Raul Pompéia: Jornalismo E Prosa Poética
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1 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS RAUL POMPÉIA: JORNALISMO E PROSA POÉTICA REGINA LÚCIA DE ARAÚJO São Paulo 2006 2 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS RAUL POMPÉIA: JORNALISMO E PROSA POÉTICA REGINA LÚCIA DE ARAÚJO Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Literatura Brasileira, do Departamento de Letras Clássicas e Vernáculas da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, como exigência para a obtenção do título de Doutor em Letras. ORIENTADOR: PROF. DR. JOSÉ ALCIDES RIBEIRO São Paulo 2006 3 DEDICATÓRIA Dedico esta pesquisa ao meu orientador Professor Dr. José Alcides Ribeiro, pela competência, dedicação e o apoio amigo com que me acompanhou. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço à energia cósmica pelo cumprimento de mais esta tarefa e a todos que direta ou indiretamente contribuíram para seu sucesso, simbolizados por Uriel. 5 SUMÁRIO ÍNDICE DE FIGURAS 07 RESUMO 08 ABSTRACT 09 INTRODUÇÃO 10 1 RECEPÇÃO CRÍTICA E PERFIL LITERÁRIO DE POMPÉIA 35 1.1 Prosa Poética 59 2 JORNALISMO E LITERATURA / TEXTO-IMAGEM 88 3 JORNALISMO E PROSA POÉTICA: ANÁLISE DOS TEXTOS DE A GAZETA DA TARDE 112 3.1 Baudelaire e Pompéia 113 3.2 Análise dos textos do periódico 133 4 CANÇÕES SEM METRO: INTRADIALOGISMO ENTRE CANÇÕES DO LIVRO E DO PERIÓDICO A GAZETA DA TARDE 170 CONCLUSÃO 189 REFERÊNCIAS 197 ANEXOS 205 Figura 1: Capa da Revista A Galeria Illustrada A1 Figura 2: Vinhetas da Revista A Galeria Illustrada A2 Figura 3: Canções sem Metro: Ramo da Esperança I Revista A Galeria Illustrada, n. 4, 20 nov. 1888 A3 Figura 4: Canções sem Metro: As flores D’Alleluia II Revista A Galeria Illustrada, n. 12, 30 nov. 1888 A4 Figura 5: Canções sem Metro: A Morte de Rosita III Revista A Galeria Illustrada, n. 19, 10 dez. 1888 A5 Figura 6: Canções sem Metro: As Violetas de Alina IV 6 Revista A Galeria Illustrada, n. 28, 20 dez. 1888 A6 Figura 7: Canções sem Metro: Para o Sul! V Revista A Galeria Illustrada, n. 36, 30 dez. 1888 A7 Figura 8: Canções sem Metro: A Bandeira Branca VI Revista. A Galeria Illustrada, n. 44, 10 jan 1889 A8 Figura 9: Canções sem Metro: Noutes Pretas VII Revista A Galeria Illustrada, n. 51, 20 jan. 1889 A9 Figura 10: Canções sem Metro: Manhãs Hellenas VIII Revista A Galeria Illustrada, n. 61, 20 fev. 1889 A10 Figura 11: Canções sem Metro: Victima do Incolor IX Revista A Galeria Illustrada, n. 76, 30 mar. 1889 A11 Figura 12: Canções sem Metro: Alma Espectro X Revista A Galeria Illustrada, n. 84, 10 abr. 1889 A12 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Canções sem Metro: Alma Espectro X 108 Figura 2: Canções sem Metro: As flores D’Alleluia II 121 Figura 3: Texto inédito: Epiphania 131 Figura 4: Canções sem Metro: Rumor e Silêncio XXXV 134 Figura 5: Vulcão Morto XXXVIII 140 Figura 6: Os Continentes: XXXIX 144 Figura 7: Os Deuses: XL 149 Figura 8: Sic Transit: XLI 153 Figura 9: Solução: XLIII 157 Figura 10: Tormenta e Bonança: XLIV 160 Figura 11: Conclusão: XLV 163 8 RESUMO ARAÚJO, R. L. Raul Pompéia: jornalismo e prosa poética. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, São Paulo, 2006. O objetivo deste trabalho é comprovar a criação de um gênero híbrido e inovador – a prosa poética –, ligada ao jornalismo e à literatura do final do século XIX. Esta pesquisa analisa a prosa poética de Raul Pompéia, a partir de textos selecionados como corpus, publicados no periódico, A Gazeta da Tarde, de 21 a 29 jan. 1986. Paralelamente comparamos os textos equivalentes em sua versão de livro, publicados pela primeira vez em 1900, comentando também o conjunto das Canções sem metro. Palavras-chave: prosa poética, jornalismo e literatura, símbolos metafísicos, cosmogonia 9 ABSTRACT Araújo RL. Raul Pompéia: jornalismo e prosa poética [Raul Pompéia: journalism and poetic prose]. São Paulo (BR); 2006. [PhD Thesis – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo Brazil]. The main objective of this work is to compare the creation of a hybrid and new genre – the poetic prose –, by Raul Pompéia, related to journalism and literature at the end of the XIX century. This research analyses the poetic prose written by Raul Pompéia, by selecting texts as its corpus, published in the periodic “A Gazeta da Tarde”, from January 21st to January 29th, 1986. At the same time we have compared the equivalent texts published on book for the first time in 1900, also discussing the other texts which form the whole group. Key words: Poetic Prose, Journalism and Literature, Metaphysical Symbols, Cosmogony 10 INTRODUÇÃO Esta pesquisa tem como objetivo principal, a caracterização da poética de Raul Pompéia, a partir da análise e interpretação dos textos mais representativos da sua prosa poética os quais selecionamos da A Gazeta da Tarde. Os textos são: Rumor e Silêncio, XXXV; Vulcão Extinto, XXXVIII; Os Continentes, XXXIX; Os Deuses, XL; Sic