Coivl EXPEDIENTE
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ÍEIEVISIÕ, FUTEBOL E CONTROLE SOCIIL IstoÉ,30/6/82 ^\ ^^Smi/ -SJííí" i j't ü» @ IPBilviiJn 38 ta COIvl EXPEDIENTE Boletim Intercom - Publicação bimestral editada pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação Número 38 - Julho/Agosto de 1982 - Ano V Editor: Carlos Eduardo Lins da Silva Colaboradores: Anamaria Fadul Ciro Marcondes Filho Daniel Herz V Eron Brun J. S. Faro José Marques de Melo Luiz Fernando Santoro Margarida Maria Krohling Kunsch Maria Lúcia Santaella Braga Maria Ottilia Bocchinni Ouhydes Fonseca Roberto Queiroz Wilson da Costa Bueno Produção gráfica: ANSELMO - Assessoria e Artes Gráficas S/C Ltda. Rua Assahi, 67 - Rudge Ramos - Fone: 455-4755 S&o Barnardo do Campo — São Paulo. Impresso na Gráfica ca Escola de Comunicações e Artes da USP Capa: Desenho de Chico Caruso para a revista Isto É , É permitida a reprodução de qualquer matéria deste Boletim desde qlie seja citada a fon- te INTERCOM - Caixa Postal 20793 - São Paulo - SP - CEP 01000 INTERCOM Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação Diretoria (Biênio 1982/83) José Marques de Melo - presidente Anamaria Fadul - vice-presidente J.S. Faro - tesoureiro Rogério Cadengue - secretário-geral Luiz Fernando Santoro -19 secretário Roberto Queiroz - 29 secretário Conselho Fiscal: Carlos Eduardo Lins da Silva, Regina Festa, Isaac Epstein, José Manuel Morán, Vera Lúcia Rodrigues. Mt It Mil FeriBfjn ÍNDICE BIBLIOTECA Fórum de debates I - TelevisSo, futebol e controle social 1 Rede Globo: ministério do lazer 1 Um chute no saco 3 A Copa da inflação. Ou mais uma desculpa . 5 Fórum de dabetes II — 0 recrudescimento da censura 6 Censura e Estado no Brasil 8 O novo caráter da censura 10 Reporta nges Comunicação Social na SBPC - 82 11 Educação radiofônica em debate 13 Comunicação e Teologia em diálogo 15 Enecom analisou ensino de comunicação 16 Relações Públicas em seu quinto congresso universitário ... 18 Crítica dos meios Espanha 82, uma copa sem tv 19 Grande Imprensa ficou devendo boa atuação 21 Senhor é uma nova opção de informação semanal 23 Ensaios Teoria da comunicação: considerações para o ensino 24 O vídeo transformando o cinema 28 Resenhas Primeira investigação séria sobre RP no Capitalismo 31 Utilização política do rádio 33 Sobra pouco além da informação 34 Revista começa a atingir objetivos 37 Dos Zózimos aos Chacrinhas . 39 Noticiário da INTERCOM INTERCOM/82: O debate da pesquisa em comunicação 41 INTERCOM/83: Questionamento das novas tecnologias 42 Contatos na Europa e América Latina 43 Censura americana pode sofrer mudanças 56 Comunicação internacional Jornais vão faturar mais nos USA 57 Novo jornal nacional nos USA 57 Experiência de Washington Post analisada 57 TV esteriotipa sindicatos 58 Prémier português punido por jornalistas 58 Tecnologia INPE lança quatro satélites até 90 58 Assinado contrato do satélite da Embratel 59 Projeto de tv a cabo vai ao Congresso 59 Vfdeotexto começa a operar 59 Preço do vídeo-cassete cai 59 Novas tecnologias na campanha 59 Gente Saudades de Leila e de Marylin 60 Morrem Jakobson, Márcia, Jakson 60 Pesquisador americano pede material sobre MPB 60 Geral Setores que mais investem em publicidade 61 1983 será Ano Mundial das Comunicações 61 Televisão e Estado 61 Encarte: Bibliografia Corrente de Comunicação n934 A - Bibliografia em Língua Portuguesa Obras Gerais/Brasil/Europa e África Portuguesa 1 B — Bibliografia Seletiva em Línguas Estrangeiras Inglês, Francos e Espanhol 11 Pós-Graduação: INTERCOM participa da reunião do CNPq 43 Edições INTERCOM 44 Atividades da INTERCOM registradas 44 Noticiário dos sócios 44 Ensino CFE adia decisão sobre currículo 47 ANDES tem proposta para universidade 47 Pesquisa Má qualidade de livro didático 48 Produção jornalística de Gramsci recuperada 48 Veículos A maior audiência) da história 48 Debates e anúncios esquentam eleições 48 Terceira mini-série vista por 21 milhões 50 Novo telejornal deixa a desejar 50 Daniel Filho ataca TV-S 50 Afinal uma feia no estrelato 51 CNPq vai utilizar de rádio e tv 51 Novelas perdem popularidade 51 Povo na TV apoia PDS 51 Afinal, a tv comunitária 52 Folha e Estado juntam-se na publicidade 52 O misterioso sumiço do HP 52 Folha melhora cobertura política 53 Gazeta Mercantil tem novos sócios 53 Diário Oficial com cultura 54 O Globo exagera para favorecer Miro 54 SBPC investe no campo editorial 54 Os franceses chegaram 55 Só Trapalhões contra a copa 55 Profissão APP denúncia comissão 55 Novas tecnologias e Direito Autoral 56 Censura Faca da censura mais afiada 56 Fórum de debates I Televisão, futebol e controle social Todo o Brasil literalmente parou. Houve muita alegria e tristeza. As velhas discus- sões sobre o caráter alienador do futebol e seu aproveitamento político por parte do governo renasceram. Já não são tantos os que pensam que a vitória dos canarinhos nas batalhas futebolísticas é condição essencial para a preservação da ditadura, mas ainda os há. Enquanto o País parecia absorvido pela