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Cliente: Itaú Cultural Veículo: Jornalfloripa.Com.Br Data: 23/02/2017 Página: 01 Seção: Entretenimento Cliente: Itaú Cultural Veículo: Jornalfloripa.com.br Data: 23/02/2017 Página: 01 Seção: Entretenimento SÃO PAULO - Aos 89 anos, Laura Cardoso trabalha em um ritmo que poucas pessoas muito mais jovens do que ela não aguentam. Dona Laura, como é chamada carinhosamente por seus colegas no meio artístico, apesar dos veementes protestos da atriz, trabalhou todos os dias "de manhã até à noite" nas gravações da novela "Sol nascente" desde sábado de manhã, quando falou ao GLOBO, até terça-feira. Por isso, só ontem conseguiu ver a "Ocupação Laura Cardoso", exposição em sua homenagem que abre hoje para o público no Itaú Cultural, em São Paulo, e fica em cartaz até 30 de abril. — A princípio, realmente é uma coisa gratificante. Me dá alegria e prazer saber que uma parte do público reconhece o meu trabalho. No início, fiquei muito surpresa: "Meu Deus, logo eu?". Fico sem graça, porque, sei lá, a gente sempre acha que não merece tanto — conta ela, em meio a risos. Nascida Laurinda de Jesus Cardoso, em 13 de setembro de 1927, a atriz cresceu na Bela Vista, tradicional bairro do centro paulistano. Começou no rádio, depois fez TV e só mais tarde estreou no teatro e no cinema. Até no circo, diz com orgulho, trabalhou. Dedicou sua vida à arte, em mais de uma centena de trabalhos, pelos quais angariou muitos prêmios. — Eu gosto muito do meu trabalho. Sou uma operária do meu ofício. Trabalho há muitos anos. Gosto demais. Me dá muito prazer representar. Esse trabalho, representar, faz parte da minha vida — diz ela, ao telefone, com a voz embargada. Faz sentido. Lá se vão 75 anos desde que Laura ingressou, aos 15 anos de idade, na Radio Cosmos, emissora paulistana que depois se tornaria a Rádio América, como atriz das radionovelas. Dois anos depois, na Rádio Tupi, integrou o elenco de "A Cliente: Itaú Cultural Veículo: Jornalfloripa.com.br Data: 23/02/2017 Página: 02 Seção: Entretenimento toutinegra do moinho", baseada no romance-folhetim de Émile Richebourg. Uma década mais tarde, ela ingressaria na TV, o meio em que se consagrou, para fazer na Tupi a série "Tribunal do coração", criada por Teófilo de Barros Filho e produzida por Vida Alves. A exposição traça a trajetória da atriz-operária desde sua infância, quando interpretava para a avó, sobre um caixote instalado na marcenaria da família. Três passagens levam o visitante a ambientes que se entrelaçam e revelam registros que remontam às suas diferentes encarnações em todos os meios nos quais atuou. Além de entrevistas com ela, a equipe do Núcleo de Artes Cênicas e da Enciclopédia Itaú Cultural vasculhou os arquivos dos espaços por onde atuou e também os acervos particulares e da sua família. — Foi gratificante ver fotos de trabalhos bem antigos, recortes de jornais, tenho mania de guardar tudo. Recorte de jornal, revista... Guardei muita coisa e, ao longo do tempo, perdi muita coisa também. Mas o que guardei pude entregar para as pessoas lá do Instituto — disse ela. O visitante poderá ver desde fotos de Laura contracenando com Tarcísio Meira em "Se a noite falasse" (1961) ou numa cena tórrida com Rolando Boldrin em "A severa" (1974) — ambos trabalhos para a TV Tupi. Até as novelas da Globo, onde entrou em 1981 e se destacou, entre outros títulos, em "Brilhante" (1981), "Mulheres de areia" (1993), "A viagem" (1994), "Explode coração" (1996), "Salsa e merengue" (1997), "Esperança" (2002), "Caminho das Índias" (2009) e "Araguaia" (2010). Passando por suas incursões no cinema em "Terra estrangeira", de Walter Salles e Daniela Thomas, e em "Através da janela" (2000), de Tata Amaral. E no teatro, onde estreou em 1959, sob a direção de Antunes Filho, com a peça "Plantão 21", montagem do grupo Pequeno Teatro de Comédia. A exposição chega até "Sol nascente", novela na qual a atriz interpreta a vilã Sinhá. Ela diz que a personagem foi um presente de Walther Negrão, autor com quem trabalhou pela primeira vez há 50 anos, na TV Bandeirantes, em uma adaptação de "Os miseráveis, de Vitor Hugo, na qual fazia Fantine. — É muito interessante, a Sinhá. Uma mulher de certa idade, mas é muito esperta, inteligente. A gente nunca sabe a verdade dos personagens. Mas me parece que ela perdeu um filho porque um industriakl japonês que causou a morte dele acidentalmente. E ela tomou de raiva desse japonês. É mais ou menos isso. Novela, você sabe, é desse jeito, no meio pode ir pra um lado ou para o outro, dependendo do que o público quer — completou. .
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