Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Uerj – 5 a 9 de setembro de 2005

O Retrato Rodrigueano na Tv (1963 – 2002): Uma Trajetória Através dos Formatos de Tele-ficção 1

Sandra Reimão (orientador) Docente UMESP Paula Petreca Discente de Radio e Tv pela UMESP 2

Resumo

Este trabalho apresenta os resultados iniciais de uma pesquisa que se debruça sobre um segmento ainda pouco estudado da obra de : sua presença no panorama nacional da tele-ficção. Buscou-se localizar, identificar e caracterizar a presença Rodrigueana na televisão, que abrange desde uma breve experiência como tele-dramaturgo até as posteriores adaptações de seus textos teatrais e literários, apresentadas sob os mais variados formatos que comporta o segmento de tele-ficçcão.

Palavras-chave

Escritores; Teledramaturgia; História do Audiovisual; Nelson Rodrigues

______1 Trabalho apresentado à Sessão Temas Especiais - Intercom Junior.

2 Profa. Dra. Sandra Lúcia Amaral de Assis Reimão Doutora em Comunicação e Semiótica (PUC-SP). Professora-visitante da Universidade de Paris (França). Coordenadora do grupo Estudos de Mídia (CNPq). Bolsista CNPq, categoria produtividade em pesquisa. Editora da revista Comunicação & Sociedade. [email protected]

Paula Carolina Petreca Discente de Comunicação Social – Radio e Tv pela UMESP [email protected]

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É interessante observar que as histórias de Nelson Rodrigues estiveram presentes na tv desde seus primórdios até os dias de hoje. Sabe-se que o dramaturgo escreveu roteiros para o programa Tv de Vanguarda, além de ter algumas de suas peças adaptadas pelo Grande Teatro Tupi, mas é a partir da década de 1960 que sua intervenção adquire maior relevância para o estudo da teledramaturgia nacional. Sua obra fora apresentada sob os mais variados formatos tele-ficcionais, e o panorama destas produções mostra-se um tanto quanto fragmentado devido à heterogeneidade de formatos: foram levadas ao ar telenovelas, minisséries, teleteatros, especiais, séries e unitários. Um levantamento histórico apontou um geral de 11 produções feitas exclusivamente para a televisão e mais três produções originalmente destinadas à exibição em cinemas, encaixadas, no entanto, na grade de programação da Tv Globo como unitários, em comemoração ao aniversário de 90 anos do nascimento de Nelson Rodrigues no ano de 2002, conforme descrição no quadro abaixo:

Década Formato Produção Emissora 1963- A Morta Sem Espelho Anos 60 Telenovela 1964- Sonho de Amor Tv Rio 1964- O Desconhecido 1974 – Teatro 2 - Vestido de Noiva Tv Cultura Anos 70 Teleteatro 1979 – Aplauso - Vestido de Noiva Tv Globo 1981 – Paixão Segundo Nelson Rodrigues – Especial exibido em virtude do aniversário de um ano de morte do dramaturgo.

Anos 80 Telenovela 1982 – O Homem Proibido Tv Globo Minissérie 1984 – Meu destino É Pecar Teleteatro 1985 – Teatro 2 – Senhora dos Afogados - Tv Cultura reestréia do programa Teatro 2.

Minissérie 1995 – Engraçadinha: Seus Amores e Seus Pecados (minissérie) Anos 90 Tv Globo Série 1996 – A Vida Como Ela É... (série -unitários) 2002 – Brava Gente - exibe episódios do filme Traição no formato de unitários, em virtude do aniversário de 90 anos de Nelson Rodrigues. À partir do Ano Unitário 30/07/2002 – O 1o Pecado Tv Globo 2000 06/08/2002 – Diabólica 13/08/2002 - Cachorro

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Anos 60: Pioneirismo na Teledramaturgia

