A Nova “Marcha Para O Oeste” – O Exemplo De Catalão
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SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS INSTITUTO DE ESTUDOS SOCIOAMBIENTAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA VALDIVINO BORGES DE LIMA A ESPACIALIDADE DA INDÚSTRIA EM GOIÁS: a nova “marcha para o oeste” – o exemplo de Catalão GOIÂNIA 2015 VALDIVINO BORGES DE LIMA A ESPACIALIDADE DA INDÚSTRIA EM GOIÁS: a nova “marcha para o oeste” – o exemplo de Catalão Tese apresentada ao programa de pesquisa e Pós-graduação em Geografia, do Instituto de Estudos Socioambientais, da Universidade Federal de Goiás, área de concentração Natureza e Produção do Espaço, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Geografia. Orientador: Prof. Dr. Eguimar Felício Chaveiro GOIÂNIA 2015 VALDIVINO BORGES DE LIMA A ESPACIALIDADE DA INDÚSTRIA EM GOIÁS: a nova “marcha para o oeste” – o exemplo de Catalão Tese apresentada ao programa de pesquisa e Pós-graduação em Geografia, do Instituto de Estudos Socioambientais, da Universidade Federal de Goiás, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Geografia, defendida e aprovada em 11/03/2015 pela banca examinadora. Banca Examinadora ______________________________________________________ Prof. Dr. Eguimar Felício Chaveiro Orientador ______________________________________________________ Professora Dra. Beatriz Ribeiro Soares - UFU/MG Membro externo ______________________________________________________ Professora Dra. Carmem Lúcia Costa - UFG/RC Membro externo ______________________________________________________ Professora Dra. Celene Cunha Monteiro Antunes Barreira - IESA Membro interno ______________________________________________________ Prof. Dr. João Batista de Deus - IESA Membro interno ______________________________________________________ Prof. Dr. José Henrique Rodrigues Stacciarini – UFG/RC Suplente ______________________________________________________ Prof. Dr. Manoel Calaça - IESA Suplente AGRADECIMENTOS À Universidade Federal de Goiás e ao Instituto de Estudos Socioambientais (IESA) por oportunizar minha carreira profissional no início (graduação) e ao final (doutoramento). Foram mais de trinta anos de convivência. À Prefeitura Municipal de Catalão pela licença parcial a mim concedida durante o período de realização do curso. Com o risco de esquecer algum nome não poderia deixar de me lembrar dos professores do antigo Instituto de Química e Geociências que acompanharam os meus primeiros passos na academia: Tércia, Celene, Maria José, Stella, Zelinda, Ruth, Maria Helena, Zilldete, Clyce, Walter, Ubiratan, Horieste, Teixeira Neto, Maria Luiza, Cláudio, Pietro, Genilda, Roberto Bucci, Maria França, Elza Stacciarini, José Eduardo, Yone..., a eles minha eterna gratidão. Por eles estou aqui hoje. A outros professores da UNESP (Presidente Prudente), de Rio Claro, da Universidade Federal de Uberlândia e tantos outros que, ao longo da minha trajetória na pós- graduação, muito contribuíram para minha formação. A todos os professores e funcionários do IESA pela presteza e contribuição durante a realização do curso, em especial ao Professor Dr. Eguimar Felício Chaveiro pela amizade, camaradagem além de segura e precisa orientação. Aos participantes do grupo estudos de Dona Alzira pela boa convivência e valiosas contribuições. Aos colegas de labuta do curso de Geografia de Catalão, muitos deles ex- alunos, que compartilharam de lutas e conquistas na construção e consolidação do Curso. Aos meus alunos e ex- alunos pela torcida. À funcionária do curso Marli Tavares pela paciência de ouvir os meus lamentos acadêmicos em momentos difíceis no período de elaboração da tese. Aos meus amigos sinceros e “normais”, Gilmar Elias, Júlio César, Maciel pelo incentivo, pela colaboração, conivência e, acima de tudo, pelas andanças filosóficas e o verdadeiro sentido da amizade nos momentos cruciais não só na elaboração da tese, mas ao longo da vida. Ao companheiro Wilson pela contribuição na elaboração de mapas e formatação do trabalho, a Juheina e à Ana Luiza pela digitação e elaboração de mapas e tabelas. As professoras Carmem Lúcia e Celene Cunha pelas importantes contribuições quando do exame de qualificação. À Mônica pela formatação final e impressão do texto. AGRADECIMENTOS ESPECIAIS Aos meus pais, Angelino Francisco de Lima (in memorian) e Maria Jandira Borges de Lima, pela vida, pelo amor e por me mostrarem as miudezas do mundo. Ele é um conjunto de infinitas possibilidades, cabe a cada um buscar seu caminho. Aos meus cinco irmãos e seis irmãs que cada um, à sua maneira, torceu pelo meu sucesso. Aos sobrinhos e sobrinhas pelo carinho. À Cida e Mariana. Duas mulheres, duas vidas, dois amores. INTROITO Esta tese, como tantas outras, tem um significado muito especial. Se tornar doutor na “melhor idade” é algo