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19 Jun de 2016 Orquestra 21:00 Sala Suggia – Jazz de CICLO JAZZ Matosinhos & Sérgio Godinho

Sérgio Godinho voz e composições Pedro Guedes direcção musical Carlos Azevedo, Pedro Guedes, Telmo Marques arranjos A CASA DA MÚSICA É MEMBRO DE que propus, mas está adequada, aplaudo” 1. A Orquestra Jazz de Matosinhos junta­‑se agora “Não consigo conformar­‑me com o facto a esta longa viagem de descobertas, onde os de a versão gravada ser a versão definitiva. passageiros – Sérgio e os seus cúmplices de Acho que o disco é um momento impor‑ palco e de plateia – se entreolham, lado a lado, tante na vida da canção. É um casamento, frente a frente, de olhos postos na janela que o onde se faz a boda é no disco. Mas depois tempo atravessa, leve e livre. a vida continua e a vida da canção também continua. E, como os amores, pode morrer A viagem artística de Sérgio Godinho, inicial‑ de morte natural ou ganhar vida nova. mente de roteiro inesperado, traz a marca e o Podemos fazer transformações que são reflexo dos caminhos que explorou em busca como os filhos que nascerão dela. Esse de si mesmo, de bagagem pronta a construir. é o percurso natural de vida e morte de Caminhando no sentido oposto ao de uma dita‑ uma canção. Há até ressurreições, porque dura com destino previsto na guerra colonial, muitas vezes vou buscar coisas que supu‑ embarcou primeiro em direcção a Genebra, nha estarem a dormir o sono eterno.” 1 depois percorrendo o oceano a partir de Ames‑ terdão, entretanto explorando a Europa de É assim com Sérgio Godinho. Autor de algu‑ mochila às costas e guitarra a tiracolo. A escrita mas das mais aclamadas canções que povoam de canções em língua portuguesa e em estilo o imaginário colectivo português das últi‑ próprio não foi um caminho evidenciado desde mas décadas, nunca o sucesso o fez sucum‑ início. Sérgio deixou‑se­ seduzir primeiramente bir à tentação de quaisquer cristalizações por referências externas ao contexto portu‑ que pudessem privar a sua carreira e a sua guês, entre as quais se destacam a chanson música da curiosidade e da liberdade, bússo‑ française (Jacques Brel, Georges Brassens), a las indispensáveis no seu percurso. Tem cele‑ música popular brasileira (João Gilberto, Tom brado recorrentemente com verdadeiro Jobim, Chico Buarque, Caetano Veloso, bem prazer a surpresa de qualquer olhar renovado como Noel Rosa, música nordestina e ), perante o caminho percorrido, não se escu‑ o universo pop/rock e folk de então (Beatles, sando a “mergulhar no desconhecido” das suas Rolling Stones, Kinks, Doors, Bob Dylan) e ainda canções, saboreando os frutos de um terreno a “música aplicada”, para teatro ou cinema. fértil de onde brotam novas cumplicidades. A música portuguesa reclamou a sua aten‑ Como o amante mais dedicado, reconhece às ção por via de José Afonso: “Eu não gostava suas criações vida própria e autonomia, alimen‑ muito de música portuguesa. Gostava de algu‑ tando o seu crescimento sem se furtar a quais‑ mas coisas mas não eram as minhas referên‑ quer riscos, mas antes saboreando a aventura, cias, não tinha uma referência que me levasse, garantindo à sua obra um halo de eterna juven‑ eu próprio, a querer um dia escrever também. tude. Ciente da distância entre a pertença e a E o aparecimento do Zeca foi importantíssimo posse, gosta de ser surpreendido, em disco e para mim. Porque realmente ele com influên‑ em palco, pelo contributo dos seus parceiros: cias várias (...) construiu um universo muito “mesmo quando a solução é longínqua daquilo arrojado, sobretudo porque não se cingiu ao

