O MOMENTO LITERÁRIO João Do Rio

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O MOMENTO LITERÁRIO João Do Rio MINISTÉRIO DA CULTURA Fundação Biblioteca Nacional Departamento Nacional do Livro O MOMENTO LITERÁRIO João do Rio Palestras com Olavo Bilac, Coelho Neto, Júlia Lopes de Almeida, Filinto de Almeida, Padre Severiano de Resende, Félix Pacheco, João Luso, Guimarães Passos, Lima Campos; cartas de João Ribeiro, Clóvis Beviláqua, Sílvio Romero, Raimundo Correia, Medeiros e Albuquerque, Garcia Redondo, Frota Pessoa, Mário Pederneiras, Luís Edmundo, Curvelo de Mendonça, Nestor Vítor, Silva Ramos, Artur Orlando, Sousa Bandeira, Inglês de Sousa, Afonso Celso, Elísio de Carvalho, etc. etc. ———— A MEDEIROS E ALBUQUERQUE. Permita v. que eu dedique ao jornalista raro, ao talento de escol e ao amigo bondoso este trabalho, que tanto lhe deve em conselhos e simpatia. João do Rio. ———— ANTES — O público quer uma nova curiosidade. As multidões meridionais são mais ou menos nervosas. A curiosidade, o apetite de saber, de estar informado, de ser conhecedor são os primeiros sintomas da agitação e da nevrose. Há da parte do público uma curiosidade malsã, quase excessiva. Não se quer conhecer as obras, prefere-se indagar a vida dos autores. Precisamos saber? Remontamos logo às origens, desventramos os ídolos, vivemos com eles. A curiosidade é hoje uma ânsia... Ora, o jornalismo é o pai dessa nevrose, porque transformou a crítica e fez a reportagem. Uma e outra fundiram-se: há neste momento a terrível reportagem experimental. Foram-se os tempos das variações eruditas sobre livros alheios e já vão caindo no silêncio das bibliotecas as teorias estéticas que às suas leis subordinavam obras alheias, esquecendo completamente os autores. Sainte-Beuve só é conhecido das gerações novas porque escreveu alguns versos e foi amante de Mme. Vítor Hugo. Talvez apenas dele se recordem por ter essa senhora esquecido o gigante para amar o zoilo. Quem vos fala hoje, a sério, de Schlegel, de Hegel, ou mesmo do pobre Hennequin? A crítica atual é a informação e a reportagem. Há alguns anos, Anatole France dizia: “A crítica é como a filosofia, e a história uma espécie de romance para uso dos espíritos avisados e curiosos. Ora, todo romance no fundo é uma autobiografia, e o bom crítico é aquele que conta as aventuras da própria alma entre as obras-primas.” Atualmente, para o grande público, já não é isso. Se o romance, desde Balzac, outra coisa não foi senão a reportagem, genial ou não, da moral e dos costumes, a crítica é a reportagem dos autores. Só dominam hoje os que vão ao local, indagam, vêm e escrevem com o documento ao lado. A crítica passou a ser uma consulta experimental, como a fazem Brisson e Huret, e eu posso assegurar que tenho uma impressão muito mais justa e exata de Zola ou de Rostand, quando Brisson os narra numa das suas entrevistas, que lendo toda a panegírica e todos os insultos de que o Cyrano e a Terre tenham sido causa. Foi-se o tempo, meu amigo, em que Diogo de Paiva, num estilo pelos puristas considerado perfeito, aconselhava as mulheres o não olhar para os homens moralizados. Hoje tanto olham as mulheres como os homens, e a reportagem, para que essa moralidade tenha o valor das verdades consagradas, acompanha os moralizados, vai-lhes a casa e com eles almoça. É o único meio do mundo acreditar na pureza. Estas palavras, abundantemente difusas e paradoxais, dizia-mas, há cerca de mês, um homem muito sério e muito grave. Eu bati nervoso com as duas mãos nos braços da cadeira e indaguei: — Mas que quer o público? Qual é essa nova curiosidade? — A curiosidade do verão. — Uma curiosidade que desaparecerá como os figos e as mangas? — Sim, não ria. Todo o povo razoavelmente constituído tem duas curiosidades intermitentes e de ordem extraprática: saber em que deuses crêem os seus profetas e o que realmente pensam e são os seus pensadores e os seus artistas. Estas curiosidades só aparecem quando a Câmara fecha. A imprensa, que fala de toda a gente, só não falou ainda dos literatos. Entretanto nós somos um país de poetas! Em cada esquina encontra-se uma escola de arte, em cada café corre desabrido esse processo epicamente nacional de sova literária, no interior das livrarias fervilham as novas escolas de arte. Como os homens variam e os livros não são lidos, oh! senhor Deus! ler todos esses volumes! Seria interessante fixar o que pensam ou o que não pensam os caros ídolos da nossa arte. — Ídolos? — O homem que escreve é sempre um ídolo. Mesmo quando escreve mal, o que não é raro. Quando alguém se destina a ser julgado, pode ter a certeza de ser pelo menos o culto de uma alma. O tom sentencioso do meu venerável amigo começava a irritar e a convencer. Ele, porém, continuava animado. — Não se pode imaginar a admiração e o culto que se devota aos homens de letras nossos. Eu conheci