando a canção se aproxima do refrão, aparece a imagem de uma placa de trânsito que indica uma saída da Avenida Brasil5 para o bairro

5 Vale destacar que a avenida cujo nome dá título à trama é a maior do país em extensão e atravessa 27 bairros do , sendo o eixo de expansão da cidade em direção ao subúrbio, o que viabiliza seu crescimento econômico. fictício. Na cena seguinte, uma repórter de televisão está no bairro entrevistando moradores e falando sobre o protagonista Jorge Tufão, o artilheiro do campeonato brasileiro de 1999. O personagem vivido por Murilo Benício é entrevistado e esta é a deixa para a apresentação dos outros núcleos da trama: todos estão assistindo à entrevista do atacante do Flamengo e fazem seus comentários. Tufão é o representante maior da comunidade do simpático bairro onde se passa a maior parte da trama de João Emanuel Carneiro. Detecta-se nesta situação uma valorização intencional do autor em relação ao subúrbio carioca, em contraposição à insistente promoção da chamada “Cultura Zona Sul” de que fala Ramos (1986). E é este aspecto que nos faz compreender a classificação de “Avenida Brasil” como uma trama que retrata a nova classe C: quase todos os seus personagens vivem em um bairro suburbano. A maior parte das cenas da família Tufão se passa na mansão em que o jogador vive com Carminha (Adriana Esteves), os filhos Jorginho (Cauã Reymond) e Ágata (Ana Karolina), a irmã Ivana (Letícia Isnard), o cunhado Max (Marcello Novaes), e os pais Muricy () e Leleco (Marcos Caruso), além das empregadas Janaína (Claudia Missura), Zezé (Cacau Protásio) e Nina (Débora Falabella), a protagonista que se infiltra na casa para colocar sua vingança em prática. É visível a representação da ascensão social pelo consumo, já que a família Tufão é rica, mas não culta. A pequena Ágata é a única componente da família que demonstra interesse pelos estudos. Contraditoriamente, é Nina, a cozinheira, a pessoa mais culta da casa. Ela recomenda livros a Tufão e explica à família a origem dos sofisticados pratos que costuma preparar. Assim, sem esquecer o esgotamento dos enredos de que falam Borelli e Priolli (2000), podemos compreender que “Avenida Brasil” prioriza o subúrbio como cenário devido à ascensão social da nova classe média, através do consumo, ou seja, esta novidade trazida por João Emanuel Carneiro se basearia em aspectos econômicos, não tendo raízes no desejo de representação cultural ou social do subúrbio carioca. Por outro lado, destacam-se, na trama, as cenas das refeições - que justificam a presença de Nina dialogando com a família. Diferentemente das cenas das tradicionais telenovelas ambientadas na Zona Sul, as cenas de refeições priorizam as conversas em volume alto, com interrupções contínuas entre os interlocutores e discussões acaloradas. Além disso, os próprios moradores do bairro do Divino se intitulam suburbanos, num sentido depreciativo. Pode-se citar alguns exemplos: no capítulo do dia 14 de julho,

Tufão reclama com Carminha da cena sensual que ela protagonizou na frente de Nina, ao que a vilã responde que eles devem se comportar assim porque são suburbanos; já no capítulo do dia 13 de setembro, o jogador reclama dos palpites de toda a família sobre sua vida amorosa, ao que sua mãe, Muricy, rebate afirmando que eles – a família – são suburbanos e, portanto, “barraqueiros”. França (2009b) acredita que o popular na TV se refere à maneira como os produtos televisivos dialogam com setores amplos da população, em particular com as classes de baixa renda. Através deste diálogo é que os produtos televisivos se apropriam de elementos de seu universo, provocando o reconhecimento e a identificação. A autora classifica esta interação como promíscua, por resultar em misturas sem equilíbrio ou coesão e por promover uma representação caricatural, e não um cruzamento pacífico entre diferentes. Por esta razão é que a autora acredita que o popular presente na mídia aponta embates presentes na vida e na dinâmica sociais. Permanece, contudo, em “Avenida Brasil”, a visão positiva do bairro suburbano, inclusive ressaltando o clima de amizade e a inexistência de violência no local, como ocorre no capítulo do dia 19 de setembro em que Débora () reclama de um atentado que sofreu na Zona Sul, e seu pai, Cadinho (Alexandre Borges), afirma que o Divino é seguro e que ela deve morar ali. Já no capítulo do dia 15, Leleco (Marcos