TERRITORIALIDADE INDÍGENA NA AMAZÔNIA BRASILEIRA DO SÉCULO XXI: O Caso Jamamadi
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SANDRA APARECIDA AYRES DE PAULA TERRITORIALIDADE INDÍGENA NA AMAZÔNIA BRASILEIRA DO SÉCULO XXI: o caso Jamamadi Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia, curso de Mestrado, Setor de Ciências da Terra da Universidade Federal do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Geografia. Orientação: Prof. Dr. Luiz Lopes Diniz Filho Co-orientação: Prof. Dr. Júlio César Suzuki CURITIBA 2005 I II Para os Jamamadi, que me permitiram conhecê-los. III AGRADECIMENTOS Se não fossem os tropeços da vida, esta dissertação não teria acontecido. Agradeço primeiro a esta mágica que é a vida que coloca as coisas e pessoas nos lugares e momentos certos mesmo quando achamos que tudo está errado. Minha gratidão à minha família: pais, Olivel e Alba, e filhos, David, Elisa, Catarina e Felipe, que me ajudaram com as “contas” que não paravam de vencer enquanto não me restava outra alternativa senão ler... e ler ... e ler. Aos amigos, aos muitos amigos que sempre me ouviram e me apoiaram. Um agradecimento especial aos amigos de longe, Cartaxo e Cleisa, que me acolheram na passagem por Rio Branco. Aos amigos da FUNAI, Ana Maria Carvalho, Artur, Nadja, Leila, Marquinho (Espírito Santo), Patrícia, Colombo, Briner, Luiz Sberze, Márcia Grankow, Slowacki, Luiz Nogueira, Cláudio Romero, Noraldino, Alceu, Rita, Guiomar, Sérgio Campos, e aos que já passaram por lá, Ana Lange, Vanessa, Silbene, Isa, Auxiliadora, Beth Cid, e a todos com quem falo pelos corredores quando passo por Brasília e que fica sempre vivo na memória o carinho de também se lembrarem de mim. Aos que colaboraram diretamente na pesquisa, confiando informações e dados preciosos de seu acervo: no CIMI - Charles, na UNI-Acre - Chico Preto, na CPI Acre – Renato. A quem me estimulou com seu exemplo a ter um olhar desprendido para a questão indígena: Dominique Gallois. À banca de qualificação, professores Wolf e Silvio, que me estimularam a buscar mais. À Coordenação do Mestrado, pela concessão da bolsa de estudos. Aos meus orientador e co-orientador, professores Diniz e Júlio, o sentimento de gratidão profunda. IV MEC-UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ SETOR DE CIÊNCIAS DA TERRA CURSO DE MESTRADO EM GEOGRAFIA PARECER Os membros da Banca Examinadora designada pelo Colegiado do Curso de Pós-Graduação em Geografia, reuniram-se para realizar a argüição da Dissertação de Mestrado, apresentada pela candidata Sandra Aparecida Ayres de Paula, intitulada: “Territorialidade Indígena na Amazônia Brasileira do Século XXI: o caso Jamamadi”, para obtenção do grau de Mestre em Geografia, do Setor de Ciências da Terra da Universidade Federal do Paraná, Área de Concentração Produção do Espaço Urbano e Regional. Após haver analisado o referido trabalho e argüido o candidato, são de parecer pela APROVAÇÃO da Dissertação. Curitiba, 29 de abril de 2005. PixdLOfHEttseu Savério Sposito - UNESP Prof. Dr. Wolf Dietrich Sahr - UFPR (Orientador e Presidente da Banca) Co-orientador SUMÁRIO AGRADECIMENTOS......................................................................................................IV SUMÁRIO ............................................................................................................................V LISTA DE MAPAS............................................................................................................ VI RESUMO...........................................................................................................................VII ABSTRACT..................................................................................................................... VIII INTRODUÇÃO: LOCALIZANDO O TERRITÓRIO .................................................... 9 CAPÍTULO I - A CONSTRUÇÃO DE TERRITÓRIOS INDÍGENAS PELO ESTADO NACIONAL ......................................................................................................25 CAPÍTULO II – AS TERRITORIALIDADES DOS JAMAMADI DO LOURDES: DA TRADIÇÃO E DA MODERNIDADE ......................................................................47 CAPÍTULO III - PERSPECTIVAS TERRITORIAIS..................................................79 ANEXO I – Famílias Jamamadi.......................................................................................95 ANEXO II - Legislação..................................................................................................... 