3 (enfim, àquela raiz estrita) mas partiu Por um cenário revolucionário passam para outros territórios. E a partir daí claro que as canções de À Queima‑Roupa­ (1974) e é evidente que há outras pessoas que, aberto De Pequenino se Torce o Destino (1976). esse caminho, seguem nesse caminho com os Apesar do contexto social e político que se seus percursos próprios. E eu sou um deles, vivia, Sérgio Godinho esteve longe de render com certeza”. 2 as suas canções à gaveta da chamada “canção de intervenção”, rótulo que rejeita, como outros Seria em Paris que os primeiros frutos se reuni‑ dos seus congéneres, por ser redutor e vago, riam em disco, com a contribuição de músicos menosprezador da multiplicidade de aspec‑ locais e do mais importante parceiro de auto‑ tos da vida quotidiana que são traduzidos na rias, José Mário Branco, também ele refractá‑ sua obra. É desta época a Liberdade – a do rio sedeado em Paris. O EP Romance de um álbum e, sim, a das ruas. Conhecida pelo seu Dia na Estrada (1971), lançado em Portugal pela refrão que Sérgio caracteriza oportunamente mesma ocasião de Mudam­‑se os Tempos, como um “graffiti posto em rock” (“a paz, o pão, Mudam‑se­ as Vontades de José Mário Branco, habitação, saúde, educação”), é um alerta de serviu de porta de entrada para Os Sobreviven‑ quem está atento à necessidade de ver a liber‑ tes (1972), primeiro longa­‑duração de Sérgio dade como feita de coisas concretas e práti‑ Godinho. Nele detectam‑se­ não apenas as cas quotidianas. Mas o mesmo tempo trouxe principais influências musicais que norteavam também a primeira de muitas canções em jeito o seu percurso como autor (feito mais de estra‑ de retrato, que Sérgio Godinho faz gravitar em das do que de carreiros), como também as torno de uma personagem e da sua narra‑ grandes áreas temáticas em que se desenvolve tiva. Etelvina foi esboçada ainda no Canadá, a escrita das suas letras e que caracteriza‑ antes do regresso a Portugal em Maio de 1974. riam a obra de Sérgio Godinho como um todo: Esta sem­‑abrigo de carácter forte consti‑ canções de percurso ou vivenciais (incluindo tuiu a redescoberta de um prazer especial interrogações filosóficas), canções de amor, nas canções e é também mais um passo no narrativas próximas do referencial popular de reencontro com o ambiente do Porto que, tal tradição oral e – last but not least – canções de como Etelvina, reaparece no imaginário e nas crítica social e política. Desse álbum, tem sido canções do seu autor. revisitada frequentemente a Maré Alta, com Falando de encontro – e porque todas as o seu refrão premonitório e assertivo (“a liber‑ viagens o proporcionam – é a partir de Pano­ dade está a passar por aqui”), assente numa ‑Cru (1978) que se dá a parte mais notória do harmonia pouco ortodoxa (outra caracterís‑ processo de consolidação da carreira e da tica comum à obra de Sérgio). popularidade de Sérgio Godinho, concomi‑ Entre paragens por França, Brasil, Holanda tantemente com a maturação estilística da e Canadá, prossegue caminho com Pré‑His­ ‑ sua obra. A escrita de letras vai revelando tórias (1973), que é gravado novamente em um apuramento mais detalhado no cuidado Paris mas encontra espaço para a primeira de artesão com que Sérgio refina os jogos das várias alusões que faz ao Porto na sua obra fonéticos e vocabulares, as deslocações de (Porto Porto). sentido (veja­‑se O Galo É o Dono dos Ovos),

4 os aproveitamentos e recontextualizações seja neste troço do percurso criativo de Sérgio de frases feitas e de dizeres quotidianos. Godinho, de onde nascem muitas das canções “E vem‑nos­ à memória uma frase batida... mais duradouras da sua carreira. É uma canção que fala da regeneração dos Cuidado com as Imitações, sátira social afectos e das forças numa situação de ruptura. feita a partir de mais uma personagem bem Poderá ser o final de um amor, ou ter interpreta‑ caracterizada (Casimiro, cujo nome é um ções mais latas, o final de um qualquer ciclo. Há achado fonético face à locução “c’as imita‑ uma ruptura, o conforto oportuno dos amigos, ções”), denuncia de forma particularmente fala dos excessos que muitas vezes nos são clara a proximidade com a música de tradi‑ úteis, de um desafio novo e, depois, do apazi‑ ção oral portuguesa mas também com o Brasil, guamento tão comum que traz uma espécie de sobretudo com a música nordestina. É uma nova consciência, mais clarividente.” 