Revista Científica Do SINDIRECEITA 01/2020
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APLICABILIDADE DO MODELO PIRÂMIDE DE CONFORMIDADE FISCAL À COBRANÇA DOS TRIBUTOS NO BRASIL: 7 Um Estudo de Caso na RFB/RS A FACILITAÇÃO DO COMÉRCIO INTERNACIONAL E A INTEGRIDADE NA ADUANA BRASILEIRA: 39 ENTRAVES GERADOS PELA CORRUPÇÃO 67 CIDADANIA: O PRINCÍPIO, O FIM E O MEIO A DEDUÇÃO NO IMPOSTO DE RENDA DE DESPESA COM INSTRUÇÃO DE PESSOA DEFICIENTE EM ESCOLA REGULAR 93 E O ENTENDIMENTO DA SOLUÇÃO DE CONSULTA Nº 252/2014 A EXCLUSÃO DE OPTANTES DO PARCELAMENTO REFIS POR MOTIVO DE PAGAMENTOS IRRISÓRIOS E A SUA ILICITUDE 117 PERANTE O ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 151 JUSTIÇA SOCIAL E O IMPOSTO DE RENDA DA PESSOA FÍSICA NO BRASIL CARGA TRIBUTÁRIA: O DESENVOLVIMENTO DE UMA POLÍTICA PÚBLICA FEDERAL 187 COM VISTAS A SUA DIMINUIÇÃO A CRIMINALIZAÇÃO DO DESCAMINHO NO “COMÉRCIO FORMIGA” 209 E AS CONSEQUÊNCIAS DO PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA 209 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 229 COM ÊNFASE NA PRESCRIÇÃO INTERCORRENTE 229 257 O CÁLCULO DA IMPREVIDÊNCIA ANÁLISE CONCEITUAL DE RECEITA E FATURAMENTO: 273 INCLUSÃO OU EXCLUSÃO DO ICMS NA BASE DE CÁLCULO DA CPRB? 01 APLICABILIDADE DO MODELO PIRÂMIDE DE CONFORMIDADE FISCAL À COBRANÇA DOS TRIBUTOS NO BRASIL: Um Estudo de Caso na RFB/RS Messias Tadeu Gouvêa 01 APLICABILIDADE DO MODELO PIRÂMIDE DE CONFORMIDADE FISCAL À COBRANÇA DOS TRIBUTOS NO BRASIL: Um Estudo de Caso na RFB/RS * Messias Tadeu Gouvêa RESUMO Em 2018, as duas maiores Administrações Tributárias do País — a Receita Federal do Brasil e a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo —, além da Procuradoria Geral da Fa- zenda Nacional, tomaram iniciativas voltadas para uma política que modifica radicalmente a relação fisco-contribuinte. As três instituições declaram expressamente alinharem-se, por meios das respectivas iniciativas, aos princípios do modelo “Pirâmide de Conformidade”, criado na Austrália e recomendado pela OCDE. Diante dos fatos, a primeira pergunta que se impõe é: Há evidências empíricas que confirmam o comportamento da sociedade brasileira conforme preconizado pelo modelo proposto? E na sequência: Sendo positiva a resposta da primeira questão, é possível utilizar esse modelo para melhorar a eficiência e eficácia das Administrações Tributárias brasileiras sem ferir os princípios do Sistema Tributário Nacional mesmo prescindindo de uma de reforma geral do sistema? Para demonstrar que a resposta a ambas as perguntas é positiva, optou-se por testar a hipótese em um ambiente real cuja quantidade de variáveis não fosse excessivamente grande e sobre as quais se tivesse amplo controle. Posteriormente, analisa-se como o fisco brasileiro tem lidado com os modelos in- ternacionalmente aceitos pela teoria de Administração Tributária, quais as oportunidades de melhoria e quais os motivos para a mudança anunciada, temas vinculados à competência da RFB para gerir o CT e a arrecadação, bem como à atribuição comum aos ATRFB e AFRFB de planejar as ações de cobrança. PALAVRAS-CHAVE: Gestão do crédito tributário. Planejamento das ações de cobrança. Pirâ- mide de conformidade. Regularização espontânea. Cobrança telefônica. ______ * Os conceitos emitidos no presente trabalho são de exclusiva responsabilidade do autor não traduzindo necessariamente o entendimento da Receita Federal do Brasil ou do Sindireceita sobre o tema. REVISTA CIENTÍFICA DO SINDIRECEITA 9 01 ABSTRACT In 2018, the two largest Brazilian Tax Administrations - the Receita Federal do Brasil and the Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo -, as well as the Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, took initiatives aimed at a policy that radically modifies the Tax Office-ta- xpayer relationship. The three institutions expressly state that they align themselves, by me- ans of their respective initiatives, with the principles of the “Compliance Pyramid” model set up in Australia and recommended by the OECD. Faced with the facts, the first question that is posed is: Is there empirical evidence that confirms the behavior of Brazilian society as advocated by the proposed model? And following: If the answer to the first question is posi- tive, can this model be used to improve the efficiency and effectiveness of the Brazilian Tax Administrations without violating the principles of the National Tax System, even without a general reform of the system? In order to demonstrate that the answer to both questions is positive, it was decided to test the hypothesis in a real environment whose quantity of variables was not excessively large and over which there was broad control. Subsequently, it is analyzed how the Brazilian tax authorities have dealt with the models accepted interna- tionally by the Tax Administration theory, what are the opportunities for improvement and