Dos Feitos De Hércules Aos Feitos Lusitanos. Ceuta E O Estreito No Mundo Antigo E Medieval
DOS FEITOS DE HÉRCULES AOS FEITOS LUSITANOS. CEUTA E O ESTREITO NO MUNDO ANTIGO E MEDIEVAL Vasco Gil Mantas O renome do Estreito de Gibraltar, que os contemporâneos da Antiguidade Clássica denominavam poeticamente como Colunas de Hércules ( ǾȡȐțȜİȚȠȚ ȈIJȒȜĮȚ - Columnae Herculis ), ou mais prosaicamente através da versão romana Estreito de Cádis (Fretum Gaditanum ), sublinhando assim o indiscutível predomínio deste centro portuá- rio na região, foi enriquecido pela presença da cidade de Ceuta na sua margem africana. Ceuta é considerada como memória do prelúdio da moderna expansão europeia, de que se mantém como um dos últimos redutos, o que lhe atribui singular valor simbólico, naturalmente aberto às interpretações de quem vê a história com diferentes, ou opostas, perspectivas. Trata -se, portanto, de uma área votada desde muito cedo ao jogo dos imagi- nários mitológicos, históricos e políticos, não poucas vezes imbricados uns nos outros. Se a todos estes factores, já de si propícios a complexos desenvolvimentos, adicionarmos os aspectos estratégicos, sempre presentes nas preocupações de quem controlou esta estreita passagem entre mares e continentes, apreenderemos imediatamente a complexidade das situações que aqui se foram vivendo ao longo dos séculos, em grande parte relacionadas com a cidade de Ceuta (Fig.1). Fig.1 – Vista geral do território e da cidade de Ceuta, com o Jebel Musa ao fundo. Procuraremos apenas analisar as grandes linhas das relações de Ceuta com o Estreito de Gibraltar numa perspectiva de longue durée , justi2cável, como veremos, apesar da aceleração da história contemporânea, cada vez mais assente na precariedade, di2cultar 33 VASCO GIL MANTAS a procura de continuidades.
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