1 Sérgio mistura de referências singular nos ritmos de fala, claro está, de O Primeiro Dia, canção que base, no instrumentário, na harmonia e no jeito se tornou um dos seus maiores emblemas. ritmado e solto das frases (incluindo um toque Campolide (1979) é estação de chegada e de “ de breque” no verso falado “e dizia de partida, constituindo, como Pano‑Cru­ , um ele com os seus botões”). Em Arranja­‑me um disco “de charneira” na sua trajectória. O álbum Emprego, o locutor personifica com ironia um arranca com o discreto Parto sem Dor, que jovem disposto a tudo para subir de estatuto, tem tanto de prólogo como de epílogo anteci‑ submisso às ordens de alguém que se suben‑ pado (“E agora eu vou­‑me embora / e embora a tende ser sua superior hierárquica. dor / não queira ir já embora / agora eu vou­‑me É Terça‑Feira­ , começado como instru‑ embora / e parto sem dor”). Há também, come‑ mental para cinema (em 1980, para o filme çada no LP anterior, uma exploração progres‑ Kilas, o Mau da Fita, de José Fonseca e Costa, sivamente mais assumida das possibilidades de onde nasce também a famosa Balada da diversificadas de arranjo, que o aproximariam Rita), traz o retrato poético de uma vida em dos territórios jazzísticos entre Campolide condições precárias, sob o raro compasso (1979) e Canto da Boca (1981). “Nestes discos, de valsa (a que não será alheia a referência há um apport de músicos de jazz, que trazem de canções francesas rodopiando na memó‑ um tipo de leitura das minhas canções muito ria do seu criador). Em Espalhem a Notícia, específica. O Luís Caldeira, o João Paulo Este‑ uma das pérolas do catálogo de toda uma ves da Silva, o José Martins. Nessa altura, o meu carreira, espreita­‑se por entre a vivência íntima universo andava menos próximo do rock, talvez do erotismo e do nascimento de um filho, em mais perto de formas de raiz popular, e sempre versos de rara delicadeza. A regularmente do jazz, se é que o termo serve para definir revisitada Com um Brilhozinho nos Olhos alguma coisa...” 1. Essa aproximação continua‑ retoma a vivacidade de Cuidado com as Imita‑ ria a dar frutos em Coincidências (1983, parti‑ ções, num contexto ainda mais multifacetado cularmente centrado na sua colaboração com em termos musicais. A letra traz o momento de ícones da música popular brasileira) e em Salão um encontro como mote para uma narrativa de de Festas (1984). Não é de estranhar, portanto, histórias de vida. A música, de riqueza e energia que num concerto como o de hoje o enfoque singulares, está repleta de soluções melódicas,

5 harmónicas, fonéticas e rítmicas que fazem álbum seguinte, Aos Amores (1989); por outro desta uma das canções estilisticamente mais lado, mantinha a apetência pela experimen‑ pessoais de Sérgio Godinho. Numa lingua‑ tação de arranjos ao vivo e pela celebração gem mais simples mas igualmente pessoal, desse momento especial. Nas notas de Rivo‑ O Porto Aqui Tão Perto revisita não só a litz (1998), Sérgio confirma o que se afirmava cidade do Porto (de onde todo o seu percurso na sua citação com que se abre este texto: de vida partiu), como também a personagem “Não há versões originais. O que há, isso sim, de Etelvina, que a esse lugar pertence desde é a evidência da precariedade do palco, suas que Sérgio lhe deu vida. glórias e fraquezas em diária ebulição. Dia a Já em Coro das Velhas (que traz a ines‑ dia, mês a mês, ano a ano”. Em Tinta Perma‑ quecível frase “cá se vai andando com a cabeça nente (1993) e em Noites Passadas (ao vivo, entre as orelhas”, roubada à bisavó brasileira de 1995), disfruta do lado camerístico propor‑ Sérgio), temos outra personagem de contexto cionado pela direcção musical de João Paulo popular: “uma velha, que pode não ser muito Esteves da Silva. Já em 2003, O Irmão do Meio erudita mas sabe muito mais da vida do que foi pretexto para estabelecer ou reatar parce‑ muitas pessoas consideradas importantes... rias com vários músicos convidados de Portu‑ (...) Por um lado o pseudoconformismo, e ao gal e do Brasil em interpretações de canções mesmo tempo uma atitude muito lutadora e anteriores, com novos e eclécticos arranjos. muito tenaz” 1. A música, particularmente propí‑ As marcantes Afinidades descobertas com os cia a um dinamismo especial em palco por Clã por ocasião do concerto que partilharam efeitos de