Capítulo 1 Introdução
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Edward E. Telles O Significado da Raça na Sociedade Brasileira Edward E. Telles O Significado da Raça na Sociedade Brasileira Tradução para o português de Race in Another America: The Significance of Skin Color in Brazil. 2004. Princeton e Oxford: Princeton University Press. Versão divulgada na internet em Agosto de 2012. Tradução: Ana Arruda Callado Revisão Técnica e Formatação: Danilo França i Sumário Agradecimentos .......................................................................................................... iii Capítulo 1 Introdução .................................................................................................................... 2 Capítulo 2 Da supremacia branca à democracia racial ............................................................ 20 Capítulo 3 Da democracia racial à ação afirmativa ................................................................. 40 Capítulo 4 Classificação Racial ................................................................................................... 65 Capítulo 5 Desigualdade Racial e Desenvolvimento .................................................................. 89 Capítulo 6 Discriminação racial ................................................................................................ 115 Capítulo 7 Casamentos Inter-raciais......................................................................................... 143 Capítulo 8 Segregação residencial ............................................................................................. 161 Capítulo 9 Repensando as relações raciais no Brasil............................................................... 178 Capítulo 10 Formulando políticas adequadas ............................................................................ 197 Referências Bibliográficas ....................................................................................... 222 ii Agradecimentos Embora eu tenha começado a escrever este livro em 2001, tenho refletido e escrito sobre raça no Brasil desde pelo menos uma década antes. Durante este tempo, acumulei muitas dívidas com pessoas que influenciaram meu pensamento, muito mais do que eu poderei agradecer nestas páginas. Tratam-se de acadêmicos, líderes do movimento negro e até brasileiros de todos os dias. Apesar de anteriormente eu ter me interessado por migração e pobreza urbana, a primeira vez que eu pensei seriamente sobre a questão racial no Brasil foi em 1989-1990, quando eu fui ao Brasil como Rockefeller Foundation Fellow a convite de Vilmar Faria nos estudos populacionais da Universidade de Campinas. Naquela época eu comecei a ler e discutir estas questões com Clóvis Moura em São Paulo, Octávio Ianni e Élide Rugai Bastos em Campinas e, em algumas ocasiões, quando eu pude ir ao Rio, com Carlos Hasenbalg e Nelson do Valle Silva. No final da minha estadia, decidi que começaria a analisar os microdados mais recentes sobre raça do governo brasileiro. Apesar de eu ter voltado para lecionar na UCLA no final de 1990, eu retornei ao Brasil frequentemente, principalmente por causa do meu relacionamento binacional com Ana Maria Goldani. Mas é claro que as razões de pesquisa também foram importantes. Minha pesquisa incluiu uma viagem em 1993, quando Ianni, Hasenbalg, Antonio Sérgio Guimarães e eu nos encontramos para planejar um survey nacional sobre atitudes raciais; e uma outra em 1994 como Fulbright Fellow na Universidade Federal da Bahia. Este trabalho da Fulbright me pôs em contato com a emergente escola baiana de relações raciais. De 1997 a 2000, tive a felicidade de trabalhar para a Ford Foundation no Rio de Janeiro. Minha posição como responsável pelo programa de direitos humanos me permitiu obter uma visão panorâmica das tremendas mudanças na política racial brasileira, onde eu tive um amplo contato com líderes do movimento negro e de outras organizações da sociedade civil por todo o Brasil, bem como com importantes funcionários do governo e com acadêmicos. Eu agradeço a líderes do movimento negro que frequentemente abriram seus mundos para mim e me ensinaram a ver suas próprias experiências como brasileiros. Os mais proeminentes entre eles foram Sueli Carneiro, Ivanir dos Santos, Romero Rodriguez, Abdias do Nascimento, Sérgio Martins, Edson Cardoso, Hédio Silva Jr., Maria Aparecida Bento, Hélio Santos, Gilberto Leal, João Carlos Nogueira, Dora Lucia de Lima Bertulio, Ivair Alves dos Santos, Diva Moreira, e Samuel Vida. Quando sobrava tempo dos meus deveres burocráticos, discussões esporádicas com acadêmicos de várias universidades brasileiras, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Cândido Mendes, também enriqueceram o meu entendimento dos relações raciais brasileiras. Encabeçam este grupo de