Caruso) lê uma notícia relacionada à violência e, ao ser perguntado se o fato ocorreu no bairro do Divino, ele afirma que foi em Ipanema. As cenas externas do bairro do Divino retratam o cotidiano típico das classes populares: bares movimentados, camelôs e postes com cartazes colados compõem a ambientação do local. O bar de Silas (Ailton Graça), o salão da Monalisa (Heloísa Perissé), a loja de Diógenes (Otávio Augusto) e o clube do bairro são alguns dos principais ambientes onde se desenvolve o enredo. Leleco, Diógenes e Silas são amigos de longa data que se reúnem no bar deste último para tomar cerveja e conversar sobre seus problemas, o que também é feito pelo núcleo dos rapazes mais jovens, como Iran (Bruno Gissoni), Leandro (Thiago Martins) e Roni (Daniel Rocha), todos jogadores de futebol do time do bairro. Já o salão de Monalisa é o ambiente feminino perpetuado pela fofoca: em várias cenas Olenka (Fabíula Nascimento) ouve comentários sobre os “barracos” ocorridos na casa de Tufão e corre até o salão para contar a Monalisa. Já a loja de Diógenes retrata o ambiente das lojas populares de roupas, com uma espécie de locutor que fica na entrada com um microfone anunciando as ofertas. No caso, o locutor é Darkson (José Loreto), um rapaz cheio de ginga que faz trocadilhos – como quando diz que vai abaixar as calças, se referindo ao preço da peça de roupa – e anima o ambiente comercial, atraindo clientes. Por fim, a sede do clube do bairro é o local dos treinos dos jogadores que sonham em ter uma carreira como a de Tufão6, o ambiente onde ocorrem as divertidas reuniões da diretoria do clube e os “bailes de charme”, evento muito comum na trama, frequentado por quase todos os personagens. Destacam-se, no perfil dos personagens que vivem ali, valores como o da ascensão social pelo trabalho - muito visível no comportamento de Monalisa -, a preocupação com os preços abusivos – o discurso da economia é personificado por Ivana, que prefere sempre lojas e supermercados mais baratos -, a utilização, pelas mulheres, de roupas coloridas e justas e o discurso de orgulho do bairro e da origem humilde dos personagens bem-sucedidos, como Monalisa e Tufão. A vilã Carminha, por outro lado, com seu comportamento consumista e autoritário, é representada como uma personalidade oposta à das pessoas do bairro. Ela é identificada como mulher arrogante, de gostos caros, que se envergonha do passado pobre, ou seja, uma pessoa indigna de permanecer no bairro do Divino, de onde ela é expulsa no desfecho da trama. Porém, no último capítulo, após salvar a vida de Tufão e Nina, a vilã se posiciona humildemente para dizer ao ex-marido que não merecia o amor de um “homem maravilhoso” como ele e que, no fundo, ela gostava do ambiente em que vivia enquanto esteve inserida no bairro do Divino. Evidencia-se, assim, mais uma exaltação ao estilo de vida dos personagens do bairro suburbano, pois até a vilã admite admirar a família Tufão, representante essencial do bairro em questão. Os valores da classe emergente são postos como positivos, simpáticos, dignos de admiração. Nota-se que a maioria dos personagens da trama vive na Zona Norte: dos 43 personagens apresentados pela página oficial da telenovela na internet7 (45 contando as versões infantis de Nina e Jorginho) 27 residem no bairro do Divino (26 após a saída de Jorginho, que se desloca para a Zona Sul). Dos personagens restantes, dois vivem em um lixão - Lucinda (Vera Holtz) e Nilo (José de Abreu) -; quatro vivem em bairros

6 Interessante perceber a inserção, a partir do capítulo de 6 de abril, da logomarca da empresa Lupo como patrocinadora do time em seu uniforme. 7A lista de personagens foi consultada na página da telenovela na internet, disponível em: http://www.globo.com/avenidabrasil/personagens/ Acesso em 29 nov. 2012. indefinidos – Betânia (), Valdo (João Henrique Gago), o vilão Santiago () e Genésio (), que morre no primeiro capítulo -; e apenas oito – Cadinho, suas três esposas, os três filhos e uma de suas sogras - vivem na Zona Sul, um número pequeno se comparado com o dos moradores do Divino. É importante lembrar também que este número é reduzido a zero quando o personagem polígamo vivido por Alexandre Borges se muda para o bairro fictício da Zona Norte e é seguido por suas famílias. A seguir trataremos dos deslocamentos de alguns personagens entre dois polos da vida carioca, o bairro do Divino e Ipanema.

