O Í DIO No Cinema Brasileiro E O ESPELHO RECE TE

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O Í DIO No Cinema Brasileiro E O ESPELHO RECE TE JULIAO GOÇALVES DA SILVA O ÍDIO no cinema brasileiro E O ESPELHO RECETE Dissertação apresentada ao Instituto de Artes da Universidade Estadual de Campinas, para obtenção do Título de Mestre em Multimeios Orientador: Prof. Dr. Fernão Pessoa de Almeida Ramos CAMPIAS 2002 iii FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO ISTITUTO DE ARTES DA UICAMP Silva, Juliano Gonçalves da. Si38i O índio no cinema brasileiro e o Espelho Recente. / Juliano Gonçalves da Silva. – Campinas, SP: [s.n.], 2002. Orientador: Fernão Pessoa Ramos. Dissertação(mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Artes. 1. Índio. 2. Cinema. 3. Imagem. 4. Estética. I. Ramos, Fernão Pessoa. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Artes. III. Título. (lf/ia) Título em ingles:“The indian in brazilian cinema and the recent mirror” Palavras-chave em inglês (Keywords): Indian – Cinema – Image - Aesthetic Titulação: Mestre em Multimeios Banca examinadora: Prof. Dr. Fernão Pessoa de Almeida Ramos Prof. Dr. José Soares Gatti Junior Profa. Dra. Neusa Maria Mendes de Gusmão Data da defesa: 28 de Agosto de 2002 Programa de Pós-Graduação: Multimeios iv Instituto de Artes Comissão de Pós-Graduação Defesa de Dissertação de Mestrado em Multimeios, apresentada pelo Mestrando Juliano Gonçalves da Silva - RA 994951, como parte dos requisitos para a obtenção do título de MESTRE EM MULTIMEIOS, apresentada perante a Banca Examinado:ra: Prof. Dr. Fernão Pessoa de A Ramos -D:MM:/IA Presidente/Orientador Prof. Dr. José Soares Gatti Junior -Artes/UFSCar Membro Titula:r Profa. Dra. Neusa Maria Mendes de Gusmão -FE Membro Titula:r 2 \..9 ~ ,f) UNrCA.MP (\- BmUOTECA CeNTRAL CtSAH LXtTES ~ v DESFNVOLVr:'~E;'iTO'MU_____--.--[jE COLf:ÇAO ,. Aos meus pais, paixões, amores, amig@s e ancestrais. Pois, quem puxa aos seus, não degenera... vii AGRADECIMETOS Agradeço a leitura atenta e as preciosas recomendações fornecidas pelos membros da banca, tanto da qualificação quanto da defesa e em especial a Professora Doutora Neusa Maria Mendes de Gusmão pela presteza em que se dispôs a participar da banca e seu carinho para com o meu trabalho. ix Epígrafe “Na experiência absurda, o sofrimento é individual. A partir do movimento de revolta, adquire a consciência de se ter tornado coletivo; passou a ser aventura de todos. O primeiro progresso de um espírito impressionado com a singularidade consiste, portanto, em reconhecer que partilha essa mesma singularidade com todos os homens e que a realidade humana, na sua totalidade, sofre com essa distância relativa a si própria e ao mundo. O mal que apenas um homem experimentava converte-se em peste coletiva.” Albert Camus in A peste "O homem só deixará de ser escravo para ganhar dignidade, que é mais do que o exercício de cauteloso conformismo, quando se tornar capaz de escapar de categorias e convicções fundamentais, inclusive daquelas que, supostamente, o fazem humano." Paul Feyrebend in xi RESUMO Silva, Juliano Gonçalves da. O índio no cinema brasileiro e o espelho recente. 2002. Dissertação (Mestrado em Multimeios) – Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Campinas O trabalho realiza uma análise da imagem do índio no cinema brasileiro, através do estudo de como o personagem indígena é por ele construído e veiculado através dos filmes de ficção. Realiza um levantamento da filmografia onde o personagem aparece e analisa, com profundidade, dois filmes recentes – Brava Gente Brasileira (2000) e Caramuru, a Invenção do Brasil (2001) – considerados paradigmáticos desta realização. xiii ABSTRACT Silva, Juliano Gonçalves da. O índio no cinema brasileiro e o espelho recente. 2002. Dissertação (Mestrado em Multimeios) – Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP. Campinas This work consists in an analysis of the indians image on the brazilian movie, achieved through the study of how the indian character is built and disseminated through the brazilian fiction films. It also consists in a filmography survey base don the appearance of the indian character, and analyses deeply two recent films – Brava Gente Brasileira (2000) e Caramuru, a Invenção do Brasil (2001) – considered paradigmatic of this accomplishment. xv SUMÁRIO 1. ITRODUÇÃO 01 05 2. CIEMA E SOCIEDADE 2.1. O filme de ficção 07 2.2. O/A personagem no cinema 12 2.3. Sobre o conceito de índio 19 2.4. Imaginário e cinema 21 3. HISTÓRIA DA REPRESETAÇÃO CIEMATOGRÁFICA DO ÍDIO O BRASIL 25 3.1. O Personagem indígena brasileiro 28 33 4. FILMES BRASILEIROS CATALOGADOS 4.1. Lista dos filmes brasileiros que apresentam personagens indígenas 34 4.2. Panorama geral dos filmes levantados 39 5. BRAVA GETE BRASILEIRA VERSUS CARAMURU, A IVEÇÃO DO 75 BRASIL 5.1. Brava gente brasileira 78 5.2. Caramuru, a invenção do Brasil 89 101 6. COCLUSÃO 7. REFERECIAL BIBLIOGRÁFICO 109 7.1. Bibliografia Pesquisada 109 7.2. Bibliografia Pesquisada 111 AEXO I: FILMOGRAFIA BRASILEIRA QUE APRESENTA PERSONAGENS INDÍGENAS 118 xvii ITRODUÇÃO O cinema é – por sua “natureza” – antropológico, na medida em que não lhe é estranha a possibilidade de representar qualquer