Um dado interessante no panorama histórico das telenovelas brasileiras é o fato de ter sido A Morta Sem Espelho, de Nelson Rodrigues, a primeira telenovela diária de um autor nacional. A idéia partiu do diretor de programação da Tv Rio, o então jovem Walter Clark, que pretendia trazer à tv uma produção genuinamente brasileira, visto o crescente sucesso do formato no país, apesar do uso do texto latino traduzido (como em O Direito de Nascer). Assim, uma telenovela em que, do autor à trilha sonora (assinada por ), tudo fosse de procedência local, mostrava-se um projeto extremamente audacioso.1 Naqueles meados da década de 60, vinte anos após a estréia de Vestido de Noiva nos palcos, Nelson Rodrigues já era considerado o maior dramaturgo do país. Sua carreira como jornalista, ainda era, porém, sua principal fonte de sustento. Aos 51 anos, assinava a famosa coluna de crônica esportiva À Sombra das Chuteiras Imortais no jornal O Globo, de , que o acolhera após rápida passagem pelo Diário da Noite, de Assis Chateubriand, para onde migrara depois de sua turbulenta saída do jornal Última Hora de Samuel Wainer, onde trabalhou por mais de uma década. Foi no Última Hora que escrevera diariamente, durante os anos 50, a coluna A Vida Como Ela É... que fizera um estrondoso sucesso em todo Rio de Janeiro. Esta coluna serviu de laboratório criativo para a fase de seu teatro mais bem sucedida junto ao público: as tragédias cariocas. A última peça que Nelson havia escrito até então, Otto Lara Rezende ou Bonitinha, Mas Ordinária, em 1962, fora à quinta peça deste ciclo, que estava longe de mostrar sinais de esgotamento. Além do salário pago pelo O Globo e da porcentagem do lucro advinda da montagem de suas peças, Nelson Rodrigues necessitava realizar trabalhos extras para complementar seu orçamento (que incluía a pensão da ex-mulher, Dona Elza, e também as despesas de seu lar atual que partilhava com a mulher Lucia, e a filha deficiente, Daniela). Para dar conta de tantos gastos, o jornalista participava como comentarista de uma das primeiras mesas redondas sobre futebol no país: o programa Grande Resenha Facit, da Tv Rio. Fora nesta emissora que conhecera o executivo Walter Clark, diretor de programação do canal, de quem se tornara amigo pessoal.

______1 CASTRO, Ruy - O Anjo Pornográfico: a vida de Nelson Rodrigues. São Paulo. Companhia das Letras, 1992.

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A amizade entre os dois foi um dos fatores, considerando também o prestígio de Nelson como dramaturgo, que determinaram sua escolha para a confecção do texto da primeira telenovela nacional diária. Porém, foi justamente assinatura de Nelson Rodrigues, uma das causas determinantes para o fracasso da atração. O juizado de menores logo “implicou” com a autoria da produção, e determinou que a telenovela, que em sua estréia fora exibida às 19 horas, só fosse ao ar às 23 horas, horário malogrado na grade brasileira da época. A trama focava a história de uma mulher que após trair o marido, recebe a punição inexplicável de não conseguir mais ver seu reflexo refletido no espelho.2 O fato do enredo trazer uma personagem adultera entre os protagonistas, foi o que incomodou de imediato a censura, sem falar no, ainda que discreto, pano de fundo incestuoso que conduzia a trama. A Morta Sem Espelho era inovadora em muitos aspectos, um deles foi revolucionar o padrão de cenografia vigente até então, ao construir um apartamento de verdade nos estúdios da Tv Rio. Além disso, a trama levou ao ar cenas antológicas para a história da teledramaturgia nacional, como a em que a personagem do ator Ítalo Rossi acorda a atriz Isabel Tereza, intérprete de sua esposa, empunhado um revolver para ela e dizendo “acorda para morrer”. Outro momento marcante eram as cenas da personagem de Zilka Salaberry, que segundo a atriz, “era uma mulher suburbana, do tipo que senta no banheiro enquanto o marido faz a barba e desata a falar sem parar”3. Sem falar na música tema da novela, composta por Vinicius de Moraes em parceria com Baden Powell, e cantada pela atriz , intérprete da personagem Vera, que gravou toda novela em planos médios e closes já que estava grávida de seu primogênito Cláudio Torres.4 Não bastante, a novela contava com uma voice over conduzindo os fatos, e quem fazia esta narração era o próprio Nelson Rodrigues, mesmo com sua dicção frouxa e arrastada. Para completar, o filho mais velho do autor, Joffre Rodrigues, fazia parte elenco, como irmão da personagem da Fernanda Montenegro.5 Tanta ousadia e investimento justificaram o fato de Walter Clark ter implorado até a intercessão do Bispo Dom Helder Câmara, para que fosse liberado um horário mais digno para a exibição do folhetim. ______2 ESQUENAZI, Rose – No Túnel do Tempo, uma memória afetiva da tv brasileira. Porto Alegre. Artes e Ofícios, 1993. 3 idem. 4 RITO, Lucia - Fernanda Montenegro em o exercício da paixão.3ª Ed. Rio de Janeiro. Ed. Rocco, 1991 5 ESQUENAZI, Rose – op. cit.