pergunta/resposta, é também aglu‑ na Expo’98, bem como a cumplicidade encon‑ tinadora de referências tão díspares e entro‑ trada com Nuno Rafael, estiveram na base de sadas que a denunciam como pessoalíssima uma mudança de sonoridade decisiva no rosto de Sérgio Godinho. das suas canções: desde finais da década de Poder‑se­ ­‑ia prever que a carreira de tão 1990, os arranjos dados às suas canções por bem sucedido autor e intérprete estagnasse estes músicos, ao vivo e em disco, aproximam­ a partir de uma fase tão clara de consagração ‑nas de sonoridades rock de forma muito assu‑ como essa da primeira metade da década de mida, sempre com audácia e capacidade de oitenta. Mas Sérgio Godinho avisara, nos versos surpreender. Comprovam‑no­ as revisitações de Pano‑Cru­ : “Eu ainda estou por acabar / e ao vivo de Nove e Meia no Maria Matos (2008), como o linho vem da terra / assim viemos eu mas também os originais lançados entretanto e tu / e como tu eu faço e amo / e luto e dou / em Lupa (2000) e Ligação Directa (2006), bem e como tu eu estou / entre aquilo que já fiz / e como em Mútuo Consentimento (2011), de onde aquilo que eu fizer”. E tem continuado a eviden‑ continuam a ouvir‑se­ O Acesso Bloqueado ciar uma abertura de perspectivas e a entregar (numa engenhosa referência à imprevisibili‑ as suas canções a diferentes sonoridades. Nos dade de percursos e de vida no tempo actual) anos seguintes faria experiências contrastan‑ e Bomba­‑Relógio (escrito originalmente para tes nos seus álbuns: aproximar­‑se­‑ia mais dos Cristina Branco, o que não é adivinhável pelo sintetizadores por via de António Emiliano em arranjo que recebeu no álbum). Na Vida Real (1987), tendência ainda notória no

6 Enfim, em todas as etapas do percurso tem havido lugar para revisitar, mas também para Sérgio Godinho experimentar e ousar com prazer. Nas canções voz e composições de Sérgio Godinho há o denominador­‑chave da plasticidade que lhes permite múltiplas leitu‑ Cantor, compositor, escritor (para adultos e ras e as coloca num jogo fugaz em que para crianças), actor (de teatro e cinema), realiza‑ cada canção há “vida” e “ressurreição” sempre dor, Sérgio Godinho é, para citar uma das suas iminente, em que cada chegada se faz partida, canções clássicas, o verdadeiro “homem dos sem estação de desembarque nem destino sete instrumentos”. Mas, numa carreira artística previamente traçado. de invejável longevidade, que se prolonga há Chegados a esta paragem, entremos. Que mais de 40 anos de modo quase intocável, foi o cada um se junte às canções que se fizeram seu trabalho enquanto cantor­‑compositor que suas, na sua própria viagem única e irrepetí‑ o tornou num ícone capaz de reunir à volta das vel de permanente renascer, e as acompanhe. suas canções gerações de diferentes idades, Lado a lado, frente a frente, de olhos postos na vivências e aspirações. janela que o tempo atravessa, leve e livre. Sérgio Godinho não se centra apenas na Bom concerto. música: no início dos anos 70, participa como PEDRO ALMEIDA, 2016 actor durante quase dois anos na produ‑ ção parisiense do musical Hair e em 2008 estreia Onde Vamos Morar de José Maria Vieira Mendes, com encenação de Jorge Silva Melo, que esteve em cena em Lisboa e depois percorreu o país em digressão. Destaca­ ‑se também na área infantil – por exem‑ plo, compondo temas para séries televisivas (Os Amigos de Gaspar, Árvore dos Patafúr‑ dios) ou escrevendo a peça de teatro Eu, tu ele nós vós eles em 1980, premiada pela Secreta‑ ria de Estado da Cultura. O cantautor também se revelou na escrita, não só de obras infanto­‑juvenis como A Caixa e O Pequeno Livro dos Medos (cujas ilustrações também lhe pertencem), como na poesia com a edição em 2009 de O Sangue Por Um Fio. É de destacar ainda a edição de 60 Canções 1 Citações retiradas do livro Retrovisor: Uma de Sérgio Godinho – um dos primeiros livros Biografia Musical de Sérgio Godinho, de Nuno de partituras a ser editado em Portugal – e a Galopim (Assírio & Alvim, 2006). sua biografia musical, Retrovisor, escrita por 2 Entrevista de Pedro Almeida a Sérgio Godinho, Nuno Galopim. 19/04/2011.

