Irene Ravache Capa Dura MOD NOVO1 1 27/11/2007 21:10:25 Irene Ravache

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Irene Ravache Capa Dura MOD NOVO1 1 27/11/2007 21:10:25 Irene Ravache Irene Ravache capa dura MOD NOVO1 1 27/11/2007 21:10:25 Irene Ravache Caçadora de Emoções miolo irene.indd 1 9/12/2009 22:12:10 Edição especial para a Secretaria de Estado de Educação Governo do Estado de São Paulo São Paulo, 2007 miolo irene.indd 2 9/12/2009 22:12:10 Irene Ravache Caçadora de Emoções Tania Carvalho 2a edição miolo irene.indd 3 9/12/2009 22:12:11 Governador José Serra Secretária da Educação Maria Helena Guimarães de Castro Imprensa Oficial do Estado de São Paulo Diretor-presidente Hubert Alquéres Coleção Aplauso Série Cinema Brasil Coordenador Geral Rubens Ewald Filho miolo irene.indd 4 9/12/2009 22:12:11 Apresentação A relação de São Paulo com as artes cênicas é muito antiga. Afinal, Anchieta, um dos fundado- res da capital, além de ser sacerdote e de exercer os ofícios de professor, médico e sapateiro, era também dramaturgo. As doze peças teatrais de sua autoria – que seguiam a forma dos autos me- dievais – foram escritas em português e também em tupi, pois tinham a finalidade de catequizar os indígenas e convertê-los ao cristianismo. Mesmo assim, a atividade teatral só foi se desen- volver em território paulista muito lentamente, em que pese o Marquês de Pombal, ministro da coroa portuguesa no século XVIII, ter procurado estimular o teatro em todo o império luso, por considerá-lo muito importante para a educação e a formação das pessoas. O grande salto foi dado somente no século XX, com a criação, em 1948, do TBC –Teatro Brasileiro de Comédia, a primeira companhia profissional paulista. Em 1949, por sua vez, era inaugurada a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, que mar- cou época no cinema brasileiro, e, no ano seguin- te, entrava no ar a primeira emissora de televisão do Brasil e da América Latina: a TV Tupi. miolo irene.indd 5 9/12/2009 22:12:11 Estava criado o ambiente propício para que o teatro, o cinema e a televisão prosperassem entre nós, ampliando o campo de trabalho para atores, dramaturgos, roteiristas, músicos e téc- nicos; multiplicando a cultura, a informação e o entretenimento para a população. A Coleção Aplauso reúne depoimentos de gente que ajudou a escrever essa história. E que conti- nua a escrevê-la, no presente. Homens e mulheres que, contando a sua vida, contam também a tra- jetória de atividades da maior relevância para a cultura brasileira. Pessoas que, numa linguagem simples e direta, como que dialogando com os leitores, revelam a sua experiência, o seu talento, a sua criatividade. Daí, certamente, uma das razões do sucesso, dessa Coleção, junto ao público. Daí, também, um dos motivos para o lançamento desta edição especial, voltada aos alunos da rede pública de ensino de São Paulo. Formado, inicialmente, por um conjunto de 20 títulos, ela será encaminhada a 4 mil escolas es- taduais com classes de 5a a 8a série, do Ensino Fundamental, e do Ensino Médio, estimulando o gosto pela leitura para milhares de jovens, en- riquecendo sua cultura e visão de mundo. José Serra Governador do Estado de São Paulo miolo irene.indd 6 9/12/2009 22:12:11 “O que lembro, tenho.” Guimarães Rosa A Coleção Aplauso, concebida pela Imprensa Oficial, visa resgatar a memória da cultura na- cional, biografando atores, atrizes e diretores que compõem a cena brasileira nas áreas de cinema, teatro e televisão. Foram selecionados escritores com largo currículo em jornalismo cultural, para esse trabalho em que a história cênica e audiovisual brasileiras vem sendo re- constituída de maneira singular. Em entrevistas e encontros sucessivos estreita-se o contato entre biógrafos e biografados, arquivos de documentos e imagens são pesquisados, e o universo que se reconstitui a partir do cotidia- no e do fazer dessas personalidades permite reconstruir suas trajetórias. A decisão sobre o depoimento de cada um para a primeira pessoa mantém o aspecto de tradição oral dos relatos, tornando o texto coloquial, como se o biografado falasse diretamente ao leitor. Um aspecto importante da Coleção, é que os resultados obtidos ultrapassam simples regis- tros biográficos, revelando ao leitor facetas que também caracterizam o artista e seu ofí- cio. Biógrafo e o biografado se colocaram em reflexões que se estenderam sobre a formação miolo irene.indd 7 9/12/2009 22:12:11 intelectual e ideológica do artista, contextua- lizada naquilo que caracteriza e situa também a história brasileira, no tempo e espaço da narrativa de cada biografado. São inúmeros os artistas a apontarem o impor- tante papel que tiveram os livros e a leitura em suas vidas, deixando transparecer a firmeza do pensamento crítico, ou denunciando precon- ceitos seculares que atrasaram e continuam atrasando nosso País. Muitos mostraram a importância para a sua formação terem atuado tanto no teatro, cinema e