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Tudo que conseguiram, no entanto, foi que o juizado adiantasse em meia hora sua restrição. Deste modo, a Tv Rio levou A Morta Sem Espelho ao ar às 22 horas e 30 minutos, horário não promissor ao alavanque da audiência. O fracasso junto ao publico, fez com que a emissora antecipasse o final da produção, encomendando de Nelson Rodrigues, as laudas finais da telenovela apenas dois meses após sua estréia. O folhetim levado ao ar no ano de 1963, com direção de Sergio Britto, trazia um elenco de peso, encabeçado pelo próprio Sergio Britto, junto aos atores Ítalo Rossi, Fernanda Montenegro, Zilka Salaberry, Joffre Rodrigues, Fernando Torres, Isabel Teresa, , Francisco Cuoco, Antonio Pitanga, Aldo de Maio, Rosita Tomás Lopes, Maria Esmeralda e Jaime Barcelos. A Morta Sem Espelho, não era a primeira e nem seria a última obra de Nelson que seria censurada. Naquelas vésperas do AI-5, vários foram os intelectuais que padeceram sob as decisões dos censores, mas Nelson Rodrigues fora um dos únicos a não ter o apoio de sua classe em relação à liberação de suas obras. O escritor que sempre prestava seu apoio nas manifestações em favor de seus colegas repreendidos foi esquecido por muitos deles quando em 1966, seu romance O Casamento também fora proibido. A publicação era apontada como o maior sucesso literário do autor, mas a censura interrompeu seu trajeto glorioso, e o dramaturgo contou apenas com a solidariedade isolada de amigos como Paulo Francis e Helio Pellegrino, entre poucos outros. Nem O Globo, jornal em que trabalhava àquela época, os foras condolentes, publicando um artigo que atacava indiretamente o romance. A omissão de Roberto Marinho o chateou profundamente, fazendo com que pedisse demissão em virtude deste ocorrido. A segunda investida de Nelson Rodrigues como tele-dramaturgo deu-se com a telenovela Sonho de Amor, uma adaptação do romance O Tronco do Ipê, de José de Alencar, ao qual segundo conta Ruy Castro, Nelson nunca lera, tendo aberto o livro apenas para conhecer os nomes das personagens e escrever sua própria trama.6 Sonho de Amor também foi levada ao ar pela Tv Rio às 17 horas e 30 minutos, durante os meses de abril e maio de 1964. A direção da telenovela ficou mais uma vez a cargo de Sérgio Britto, que também atuou na produção ao lado de atores como Fernanda Montenegro, Ítalo Rossi e Zilka Salberry, que já haviam participado da telenovela anterior de Nelson Rodrigues. ______6 CASTRO, Ruy – op. cit.

