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Este documento faz parte do acervo do Centro de Referência Paulo Freire acervo.paulofreire.org Apresentação da Unifreire – Jason Mafra Carlos Alberto Torres Francisco Gutiérrez José Eustáquio Romão Moacir Gadotti Walter Esteves Garcia EXPEDIENTE Instituto Paulo Freire Moacir Gadotti Presidente do Conselho Deliberativo Alexandre Munck Diretor Administrativo-Financeiro Ângela Antunes Diretora Pedagógica Paulo Roberto Padilha Diretor de Desenvolvimento Institucional Salete Valesan Camba Diretora de Relações Institucionais Luana Vilutis Coordenadora de Relações Internacionais Creio que o Instituto Paulo Freire deve Jason Mafra Coordenador da Unifreire ser um fertilizador do inusitado. Nada Janaina Abreu Coordenadora Editorial menos freiriano do que ser seguidor de Lina Rosa Preparadora de Textos idéias sem saber ser criador de espíritos. Lutgardes Costa Freire Tradutor Maurício Ayer Revisor Trata-se de criarmos condições para estar- Kollontai Diniz Capa, projeto gráfico, mos pondo fraternalmente à prova a nos- diagramação e arte-final sa própria capacidade de criar. De ousar Cromosete Impressão mesmo. De abrir horizontes em nome da Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) justiça e da igualdade. De estabelecermos (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) pontos comuns através da experiência da Reinventando Paulo Freire no século 21 / Carlos Alberto Torres...[et al.]; apresentação Jason Mafra. — São Paulo: Editora e Livraria Instituto Paulo diferença e da confrontação de opostos. Freire, 2008. — (Série Unifreire) Saibamos nos unir em torno de um espí- Outros autores: Francisco Gutiérrez, José Eustáquio Romão, Moacir Gadotti, rito, em torno de um sonho coletivo, ge- Walter Esteves Garcia. Bibliografia. nerosa e fervorosamente comunitário que, ISBN: 978-85-61910-01-3 ao contrário de outros, 'não acabou'. 1. Freire, Paulo, 1921-1997 2. Pedagogia 3. Política educacional 4. Sociologia educacional I. Torres, Carlos Alberto. II. Gutiérrez, Francisco. Carlos Rodrigues Brandão III. Romão, José Eustáquio. IV. Gadotti, Moacir. V. Garcia, Walter Esteves. , VI. Mafra, Jason. VII. Série. ao aceitar participar da criação do IPF, em 1992. 08-08331 CDD-370.1 Índices para catálogo sistemático: 1. Freire, Paulo: Pedagogia: Educação 370.1 Copyright 2008 © Editora e Livraria Instituto Paulo Freire Editora e Livraria Instituto Paulo Freire Rua Cerro Corá, 550 | loja 01 | 05061-100 | São Paulo | SP | Brasil T: 11 3021 5536 | F: 11 3021 5589 [email protected] | [email protected] | www.paulofreire.org Sumário Apresentação da Unifreire — Utopia e projeto possível Jason Mafra 09 Novos pontos de partida da pedagogia política de Paulo Freire Carlos Alberto Torres 41 A dimensão humana de Paulo Freire Francisco Gutiérrez 57 Razões Oprimidas: introdução a uma nova geopolítica do conhecimento José Eustáquio Romão 63 Reinventando Paulo Freire na escola do século 21 Moacir Gadotti 91 Paulo Freire – o grande pensador do século 21 Walter Esteves Garcia 109 Anexo — Cartas dos Encontros Internacionais do Fórum Paulo Freire 115 Apresentação da Unifreire Utopia e projeto possível Jason Mafra¹ O progressivo rompimento das bar- reiras técnicas da comunicação no contexto do capital globalizante, se, de um lado, cria feições opressoras porque homogeneizantes, excludentes etc., de outro, remete-nos a uma di- mensão ancestral da história humana: o mundo sem fronteiras. Simbolicamente, essa contingência nos leva a revisitar o momento em que o planeta não se encontrava ainda lo- teado, fragmentado em Estados, tantas vezes rivais, como ainda hoje ocorre. Parafraseando a conhecida afirmação 1. Jason Mafra é graduado em História pela Unisal; mestre em História e Historiografia da Educação e doutor em Filosofia da Educação, am- bos pela USP. É docente e coordenador da Unifreire e de projetos no Instituto Paulo Freire. 9 Jason Mafra Apresentação da Unifreire — Utopia e projeto possível de Marx, no contexto do ciberespaço, tudo o que é sólido Social Mundial (FSM) tornou-se símbolo político e marco (fronteira) se desmancha no espaço virtual, desterritoriali- histórico na configuração de uma outra ordem de organiza- zando-se na rede, ao mesmo tempo em que, nela mesma, ção da sociedade civil, funcionando como uma espécie de erigem-se novos e inusitados territórios culturais. mola propulsora dos movimentos sociais. No interior desse A realidade da expansão dos recursos de comunicação Fórum, surgiu o Fórum Mundial de Educação (FME). global, ao aproximar grupos, tribos, ONGs, movimentos, O espírito desses fóruns, contrapondo-se à lógica dos redes de redes e de movimentos, ainda que limitada a fóruns econômicos neoliberais dos quais Davos tornou-se uma parcela do planeta, abre outras possibilidades no símbolo maior, fez com