Francisco Fernandes Lopes (1884-1969), Historiador Do Algarve

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Francisco Fernandes Lopes (1884-1969), Historiador Do Algarve Francisco Fernandes Lopes (1884-1969), historiador do Algarve Contributo para a historiografia henriquina Andreia Lopes Fidalgo Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em História do Algarve Trabalho efectuado sob a orientação de: Prof. Doutor António Rosa Mendes Prof. Doutor António Paulo Oliveira 2012 Francisco Fernandes Lopes (1884-1969), historiador do Algarve Contributo para a historiografia henriquina Declaração de autoria de trabalho Declaro ser a autora deste trabalho, que é original e inédito. Autores e trabalhos consultados estão devidamente citados no texto e constam da listagem de referências incluída. Andreia Fidalgo Copyright © Andreia Lopes Fidalgo, 2012 A Universidade do Algarve tem o direito, perpétuo e sem limites geográficos, de arquivar e publicitar este trabalho através de exemplares impressos reproduzidos em papel ou de forma digital, ou por qualquer outro meio conhecido ou que venha ser inventado, de o divulgar através de repositórios científicos e de admitir a sua cópia e distribuição com objectivos educacionais ou de investigação, não comerciais, desde que seja dado crédito ao autor e editor. À Memória de António Rosa Mendes, Querido Professor, Mestre e Amigo Vila cubista chamaram a Olhão. De um prédio para o outro as açoteias e fachadas imbrincam-se, acavalam-se, sobrepõem-se, desarticulam-se, anuladas pela brancura e pela miragem das leis da perspectiva e do volume. São milhares de cubos em equilíbrio instável, paradoxal, absurdo, como cantarias de uma Babel juncando um campo raso. E todavia, deste mar revolto de planos e desta fanfarra endiabrada de branco, filtra-se uma sensação de pureza, de banho auroral, como rescende o perfume dum canteiro de açucenas. Aquilino Ribeiro, Guia de Portugal, vol.II, 1927 Agradecimentos Para a realização desta dissertação de mestrado cabe-me assinalar o contributo essencial do Prof. Doutor António Rosa Mendes, que já não está entre nós, mas cuja memória manter-se-á presente enquanto por cá permanecerem os seus “discípulos”, ou seja, todos aqueles que tiveram o privilégio de ter sido seus alunos e que estão dispostos a prosseguir o seu importante legado no estudo da história das ideias e na valorização da história do Algarve. Ao Prof. Rosa Mendes, que costumava dizer com um grande sorriso de satisfação “não me orgulho das aulas que dei, mas orgulho-me dos alunos que tive”, é a minha vez de retribuir dizendo que não me orgulho da aluna que fui, mas orgulho-me muito e sinto-me verdadeiramente honrada de o ter tido como Professor. Ao Prof. Rosa Mendes devo grande parte da orientação deste trabalho, mas, acima de tudo, tenho a agradecer tudo o que me ensinou e o apoio e fé que sempre depositou nas minhas capacidades. Mesmo quando eu não acreditava em mim própria, ele nunca duvidou. Fez-me querer ser melhor e ensinou-me uma lição muito importante: não devemos querer ser melhores que ninguém, mas sim ambicionarmos ser o melhor de nós próprios. Por tudo isto e muito mais, dedico esta tese à memória do Prof. António Rosa Mendes! Ao Prof. Doutor António Paulo Oliveira agradeço igualmente a orientação desta dissertação e toda a disponibilidade que sempre demonstrou em me auxiliar nos momentos cruciais de dúvida, em partilhar e debater novas ideias decisivas e em indicar linhas de pensamento pelas quais eu não teria enveredado sem o seu contributo fundamental. O seu apoio e orientação foram essenciais para que esta dissertação chegasse a bom termo. À Dra. Helena Vinagre e ao Dr. José Cabaço, do Arquivo Histórico Municipal de Olhão, agradeço o excelente acolhimento, o constante apoio e a disponibilização de todos os meios necessários à minha investigação. A sua ajuda foi preciosa para a concretização de uma parte essencial deste trabalho. Por fim, mas não menos importante, devo acrescentar que sempre contei com o apoio da família, amigos e colegas no decurso de mais uma etapa académica e nas longas e extenuantes horas de labor e concentração na dissertação. Seria impossível nomeá-los a todos, nestas breves linhas, mas estou convicta que eles saberão quem são. Em sua homenagem deixo aqui registada a minha mais profunda gratidão. Um bem-haja e muito obrigada a todos! 