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Sua última intervenção como dramaturgo em televisão, deu-se com O Desconhecido. A novela cuja trama enfocava um louco de guerra, que fugindo de um manicômio chegava a uma cidade desconhecida, alterando a vida de todos os moradores desta. Produzida novamente pela Tv Rio, O Desconhecido foi ao ar entre os meses de agosto e setembro de 1964, com direção de Fernando Torres, trazendo Jece Valadão, Nathalia Thimberg Carlos Alberto e Joana Fomm, entre outros, no elenco.7 E foi esta, toda a contribuição que Nelson Rodrigues dispensou, de forma direta, a teledramaturgia brasileira, na qual mais marcante é o fato de ter sido o primeiro autor nacional de uma telenovela diária, que a experiência de Nelson como tele-dramaturgo em si.

Anos 70 e 80: Aposta nos Sucessos

Um hiato de dez anos se fez entre a exibição da última telenovela escrita por Nelson Rodrigues, e a transmissão de outra obra do autor pela televisão brasileira. E após os insucessos da investida televisiva o autor não voltou a dedicar-se a produções para este veículo. Sendo assim, somente adaptações de sua obra teatral e literária foram levadas ao ar posteriormente. Ou seja, ao invés de arriscarem novos insucessos, as emissoras e produtores preferiram apostar em obras consagradas de Nelson Rodrigues para transposições televisivas. E fora desta forma que a obra Rodrigueana conheceu o sucesso diante dos telespectadores. Em 1974, o encenador paulista Antunes Filho, adaptou a peça homônima de Nelson Rodrigues, Vestido de Noiva, para o programa Teatro 2, série de teleteatros produzida pela Tv Cultura de São Paulo. O programa, que foi ao ar no dia 28 de dezembro às 23 horas, tornou-se um marco do formato teleteatro na televisão brasileira, e também um clássico no gênero tele-ficção, sendo assim, re-exibido diversas vezes, em ocasiões comemorativas da Tv Cultura. Protagonizado por Lílian Lemmertz, Edwin Luisi, Célia Olga e Nathalia Thimberg (respectivamente como Alaíde, Pedro, Lucia e Madame Clessi), o programa foi dirigido com maestria por Antunes Filho, de forma a re-afirmar a genialidade de Nelson Rodrigues diante a televisão.8 ______7 FERNANDES, Ismael – Memória da Telenovela Brasileira – 4ª Ed. São Paulo. , 1997. 8 website da Tv Cultura – Boletim Especial de Programação: 30 Anos. , acesso em 01/05/2005.

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Cinco anos mais tarde, a Rede Globo de Televisão, já consolidada como maior emissora do país, lançava também sua série de teleteatros, era o programa Aplauso, criado no intuito de re-vigorar o formato, destinando-o a um publico mais restrito. Vestido de Noiva foi a adaptação de estréia deste novo programa, que ocorreu em 21 de maio de 1979 às 22 horas. A escolha da peça era garantia certa de sucesso, e por isso a produção fora bastante elaborada, com direção a cargo de Paulo José e texto adaptado por Domingos de Oliveira. O teleteatro contou ainda com atuações de Suzana Vieira, Dina Sfat, Tônia Carreiro, , Dionísio Azevedo, Joana Fomm, Milton Gonçalves, Domingos Oliveira, Heloisa Helena, Eduardo Machado, Elias Martins, Ary Coslov, Fabio Massimo, Rejane Schurmann, Fabiola Francarolli, Ivan Candido, Loudes Mayer, Jose Heitor Cony, Oswaldo Macedo, Rogério Fróes, Lafayette Galvão, Paschoal Villaboim e Tônia Scher. 9 Após estes dois teleteatros adentra a década de 80, quando a obra de Nelson Rodrigues ganhou maior número de adaptações na televisão, sob quase todos os formatos de tele-ficção. Poderia-se supor este aumento da produção Rodrigueana na tv em decorrência de seu falecimento, dado em 21 de dezembro de 1980. Porém, a hipótese oferece poucos elementos a sua sustentação. Primeiramente porque as adaptações não foram exibidas com sazonalidade, o que poderia dar-se, por exemplo, nos aniversários de seu falecimento, com exibição de especiais que reavivassem sua memória. No entanto, como ilustração deste exemplo, tem-se apenas o caso do especial Paixão Segundo Nelson Rodrigues, que a Rede Globo levou ao ar em 21 de dezembro de 1981, na faixa das 22 horas. O programa produzido por Daniel Filho, que trazia duas crônicas de A Vida Como Ela É... na forma de episódios, adaptados e dirigidos por Antonio Carlos da Fontoura. O primeiro episódio intitulado Um Grande Amor contava a história de uma moça reprimida que passava a viver uma paixão descontrolada. O segundo episódio, chamado Último Desejo, tratava do universo de um rapaz criado pelas tias segundo uma educação severa e que acaba se suicidando com o vestido de sua noiva. Ambas historias tratavam de amor e morte, temas recorrentes na obra de Nelson Rodrigues. Entre os atores que participaram do especial estão Andréa Beltrão, Camila Amado, Cláudio Correa e