um estudante que acompanhava o Coelho Neto de longe e estragou com um pince-nez grau 7 os seus olhos sãos, só porque o Neto usava grau 7. São inúmeras as pessoas que recusam a apresentação de Machado de Assis porque estão convencidas da impossibilidade de balbuciar uma palavra diante do Mestre, e muito homem fino conheço eu colecionando tudo quanto escreve Olavo Bilac... Quer ver você a admiração? Vá a qualquer teatro onde esteja o Artur Azevedo. Basta que ele pare um momento para que em torno comece a crescer a onda dos espectadores no desejo de ouvir as palavras que, com o seu ar de Buda razoável, Artur murmura pachorrentamente. Imagine se cada uma dessas criaturas se resolver a contar, no silêncio do gabinete, as suas origens literárias, a sua formação, as preferências e principalmente o que julga do momento... Seria o documento, a psicologia dos super-homens, o romanceiro da nossa vida de literatura, e nem por isso tão novo que assustasse. A França faz o mesmo todos os anos e a Inglaterra e a Itália têm no gênero dois livros capitais: Books which influenced me e I cento migliori libri italiani. — Mas a admiração restringe-se a poucos. Os outros serão ouvidos, conhecidos talvez e, quem sabe? admirados. É sempre agradável ouvir a história de um homem, principalmente quando é curta. De resto, você vai fazer a história do momento literário. É preciso indagar a todos: parnasianos, líricos, decadentes, clássicos, naturalistas, sociólogos, ocultistas, anarquistas, impassíveis, humoristas, simbolistas, nefelibatas... — Ainda há disso? — Há, há de tudo. Cada um desses homens dirá o que foi, o que é, o que pensa do futuro. Cada um desses homens julgará os outros, e, de súbito, mergulhado no círculo das variedades, ouvirá você os bons, os coléricos, os indiferentes, os irônicos, os altivos, os vagos, os místicos, debatendo-se no turbilhão das teorias d’arte. Eu seguia fascinado o mistério visionador do conselho. O meu amigo parou. — Talvez exagere. Em todo o caso há um resultado prático: o Brasil saberá enfim quais as tendências atuais da sua mentalidade e o público ouvirá a curiosa história das formações literárias, tão cheias sempre de nostalgia e de encantos. — Qual! É impossível! Não tenho forças e tenho medo. Até agora convivi apenas com os crentes, que são simples e querem convencer. Os literatos, ao contrário, são cépticos e superiores. Que me dirão eles? Mefistofelicamente o meu amigo esticou o dedo: — Sei lá! Talvez alguns desaforos. Quando, entretanto, encontrares a má vontade na pele de um grande homem, corre ao mais novo dos novos e indaga a sua opinião. Ficas compensado e fica o Brasil com a idéia geral da classe pensante. Estava quase aconselhando a alternativa entre a Academia e os colégios equiparados. Nesta mesma noite, os dois, no silêncio de sua alta biblioteca, resolvemos a maneira do inquérito: a resposta por carta para os que estão fora do Rio ou são muito reservados, e a entrevista para os outros. O meu venerável amigo, pegando a sua pena venerável, lançou no papel as seguintes perguntas do questionário, enquanto eu, humilde, ia lembrando nomes e endereços: Para sua formação literária, quais os autores que mais contribuíram? — Das suas obras, qual a que prefere? Especificando mais ainda: quais, dentre os seus trabalhos, as cenas ou capítulos, quais os contos, quais as poesias que prefere? — Lembrando separadamente a prosa e a poesia contemporâneas, parece-lhe que no momento atual, no Brasil, atravessamos um período estacionário, há novas escolas (romance social, poesia de ação, etc.) ou há a luta entre antigas e modernas? Neste último caso, quais são elas? Quais os escritores contemporâneos que as representam? Qual a que julga destinada a predominar? — O desenvolvimento dos centros-literários dos Estados tenderá a criar literaturas à parte? — Vamos afinal ver o que somos! bradava ele, rindo da minha fisionomia agitada. De repente, porém, parou. — Falta alguma coisa ao questionário, falta a pergunta capital, em torno da qual toda a literatura gira, falta a pergunta isoladora das ironias diretas! — Qual? Não respondeu. Curvou-se, e numa letra miúda escreveu: O jornalismo, especialmente no Brasil, é um fator bom ou mau para a arte literária? No dia seguinte, logo pela manhã, mandava para o correio mais de cem cartas. Tinha mergulhado de todo na literatura... ———— BILAC A casa do poeta é de uma elegância delicada e sóbria. Ao entrar no jardim, que é como um país de aromas, cheio de rosas e jasmins, ouvindo ao longe o vago anseio do oceano, eu levava n’alma um certo temor. Eram oito horas da manhã, apenas oito horas. A rua parecia acordar naquele instante, os transeuntes passavam com o ar de quem ainda tem sono, e o próprio sol, muito frio e formoso, parecia bocejar no lento adelgaçar das névoas.
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