Os deslocamentos entre Zona Norte e Zona Sul

Após a passagem de tempo que tira de cena o pequeno Batata (Bernardo Simões) e insere na trama o personagem já adulto com o nome de Jorginho (Cauã Reymond), ele aparece bêbado na festa de comemoração dos 12 anos de casamento de Carminha e Tufão (capítulo exibido no dia 2 de abril). Depois da exibição de um vídeo, Tufão chama seus dois filhos ao palco e passa o microfone a Jorginho, que, descontrolado, afirma que não pertence à família. Carminha tenta arrancar o microfone das mãos do filho, mas os dois acabam caindo e os convidados ficam chocados. Em seguida, pai e filho conversam e Jorginho afirma que não quer viver na mansão. Tufão então resolve deixá-lo morar em um apartamento na Zona Sul. Tem-se a impressão que se trata do início de um deslocamento do núcleo do bairro suburbano, já que, tendo Tufão a posse de vários imóveis no próprio bairro – como a casa em que Leleco vai morar após se separar de Muricy e a casa que é emprestada a Cadinho quando ele fica pobre -, Jorginho decide ir justamente para o apartamento da Zona Sul. Porém, as cenas relativas a este personagem só se passam dentro de seu apartamento, e ele, muitas vezes aparece visitando a mansão e o lixão onde foi criado. Não há exploração, na trama, de imagens das praias cariocas. Elas são usadas somente para demarcar que determinada cena se passará na Zona Sul. A impressão que se tem, no que se refere a Jorginho, é que ele foi morar na Zona Sul, mas poderia estar residindo em qualquer outro lugar, pois seu objetivo é ficar longe da mãe. Não se trata, portanto, de uma opção feita em função do glamour ou de qualquer outro aspecto que se relacione especificamente à Zona Sul carioca. Assim como Jorginho, outros personagens se deslocaram do subúrbio para a Zona Sul. O caso mais relevante é o de Monalisa, personagem cujo perfil merece destaque. Ela é a decidida cabeleireira que, após o rompimento com Tufão e a perda do bebê que esperava, adota Iran (Bruno Gissoni) e se torna uma mãe muito dedicada, além de uma bem sucedida mulher de negócios. Iran, porém, se apaixona por Débora (Nathalia Dill), a filha de Cadinho e Verônica (Débora Bloch), e se encanta pelo estilo de vida das praias cariocas. Ele, então, passa a dividir um apartamento com o amigo Jorginho, na Zona Sul. No capítulo exibido em 24 de julho, Monalisa vai com Iran à festa de aniversário de Débora e estranha o comportamento dos convidados. Ela pergunta à Verônica se não pode mandar grelhar o salmão e afirma que a festa está “borocochô” e que falta música ao vivo. Apesar de não gostar da festa, no capítulo seguinte, a cabeleireira aparece cogitando a ideia de se mudar para a Zona Sul. Porém, antes de tomar a decisão da mudança de bairro, a cabeleireira resolve modificar a decoração de sua casa no Divino na tentativa de trazer o filho de volta ao subúrbio (capítulo do dia 1º de agosto). Ela retira vários objetos e diz que sua casa se tornará um ambiente “clean”. Todavia, Iran afirma que se trata de um lugar cafona e que, se a mãe retirar os objetos da casa, será “uma casa cafona vazia”. Ela então decide adquirir um apartamento com vista para a praia. No capítulo exibido no dia 10 de agosto, Monalisa leva objetos retirados de sua casa do Divino para a Zona Sul e Iran reclama, afirmando que ela está “indo para Ipanema com a cabeça de suburbana”. Mas a cabeleireira responde que sua casa tem que ter alma e por isso precisa de objetos como a imagem de São Jorge e a bandeira do bairro do Divino. Mesmo assim, ela não consegue se adaptar: no