Copa, o presidente da República e seu es- quadrão chutaram vários pacotes políticos e econômicos para o fundo do gol dos brasi- leiros. Será que se não houvesse a Copa a defesa dos brasileiros estaria mais atenta e im- pediria que os tiros de Figueiredo atingissem sua meta? Ou será que os frangos dos Wal- dir Perez da nossa sociedade civil não têm acontecido antes, durante e depois da Co- pa? Sem Copa, o pacote previdenciário não havia passado, bem como o pacote de vin- culação dos votos e tantos outros? Por outro lado, não há dúvida de que o governo tentou — e tentaria mais ainda se o Brasil houvesse vencido a competição — faturar vantagens propagandísticas com a se- leção na Espanha. Mas até onda conseguiu e até onde tsria conseguido em caso de maior sorte de Telê? Um outro aspecto da Copa da Espanha de particular interesse para os estudiosos da Comunicação foi o fato de ela ter sido, em termos de televisão, um privilégio de uma das redes, a Globo. Qual o significado deste virtual monopólio da Globo para o fu- turo do sistema de comunicação no País? O Fórum de Debates I deste edição do Boletim estuda este e outros aspectos: Anamaria Fadul examina o monopólio da Globo e sua transformação num quase Ministério do Lazer Público (graças à sua íntima vinculação com o Estado, como bem lembrou a Folha de S. Paulo em um editorial às vésperas da Copa), Wilson da Costa Bueno faz uma comparação entre as situações de aproveitamento político da Copa de 70 e a de 82, Eron Brum analisa as conseqüências políticas e econômicas desta Copa de 1982. REDE GLOBO: MiNISTÉRSO DO LAZER Anamaria Fadul A participação do Brasil na última Copa ainda não esgotou o interesse pelo tema, pois revestiu-ss de algumas características muito especiais. A repercussão da derrota não serviu para diminuir o interesse pelo debate sobre o significado do futebol na vida quotidiana de milhões de brasileiros. Programas de televisão e artigos publicados nos jornais, estes, assinados ora por antropólogos, ora por cientistas políticos e, até mesmo por economistas, parecem apontar para um enfoque um pouco diferente daquele já tradicionalmente aceito: o futebol é o ópio do povo brasileiro. A interpretação do es- porte como um dos principais elementos da moderna ideologia, ao lado da indústria cultural, parece não oferecer mais um ponto de partida seguro para a análise da vibra- ção popular com a última Copa. Essa concepção de Adorno, intimamente ligada ao contexto histórico do nazismo, deixa de lado um importante fator da própria história da cultura popular que sempre encontrou nos esportes, nas festas, nos ritos religiosos, formas de socialização distintas daquelas da cultura dominante. A vitória de um ne- gro norte-americano nas Olimpíadas de 1936 teve um importante significado político, da mesma forma que as vitórias conseguidas pelos alemães, pois veio questionar a teo- ria da superioridade da raça ariana. A recuperação não somente do sentido lúdico do futebol, ou como quer Roberto da Matta (artigo publicado na pg. 3 da Folha de São Paulo, em 27/6/82) de seu signifi- cado político na sociedade brasileira, significa apreender uma outra dimensão desse es- porte tão popular e ao mesmo tempo tão desprezado pelos nossos intelectuais em suas obras artísticas e científicas. A idéia de que o futebol é nossa arte mais importante, só rivalizada pela música popular, como afirma Luiz Gonzaga Belluzzo (artigo publicado na Revista Senhor de 23/06/82), começa o ganhar adeptos entre os intelectuais, mas, para o povo, esta já era uma verdade vivenciada. Se o futebol, por si só, está provocando esse debate acalorado entre os que o con- sideram, apesar de todos seus limites, uma forma de participação democrática ainda permitida ao povo brasileiro e aqueles que só enxergam esses limites, quando pensamos no que significou a difusão da última Copa, de forma monopolística, pela Rede Globo, a discussão fica ainda mais complexa e difícil. Esse fato vem simplesmente demonstrar o importante papel dessa Rede como re- forçador do poder político, pois essa monopólio não se refere somente ao futebol, mas ao próprio contexto da televisão brasileira. Criticar esse fato, considerando somente os últimos aoontecimer.íos, parece um pouco ingênuo, pois dá a impressão de ser coisa recente. O próprio surgimento da Rede Globo (1965), que significou até mesmo uma alte- ração na Constituição Brasileira, já apontava para o importante papel que ela represen- taria no jogo político. Assim, a crítica que o editorial da Folha de São Paulo, de 27/06/82, faz ao monopólio da televisão do Sr. Roberto Marinho, assinalando estar essa emissora se transformando em um verdadeiro ministério do lazer, deveria ser vista a partir do contexto da própria política de comunicações. 0 governo que se instalou depois do golpe militar de 1964, baseado nos marcos da Doutrina de Segurança Nacio- nal, pretendeu transiormar não a Rede Globo propriamente, mas a televisão brasileira no ministério do lazer e, mais importante do que isso, no ministério de educação e cultura.