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9DICIONÁRIO DA TV GLOBO - Vol. 1: programas de dramaturgia e entretenimento. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor. 2003.

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Castro, Duse Nocaratti, Jardes Macalé, Lupe Gigliotti, Mauro Mendonça, e Thelma Reston. Além de celebrar a data, o especial Paixão Segundo Nelson Rodrigues serviria como piloto para a série Avant Premiere que a emissora acabou por não dar continuidade. 10

Nesta década, a Globo ainda levou ao ar adaptações de dois romances de Suzana Flag, pseudônimo que o dramaturgo utilizava para escrever folhetins, cujo sucesso, enquanto publicação em jornal, fora absoluto. A primeira adaptação foi O Homem Proibido, folhetim de 1951, levado ao ar como telenovela entre março e agosto de 1982. A trama girava em torno da dissimulada Joyce (Lídia Brondi), jovem órfã que é criada pelos tios: o amoroso Dário () e a hostil Flávia (Lilian Lemmertz), e tem na prima Sonia (Elizabeth Savalla) a melhor amiga. No entanto, esta amizade converte- se em desavença quando Joyce se apaixona pelo namorado de Sonia, o médico Paulo, repetindo a rivalidade que existira entre Flávia e Senhorinha, a mãe de Joyce, que no passado disputaram o amor de Dário. O triangulo amoroso ganha um novo elemento com a chegada de Carlos (Edson Celulari) rapaz cuja origem humilde mantém escondida por ser apaixonado por Joyce. Esta, por sua vez, o despreza em razão de sua paixão doentia por Paulo, que a leva até a simular uma cegueira para se aproximar do médico. Dirigida por Gonzaga Blota, a produção causou polemica por levar uma história de Nelson Rodrigues ao ar às 18 horas, com o agravante de trazer no elenco David Cardoso e Alba Valéria, dois atores cuja fama provinha dos filmes de pornô- chanchada. Tais fatores levaram a implicação da censura, que atrasou em um dia a estréia da telenovela, contratempo que por fim servira como chamariz para expectadores que ainda não haviam se interessado pela telenovela O fato é que a adaptação do texto feita por Teixeira Filho intensificou os elementos melodramáticos do original, e criou tramas paralelas a partir da inclusão de novos personagens na historia, inseridos nos núcleos familiares dos protagonistas, dispersando assim a tensão dramática. 11 A segunda adaptação de uma historia de Suzana Flag foi a minissérie Meu Destino É Pecar, folhetim de 1944,que já havia ganho uma versão audiovisual em 1952, em um filme de Manuel Pellufo, cuja qualidade é bastante discutível. Mas a adaptação televisiva teve melhor sorte. Com direção de Denise Sarraceni e roteiro de Euclydes ______10 idem. 11 ibidem.