capítulo do dia 13 de agosto, ela compara a vista da janela de seu novo apartamento com a de sua casa no bairro de origem, dizendo que a vista de sua casa no Divino para o quintal e o pomar é linda. No capítulo seguinte, depois de uma conversa com Verônica, Monalisa deixa claro que sua relação com a vizinha não será amigável, ao dizer que não sabe se vai conseguir ser amiga dessa “perua azeda”. No capítulo do dia 27 de agosto, Monalisa e Iran começam a sentir saudades do bairro do Divino, principalmente depois que Débora diz ao rapaz que não quer ser sua “namorada sonho de consumo da Zona Sul”. Ou seja, os planos de Monalisa de fazer o filho feliz não foram bem sucedidos, bem como os planos de Iran de seguir o estilo de vida da Zona Sul para conquistar Débora. Nos capítulos seguintes, mãe e filho, continuam reclamando da vida que estão levando no novo apartamento e, no capítulo exibido em 31 de agosto, Monalisa e Verônica trocam provocações durante uma reunião de condomínio. Mas a atitude de Verônica em relação à cabeleireira muda quando Cadinho fica pobre: ela passa a aprovar o namoro da filha com Iran e busca se aproximar de Monalisa. No capítulo do dia 22 de setembro, a esnobe esposa de Cadinho acompanha a cabeleireira a um restaurante da Zona Sul e tenta cobrar pelos serviços de acompanhante, já que ensinou à cabeleireira como se portar neste ambiente. Contudo, Monalisa se irrita, dizendo: “de onde eu venho, mulher que cobra para ser acompanhante tem outro nome”. Em seguida ela deixa Verônica num ponto de ônibus. Há uma clara contraposição entre os perfis de Monalisa e Verônica: enquanto a primeira é uma cabeleireira ambiciosa, com uma profissão bem definida desde o primeiro capítulo, a segunda não tem profissão e é sustentada pelo marido - ela tenta pensar em um possível trabalho para se sustentar quando Cadinho fica pobre, mas conclui que não seria bem sucedida. Enquanto Monalisa começou a trama pobre e terminou rica, Verônica começou rica e terminou pobre. O desenvolvimento da trama deixa claro que a primeira é rica porque trabalhou muito, enquanto a segunda tem postura de “madame” sem possuir uma fortuna própria. Enquanto Monalisa não se conforma com os altos preços da Zona Sul, Verônica mostra um perfil consumista. Ao contrário de Verônica, Monalisa não admite a possibilidade de ser sustentada pelo marido. No desfecho da trama, quando, após a expulsão de Carminha, a cabeleireira reata o namoro com Tufão, Ivana (Letícia Isnard) propõe que as duas sejam sócias em um novo empreendimento, mas ela recusa, pois não quer misturar seus negócios com os do jogador para não sentir que está dependendo dele (capítulo do dia 17 de outubro). Por outro lado, Verônica considera que o marido tem a obrigação de dar a ela uma vida de luxo. A trama, portanto, demonstra uma desvalorização do padrão de vida patrocinado pela riqueza fácil na Zona Sul carioca e uma exaltação de valores como o trabalho, a independência feminina e o estilo de vida simples do subúrbio, já que, mesmo tendo muito dinheiro e um apartamento em Ipanema, Monalisa preferiu voltar para o bairro do Divino onde também o ex-milionário Cadinho passou a viver. Cadinho, como representante da Zona Sul, está extremamente ligado ao bairro do Divino desde o início da trama. No primeiro capítulo, o personagem aparece falando de sua amizade de infância com Tufão e lembra que a mãe do atleta foi cozinheira de sua família. Cadinho é um homem de negócios que tem três esposas e, a princípio, vive tentando esconder sua poligamia. Mas elas descobrem e