momento cultural da história do homem no espaço e no tempo, com um envolvimento da percepção bem superior às anteriores formas de narração. O enfoque globalista é próprio de sua “razão interna” ou seja, tanto de sua técnica como de seu espírito. Massimo Canevacci 1 Este estudo tem por objetivo analisar como o "índio" é retratado no cinema não documental (ficcional) brasileiro, de longa metragem. A análise estará voltada para o retrato que o cinema brasileiro tem feito do índio quando o configura enquanto personagem, bem como do seu papel na sociedade brasileira através do discurso que é veiculado por ele. Pretendendo ganhar em profundidade e precisão, optei por realizar uma análise fílmica mais sistemática de dois filmes: " Brava gente brasileira " (2000) e " Caramuru, a invenção do Brasil " (2001). Esta escolha não foi arbitrária: ela decorreu do fato destes filmes terem me parecido paradigmáticos, considerado o conjunto da filmografia levantada, 1 Antropologia do cinema: do mito à indústria cultural. São Paulo: Brasiliense, 1990. 1 por conterem propostas distintas, de um mesmo momento do cinema ficcional retratar o personagem indígena. As comparações e contrapontos que os filmes me permitiram visualizar, levaram-me a antever uma rica possibilidade de análise fílmica, optando por este tipo de abordagem, embora outras alternativas sejam possíveis. Enquadrando-se na temática mais ampla do estudo das representações sociais em geral 2, este estudo levanta questões sobre o papel desempenhado pelo cinema 3, enquanto elemento de produção e reprodução de determinados valores e atitudes culturalmente vigentes na sociedade. A escolha de filmes de ficção para a análise pretendida deu-se em função de ser do meu ponto de vista um instrumento importante para a compreensão, não apenas das sociedades retratadas ou imaginadas no âmbito do cinema mas, principalmente, para a compreensão de quem ou do meio no qual os filmes são produzidos, do seu contexto de produção. Nesses filmes em função do seu aparente “descompromisso” em retratar a realidade existiria uma rica possibilidade de expressão do imaginário 4, aflorando conceitos e preconceitos sobre a imagem do personagem indígena presente nessas obras. Assim, é possível se pensar as relações entre as imagens e as ideologias presentes nos filmes de ficção onde o personagem indígena aparece e como os elementos estéticos que compôem esses filmes caracterizam os cenários e personagens que constituem o universo fílmico em questão. 2 A discussão sobre representações sociais que se inicia com Durkheim é aboradada por vários autores no interior das Ciência Humanas. Ela se manifestam em palavras, sentimentos e condutas, que podem e devem ser analisadas a partir da compreensão das estruturas e dos comportamentos sociais. Sua mediação previlegiada é a linguagem. Através dela a realidade vivida é representada e os atores sociais constroem sua vida e a explicam mediante seu estoque de conhecimentos. Elas não são necessariamente conscientes, nelas estão presentes elementos tanto da dominação como da resistência, tanto de contradições e conflitos como de conformismo, constituindo-se em matéria prima para análise do social (MINAYO,1995). 3 Pensando-se como sugere Bakhtin o cinema enquanto uma forma de linguagem e representação. Para ele cada época e cada grupo social tem seu repertório e formas de discurso determinadas pelas relações de produção e pesla estrutura sócio política A compreensão da fala exige ao mesmo tempo a compreenção das relações sociais que ela esxpresssa, porque as palavras não são a realidade, mas uma fresta iluminada: representam!. (MINAYO apud BAKHTIN, 1995: pp 110). Assim também como o cinema. 4 Para Gilbert Durand (1989: pp 07) o âmbito do que chama de imaginário, engoloba a invenção de um tema e seus desenvolvimentos por meio do discurso, poético ou não, seja de imagens, de signos, de alegorias, de 2 Pareceu-me importante também, trabalhar os dados com base no conceito de alegoria reportado a uma situação mais ampla presente na sociedade brasileira atual, fora da “mise-en-cene” do filme, através da análise fílmica/etnográfica. A escolha do gênero da ficção, em contraposição ao do documentário, ocorreu em conseqüência do fato de que em uma abordagem que não é condicionada por uma representação do real - como é a dos filmes de ficção - os elementos estruturadores da narrativa estarão "mais livres", para representar o que se pensa sobre o(s) índio(s), pois a construção do personagem indígena apresentará muito do que é pensado sobre ele pelos diretores, que na sua maioria são brancos e integrantes da sociedade ocidental não indígena. Nos documentários, por sua vez, tudo estará condicionado pela necessidade que se impõe ao gênero, de captar os aspectos presentes na realidade objetiva, verdadeira. Na verdade, caberia questionar quais são as possibilidades de atingir esse ideal de "documentação da realidade" mesmo em filmes que expressamente se colocam nessa perspectiva. A escolha aqui neste trabalho, provisória, é a de manter a dúvida sobre o que é o “real”, o “verdadeiro” e a “ficção”, a “mentira” e tentar extrair dela o máximo de elementos possíveis.
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