REPRESENTAÇÕES FEMININAS E IDENTIDADE NACIONAL Uma Leitura Alegórica De Lucíola E Senhora, De José De Alencar

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REPRESENTAÇÕES FEMININAS E IDENTIDADE NACIONAL Uma Leitura Alegórica De Lucíola E Senhora, De José De Alencar GREICIELLEN RODRIGUES MOREIRA REPRESENTAÇÕES FEMININAS E IDENTIDADE NACIONAL Uma leitura alegórica de Lucíola e Senhora, de José de Alencar UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS MONTES CLAROS Fevereiro de 2012 GREICIELLEN RODRIGUES MOREIRA REPRESENTAÇÕES FEMININAS E IDENTIDADE NACIONAL Uma leitura alegórica de Lucíola e Senhora, de José de Alencar Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras: Estudos Literários, da Universidade Estadual de Montes Claros, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Letras – Estudos Literários. Área de concentração: Literatura Brasileira Linha de Pesquisa: Tradição e Modernidade Orientadora: Profª Dr.ª Cláudia de Jesus Maia UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS MONTES CLAROS Fevereiro de 2012 Moreira, Greiciellen Rodrigues. M838r Representações femininas e identidade nacional [manuscrito] : uma leitura alegórica de Lucíola e Senhora, de José de Alencar / Greiciellen Rodrigues Moreira. – 2012. 132 f. Bibliografia: f. 129-132. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Montes Claros - Unimontes, Programa de Pós-Graduação em Letras – Estudos Literários/PPGL, 2012. Orientadora: Profa. Dra. Cláudia de Jesus Maia. 1. Literatura brasileira. 2. Tradição e modernidade. 3. Alencar, José de, 1829-1877 – Lucíola – Senhora - Estudo. 4. Representação de gênero - Identidade nacional. I. Maia, Cláudia de Jesus. II. Universidade Estadual de Montes Claros. III. Título. IV. Título: Uma leitura alegórica de Lucíola e Senhora, de José de Alencar. Catalogação: Biblioteca Central Professor Antônio Jorge Dedico este trabalho ao mestre dos mestres, Jesus Cristo, e à minha família, pelo amor e cuidado. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter permitido que eu me tornasse a pessoa e pesquisadora que sou hoje. À minha amada família pelo incentivo, que sempre me leva a almejar novas conquistas. À professora Cláudia de Jesus Maia, minha mestre e amiga, por ter expandido meus horizontes como pesquisadora. Ao prof. Fábio Figueiredo Camargo e à prof.ª Aurora Cardoso de Quadros, pelas importantes sugestões apresentadas durante a qualificação. À prof.ª Constância Lima Duarte, por ter aceito o convite para participar da banca de defesa. Ao prof. Élcio Lucas de Oliveira, por ter me auxiliado durante o estágio de regência no Ensino Superior. À prof.ª Telma Borges da Silva, pelo livro que me sugeriu, o qual foi uma leitura importante durante a escrita deste trabalho. À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), pelo apoio financeiro, que foi fundamental para a realização deste trabalho. À Cássia e aos demais funcionários da secretaria do Mestrado em Letras – Estudos Literários, pela paciência e auxílio. À Universidade Estadual de Montes Claros, por ter proporcionado o desenvolvimento desta pesquisa. Sou o primeiro a reconhecer que minha obra tem grandes defeitos; mas também estou convencido de que mais tarde hão de reconhecer que ela tem alguma cousa de bom. (José de Alencar) RESUMO Esta dissertação discute o projeto identitário de José de Alencar em Lucíola e Senhora a partir de uma nova perspectiva, possibilitada por uma leitura alegórica e de gênero. Objetiva-se evidenciar como o autor procura instituir traços identitários para a nação brasileira por meio das representações femininas presentes nos romances, alegorias de uma identidade nacional que se ampara no ideal burguês de civilização. A fim disso, utilizam- se os conceitos de “gênero”, “representações sociais” e “identidade nacional”. Ressalta-se, ainda, que o ideal burguês é abordado de forma crítica nos romances estudados, uma vez que há em Lucíola e Senhora não apenas o louvor aos benefícios desse ideal, como também um alerta contra seus perigos. Desse modo, observa-se que, se por um lado, as protagonistas transgressoras relacionam-se à situação do Brasil recém-independente, desejante de afirmar sua autonomia. Por outro, o sacrifício dessas personagens, ao se submeterem aos homens aburguesados, alegoricamente alude à necessidade da nação de se submeter ao ideal burguês de civilização a fim de se equiparar, em termos de cultura e prosperidade, às nações europeias. PALAVRAS-CHAVE: Literatura brasileira; Tradição e Modernidade; José de Alencar; representações de gênero; identidade nacional. ABSTRACT This dissertation discusses José de Alencar’s project of assigning a national identity to Brazil in Lucíola and Senhora through an allegorical reading and the gender studies. This work aims to discuss how Alencar seeks to provide identity traces for the Brazilian nation through representations of