que outros encontros prospec- processo civilizatório. tivos por uma nova sociedade se organizassem em todo A ampliação do diálogo inter e transcultural mate- o mundo. rializa-se em propostas concretas de liberdade e libertação Além de sua dimensão mundial, organizam-se fó- numa outra forma de globalização, construindo um novo runs em âmbitos continental (como o Fórum Social das sentido que se ancora nas perspectivas de planetaridade Américas), nacional (como o Fórum Social Chileno), e planetarização. Outro sujeito individual (pessoa) e ou- regional (como o Fórum Social do Triângulo Mineiro), tros sujeitos coletivos (movimentos, redes) emergem nesse municipal (como o Fórum Social de Boston) e até mesmo novo contexto. local (como o Fórum Social Sul, da Zona Sul da cidade As necessárias críticas aos paradigmas clássicos, numa de São Paulo). ótica pós-moderna progressista, seja no campo das huma- De 2001 para cá, dezenas de países realizaram os seus nidades, seja no campo das ciências da natureza, que num fóruns sociais. Entre eles, Argentina, Áustria, Brasil, Chile, dado momento provocaram tensões e incertezas sobre as China, Colômbia, Congo, Cuba, Equador, Espanha, EUA, reais condições de transformações históricas, hoje apon- Finlândia, Guiné, Índia, Mali, Nigéria, Paquistão, Peru, tam para uma redescoberta da esperança e da utopia. Reino Unido e Venezuela. Cada qual com suas especifici- Concomitante ao que se convencionou chamar de cri- dades, juntos apontam para uma afirmação comum, a cer- se de ideologias, pseudo-epílogo da história no final do teza de que outro mundo é possível de ser construído. século 20, paradoxalmente assistimos a uma explosão de O enfrentamento da pseudo-inexorabilidade da histó- movimentos sociais e organizações civis jamais presenciada ria, em situações-limite, nos faz afirmar, com muita con- na história humana. tundência, alternativas reais no campo das humanidades. Encontros, fóruns, congressos, colóquios etc., prove- A possibilidade como categoria histórica redimensiona a nientes das mais variadas áreas e segmentos sociais, mar- esperança e as formas de intervenções e invenções sociais. cam uma real ocupação civil do espaço público não- Hoje, se por um lado temos de conviver com as conse- governamental, em todo o planeta. qüências danosas provocadas por práticas insustentáveis Tendo sua primeira edição no ano de 2001, o Fórum e desumanas, com uma intensidade, até então, nunca 10 11 Jason Mafra Apresentação da Unifreire — Utopia e projeto possível experimentada, por outro vivemos tempos de inéditos-viá- 1. Origem e trajetória da veis. Reaprendemos que muitas coisas são possíveis: outra Universitas Paulo Freire economia, outra política, outra história, outro planeta. Temos ainda muitas incertezas, mas pelo menos uma O Movimento Pró-Universitas Paulo Freire (Unifreire) foi lição aprendemos: outro mundo não será possível sem outra lançado no II Encontro Internacional do Fórum Paulo cultura e outra educação também possíveis. Freire, realizado na cidade de Bolonha, em 2000. Tratou- Uma nova educação requer outros paradigmas, outra se de uma ação coletiva de educadores(as) que, identificados escola, outra universidade. Não é factível fundarmos uma com o pensamento libertador-progressista, fundamental- nova educação com as mesmas concepções e práticas da mente o freiriano, impulsionaram a idéia de construção da universidade atual, excludente, seja na produção, por seu Universitas Paulo Freire. caráter burocrático-credencialista, seja na publicização dos É um movimento pela aprendizagem solidária e coope- saberes, limitados a uma pequena elite que tem acesso ao rativa, participando de uma organização nova da sociedade ensino superior. baseada na solidariedade ativa, criando redes de colaboração A construção coletiva de uma Plataforma Mundial de solidária em todos os níveis (locais, regionais e mundiais) e Educação – e as ações necessárias para concretizá-la, redi- buscando a construção democrática de uma alternativa pós- mensionando o sentido sociocultural do conhecimento e capitalista à globalização e seus efeitos opressores. Constitui- dos saberes – não é apenas uma alternativa, mas a única se num conjunto de compromissos e princípios assumidos possibilidade de reverter o caráter opressor da universida- por pessoas empenhadas em realizar a utopia de uma uni- de, a instância mais seletiva do afunilamento da exclusão versidade consubstanciada nas idéias de universalidade e de educacional. Construída no interior do FME, a carta de pluralidade, condições éticas para edificação de um campus princípios desta plataforma nos conclama a internacional do saber de todos aqueles e aquelas que se comprometem com a educação libertadora. lutar pela universalização do direito à educação pública com A Unifreire organiza-se como uma