97 V LISTA DE MAPAS Localização da Aldeia Jamamadi do Lourdes, Município de Boca do Acre/AM.............24 Terra Indígena Jamamadi segundo delimitação do Estado................................................46 Território Indígena Jamamadi segundo suas Territorialidades..........................................78 VI RESUMO Este trabalho trata da construção do território do grupo Jamamadi, situado no Seringal do Lourdes, sul do Estado do Amazonas, município de Boca do Acre, em um momento do processo em que a FUNAI reconhece a demanda pela demarcação física da terra como uma reivindicação do grupo. O estudo busca olhar os dois vetores desta construção, o do Estado Nacional e o do grupo indígena, e avalia em que medida as duas demandas se equivalem em objetivos e resultados. A concepção de território desde os tempos mais remotos da humanidade esteve sempre atrelada ao entendimento de um espaço onde se manifesta o poder de alguém. A construção do Estado Nacional na modernidade, por algum tempo, tornou exclusivo e tão forte este poder que território e Estado Nacional foram indissociáveis até como escala de análise geográfica, não se permitindo outra territorialidade que não a do Estado Nação. Nesta perspectiva se avalia, à luz dos conceitos geográficos desenvolvidos para território, a destinação de terras para os grupos indígenas no Brasil, concentrando esforços no momento pós-constituição de 1988, em que as questões ambientais são reforçadas. Na perspectiva do grupo, a opção foi analisar as relações deste com o território, suas territorialidades, sob a ótica da teoria social, sem, contudo, desviar do objetivo principal do território enquanto espaço concreto definido pelas relações de poder, que têm como característica, neste caso, a conservação da biodiversidade no território tradicional. Suas territorialidades se desenvolvendo livremente com todas as possibilidades conferidas pela modernidade e pela tradição. Finalmente, procede-se à análise das formas territoriais do grupo e do Estado, superpondo-as, avaliando as possibilidades de alcance dos objetivos do grupo com a demarcação física do território (terra para o Estado Nacional) à luz dos conceitos de autonomia. Conceitos estes atualizados para sociedades modernas ou pós-modernas e que encontraremos sua realização nas sociedades tradicionais. VII ABSTRACT This work focus on the construction of the territory of the Jamamadi group, situated in the Seringal do Lourdes, south of the State of Amazon, municipality of Boca do Acre, at a moment when FUNAI recognizes the demand for the physical demarcation of the land as a claimed by the indigenous group. The study focus on the two vectors of this construction, Nation-State and aboriginal group, and evaluates the extent to which the two derived demands are equivalent in objectives and outcomes. Since early times, the concept of territory has been associated to an area under someone’s authority or power. More recently, the concept of nation-state made this authority almost exclusive and stronger to the extent territory and nation-state are no longer dissociable even at the geographic scale, and do not allow for any territoriality but that from the nation-state. Under this perpective, and based on concepts of geography developed for territory, the assignment of land to aboriginal groups in Brazil is analyzed, concentrating efforts in the timeframe of the post-1988 constitution, where environmental issues are strengthened. The relationships between the Jamamadi group with the land and its territoriality are analyzed under the prism of the social theory without, however, overlooking the territory as the actual space defined by the relations of power, in this case conservation biodiversity in the traditional territory. The territoriality of the Jamamadis being freely developed will all that is allowed by modernity or tradition. Finally, we proceed to the analysis of the territorial forms of the group and the State, overlapping them, and then evaluating the possibilities of reaching the groups’ objectives by the physical demarcation of the territory under the concept of autonomy. Such concepts are brought up to date for modern or post-modern societies and that we will find its accomplishment in the traditional societies. VIII INTRODUÇÃO: LOCALIZANDO O TERRITÓRIO “...as sociedades ditas ‘primitivas’ são importantes não, como se crê às vezes, enquanto testemunho de nosso passado, mas como testemunho de um presente que poderia ser outro: ela mostra, antes de tudo, que o modelo em que estamos imersos, de ‘desenvolvimento’ a qualquer custo, é apenas um entre os possíveis.” (Manuela Carneiro da Cunha, 1989) A questão da territorialidade, e da territorialidade indígena, faz sentido primeiro pela importância do território na liberdade de ser, na linha abordada por SOUZA (2001), segundo o qual a territorialidade tem importância para o processo de desenvolvimento, entendido este enquanto autonomia. Em segundo lugar, porque há uma visível transformação sobre a tradicional territorialidade do Estado, com o surgimento de novas territorialidades. E são condicionantes dessas transformações e da formação de novas territorialidades: