Coruche, Público E É Único Da Europa
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Director: Abel Matos Santos – Ano 1 • Número 12 • 1 de Abril de 2007 – Mensal – Tiragem: 5 000 exemplares – Preço: € 1 – Registo ERC 124937 – ISSN 1646-4222 Destaques O Mercado do século XXI página 5 Ciclismo, volta ao distrito RTP termina com a vitória de Robert Hunter. Página 14 Nogueira Pinto e Salazar, a pro- pósito do seu documentário e do vencedor do concurso. Como vai a Páginas 20 e 21 Suplemento nas centrais Saúde? página 3 Assine a Subscrição Pública Na Rota das Freguesias, em entrevista com Jacinto Barbosa. Páginas 36 e 37 Entrevista ao Director do O Fluviário de Mora, abriu ao Centro de Saúde de Coruche, público e é único da Europa. Disponível nos locais assinalados e no site Página 35 www.ojornaldecoruche.com Dr. José Miguel Coutinho Os artigos assinados são da inteira responsabilidade dos seus autores. PREÇOS BAIXOS * QUALIDADE * ACOLHIMENTO O Seu Supermercado e Posto de Abastecimento de Combustíveis LAVAGENS AUTO * SELF-SERVICE CORUCHE SUPERCORUCHE – Supermercados SA. Rua Açude da Agolada – 2100-027 CORUCHE Telef. 243 617 810 • Fax 243 617 712 20 O Jornal de Coruche • Ano 1 - Número 12 • Abril de 2007 Concurso “Os Grandes Portugueses” A propósito do documentário de Jaime Nogueira Pinto Caros leitores… Em primeiro lugar nesta lista pelos vencedores e a história do abertos a admitir que outras for- Escrevo-vos este pequeno encontramos o período do Esta- século XX Europeu não é mas de governação seriam dese- texto na sequência de um inci- do Novo e a sua figura central, o excepção, e, por esta razão, será jáveis para o nosso continente. dente que ocorreu há algumas Dr. Oliveira Salazar. sempre relembrado nos livros Mas quando olhamos para os semanas num debate realizado O tema do estado novo e por de história pela luta contra e a outros, as nossas convicções já no âmbito do programa da RTP extensão o 25 de Abril sempre eventual derrota da ideologia não são tão claras. Por exemplo, “Os Grandes Portugueses”. Es- levantaram em mim muita curi- comunista. Devido ao papel do quantos entre nós admitem que tou-me a referir ao silenciamen- osidade. Sempre procurei perce- PCP no período pós 25 de Abril, o Iraque ou mesmo o Médio to do Prof. José Hermano Sa- ber mais sobre este período, parece que foi apagado da Oriente de forma geral, não raiva quando este teve a ousadia principalmente porque me pare- memória nacional o contexto no estará pronto para um regime de sugerir que o Dr. Oliveira cia que não existia grande von- qual a Europa viveu durante a democrático? Se formos capaz Salazar não era na sua opinião o tade de perceber e debater várias maior parte do século XX. de admitir que as transições de monstro que o resto do painel décadas da história nacional, O comunismo avançava para regimes totalitários não são tentava pintar. resumindo simplesmente a nar- a Europa ocidental e Portugal sempre lineares, será que pode- Para quem não viu o progra- rativa à opinião seguinte; Antes comecei a raciocinar; se esta- não estava imune a esta ameaça. mos pelo menos contemplar a ma, o Prof. JHS foi simples- do 25 de Abril vivíamos num mos a pagar este preço elevado, Se retiramos este contexto, de ideia que Portugal não estava mente impedido de acabar uma estado fascista sem liberdade, será que os nossos vizinhos do facto muito das decisões de pronto no início do século XX única frase em defesa daquele oprimidos, e uma grande parte lado também não deveriam neste Salazar deixem de fazer sentido. para transitar de uma das mo- que na sua opinião era o injus- das dificuldades que existem em momento estar a pagar esta Mas Salazar estava perfeita- narquias mais antigas da Europa tiçado. Fiquei perplexo, será que Portugal são o resultado deste mesma factura, já que também mente consciente desta ameaça para um estado democrático no ainda não é desta que o país está regime. Mas na realidade, todos tiveram um regime pelo menos quando decidiu apoiar Franco, sentido moderno da palavra? pronto para tentar perceber o sabemos que na vida não domi- tão “fascista” como o nosso? como nos disse o documentário Para enfrentar o nosso futu- homem que controlou os desti- nam nunca nem o preto nem o Uma factura que os nossos vizi- de JNP. Depois da sua morte, ro, devemos primeiro aceitar o nos de Portugal durante a maior branco, mas sim uma escala de nhos não estarão certamente a parece que podemos finalmente nosso passado. Isto significa não parte do século XX? Ou será cinzentos. pagar é a das nacionalizações do admitir a hipótese de que caso culpar constantemente os pos- simplesmente que a comunica- É por isso que assisti ao pós 25 de Abril. Álvaro Cunhal tivesse conse- síveis erros do passado para jus- ção está a cometer o mesmo pe- documentário de Jaime Noguei- A segunda ideia é a seguinte; guido o seu objectivo, Portugal tificar a nossa falta de sucesso cado do qual acusa o homem que ra Pinto sobre Salazar, realizado admitindo que o país não estava teria passado para outro sistema hoje. A história merece sempre a controlou durante tantos anos. no âmbito do programa dos em grande saúde financeira totalitário e desta vez com con- ser analisada no seu justo con- Os portugueses gostam de grandes portugueses da RTP depois do 25 de Abril, em que sequências bastante mais graves texto. E é precisamente isso que facto muito de falar, basta ver o com grande interesse. O docu- estado é que Salazar terá encon- para a sua saúde económica e a Salazar merece. Por isso agra- número de programas de deba- mentário de JNP ajuda-nos a trado o país quando assumiu o independência. deço o serviço prestado por Jai- tes nos canais televisivos. Todos olhar para o Estado Novo no seu poder? Quem conhecer minima- É neste contexto que temos me Nogueira Pinto, que deu um têm uma costela de treinador de contexto. mente a história de Portugal que olhar para Salazar e perce- contributo importante para aju- bancada. Sempre que fico a pen- Está muito na moda ouvir saberá que o país se encontrava ber o que o país, a Espanha e até dar o país a ultrapassar as suas sar nisso, vem-me à cabeça o comentadores e jornalistas dizer no primeiro quarto do século mesmo a Europa lhe deve. Sala- dificuldades de lidar com o seu tema do Elvis “A little less talk, que ainda estamos a pagar a fac- XX num estado perfeitamente zar, como patriota, sempre defen- passado. a little more action”, ou seja tura do Estado Novo. De facto, caótico tanto do ponto de vista deu a independência de Portugal Não podemos tratar a nossa menos palavras, mais acção! Se qualquer pessoa que chega a económico como do ponto visto num clima bem diferente daque- história como tratamos os trei- calhar devíamos ouvir um pou- Portugal, poderá facilmente governativo. A estabilidade não le que se vive hoje em dia na nadores de futebol que passam co mais Elvis e um pouco me- acreditar que se não fosse por era propriamente a palavra de Europa. de bestiais e bestas ao sabor do nos Fado. Por isso num país causa do Salazar, Portugal esta- ordem. Parece-me de facto que Hoje em dia quase todos nós vento. A nossa história merece onde tanto se gosta de falar, é ria hoje no pelotão da frente em as coisas não são tão lineares (no ocidente) aceitamos que a mais respeito. surpreendente que alguns temas termos económicos na Europa. como parecem ser para algumas democracia é a melhor forma de Não vamos ignorá-la! não sejam debatidos, pelo me- Como nunca gostei de aceitar pessoas. Como aprendi na esco- governação. A ideia é de tal for- ____ nos de uma forma séria. afirmações sem as questionar, la, a história é sempre escrita ma consensual que já não somos João Filipe O que nos diz Jaime Nogueira Pinto Bem, isto foi um concurso e Rosas, Costa Pinto, etc.), que nacionais, sociais e económicos, Rui Salvador nada mais que um concurso. nos seus trabalhos e estudos uni- como Deus, a Pátria, a Família e Convidaram-me para defender versitários têm uma certa dis- a Propriedade, não exclui nem Salazar e eu aceitei. Aceitei não tância e isenção sobre o período, deve excluir esses valores, por saudosismo, não por devo- mas, nestes casos, ficam iguais sobretudo a Nação, da agenda ção histórica, nem sequer por aos “antifascistas” primários. política. Oficina de qualquer sentimento de anti-es- Explicar que Salazar foi Foi esse o meu objectivo, querdismo. Aceitei porque pen- mais que a “Restauração das traduzido num documentário, sei ser um interessante ponto de Finanças e a PIDE”. E que que já vi atacado em abstracto, reparação partida para, à volta deste tema, pensou o Estado, em Portugal, ou com chalaças sardónicas – o conseguir dois objectivos: Dar que pensou e articulou um pro- estilo de uma certa “esquerda” automóvel o outro lado de 50 anos de cesso de consolidação de uma (não toda...), quando quer ter História de Portugal (1926- maioria nacional. E também graça. Não vi ainda argumentos 1974), que, embora a nível para atacar o mal mais grave da no sentido de dizer – este facto académico já vão tendo trata- direita portuguesa: que o facto está errado, esta interpretação Tlm. 934 485 099 mento sério (é curiosa, entretan- de Salazar ter defendido, de mo- vai contra os factos... to, a atitude de alguns académi- do autoritário e não democrá- Rua de São Pedro – 2100-651 Biscaínho • Coruche cos de esquerda – v.g.