incomum, para não dizer inusitado, nos meios acadêmicos. O doutoramento é o ápice da carreira de magistério. Mas, o que há de especial então? – Posso garantir que não se trata de vaidade pessoal ou busca de projeção. O objetivo neste introito é sintetizar, numa espécie de memorial, minha trajetória de vida e de educador. Por mais piegas que possa parecer entendo valer a pena se aventurar. Pretensiosamente, tenho como justificativa minha inserção como sujeito ativo em alguns momentos históricos apontados na pesquisa, adequando alguns conceitos e categorias geográficas utilizadas na mesma, ou melhor, um passeio geográfico do autor pela história. Meu pai, mineiro de Paracatu, e minha mãe, goiana de Catalão, uniram-se em 1950 na região de Ceres e Rialma, até então conhecida como Barranca ou Colônia. Esta “colônia” nada mais era do que a famosa Colônia Agrícola Nacional de Goiás (CANG), que, na verdade, constituía-se como resultado da Marcha para o Oeste do governo Vargas iniciado em meados da década de 1930. Era, digamos um projeto de reforma agrária do governo federal da época. Como “meeiros” meus pais permaneceram por quatro anos e decidiram tentar a sorte mais “abaixo”. O médio norte goiano de então estava em efervescência. No campo havia a disputa insana de grileiros e posseiros por terras devolutas configurada na revolta de Trombas e Formoso. Só bem mais tarde pude compreender todos os conceitos e significados destas lutas. Nesta, especificamente, surgiu o líder, o mito José Porfírio. Nasci em 1954, em Porangatu, hoje norte goiano. O primeiro filho da família. Mais dois braços na roça. Aquele ano marcou o fim da era Vargas e o início do governo desenvolvimentista de Juscelino Kubitscheck. A opção pelo crescimento e não pelo desenvolvimento fez de JK um governo “moderno” e realizador e, no final de seu mandato, pelo menos duas coisas se evidenciaram: a nova e moderna capital federal (Brasília) estava pronta e a economia estava multinacionalizada. Os anos sessenta foram o auge da guerra fria entre as duas superpotências mundiais, gestada durante as duas guerras mundiais (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e Estados Unidos da América). Não se tratava de uma simples competição econômica, mas de uma disputa ideológica entre duas concepções de mundo: o capitalismo e o socialismo. O Brasil, como aliado dos norte-americanos durante os conflitos, passou a adotar a ideia de desenvolvimento baseado na industrialização. A partir deste novo paradigma, e dentro dos preceitos da Revolução Verde, o país avoca seu novo papel na divisão internacional do trabalho: modernizar a produção agrícola por meio da industrialização. A derrubada, a queimada, a roça de toco, a enxada, a terra de cultura, a meia começam a serem substituídos pelo “descerradeamento”, tratores, insumos, sementes híbridas, empresas agrícolas, e mercado longínquo. O carro de boi, e meu ofício de “candear”, e a carroça, aos poucos, vão cedendo lugar ao caminhão e ao automóvel. É a modernização. O roceiro ainda não tem clareza do que virá. O assalariamento e outras novidades ainda são algo estranho ao seu cotidiano. Se, por um lado, a modernização alivia o cansaço do trabalho braçal, por outro, estes braços ficam sem ocupação. Centenas de milhares de trabalhadores e trabalhadoras se viram obrigados a mudarem para as cidades. Fomos morar “de favor” na periferia da cidade. Era a última casa da rua, depois dela era o Cerrado. A escola era longe e tínhamos que andar pelo menos meia légua para chegarmos a ela. Chegávamos suados e empoeirados e isto era a festa da molecada. O trabalho parco fazia os pais se desdobrarem. Com a tomada do poder pelos militares em 1964 as coisas pioraram. O medo do comunismo recrudescia cada vez mais as relações sociais. Os investimentos estatais e privados na produção no sentido de gerar emprego criaram a falsa ideia de desenvolvimento. Sem melhores perspectivas na cidade pequena fomos tentar a sorte na cidade grande. Em 1965, chegamos à capital Goiânia e fomos alojados às margens da antiga Estrada de Ferro Goiás. Era o local de refúgio dos retirantes e desvalidos. Numa extensão de mais de vinte quilômetros a estrada de ferro se tornou a moradia possível de milhares de pessoas. Foi meu primeiro contato com a favela e a comunidade. Em mais ou menos oitenta metros quadrados residiam treze pessoas. Nas escolas não se falava em política a não ser a oficial. Éramos obrigados às aulas de Educação Moral e Cívica e Organização Social e Política Brasileira. Saber os nomes dos ministros de Estado era um dever. A cultura livresca e a memorização eram o recomendado. As dificuldades continuavam. O trabalho na construção civil, trabalhos domésticos, vendas avulsas eram as únicas opções para a nossa família. Trabalho formal só a partir de meados da década de 1970. Este trabalho atrapalhava os estudos,