concordam em dividi-lo, com dias e horas marcadas para que ele esteja na casa de cada uma. Depois, quando Cadinho fica pobre, elas acabam dividindo a mesma casa. São três mulheres ricas que abominam a vida suburbana, principalmente Verônica, que não aprova o namoro de sua filha Débora com Jorginho, mesmo se tratando do herdeiro de Jorge Tufão. Cadinho, após a falência, se diverte no baile de charme do Divino. “Aqui se vive de verdade, o Divino é divino”, diz ele, que começa a trabalhar como lavador de carros e se sente satisfeito, já que seu antigo trabalho era bem mais estressante (capítulo de 18 de setembro). Diante desta situação, as esposas dele se mudam para o bairro do Divino. Em uma cena do capítulo de 25 de setembro, as três discutem sobre a divisão do espaço nas gavetas da nova casa. Em seguida, elas chegam à conclusão de que suas roupas não combinam com seu novo estilo de vida e decidem fazer compras na loja de Diógenes (Otávio Augusto). Verônica chega ao local e diz: “a gente veio procurar uma roupas bem simplezinhas, tipo as que vocês usam mesmo”. O dono da loja não entende, e ela explica: “Vocês, suburbanos”. Elas escolhem as roupas e, por não terem dinheiro para pagar, pedem para colocar na conta de Cadinho, apesar da recusa de Diógenes. A dificuldade de adaptação das três mulheres ao novo bairro integra a parte cômica da trama. Elas decidem abandonar o marido, mas reatam o triplo casamento no último capítulo, com uma festa promovida no clube do bairro suburbano, ocasião em que Cadinho afirma que renasceu ao se mudar para o bairro, pois achou que tinha perdido tudo, mas encontrou a . Este é um dos aspectos de inovação da trama: o único casamento existente no último capítulo foi o de Cadinho, Verônica, Noêmia e Alexia, ou seja, um casamento muito diferente das tradicionais cerimônias católicas exibidas nos fins de tantas telenovelas. Os casais do núcleo central da trama – Nina e Jorginho e Monalisa e Tufão – não se casaram, apenas passaram a viver juntos e isto é um dos fatores que diferencia “Avenida Brasil” das telenovelas tradicionais. O último personagem que se desloca entre o Divino e a Zona Sul é Leandro (Thiago Martins), jogador do Divino Futebol Clube que desperta o interesse de um olheiro do Flamengo. Ele é contratado pelo time (capítulo do dia 19 de setembro) e vai viver num apartamento com vista para a praia, mas é expulso em seguida por agredir um colega de time durante uma partida e volta para o bairro e para o time do Divino, sem grandes reclamações: sai da Zona Sul para o subúrbio feliz por reencontrar os amigos, assim como Cadinho. No último capítulo, todos os personagens estão no bairro Divino - com exceção dos que morreram ou desapareceram durante a trama e de Lucinda (Vera Holtz) e Carminha (Adriana Esteves), que estão no lixão. Não fica claro se Nina e Jorginho continuaram vivendo na Zona Sul ou se, diante da prisão da mãe, Jorginho resolveu voltar ao Divino, mas, nos momentos comemorativos, todos estão felizes no bairro da Zona Norte: as famílias de Cadinho se transformam numa só, a família Tufão comemora alegremente a gravidez de Nina, e toda a população do bairro comemora a conquista do campeonato pelo time local, que sai da segunda divisão. Todos os personagens do bairro aparecem na arquibancada e a última imagem que o telespectador vê na trama é a bandeira do Divino, o que mostra a concretização dos planos do autor de valorizar, efetivamente, a vida levada na Zona Norte carioca, em detrimento das praias da Zona Sul, tão repetitivas como cenários de telenovelas.