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Marinho, a minissérie de 20 capítulos manteve fidelidade à trama original, contando inclusive com o recurso de narração em 3a pessoa, incorporado a trama na voz over de Armando Bogus conduzindo os fatos. O enredo em si desenrola-se entorno da protagonista Leninha (Lucélia Santos), que é obrigada a se casar com Paulo (Tarcisio Meira) e viver com ele em uma fazenda isolada. O ambiente estranho e a influencia da família do marido, distancia cada vez mais o casal, levando Leninha a se apaixonar por Mauricio (Marcos Paulo), o cunhado galanteador. A Rede Globo preocupou-se em não definir a época em que se passa a história, por considerar que muitos preconceitos e conflitos abordados no folhetim eram temas ainda validos na época em que se deu a exibição da minissérie. 12 A última produção Rodrigueana desta década deu-se em 1985, quando a Tv Cultura retomou a produção de teleteatros, e re-estreou seu aclamado programa Teatro 2 com a exibição da encenação televisiva de Senhora dos Afogados, cuja adaptação ficou sob responsabilidade de Carlos Queiroz Telles e a direção a cargo de Antonio Abujamra. De todas as produções concebidas desde os anos 70, esta adaptação fora a mais ousada. Primeiramente, pela escolha da peça em si: Senhora dos Afogados pertence ao ciclo das peças míticas, o mais malogrado da carreira de Nelson Rodrigues. Além disso, o diretor Antonio Abujamra, ao invés de um teatro, optou por fazer de uma praia no Guarujá o palco de sua encenação. Estrelado por Françoise Fourton, João Jose Pompeu, Fernando Peixoto, Tania Bondezan, Paulo Gorgulho e Rosinha Petrin.13 Considerando-se todas as produções de teleteatro já feitas na Tv brasileira, pode parecer inexpressiva a contribuição de Nelson Rodrigues, já que somente duas de suas dezessete peças ganharam versões para o formato televisivo, porém a qualidade destas adaptações se faz diferencial quando comparadas a todas as peças que se produziram neste formato, não apenas pelo rigor da encenação, mas pela transposição tão sensível e ao mesmo tempo verborrágica destas encenações, que explicitam todo potencial artístico, da cultura popular brasileira. Os teleteatros de Antunes Filho e Antonio Abujamra constituem duas obras primas da Tv brasileira, que chegaram até a serem exibidas em outros países.

______12 ibidem 13 RAZUK, Jose Eduardo Paraíso. Dramaturgia em transposição: um estudo sobre Senhora dos Afogados de Nelson Rodrigues. 2003. 140p., il. Mestrado - POS-COMUNICACAO SOCIAL, São Bernardo do Campo, 2003.

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Anos 90 até hoje: Narrativo Impõe-se Sobre o Dramático nas Adaptações

Passaram-se novamente dez anos para que outra adaptação televisiva da obra Rodrigueana fosse produzida, o que aconteceu em 1995, na Rede Globo. A época, a emissora já havia consolidado um elevado padrão na confecção de suas minisséries, tornando as produções deste formato um dos produtos de maior rigor da empresa, e conferindo prestigio a faixa horária das 22 horas e 30 minutos. E foi exatamente no late time de sua grade horária que fora exibida a adaptação do folhetim Asfalto Selvagem, transformado na minissérie Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados, cujos 18 capítulos foram levados entre abril e maio do ano de 1995. Publicado originalmente entre os anos de 1959 e 1960, no jornal Última Hora, Asfalto Selvagem fora editado posteriormente em dois volumes: “Asfalto Selvagem - Engraçadinha, Seus Amores e Seus Pecados - dos 12 aos 18” e “Asfalto Selvagem - Engraçadinha Depois dos 30”. Estes subtítulos são facilmente denotáveis na adaptação feita por Leopoldo Serran para a televisão, já que a minissérie dirigida por Denise Sarraceni, é composta por duas fases: a primeira trazendo a atriz Alessandra Negrini encarnando a jovem e fogosa Engraçadinha, que na segunda fase é vivida por Claudia Raia, a Engraçadinha depois dos 30; mulher amarga e recalcada, que esconde seu passado leviano sob a imagem de mulher religiosa, que no entanto, ao perceber em sua filha caçula um temperamento similar ao seu quando jovem, acaba por reavivar sua sexualidade latente, que mantivera por anos reprimida. O enredo principal focava temas recorrentes a obra de Nelson Rodrigues tais como incestos, suicídios, obsessões, adultérios e homossexualismo, contudo, a produção foi assertiva no tratamento dado a minissérie, conferindo uma poética às perversões, tornando-a, assim, um sucesso estrondoso de público e crítica. A qualidade técnica da atração também foi responsável por sua consagração. Destaca-se o primoroso trabalho de direção de arte, que desenvolveu uma aprofundada pesquisa para dar ressalte as diferenças estéticas entre a primeira (ambientada no final dos anos 30) e a segunda fase da minissérie (ambientada na década de 50), demonstrando uma riqueza de detalhes de cenografia e figurino.14 A minissérie foi reprisada por duas vezes, a primeira em setembro de 1998, e a segunda entre agosto e setembro de 2002, em virtude das comemorações de 90 anos do nascimento de Nelson Rodrigues. ______14DICIONÁRIO DA TV GLOBO – op. cit.

