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0S12 BOM DIA MARÍLIA - QUINTA / 17 DE OUTUBRO DE 2013 por Kátia Saisi viva literatura [email protected] Lançamentos nórdicos aquecem panorama literário nos trópicos Não só a distância superior a 10 mil quilômetros nos afasta da cultura nórdica. A maior barreira para um maior intercâmbio é mesmo a língua: em cada país da região fala-se um idioma distinto A literatura nórdica é pró- Por isso, é muito bem- diga. Nada menos do que vinda a publicação de títu- 15 escritores da região já los inéditos no Brasil, que foram contemplados com o estão fazendo sucesso lá fora. Prêmio Nobel de Literatu- Exemplo disso é a oportu- ra (veja no quadro os “im- nidade de conhecer a prosa pronunciáveis” e irreconhe- sutil, aguda e tensa da fin- cíveis nomes). A exceção fica landesa Tove Jansson em “A por conta das fábulas maravi- traidora honrada”, romance lhosas do dinamarquês Hans que aborda traição e mentira Christian Andersen, como O em um vilarejo durante o ri- Patinho Feio, Soldadinho de goroso inverno escandinavo. Chumbo ou A Pequena Se- Ou o aclamado e inusitado reia, que permearam a infân- romance “Meu amigo Jesus cia de inúmeras gerações em Cristo”, do dinamarquês Lars todo o mundo. Husum. Há também a saga Não só a distância superi- fantástica do finlandês Ilkka or a 10 mil quilômetros nos Auer, “O Clã dos Dragões”, afasta da cultura nórdica. O premiada pela Tolkien Soci- clima extremamente frio con- ety. E, para quem curte um A traidora honrada trapõe-se aos nossos dias de bom romance policial, “A sol e calor. Mas a maior bar- fera interior”, dos irmãos di- Após a queda das folhas reira para um maior inter- namarqueses Lotte e Søren que deixa as copas das ár- câmbio é mesmo a língua: Hammer, já publicado em vores nuas no outono sueco, em cada país da região, in- quinze países. Sugestões de o inverno bate à porta com tegrada pela Dinamarca, Fin- leitura para os mais variados força total, cobrindo janelas lândia, Islândia, Noruega e gostos literários. e telhados com sua branca, Suécia, fala-se um idioma macia e vasta neve. O sol Divulgação Divulgação distinto. nasce tarde e se põe muito cedo. É no início do inver- no que a história de Katri Ano Autor País Kling e Anna Aemelin come- Tove Jansson, que pertencia a minoria sueca na Finlândia; obra desconcertante ça e é narrada pela finlan- 1903 Bjørnstjerne Bjørnson (1832-1910) Noruega desa Tove Jansson, de forma gentileza e que gosta de dei- Meu amigo Jesus Cristo sutil e tensa em “A traido- xar sua imensa casa durante ra honrada” (160 páginas, R$ as alvoradas para pintar seus 1909 Selma Lagerlöf (1858-1940) Suécia Considerado pela crí- 37,00). O romance foi lança- quadros precisamente deta- tica internacional como do no Brasil pelas editoras lhados. Ao longo da narrati- arrebatador, descontraído, 1916 Verner von Heidenstam (1859-1940) Suécia Autêntica e A Bolha, na cole- va, as duas mulheres serão engraçado, destemido, efer- ção Just a Bubble, que reúne enredadas numa batalha de vescente e despojado, o ro- 1917 Karl Adolph Gjellerup (1857-1919) Dinamarca obras de literatura de van- ideais que ameaça destruir mance de estreia do escritor guarda. suas mais caras ilusões. dinamarquês Lars Husum, Henrik Pontoppidan (1857-1943) Dinamarca Katri Kling e Anna Ae- “Meu amigo Jesus Cristo” melin são muito diferentes. A TRAIÇÃO / As menti- (288 páginas, R$ 35,90), 1920 Knut Hamsun (1859-1952) Noruega Katri vive em cima de uma ras que contamos para nós “é uma inusitada tragicomé- mercearia e é muito misterio- mesmos e as que contamos dia sobre confiança e amiza- 1928 Sigrid Undset (1882-1949) Noruega sa. Em um lugar onde olhos para os outros – é o tema de, e sobre como as ações azuis são comuns, ela car- deste que é o romance mais individuais ditam a vida rega íris amareladas, muita desconcertante e imprevisível 1931 Erik Axel Karlfeldt (1864-1931) Suécia de quem nos cerca”, como determinação para tomar de- dos escritos por Tove Jans- disse o Financial Times. Ou, cisões e não gosta de nada son (1914-2001), que perten- 1939 Frans Eemil Sillanpää (1888-1964) Finlândia como afirmou o The Guardi- nem ninguém, exceto de seu cia à minoria de língua sueca an, “absurdo, caótico, mas irmão Mats, de seu cachorro que vive na Finlândia. Na que estranhamente é uma 1944 Johannes Vilhelm Jensen (1873-1950) Dinamarca que ela se recusa a dar nome obra, ela lança um olhar ainda afirmação da vida.” A im- e dos números. Já Anna pa- mais sombrio sobre os temas prensa não poupou elogios 1951 Pär Lagerkvist (1891-1974) Suécia rece ser o oposto de Katri. que animaram seus traba- a essa história de estilo irre- Apesar de um pouco distan- lhos mais primorosos, desde verente que mostra o quan- te, é uma mulher respeitada sua singela fábula sobre a 1955 Halldór Laxness (1902-1998) Islândia to é possível ir do inferno em todo o vilarejo por sua vida numa ilha, Sommerbu- ao céu quando os próprios ch, até a famosa série de estóri- 1974 Eyvind Johnson (1900-1976) Suécia erros são assumidos e os ou- as infantojuvenis protagoniza- Ao longo da tros deixam de ser culpados das por Moomin, pela qual foi Harry Martinson (1904-1978) Suécia por eles. O livro chega agora narrativa, as duas agraciada com o Prêmio Hans ao Brasil pela Editora Guten- mulheres serão Christian Andersen em 1966: 2011 Tomas Tranströmer (1931-) Suécia berg. enredadas numa a solidão e a comunidade, a vida e a arte, o amor e o ódio. batalha de ideais .