televisão, portanto, linguagens diferenciadas – analisando-as e suas particularidades. Muitos títulos extrapolam os simples relatos bio- gráficos, explorando – quando o artista permite – seu universo íntimo e psicológico, revelando sua autodeterminação e quase nunca a casualidade por ter se tornado artista – como se carregas- se consigo, desde sempre, seus princípios, sua vocação, a complexidade dos personagens que abrigou ao longo de sua carreira. São livros que além de atrair o grande público, interessarão igualmente nossos estudantes, pois na Coleção Aplauso foi discutido o intrincado processo de criação que concerne ao teatro, ao cinema e à televisão. Foram desenvolvidos temas como a construção dos personagens interpreta- miolo irene.indd 8 9/12/2009 22:12:11 dos, bem como a análise, a história, a importân- cia e a atualidade de alguns dos personagens vividos pelos biografados. Foram examinados o relacionamento dos artistas com seus pares e diretores, os processos e as possibilidades de correção de erros no exercício do teatro e do cinema, a diferença entre esses veículos e a ex- pressão de suas linguagens. Gostaria de ressaltar o projeto gráfico da Coleção e a opção por seu formato de bolso, a facilidade para se ler esses livros em qualquer parte, a clareza e o corpo de suas fontes, a iconografia farta, o registro cronológico completo de cada biografado. Se algum fator específico conduziu ao sucesso da Coleção Aplauso – e merece ser destacado – é o interesse do leitor brasileiro em conhecer o percurso cultural de seu país. À Imprensa Oficial e sua equipe, coube reunir um bom time de jornalistas, organizar com efi- cácia a pesquisa documental e iconográfica, e contar com a disposição, entusiasmo e empenho de nossos artistas, diretores, dramaturgos e ro- teiristas. Com a Coleção em curso, configurada e com identidade consolidada, constatamos que os sortilégios que envolvem palco, cenas, coxias, sets de filmagens, cenários, câmeras, textos, imagens e palavras conjugados, e todos esses seres especiais – que nesse universo transitam, miolo irene.indd 9 9/12/2009 22:12:11 transmutam e vivem – também nos tomaram e sensibilizaram. É esse material cultural e de reflexão que pode ser agora compartilhado com os leitores de todo o Brasil. Hubert Alquéres Diretor-presidente da Imprensa Oficial do Estado de São Paulo miolo irene.indd 10 9/12/2009 22:12:11 Para aqueles que me antecederam com o sinal de fé de que o teatro era uma coisa digna e bonita de ser seguida. Irene Ravache Para meu pai, Adalberto, que me ensinou a voar, e minha mãe, Amaryllis, que fincou os meus pés no chão. Tania Carvalho miolo irene.indd 11 9/12/2009 22:12:11 miolo irene.indd 12 9/12/2009 22:12:11 Prefácio Irene é intensa, sem ser chata. Emocional, mas não melosa. Racional, quando necessário, mas jamais fria. E, principalmente, é engraçadíssima. Afinal, fora do humor não há salvação. Anos de análise, especialmente os últimos cinco que fizeram-na deitar no divã realmente, deram-lhe uma clareza de pensamento inacreditável. Suas palavras fluem com rapidez, mas é evidente que já passaram pelo crivo arguto dos pensamentos, que foram mastigadas por horas, anos talvez. Para a realização deste livro foram marcados di- versos encontros em um apart-hotel no Leblon, 13 onde Irene se hospedou durante a temporada carioca de Intimidade Indecente. De volta à cidade onde nasceu – surpresa, Irene é carioca, embora a maior parte da sua carreira tenha sido feita em São Paulo – ela estava totalmente à vontade, andando de maiô e canga pela praia, tomando café nos inúmeros e charmosos locais do bairro e se encontrando com algumas primas queridas. Irene é superfamília e garante adorar festa de aniversário, batizados, casamentos e até Natal, tudo aquilo, ela sabe, que as pessoas em geral detestam. E adora também fazer sucesso na cidade em que nasceu. Lembra sempre, como exemplo, de Florinda Bolkan, que, apesar de estourar na Itália, queria mesmo era ser amada miolo irene.indd 13 9/12/2009 22:12:11 pela vizinha de Uruburetama no Ceará. Só Irene para se lembrar disto! Foi neste clima, totalmente desarmado, que ela topou falar. Corpo aberto para as emoções. Sem defesas, Irene contou da infância dominada pela mãe poderosa, que a obrigou a desistir de ser bailarina e tentar ser uma concertista de piano; do desafio de se tornar atriz; de todos os projetos que se envolveu no teatro, TV e cinema; da sua caçada por temas, peças, emoções; do marido, o jornalista Edison Paes de Mello, dos filhos Hiram e Juliano e dos netos, Cadu e Maria Luiza, as pes- soas mais importantes na sua vida; dos autores e diretores que passaram por sua carreira; dos 14 sucessos e dos ensinamentos advindos deste; da beleza e da insegurança; da fama e da tomada de posição em relação a isto; da diferença entre ser uma pessoa mediana, como se considera, íntegra e centrada e estar em alguns momentos glamourosa e sob os refletores e flashes.
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