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Em março de 1996, a Rede Globo apresentou aos telespectadores mais uma adaptação inédita do dramaturgo com o inicio da exibição da série A Vida Como Ela É..., unitários de 8 minutos de duração exibidos como quadro do programa Fantástico. A atração manteve o nome da coluna, já citada, que Nelson Rodrigues escrevia diariamente para o jornal Última Hora entre os anos de 1951 e 1961. Naquela época a coluna fez estrondoso sucesso, sendo comum em todo Rio de Janeiro encontrar uma pessoa em um bonde, ou em um boteco, lendo a última página do jornal, onde A Vida Como Ela É... era impressa. As pequenas crônicas, adaptadas para a televisão por Euclydes Marinho, tratavam quase que invariavelmente de adultérios, acrescidos de elementos policiais ou farsescos em algumas ocasiões. O quadro ficou no ar até o término do ano de 1996, alcançando grande sucesso, principalmente por apresentar o universo Rodrigueano ao grande público, já que os 40 unitários produzidos, foram exibidos em horário nobre. Alguns destes episódios foram reprisados em janeiro de 1997 e em julho de 2001, após o Programa do Jô. Além disso, a série fora exibida na França, Lituânia, Paraguai, Republica Tcheca, Suécia e Suíça.15 A Vida Como Ela É... foi filmada totalmente em película 35mm, valendo-se de elementos da linguagem cinematográfica, com inspiração estética advinda do film noir. O recurso de registro em filme, fora uma proposta do diretor Daniel Filho, que apoiado pelo diretor-geral de programação José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, convenceu os executivos da Rede Globo a viabilizar pela primeira vez uma produção, deste tipo na emissora. Diante do bom resultado, a Globo passou a utilizar película para gravações de outros programas como especiais e minisséries. Após A Vida Como Ela É..., nenhum outro texto do dramaturgo fora adaptado para tv. Ainda assim, em 2002 a Rede Globo exibiu três episódios do programa Brava Gente, baseados em adaptações também de crônicas d’A Vida Como Ela É... Foram eles O Primeiro Pecado (exibido em 30 de julho), Diabólica (exibido em 6 de agosto) e Cachorro (exibido em 13 de agosto), episódios do filme Traição (lançado pela Conspiração Filmes em 1998), concebidos originalmente para a exibição cinematográfica. A emissora levou os episódios do filme ao ar, em virtude das comemorações dos 90 anos de nascimento de Nelson Rodrigues. Vários elementos tornaram possível a ______15 FILHO, Daniel – O Circo Eletrônico: fazendo TV no Brasil. Rio de Janeiro. Jorge Zahar Editor. 2001.