acadêmicos Antonio Sérgio Guimarães, Livio Sansone, João Reis, e Jocélio Teles dos Santos, que foram meus colegas na Bahia. Eu também devo agradecimentos a um maravilhoso conjunto de colegas na Ford Foundation do Rio de Janeiro, que inclui Nigel Brooke, Sarah Costa, Elizabeth Leeds, José Gabriel Lopez,e Ondina Leal, assim como a meus amigos da fundação em Nova Iorque, particularmente Alan Jenkins e Anthony Romero. Janice Rocha, minha secretária na Ford, merece menção especial pela muito necessária ajuda na organização da minha vida profissional e por me aturar. Agradecimentos especiais a Brad Smith, que me trouxe para a Ford e me deu uma bolsa logo que parti e que ajudou a me liberar de algum tempo de ensino na UCLA para trabalhar neste livro e aliviar o trauma de retornar à academia. Como era pequeno o meu conhecimento formal dos direitos humanos antes de tomar posse do cargo de responsável pelo programa de direitos humanos, eu devo muito a James iii Cavallaro, que me ensinou sobre o estado dos abusos de direitos humanos e sobre o direito no Brasil e internacionalmente. Ele continuou me ajudando a entender questões de direitos humanos, e ele e seus familiares tornaram-se amigos queridos. Pelo lado do lazer, agradeço especialmente a Jim, Gabe, e outros amigos por me iniciarem nas quadras de squash e no basquetebol e me acompanharem nestes jogos. Agradecimentos especiais vão para Joaquim Barbosa Gomes, de quem me tornei amigo no Rio e que veio mais tarde para a UCLA como professor visitante. Ele me explicou o intrincado sistema legal brasileiro, mas para evitar constrangimentos, tive de recusar seus convites para jogar futebol. Nossa camaradagem em Los Angeles foi abruptamente mas felizmente interrompida quando ele partiu de repente para Brasília, onde ele se tornou o primeiro jurista negro do Suprema Corte brasileira em seus 174 anos. Eu e minha família somos especialmente gratos a Eduardo e Luche Slerca e seus filhos por abrir para nós suas vidas familiares, ajudando-nos a fazer do Rio de Janeiro um genuíno lar. Enquanto estive no Brasil, fui afortunado por ter um subsídio da National Science Foundation que me ajudou com minha pesquisa sobre classificação racial brasileira, que eu iniciei na UCLA antes de ir para o Rio de Janeiro. Embora eu tenha completado a pesquisa que planejei sobre classificação racial, o subsídio também me ajudou a começar a refletir e fazer estudos preliminares para um projeto mais ambicioso acerca das relações raciais brasileiras, que culminaria neste livro. Nesta época, a maior parte do meu trabalho no projeto foi esboçar ideias inspiradas em conversas com meus bolsistas e em leituras ocasionais. Mais tarde, na medida em que eu definia melhor as análises, Antonio Duran me ajudou a gerar os dados necessários. Ele é profundo conhecedor das complexidades do manejo com os dados do IBGE, e seus resultados foram extremamente confiáveis. Quando comecei a escrever este livro depois de retornar aos Estados Unidos novamente, Sam Cohn foi especialmente importante para me fazer repensar minhas conjecturas sobre como produzir um livro factível. Walter Allen, Jorge Balán, Harley Browning, David López, Peter Lownds, José Moya, Alejandro Portes, e Mark Sawyer leram versões anteriores deste manuscrito e me deram sugestões valiosas sobre os rascunhos que me deixaram constrangido. Michael Hanchard, Tom Skidmore, Roger Waldinger, e Howard Winant, me deram comentários especialmente detalhados, que eu apreciei bastante. Em um dado momento durante estas revisões, eu traduzi e publiquei uma versão em português, que se tornou uma referência no atual debate brasileiro sobre política social (Racismo à Brasileira: Uma Nova Perspectiva Sociológica. 2003. Rio de Janeiro: Relume Dumará). A versão em inglês se encaminhou desde então, agradeço enormemente a paciência, profissionalismo e entusiasmo do meu editor de Princeton, Ian Malcolm. Outros colegas que estimularam meu pensamento em diversos pontos incluem Paulo Sérgio Pinheiro, Michael Mitchell, Michael Turner, Anani Dzidzienyo, Brian Roberts, Charles Wood, Mark Fosset, Aziza Khazoom, Ray Rocco, Seth Rascussen, Stan Lieberson, e Michelle Lamont. Eu também agradeço a Ciro Biderman pelo mapa de São Paulo, Luís Cesar Ribeiro pelo mapa do Rio de Janeiro, e ao Leroy Nieman Center da UCLA por convertê-los num formato publicável. Aida Verdugo Lazo também fez alguns cálculos de última hora para mim a partir dos dados do IBGE. Humberto Adami e Katia Mello me mantiveram informado sobre os eventos no Brasil desde o meu retorno. Eu fui especialmente afortunado por ter uma a pós-graduanda Christina Sue como assistente de pesquisa, que trabalhou mais do que seria devido, computando números, criando tabelas, editando, digitando, e redigitando minhas intermináveis correções. Outro estudante de pós-graduação, Stan Bailey,