7 Em Outubro de 2009, juntou­‑se a José encontra dentro do seu próprio repertório, Mário Branco e Fausto Bordalo Dias para socorrendo­‑se da canção publicada em 1974 quatro noites que ficarão na história da música no álbum À Queima‑Roupa­ . Depois de três portuguesa – Três Cantos. Foram quatro noites apresentações lotadas no São Luiz, o espectá‑ com lotação esgotada no Campo Pequeno e culo partiu em digressão, dando origem a mais Coliseu do Porto. Este reencontro ficou regis‑ um registo ao vivo. Ainda em 2014, Sérgio Godi‑ tado em CD e DVD com a edição de Três nho publicou Vidadupla, a sua primeira publi‑ Cantos ao Vivo, que atingiu o Galardão de Ouro cação na área do conto, sucedendo assim às na sua semana de edição. edições de poesia e infanto­‑juvenis. Mútuo Consentimento foi lançado em Irrequieto e aventureiro, Sérgio Godinho Setembro de 2011 e entrou directamente para guardou para 2015 algo que há muito projec‑ o n.º 1 do Top Nacional de Vendas, revelando tava viesse a suceder – a partilha de palco algumas parcerias inéditas: Bernardo Sassetti, com Jorge Palma. JUNTOS foi o nome dado Noiserv, Francisca Cortesão (aka Minta), o ao projecto que “juntou” em palco dois nomes percussionista António Serginho (Foge Foge maiores da música nacional e que foi fixado Bandido) e a Roda de Choro de Lisboa são para a posteridade no CD+DVD captado no alguns dos que se juntaram à banda que tem Theatro Circo em Braga, divulgado ao grande acompanhado Sérgio Godinho nos últimos público no final de 2015. A par deste projecto, anos – “Os Assessores”. A par desta publica‑ Sérgio Godinho apresentou o espectáculo ção, a comemoração dos 40 anos de activi‑ Liberdade por todo o país a ainda fora de fron‑ dade musical foi ainda celebrada pela edição teiras, em Macau e em Espanha, no âmbito da do livro Sérgio Godinho e as 40 Ilustrações, Mostra Portuguesa realizada no país vizinho. onde as suas letras são “revistas” por outros tantos ilustradores; e, já em 2012, o livro de crónicas Caríssimas 40 Canções, centrado na “canções dos outros”, num olhar pessoal e rememorativo dos intérpretes e autores que marcaram o seu percurso. Em 2013, foi galardoado com o Prémio Tenco, promovido pela associação cultural italiana Cosi Di Amilcare. Tendo como ponto de partida o livro de crónicas, concebeu e apresentou no Centro Cultural de Belém e na Casa da Música o espectáculo Caríssimas Canções, cuja gravação foi editada em CD no final de 2013. A propósito da celebração do 40º aniver‑ sário do 25 de Abril de 1974, o São Luiz Teatro Municipal convida o “escritor de canções” para a concepção de um espectáculo de cariz espe‑ cial. Liberdade é o título que Sérgio Godinho

8 Pedro Guedes direcção musical Orquestra Jazz de Matosinhos

Na última década e meia, Pedro Guedes teve A Orquestra Jazz de Matosinhos, criada em um papel crucial na transformação do meio 1999 com o apoio da Camara Municipal de jazzístico do Porto. Em 1999, fundou a Orques‑ Matosinhos, e um laboratorio permanente. Nao tra Jazz de Matosinhos, da qual é Director esquece a tradiço das grandes big bands do Artístico, Director Musical (em parceria com passado, mas promove continuamente a cria‑ Carlos Azevedo), compositor, arranjador e ço, a investigaço, a divulgaço e a formaço pianista. Em 2001, juntamente com Carlos na