Transit, XLI; Solução, XVIII; Tormenta e Bonança, XLIV; Conclusão, XLV. Este trabalho contempla o campo transdisciplinar existente entre o jornalismo e a literatura brasileira, pela análise dos textos selecionados em A Gazeta da Tarde (1886) e sua forma equivalente em livro, a prosa poética de Raul Pompéia, em um processo de dialogismo interno ou intratextual, ou seja, o diálogo entre as versões de um mesmo texto. Também, incluí, em anexo, os textos de: A Galeria Ilustrada, como modelo do perfil da imprensa ficcional de uma revista da época, com o objetivo ainda de completar a nossa percepção, relativa à presença do visual na linguagem verbal do autor em estudo. As pesquisas têm dedicado pouca atenção à prosa poética de Raul Pompéia, enquanto há inúmeros estudos centrados em sua obra mais conhecida, o seu romance, O ateneu, considerado pela maioria a sua obra prima. Ao definir sua prosa poética, como objeto desta pesquisa, fazemos alusão aos textos em prosa poética – Canções sem metro –, publicados em periódicos da época e, após sua morte, também compilados e publicados em livro, a partir de 1900, pelos contemporâneos do autor e posteriormente pelos estudiosos da poética do renomado escritor. Há escassez de crítica sobre a prosa poética de Raul Pompéia e alguns críticos a abordaram sob um esboço panorâmico, tocando de maneira sutil alguns aspectos fundamentais de sua prosa poética. Daí, a necessidade de um aprofundamento dessas questões, a fim de buscar melhor compreender essa poética inovadora, trazendo a nossa contribuição, no sentido de entender também suas canções, uma vez que sua prosa tem sido bastante contemplada pela crítica literária. 11 Há um denominador comum, consenso de toda a crítica: em sua busca obsessiva pela perfeição, apesar de sua curta existência, a poética de Raul Pompéia antecipou as mudanças que ocorreriam em movimentos literários em décadas depois. Assim, em meio a tantas e ótimas produções, destaca-se um poeta que veio, desde 1881, com seus primeiros textos, publicados em periódicos do século XIX, construir, segundo a crítica, um dos projetos mais originais e fecundos da poética brasileira de seu tempo que, devido às suas características, estarão sempre contextualizadas. A estética das canções de Pompéia foi comentada pela crítica especializada da época, em pequenos ensaios, por ocasião da primeira compilação, recolhida dos periódicos da época, por seu amigo, João Andréa, a pedido da mãe do falecido autor. Naquela primeira edição, de Canções sem metro aparecem dois curtos ensaios críticos escritos por Rodrigo Otávio e Coelho Neto, especificamente. Eugênio Gomes, Venceslau Queirós, Lêdo Ivo, Afrânio Coutinho, Sonia Brayner, Leyla Perrone Moisés, Therezinha Bartholo, José Alcides Ribeiro, Heitor Martins, Lopes e Silva, entre outros da atualidade, também escreveram sobre a prosa poética de Raul Pompéia (1863-1895) que com sua poética inovadora antecipa características de movimentos literários posteriores, apesar de pertencer cronologicamente ao período Realismo/Naturalismo e sua poética apresentar traços simbolistas e impressionistas. Todavia, o que muito motivou a escolha desse estudo foi o fato de estar ligado tanto ao jornalismo como à literatura. Selecionamos textos publicados inicialmente no periódico – A Gazeta da Tarde (1886) – e depois na forma de livro e percebemos o nível diferenciado do lirismo entre eles, além de outras modificações, conseqüência da enorme preocupação do autor que sempre burilava seus textos incansavelmente. Estudamos o dialogismo interno ou intratextual, nas versões equivalentes de um mesmo texto publicado na imprensa e posteriormente em livro. Sabemos que a produção ficcional para publicação em periódicos constitui uma área deveras interessante, no tocante ao estudo da problemática da criação literária. Sobretudo, no século XIX, uma vez que, naquela época, o escritor era obrigado a realizar um trabalho ainda muito artesanal para uma posterior publicação em forma de livro. Além disso, devemos nos lembrar que a indústria cultural pode levar o escritor a produzir, de acordo com a demanda do 12 mercado, apesar de as estatísticas comprovarem que muitas obras que se tornaram clássicas, devido ao seu alto valor literário, foram, primeiramente, publicadas em periódicos. Esse fato se aplica ao caráter inovador e ao valor criativo dos poemas em prosa de Raul Pompéia, que apresentam um questionar cosmogônico. Reitero que cosmogonia nesta pesquisa tem o sentido de uma descrição hipotética da criação do mundo ou das transformações do cosmos, percebidas pela sensibilidade artística do autor. Em se tratando de “Raul Pompéia: jornalismo e prosa poética”, título desta pesquisa, e, mais especificamente, do estudo das Canções sem metro, interessam-nos, particularmente, seus símbolos recorrentes, que constituem módulos paradigmáticos, presentes em seus textos e que formam a estrutura da maioria de suas composições em prosa poética.