what are the reasons for the announced change, issues related to the competence of the RFB to manage the tax credit and the collection, as well as the common allocation to the ATRFB and AFRFB to plan the collection actions. KEYWORDS: Tax credit management. Planning of collection actions. Compliance Pyramid. Spontaneous regularization. Phone billing. LIVRO 01 | 2020 10 01 1. INTRODUÇÃO Todos os órgãos de Administração Tributária (AT) compartilham pelo menos duas atribui- ções essenciais: garantir a arrecadação necessária para financiar a atividade estatal e minimi- zar o gap tributário. O financiamento do Estado é condição indispensável para sua existência. Minimizar o gap tributário, além de aumentar a arrecadação e promover a equidade do siste- ma, contribui para melhorar o ambiente de negócios coibindo a competitividade predatória entre os agentes econômicos. Por certo, o descumprimento tributário distorce o sistema econômico ao impor o fardo tributário sobre alguns, enquanto outros desfrutam vantagens competitivas ilegítimas. Mesmo considerando o inegável desenvolvimento das AT brasileiras, a complexidade do Sistema Tributário Nacional tem sido apontada como a principal barreira para um progresso mais significativo. “Apesar da urgência de uma reforma profunda, as dificuldades de se for- mar um consenso político sobre o modelo apropriado de tributação têm impedido avanços concretos há décadas” (VIOL 2015, pág. 70). Em 2018, as duas maiores AT do País — a Receita Federal do Brasil (RFB) e a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo (Sefaz/SP) —, além da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), divulgaram iniciativas voltadas a modificar radicalmente a relação fisco- -contribuinte: No Estado de São Paulo, Lei Complementar criou o programa denominado “Nos conformes”. Na esfera federal, a RFB abriu Consulta Pública para colher opiniões sobre o programa “Pró-conformidade” em desenvolvimento pelo órgão e a PGFN instaurou proce- dimento de consulta pública para fins de instituição do “Cadastro Fiscal Positivo da PGFN” visando ao aprimoramento dos procedimentos de cobrança da dívida ativa com base no per- fil de risco dos contribuintes. As três instituições declaram expressamente que, por meio das suas respectivas inicia- tivas, buscam alinhar-se ao modelo conhecido por “Pirâmide de Conformidade Tributária”, criado na Austrália e recomendado pela Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Econômico (São Paulo, 2017; RFB, 2018; PGFN, 2018). Ainda que tenha sido bem sucedido na Austrália (e posteriormente em outros países), não é trivial admitir que o modelo possa ser transladado com sucesso para um sistema tributário tão complexo como o brasileiro. Além do que, diferenças culturais e a singular organização política do Brasil constituem dificulda- des potenciais a serem consideradas. Diante desses fatos, o presente trabalho busca analisar a aplicabilidade do modelo Piramidal no Brasil independentemente do que nos reserva o futuro em termos de Reforma Tributária e avaliar as oportunidades de melhoria da AT. Na primeira parte, avalia-se um projeto que tomou como premissa a aplicabilidade do modelo em uma amostra da população brasileira. A comprovação da hipótese na amostra justifica a segunda parte, na qual se examina como as AT brasileiras pretendem aplicar (ou vêm aplicando) os modelos internacionalmente aceitos pela teoria de Administração Tribu- tária. REVISTA CIENTÍFICA DO SINDIRECEITA 11 01 2. FUNDAMENTOS TEÓRICOS Um modelo científico é uma idealização simplificada do mundo real com o propósito de analisar, descrever e, às vezes, predizer os resultados de um fenômeno objeto de estudo. A despeito da simplificação, um modelo supostamente reproduz a essência do complexo objeto de estudo. Os fenômenos estudados e a metodologia científica adotada podem levar a modelos matemáticos ou descritivos. O modelo é tão mais útil quanto mais eventos for capaz de explicar. Assim, quando se estuda um novo fenômeno e o modelo até então adotado não é capaz de explicá-lo, surge a necessidade de reformulá-lo ou substituí-lo. O modelo emergente deve, então, ser capaz de explicar tanto os novos fenômenos considerados quanto os antigos (aqueles que já eram explicados pelo seu antecessor). Os modelos encontrados na área de Administração Tributária podem, fundamentalmen- te, ser reduzidos a dois — A “Teoria do Crime” e a “Pirâmide de Conformidade” — sendo os demais modelos considerados variações desses. 2.1. Modelo Tributário Clássico: A Teoria do Crime O artigo “Income Tax Evasion: A Theoretical Analysis” (ALLINGHAM e SANDMO, 1972) é um marco histórico para a análise da conformidade tributária. Seus autores, apoiados na abor- dagem econômica de crime e punição (BECKER, 1968) e na Teoria das utilidades esperadas (NEUMANN e MORGENSTERN, 1944), criaram um criterioso modelo matemático. Segundo esse modelo, diante