gender, allegories of a national identity that holds the bourgeois ideal of civilization. Thereby, it’s necessary to use the ideas of “gender”, “social representations” and “national identity”. Furthermore, the bourgeois ideal is critically discussed in the novels which are studied in this work. Lucíola and Senhora not only praise the benefits of the bourgeois ideal, but also warn against its dangers. On one hand, the transgressive protagonists relate to the situation of the newly independent Brazil wishful to claim its autonomy. On the other hand, the main characters sacrifice themselves to newly bougeois men, allegorically referring it to the need of the nation to submit itself to the bourgeois ideal of civilization in order to catch up with the European countries, in culture and prosperity. KEYWORDS: Brazilian literature; Tradition and Modernity; José de Alencar; representations of gender; national identity. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 11 Capítulo 1: NACIONALISMO, BURGUESIA E REPRESENTAÇÕES FEMININAS ............................................................................................................................................. 21 1.1 Nacionalismo: uma introdução ............................................................................. 22 1.2 O nacionalismo de José de Alencar ...................................................................... 26 1.3 Uma identidade nacional burguesa ....................................................................... 30 1.4 O discurso burguês e as representações femininas ............................................... 34 1.5 Prostituição e casamento no discurso burguês ...................................................... 41 Capítulo 2: LUCÍOLA: REPRESENTAÇÕES BURGUESAS ...................................... 45 2.1 A moda .................................................................................................................. 46 2.2 Juste milieu ........................................................................................................... 54 2.3 Dualidades............................................................................................................. 56 2.4 A enigmática Lúcia e a ambivalência feminina .................................................... 58 2.5 (In)submissão feminina ......................................................................................... 62 2.6 O homem ideal ...................................................................................................... 64 2.7 Maria da Glória ..................................................................................................... 66 2.8 Um projeto para o futuro....................................................................................... 71 Capítulo 3: SENHORA, (IN)DEPENDÊNCIA FEMININA ......................................... 73 3.1 O império feminino ............................................................................................... 74 3.2 Pedro e Emília Camargo: a fraqueza masculina ................................................... 79 3.3 Mercado matrimonial: amor e interesses .............................................................. 83 3.4 Próximos distantes: o amor físico e o amor espiritual .......................................... 86 3.5 A redenção de Seixas: aburguesamento ................................................................ 91 3.6 Acerto de contas .................................................................................................... 96 Capítulo 4: MULHER, UMA ALEGORIA DE BRASIL ............................................ 100 4.1 Brasil, uma comunidade imaginada: o discurso burguês e a delimitação do corpo nacional .......................................................................................................................... 101 4.2 Representações femininas, burguesia e um projeto de futuro............................. 111 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 126 REFERÊNCIAS .............................................................................................................. 129 11 INTRODUÇÃO José de Alencar é um dos mais importantes escritores do cânone brasileiro. Sua obra é vasta e variada. Antonio Candido, em Formação da Literatura Brasileira, postula que dos vinte e um romances escritos pelo autor, nenhum é péssimo, e todos merecem leitura, permanecendo vivos no imaginário literário. No entanto, o crítico destaca três romances cujo “valor tenderá certamente a crescer para o leitor, à medida que a crítica souber assinalar a sua força criadora: Lucíola, Iracema e Senhora”. (CANDIDO, 1997, p. 201). Candido comenta que o Alencar de Lucíola e Senhora não é o autor que encantou rapazes com seus personagens heroicos, que caminham numa apoteose sem fim, nem aquele
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