11 Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação XXVIII Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Uerj – 5 a 9 de setembro de 2005 incorporação dos fragmentos do filme dentro do programa, entre eles: a proposta da atração de exibir semanalmente episódios unitários, cujo enredo fosse baseado em uma adaptação literária; o elenco de Traição ser composto majoritariamente por atores contratados da emissora; alguns episódios de Brava Gente terem sido filmados em película; e finalmente a linguagem derivada de videoclipes e filmes publicitários adotada em Traição, que tornava o filme promissor a exibição televisiva.16 Um ponto de realce da obra Rodrigueana na tv, é a diversidade de formatos sob os quais se apresenta, análoga à heterogeneidade de sua produção literária. Em sua carreira, Nelson Rodrigues, percorreu diversos gêneros literários, tendo começado como repórter policial aos 13 anos de idade, no jornal A Manhã, pertencente a seu pai. Sua verborragia chamou a tenção de seu pai, que o promoveu a sessão editorial de A Manhã quando Nelson tinha apenas 16 anos. A habilidade da crônica esportiva começou a se desenvolver naquele mesmo ano, no segundo jornal de seu pai, A Crítica, em que assinava a sessão de esportes em pareceria com o irmão Joffre. Antes de completar 30 anos, o autor ainda escrevera anúncios de filmes para jornais, “traduzia” sem saber inglês, balõezinhos para histórias em quadrinhos, criando a trama a partir das ilustrações, e ainda, fizera sua estréia como dramaturgo assinando A Mulher Sem Pecado aos 28 anos. Com 30 anos estabeleceu um marco em sua carreira e em sua vida ao escrever a peça Vestido de Noiva, o ponto mais relevante de sua obra, considerada marco da modernização do teatro brasileiro. Todavia, a dramaturgia não garantia seu sustento, era preciso então, continuar seu trabalho como jornalista, assinando crônicas esportivas, e folhetins sob os pseudônimos de Susana Flag e Myrna. Sob esta última assinatura, chegou a escrever uma sessão de resposta a cartas e aconselhamento sentimental a leitoras. Também chegou a assinar os folhetins Asfalto Selvagem e O Casamento, com o próprio nome, o que acontecera igualmente com A Vida Como Ela É.... Após os 50 anos, com a carreira mais consolidada, dedicou-se majoritariamente ao exercício das crônicas: estas variavam desde o futebol na famosa A Sombra das Chuteiras Imortais, até criticas de opinião pessoal e memórias publicadas nas colunas: Reacionário, Memórias, e, Confissões. 17

______16 PUPPO, Eugenio; XAVIER, Ismail, org. - Nelson Rodrigues e o Cinema. Catalogo da Mostra ‘Nelson Rodrigues e o Cinema: Traduções, Traições’. São Paulo. Centro Cultural Banco do Brasil. 2004. 17 CASTRO, Ruy – op. cit.

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Sua atividade como dramaturgo foi incessante desde 1940 até 1965, período em que escreveu 15 das 17 peças que deixou como legado. Após a publicação de Toda Nudez Será Castigada, em 1965, interrompera sua produção neste gênero, retomando-a apenas por mais duas vezes ao longo da vida: uma em 1974, quando escreveu Anti- Nelson Rodrigues; e a outra no ano da sua morte, 1980, quando escrevera sua derradeira peça: A Serpente. No panorama das adaptações televisivas, a flexibilidade do autor se expressa através da variabilidade similar entre os formatos de tele-fiçcão levados ao ar: foram produzidas seis obras seriadas (A Morta Sem Espelho, Sonho de Amor, O Desconhecido, O Homem Proibido, Meu Destino É Pecar, Engraçadinha) e cinco obras não-seriadas (Vestido de Noiva, de Antunes Filho; Vestido de Noiva, de Paulo José; Paixão Segundo Nelson Rodrigues; Senhora dos Afogados; A Vida Como Ela É...) . Quanto à temática, o que se percebe mais acentuadamente a partir dos anos 80, é o privilegio da adaptação de textos do gênero narrativo (ou seja, folhetins, romances e crônicas) em detrimento de textos do gênero dramático (isto é, peças de teatro). O predomínio do legado narrativo de Nelson Rodrigues na televisão é mantido até a atualidade, quando as adaptações mais recentes são justamente de folhetins (Engraçadinha) e contos (A Vida Como Ela É...), revelando que a obra dramática de Nelson tem seu êxito restrito ao teatro e ao cinema apesar da já comentada qualidade dos teleteatros adaptados de peças suas.

Referências bibliográficas

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