Considerações finais A queda na audiência das tramas globais a partir da década de 1990 mostra a concretização da fluidez pós-moderna com a negação do tradicional e do fixo. Sendo assim, novas fórmulas passam a ser testadas e as telenovelas adquirem enredos mais flexíveis. A classificação de “Avenida Brasil” como uma telenovela pós-moderna se justifica nas cenas em que os personagens aparecem em seus ambientes de trabalho, como o bar de Silas, o Salão de Monalisa, o campo de futebol do Divino e a loja de roupas de Diógenes. Trata-se de uma inovação quando se pensa que as antigas telenovelas totalmente pautadas pelo melodrama se passavam prioritariamente no ambiente doméstico enquanto o mundo do trabalho era muito pouco retratado. Por outro lado, há também na trama em questão um enfoque no ambiente doméstico-familiar, principalmente evidenciado na casa da família Tufão. Enquanto os moradores do Divino são pessoas trabalhadoras, Cadinho, que a princípio vive na Zona Sul, só aparece em seu escritório preocupado com as três famílias e pensando em soluções para que as esposas não descubram sua poligamia. O descaso de Cadinho com o trabalho o leva a perder sua fortuna. Sendo assim, compreende-se uma crítica implícita às tramas tradicionais em que o trabalho não aparece como fator importante na vida dos personagens. Este modelo estaria falido, como Cadinho. Neste sentido, se a telenovela é um anúncio em capítulos, “Avenida Brasil” anunciaria valores tradicionais, como a ascensão social pelo trabalho, a honestidade, o amor duradouro e o apego às raízes. A grande história de amor, contudo, continua sendo o plot principal: o namoro de infância entre Nina e Jorginho prevaleceu, assim como o romance entre Monalisa e Tufão, que resistiu aos 12 anos em que ele esteve casado com Carminha. Muitos casais apareceram unidos no fim da trama, apesar da negação do casamento tradicional. João Emanuel Carneiro inovou com a ambientação e valorização do subúrbio, mas retornou aos princípios tradicionais no que diz respeito às histórias de amor. Contudo, pode-se dizer que ele “inovou a tradição” ao retratar a poligamia e os “casamentos simbólicos”, como o de Nina e Jorginho no lixão, que contou apenas com a reunião dos amigos e a bênção de Lucinda, considerada mãe de criação dos dois. Enfim, se os telespectadores queriam, conforme Borelli e Priolli (2000), o retorno aos princípios inabaláveis, eles o tiveram em “Avenida Brasil”, que o fez, todavia, com inovações: o amor é o fio condutor da trama, mas ele não depende do casamento. No embate promovido entre Zona Sul e Zona Norte, em “Avenida Brasil”, pela primeira vez, a Zona Norte ganha, porque seus habitantes não se rendem aos encantos dos bairros praianos e valorizam seu local de origem. Monalisa se muda para a Zona Sul levando a bandeira do Divino e, em seguida, desiste de viver em Ipanema. Tufão nunca cogita a possibilidade de se mudar do bairro onde cresceu, mesmo tendo muito dinheiro. Débora, a patricinha de Ipanema, se encanta com o Divino, e até as esposas esnobes de Cadinho se rendem à vida suburbana, e se divertem no baile de charme em sua festa de casamento. Os dois principais plots - da vingança de Nina contra Carminha e do embate entre Zona Norte e Zona Sul – se unem quando se percebe que Nina se identifica com a população do Divino e aparece vestindo a camisa do clube do bairro, na arquibancada assistindo ao jogo do último capítulo. A mocinha (representante da bondade) se aproxima da população do bairro suburbano, que também é honesta e justa, enquanto Carminha é expulsa da casa de Tufão por ser desonesta, adúltera e mentirosa, características que a afastam da população local. Apesar da improbabilidade de uma motivação social para a criação do bairro fictício onde viveu a família Tufão, o Divino marcou a história da teledramaturgia brasileira ao questionar o padrão Zona Sul, inserindo a ideia de que o subúrbio pode ter suas próprias características e não se considerar inferior aos bairros praianos. Conclui-se que “Avenida Brasil”, como exemplar de telenovela contemporânea produzida pela maior emissora do Brasil, retoma valores tradicionais, mas também inova em vários aspectos, o que a caracteriza como uma telenovela fluida, que recorre a determinados princípios sem se prender totalmente a eles, ou seja, trata-se de uma obra de ficção seriada televisiva pós-moderna.

Referências

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