area do jazz, cruzando a ambiço interna‑ Azevedo, criou a primeira Licenciatura em cional com o sentido de responsabilidade local. Jazz do país, que já formou dezenas de músi‑ Constituindo uma autentica orquestra cos e trouxe um acréscimo de qualidade ao nacional de jazz, apresenta repertorios de meio jazzístico da região. Desde então e até à todas as variantes esteticas e de todas as actualidade, estes são os projectos aos quais epocas do jazz, assumindo­‑se como um forum se entrega de corpo e alma. alargado de compositores e musicos, lancando Pedro Guedes diplomou­­‑se na New School pontes, estabelecendo parcerias e produzindo for Jazz and Contemporary Music em 1994, um repertorio nacional especifico para big estudando com alguns dos mais reputados band contemporaneo, versatil e diverso. músicos de jazz. Foi Director Musical da Walt Dirigida por Pedro Guedes e Carlos Disney em Portugal, e em 1997 fundou a Héri‑ Azevedo, tem colaborado com nomes tao tage Big Band – orquestra que daria origem diversos como Maria Schneider, Carla Bley, à Orquestra Jazz de Matosinhos. Em 1998, Lee Konitz, John Hollenbeck, Jim McNeely, concluiu a pós­­­‑graduação em Scoring for Kurt Rosenwinkel, Joao Paulo Esteves da Silva, Motion Picture and Television na University of Carlos Bica, Ingrid Jensen, Bob Berg, Conrad Southern California em Los Angeles. Entre 1998 Herwig, Mark Turner, Rich Perry, Steve Swallow, e 2001 foi programador do Festival de Jazz do Gary Valente, Dieter Glawischnig, Stephan Porto. Foi ainda coordenador e programador Ashbury, Chris Cheek, Ohad Talmor, Joshua da área do Jazz na Capital Europeia da Cultura Redman, Andy Sheppard, Dee Dee Bridgewa‑ – Porto 2001. É professor em regime de exclu‑ ter, Maria Rita, Maria Joao, Mayra Andrade e sividade na Licenciatura em Jazz da ESMAE. Manuela Azevedo, entre muitos outros. A OJM tem actuado regularmente nas principais salas do pais e tambem em Barce‑ lona, Bruxelas, Milao, Nova Iorque, Boston e Marselha. Foi a primeira formaço portu‑ guesa de jazz a participar num festival norte­ ‑americano (JVC Jazz Festival, Carnegie Hall, em 2007), participou no Beantown Jazz Festi‑ val de Boston e realizou temporadas nos clubes nova­‑iorquinos Birdland, Jazz Standard, Jazz Gallery e Iridium. Em 2015 voltou a integrar o

9 cartaz do Voll‑Damm Festival Internacional Madeiras de Jazz de Barcelona, e em 2016 actuou no José Luís Rego Blue Note de Nova Iorque e na Konzerthaus de João Guimarães Ferreira Viena, onde apresentou Our Secret World, com Mário Santos Kurt Rosenwinkel. José Pedro Coelho A discografia da OJM comecou a ver a luz Rui Teixeira do dia em 2006 e e o reflexo de algumas das suas colaboraçes mais solidas. Depois de Trompetes Orquestra Jazz de Matosinhos Invites: Chris Gileno Santana Cheek (Fresh Sound New Talent), surgiu Porto‑ Ricardo Formoso logy (Omnitone), com Lee Konitz como compo‑ Susana Silva sitor e solista principal. Da colaboraço com o Rogério Ribeiro guitarrista Kurt Rosenwinkel resultou a grava‑ ço de Our Secret World (WomMusic, 2010), Trombone lancado nos EUA e em Portugal. Em 2011 foi Daniel Dias editado o album com a cantora Maria Joao, Paulo Perfeito Amoras e Framboesas (Universal Music). Em Andreia Santos 2013 surgiu Bela Senao Sem (TOAP), com Gonçalo Dias arranjos originais sobre a musica