Anderson Francisco Ribeiro
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1 ANDERSON FRANCISCO RIBEIRO DESNUDANDO A DITADURA MILITAR: As revistas erótico-pornográficas e a construção da(s) identidade(s) do homem moderno (1964-1985) ASSIS 2016 2 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da F.C.L. – Assis – Unesp Ribeiro, Anderson Francisco R484d Desnudando a ditadura militar: as revistas erotico-porno- gráficas e a construção da(s) identidade(s) do homem moder- no (1964-1985) / Anderson Francisco Ribeiro. Assis, 2016. 350 f. : il. Tese de Doutorado – Faculdade de Ciências e Letras de Assis – Universidade Estadual Paulista. Orientador: Dr Antonio Celso Ferreira 1. Pornografia - História - Brasil. 2. Masculinidade. 3. Di- tadura - Brasil. 4. Homens - Identidade. 5. Periódicos brasilei- ros. I. Título. CDD 305.3 3 4 DEDICATÓRIA Dedico esse trabalho a todos os historiadores libertinos, pornógrafos, zéfiros e poetas da vida moderna. 5 AGRADECIMENTOS Uma tese que fale sobre pornografia é sempre um trabalho prazeroso, intenso e, sem sombra de dúvidas, subversivo. Mas a subversão assim como o sexo, não deveria ser um trabalho solitário. Nem mesmo os catecismos de Carlos Zéfiro não seriam possíveis de serem produzidos e nem seriam reconhecidos sem a ajuda de editores, donos de bancas e seus leitores. Por essa razão, agradeço imensamente ao meu orientador Antonio Celso Ferreira, grande e reconhecido historiador que acreditou na ideia inicial de se pesquisar um tema tão controverso e com tão poucas fontes disponíveis nas bibliotecas e acervos particulares; com ele fica a minha eterna gratidão. Agradeço também a banca da qualificação com a professora Fabiana Lopes da Cunha que já havia me alertado para alguns problemas de ordem teórica e metodológica em sua disciplina e que muito enriqueceu a confecção deste trabalho. Ao meu ex-orientador e amigo Marcio Luiz Carreri, que se tornou parte da minha família em todos os anos de FAFIJA, UENP e agora UNESP, desde a formação do meu TCC às conversas de boteco sobre história e teoria e nossas viagens acadêmicas. Não posso esquecer também a importância do financiamento através da bolsa de doutorado que me foi concedida pela Capes e que ajudou a terminar os retoques finais e adquirir as últimas cópias das revistas citadas na tese. Quero estender meus cumprimentos aos participantes da banca de defesa da tese, o professor Milton Carlos Costa, pelas belas contribuições e da professora Miliandre Garcia de Souza, que atendeu meu pedido de participação da banca e demonstrou que ainda é possível conhecer uma pessoa maravilhosa, que conhecia apenas via internet. A caminhada foi bem mais suave juntamente com a minha linda Aline Trigo que além de gostar de mim, ainda fez a correção e apontou as falhas de escrita e mostrou que é possível acreditar no labirinto shandyano da escrita. Agradeço à minha querida prima Mel pela possibilidade de conhecer a ―pequena maldade‖. A caminhada só foi possível com a ajuda dos meus amigos e irmãos de repúblicas de Jacarezinho, que entre ―kandangos‖ e ―panetones‖ foi se expandindo até se tornar uma grande e feliz família. Desde a primeira geração da casa do Estudante na FAFIJA – agradeço ao meu irmão de todas as horas, Marcão Kandango, meu amigo intelectual Diogo Almeida pelas considerações, Rafael de Rocco pela amizade, ao Rogérião pelas carnes ―de capivara‖ quando outra não era possível, à Thaís pelo seu cartão ―mágico‖ que financiou bebida e a comida de todos da república, à Dahiane, Danuza, Tati, Bia, Aline Acosta, L. Japonesa, assim como os amigos da república ―Matadouros‖ de Jacarezinho-PR. E também aos da 2ª geração (em cima da locadora) – Priscila, Flavinha, Patrícia, Fabrício Paschoal, Monstro, Anderson, Ceci Soares, Cris, Carteiro, etc. Por enfim, à grande família da república ―O Cortiço‖ e agregados (A.Q.) – Bruno Iauch, Felipe Eik, Diogo Almeida, Francielle Alves, Fabi Tiger (Diaba do Rio), Isa Setti, Richerly, Aline, Antonio Carlos (Campinho), assim como Rayssa, Gordão, Bruna, Veri, Pires, Nunes, Padawan, Pedrinho, Lé e Flávia, Gatszke, Márcião, que em reuniões e reencontros se tornaram inspiração e fonte de respeito. A meus queridos amigos de caminhada histórica – sempre em eterna dívida – Érica Xavier e Gio, Luciana Evangelista e muitos outros que não continuaram na caminhada. 