1 Resumo São ainda muito incipientes os estudos sobre a vida e obra do médico olhanense Francisco Fernandes Lopes (1884-1969), uma das figuras mais interessantes do quadro cultural português da primeira metade do século XX. Na verdade, dificilmente poderemos caracterizá- lo apenas como “médico”, pois era um intelectual multifacetado e interessado nas mais diversas áreas do saber, assim como também é impossível descrevê-lo apenas como “olhanense”, pois a sua actividade intelectual extravasou largamente o âmbito local, regional e mesmo nacional. A presente dissertação, intitulada Francisco Fernandes Lopes (1884-1969), historiador do Algarve: contributo para a historiografia henriquina, tem dois objectivos principais, patentes no próprio título: compreender o homem, ou seja, elaborar um estudo biográfico sobre Fernandes Lopes, e analisar uma das suas facetas, a de historiador, mais concretamente no que concerne à sua obra acerca do Infante D. Henrique e a sua relação ao Algarve. No que respeita à biografia, pretende-se compreender a vida e obra de Francisco Fernandes Lopes através de uma análise concertada do seu percurso de vida, dos seus principais interesses e da sua actividade cultural e intelectual. Neste âmbito, é essencial ter em consideração que a vida de Fernandes Lopes se desenrolou mormente em Olhão, vila algarvia singular devido ao seu panorama arquitectónico único de açoteias, e que ele tanto se empenhou em divulgar, procurando que Olhão ocupasse um lugar de destaque no mapa do Algarve e, também, de Portugal. Relativamente à produção historiográfica tem particular destaque a temática henriquina, que foi a que mais ocupou Francisco Fernandes Lopes entre as décadas de 30 a 60 do século XX. Os seus estudos devem ser entendidos no âmbito de um período histórico muito específico – o Estado Novo – e tendo por base a evolução do pensamento historiográfico, assim como outros estudos similares e coetâneos que permitam formular uma comparação. Palavras-chave: Olhão, Algarve, Historiografia, Estado Novo, Infante D. Henrique. 2 Abstract Studies on the life and work of Olhão-born Physician Francisco Fernandes Lopes (1884- 1969) are still beginning, him being one of the most interesting figures of the Portuguese cultural scene of the first half of the 20th century. In fact we can hardly characterise him as merely a ‘doctor’, for he was a multifaceted intellectual who took interest in several knowledge areas. Likewise it is impossible to describe him as just Olhão-born, for his intellectual activity has by long surpassed the local, regional or even national concern. The following dissertation, entitled Francisco Fernandes Lopes (1884-1969), Algarve’s historian: contribution towards Prince Henry the Navigator’s historiography, has its two main goals present in the title: to understand the man, i.e., to create a biographical study on Fernandes Lopes, and to analyse one of his sides, the historian one, mainly about his work on Prince Henry the Navigator and his connection with the Algarve. Regarding the biography, it is intended to understand the life and work of Francisco Fernandes Lopes through a concerted analysis of his life path, his main interests, and his cultural and intellectual activity. On that subject it is essential to consider that Fernandes Lopes’ life was spent mainly in Olhão, a peculiar village in the Algarve due to its unique architectural panorama of açoteias (terraces), which he committed himself to broadcast, intending for Olhão to have a distinguished spot in Algarve’s maps, and also in Portugal’s. About his historiography output, the main focus is on Prince Henry, whom Francisco Fernandes Lopes has spent the most time studying, from the period of 1930 to 1960. His studies are to be framed within a very specific historical period – the New State – and being based on the evolution of the historiographical thought, as well as other similar and contemporary studies that allow to form a comparison. Key-words: Olhão, Algarve, Historiography, The New State, Prince Henry the Navigator 3 Índice Geral Introdução…………………………………………………………………………………………………………………… 8 Parte I – Francisco Fernandes Lopes, um intelectual na “mal sabida Olhão” Cap. 1. Perfil biográfico…………………………………………………………………………………………………. 15 Cap. 2. Em Olhão…………………………………………………………………………………………………………… 27 2.1. Perspectiva histórico-etnográfica………………………………………………………………………. 32 2.1.1. Olhão no Guia de Portugal………………………………………………………………………….. 34 2.1.2. Panorama típico da «vila cubista»………………………………………………………………. 46 2.1.3. A “mal sabida Olhão” de Fernandes Lopes………………………………………………….. 50 Parte II – O labor historiográfico de Francisco Fernandes Lopes Cap. 3. Francisco Fernandes Lopes, historiador…………………………………………………………….. 54 3.1. Rede de correspondência……………………………………………………………………………………. 61 Cap. 4. O Infante D. Henrique na historiografia……………………………………………………………. 66 4.1. Perspectiva histórica da historiografia portuguesa............................................... 66 4.1.1. O desenvolvimento da historiografia moderna no século XIX: de Alexandre Herculano a Oliveira Martins………………………………………………………………………………… 66 4.1.2. Primeira República: a reafirmação da historiografia nacionalista………………. 71 4.1.3. Estado Novo: a História ao serviço da Ditadura…………………………………………… 73 4.2. O Infante D. Henrique na historiografia anterior ao Estado Novo……………………….. 76 4.3. O Infante D. Henrique
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