do pianista Joao Paulo Esteves da Silva. Em 2014 foi Secção Rítmica editado o album Jazz Composers Forum: José Miguel Moreira (guitarra) today’s european­‑american big band writing Carlos Azevedo (piano) (TOAP), trabalho que resultou da gravaço de José Carlos Barbosa (contrabaixo) oito encomendas feitas a oito compositores, Marcos Cavaleiro (bateria) quatro americanos e quatro europeus, para o António Sérgio Lima (percussão) ciclo de concertos com o mesmo nome. A Orquestra desenvolve igualmente, desde 2010, um projecto destinado a criaço de um Centro de Alto Rendimento Artístico (CARA) em Matosinhos, promovendo o dialogo entre arte, ciencia e tecnologia, designadamente atraves de projectos multidisciplinares que visem a investigaço e desenvolvimento de soluçes para a criaço, fruiço e dissemina‑ ço de conteudos criativos. FUNDAÇÃO CASA DA MÚSICA

CONSELHO DE FUNDADORES EMPRESAS AMIGAS DA FUNDAÇÃO Presidente CACHAPUZ LUÍS VALENTE DE OLIVEIRA CREATE IT Vice-Presidentes DELOITTE JOÃO NUNO MACEDO SILVA EUREST JOSÉ ANTÓNIO TEIXEIRA EXTERNATO RIBADOURO GRUPO DOUROAZUL ESTADO PORTUGUÊS MANVIA S. A. MUNICÍPIO DO PORTO NAUTILUS S. A. GRANDE ÁREA METROPOLITANA DO PORTO SAFIRA FACILITY SERVICES S. A. ACA GROUP STRONG SEGURANÇA S. A. ÁGUAS DO PORTO AMORIM INVESTIMENTOS E PARTICIPAÇÕES, SGPS, S. A. OUTROS APOIOS ARSOPI - INDÚSTRIAS METALÚRGICAS ARLINDO S. PINHO, S. A. FUNDAÇÃO ADELMAN AUTO - SUECO, LDA. I2S AXA PORTUGAL, COMPANHIA DE SEGUROS, S. A. PATHENA BA VIDRO, S. A. RAR BANCO BPI, S. A. SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE LISBOA BANCO CARREGOSA VORTAL BANCO COMERCIAL PORTUGUÊS, S. A. BANCO SANTANDER TOTTA, S. A. PATRONO DO MAESTRO TITULAR DO REMIX ENSEMBLE CASA DA MÚSICA BIAL - SGPS S. A. SONAE SIERRA CAIXA ECONÓMICA MONTEPIO GERAL CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS PATRONO DO CONCERTINO DA ORQUESTRA SINFÓNICA DO PORTO CASA DA MÚSICA CEREALIS, SGPS, S. A. THYSSENKRUPP CHAMARTIN IMOBILIÁRIA, SGPS, S. A. CIN S. A. COMPANHIA DE SEGUROS ALLIANZ PORTUGAL,S. A. COMPANHIA DE SEGUROS TRANQUILIDADE, S. A. CONTINENTAL MABOR - INDÚSTRIA DE PNEUS,S. A. CPCIS - COMPANHIA PORTUGUESA DE COMPUTADORES INFORMÁTICA E SISTEMAS, S. A. FUNDAÇÃO EDP EL CORTE INGLÊS, GRANDES ARMAZÉNS, S. A. GALP ENERGIA, SGPS, S. A. GLOBALSHOPS RESOURCES, SLU GRUPO MEDIA CAPITAL, SGPS S. A. GRUPO SOARES DA COSTA, SGPS, S. A. GRUPO VISABEIRA - SGPS, S. A. III - INVESTIMENTOS INDUSTRIAIS E IMOBILIÁRIOS, S. A. LACTOGAL, S. A. LAMEIRINHO - INDÚSTRIA TÊXTIL, S. A. METRO DO PORTO, S. A. MSFT - SOFTWARE PARA MICROCOMPUTADORES, LDA. MOTA - ENGIL SGPS, S. A. MUNICÍPIO DE MATOSINHOS NOVO BANCO S.A. OLINVESTE - SGPS, LDA. PESCANOVA PORTO EDITORA, S.A. PORTUGAL TELECOM, SGPS, S. A. PRICEWATERHOUSECOOPERS & ASSOCIADOS RAR - SOCIEDADE DE CONTROLE (HOLDING), S. A. REVIGRÉS - INDÚSTRIA DE REVESTIMENTOS DE GRÉS, S. A. TOYOTA CAETANO PORTUGAL, S. A. SOGRAPE VINHOS, S. A. SOLVERDE - SOCIEDADE DE INVESTIMENTOS TURÍSTICOS DA COSTA VERDE, S. A. SOMAGUE, SGPS, S. A. SONAE SGPS S. A. TERTIR, TERMINAIS DE PORTUGAL, S. A. TÊXTIL MANUEL GONÇALVES, S. A. UNICER, BEBIDAS DE PORTUGAL, SGPS, S. A. MECENAS PROGRAMAS DE SALA PATROCÍNIO MECENAS ORQUESTRA SINFÓNICA APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PRINCIPAL VERÃO NA CASA DO PORTO CASA DA MÚSICA CASA DA MÚSICA