6 Meus amigos ―gnomos‖ – Adilson, Juliete, Guido (deus), Anizio, Cazula, Perin, Amanda, Estevão Gatzske e Marina, Tonico e Luciana, Verônica, Diego e tanto outros que tive prazer em conhecer nestes anos de faculdade. Minhas parceiras e parceiros de estágio da FAFIJA/UENP – Marli, Daniel Meninão, Ticô, Tete, Débora, Mauro Tanferi, Jacqueline Mardenovies, Profª Nair, Profª Irene, Profª. Ivone Selonk (In Memoriam), Geo, Renato (Inbrape) e todos os outros que me eleveram a uma nova categoria de pessoa... Ainda, ao meu pai intelectual, amigo e eterno chefe de Departamento de História da FAFIJA/UENP - Pedro Luiz Bonoto que ajudou não só a mim, mas a todos que precisaram. Aos amigos professores Marisa, Maurício, Janete, Alfredo, Aécio, Flávio, Barnabé (e Natalia pelo notebook), Luiz de Castro, Selonk, Jean e Taíse e também alunos que discutiram e mostraram seus pontos de vista sobre o assunto. Aos meus amigos de Itaporanga Diegão Mazur, Murilo, Juari, Gustavo, Girino, Alessandro, Romulo, Priscila, André Loro, André Pé e Jansen pelas boas horas e risos durante essa caminhada. Por último gostaria de agradecer à minha família pela ajuda que deram neste último momento, principalmente minha mãe Abigail e minha tia Terezinha, e aos amigos das bandas Kingones, Raimones e Senomar. Força Sempre! 7 Quando o homem atribuía um sexo a todas as coisas, não via nisso um jogo, mas acreditava ampliar seu entendimento: - só muito mais tarde descobriu, e nem mesmo inteiramente ainda hoje, a enormidade desse erro. De igual modo o homem atribuiu a tudo o que existe uma relação moral, jogando sobre os ombros do mundo o manto de uma significação ética. Um dia, tudo isso não terá nem mais nem menos valor do que possui hoje a crença no sexo masculino ou feminino do Sol. (Nietzsche, Aurora). Mostrar às pessoas que elas são muito mais livres do que pensam, que elas tomam por verdadeiro, por evidentes, certos temas fabricados em um momento particular da história, e que essa pretensa evidência pode ser criticada e destruída. (Michel Foucault) Todos estes Burgueses imbecis que têm constantemente na boca os termos de ―imoral, imoralidade, moral na arte‖ e outras sandices, lembram-me Louise Viledieu, uma puta barata que me acompanhou um dia ao Louvre, onde nunca tinha ido, e ali se pôs a corar, cobrindo o rosto e puxando-me pelo braço a me perguntar insistentemente, diante daquelas estátuas e quadros imortais, como é que alguém se atrevia a expor publicamente semelhantes indecências. (Charles Baudelaire, Meu coração desnudado Nu, XLVI). 8 RIBEIRO, Anderson Francisco. Desnudando a Ditadura Militar: As revistas erótico-pornográficas e a construção da(s) identidade(s) do homem moderno (1964-1985) 350 f. Tese (Doutorado em História). – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista ―Júlio de Mesquita Filho‖, Assis, 2016. RESUMO: O campo da cultura brasileira, durante o período da ditadura militar brasileira (1964- 1985), foi aos poucos invadido por determinados tipos de publicações pouco percebidas pela historiografia: as revistas eróticas e pornográficas. Estas ajudaram a configurar e constituir identidades, principalmente no que se refere à questão da sexualidade e da masculinidade, estabelecendo espaços de negociação na modernização dos costumes, em meio a uma reforma conservadora. Dessa maneira, a pornografia do período incorporou formas de normalizar o leitor das revistas através de posicionamentos, colaborações dos leitores e formas de resistência, através de anonimatos e publicações proibidas. Com isso, diluídas em uma área cinzenta de um processo mais complexo e contraditório, vários enunciados vindos da sociedade tentaram criar um discurso ―verdadeiro‖ sobre o sexo, o qual acabou assimilado pelo mercado, e que pretendemos desnudar. A partir do pensamento histórico genealógico de Michel Foucault, procuraremos indicar que a pornografia enquanto ―desordem do discurso‖ abriu espaço para visões diversas, que são contrárias ao discurso homogeneizante de poder e masculinidade. O público dessas revistas se mostrava amplo e contava com estudantes do colegial (Ensino Médio), senhores, senhoras, ―homossexuais‖, generais, moças, médicos e padres que leram e emitiram diversos discursos sobre estes dois grupos, aparentemente distintos, de periódicos: as revistas softcore com discurso normatizador, como: Ele Ela (1969), Status (1974), Homem (1975), esta que depois fora transformada na revista Playboy (1978) - e outra mais explícita, as revistas hardcore, transgressora de discursos e consumida principalmente pelas classes populares: os ―catecismos‖ de Carlos Zéfiro (década de 50 a 70 no Rio de Janeiro), as publicações das editoras Edrel (São Paulo-SP) e Grafipar (Curitiba-PR), além de revistas hardcore e das fotonovelas eróticas. Os periódicos indicados nos ajudarão a compreender essa afirmação e construção das identidades do homem brasileiro moderno. Palavras-chave: Pornografia - História - Brasil. Masculinidade. Ditadura - Brasil. Homens - Identidade. Periódicos brasileiros. 9 RIBEIRO, Anderson Francisco. STRIPPING BRAZILIAN MILITARY DICTATORSHIP: the erotic-pornographic magazines and the building of modern man identities (1964-1985) 350 f. Thesis (Doctorate in History). – Faculdade de Ciências e Letras, Universidade Estadual Paulista ―Júlio de Mesquita Filho‖,