Fernando Marcílio Lopes Couto
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View metadata, citation and similar papers at core.ac.uk brought to you by CORE provided by Repositorio da Producao Cientifica e Intelectual da Unicamp Fernando Marcílio Lopes Couto CHICO BUARQUE: MÚSICA, POVO E BRASIL Dissertação apresentada ao Curso de Teoria Literária do Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Mestre em Lingüística, na área de Literatura Brasileira Orientadora: Profa. Dra. Adélia Toledo Bezerra de Meneses UNICAMP Instituto de Estudos da Linguagem Campinas, 2007 Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca do IEL - Unicamp Couto, Fernando Marcílio Lopes. C837c Chico Buarque : música, povo e Brasil / Fernando Marcílio Lopes Couto. -- Campinas, SP : [s.n.], 2007. Orientador : Adélia Toledo Bezerra de Meneses. Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Estudos da Linguagem. 1. Buarque, Chico, 1944-. 2. Música. 3. Música popular brasileira. 4. Brasil. I. Meneses, Adélia Toledo Bezerra de. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Estudos da Linguagem. III. Título. Título em inglês: Chico Buarque: music, people and Brazil. Palavras-chaves em inglês (Keywords): Chico Buarque; Music; Brazilian popular song; Brazil. Área de concentração: Literatura Brasileira. Titulação: Mestre em Teoria e História Literária. Banca examinadora: Profa Dra. Adélia Toledo Bezerra de Meneses (orientadora), Profa. Dra. Suzi Frankl Sperber, Prof. Dr. Roberto Goto. Suplentes: Profa. Dra. Marisa Philbert Lajolo e Profa. Dra. Maria do Carmo Martins. Data da defesa: 23/02/2007. Programa de Pós-Graduação: Programa de Pós-Graduação em Teoria e História Literária. RESUMO Chico Buarque: Música, Povo e Brasil A carreira do compositor Chico Buarque de Hollanda teve início ao mesmo tempo em que se consolidava no Brasil o conceito de Música Popular Brasileira – MPB – como nós o utilizamos hoje. Essa denominação surgiu em meados dos anos 1960, reunindo o que então se considerava representativo da genuína cultura brasileira, no âmbito da música. Nesse sentido, a MPB herdava o esforço de um grupo de artistas originalmente ligados à Bossa Nova – como Carlos Lyra, por exemplo – de construir uma arte musical mais comprometida com a realidade social, o que acabaria gerando a chamada “canção de protesto”. Embora a sigla MPB tenha aumentado sua abrangência, excluía algumas correntes musicais, como a da Jovem Guarda, vista então como manifestação juvenil e alienante veiculada pelos meios de comunicação de massa, que atendiam, com isso, aos interesses de despolitização social do estado ditatorial instaurado com o golpe de 1964. Ao lado de nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo, Elis Regina, Milton Nascimento, entre outros, o de Chico Buarque associou-se rapidamente à própria definição de MPB. Essa associação talvez tenha contribuído para o obscurecimento de um aspecto fundamental: as reflexões que sua obra apresenta em torno dos conceitos de música, de povo e de Brasil (exatamente as palavras cujas iniciais formam a sigla MPB). Uma análise mais cuidadosa da parte da produção de Chico que trata desses temas mostra um artista em constante questionamento, opondo-se a verdades estabelecidas e a conceitos tomados como absolutos. Assim, a imagem de povo que sobressai da obra é marcada pela pluralidade, fugindo, dessa forma, a uma visão unívoca. Da mesma maneira, o Brasil que emerge da música buarqueana está longe de ser uma entidade plenamente definida. A reflexão em torno da música gira em torno do efeito de transformação social da canção. Enquanto, de um lado, muitas das composições de Chico afirmam esse poder, outras o contestam, produzindo uma obra repleta de tensão e de questionamento. Quando esse questionamento atinge a figura do próprio artista, as reflexões se tornam incisivas. Isso ocorre notadamente nas peças de teatro escritas por Chico Buarque, nas quais sobressai a temática da traição, idéia entendida como um dos perigos que rondam a relação do artista com a sociedade que ele julga representar. ABSTRACT Chico Buarque: Music, People and Brasil Chico Buarque de Hollanda’s career as a songwriter began at the same time Brazil’s concept of Música Popular Brasileira (MPB) – as we know it today – was being consolidated. Such concept arose in the mid-1960s, drawing together what was then considered representative concerning the authentic music of Brazilian culture. In this sense, MPB inherited the previous effort of a Bossa Nova group of artists – among them, Carlos Lyra, for example – a group that comprised a musical art more committed to Brazil’s social reality, which would end up in what is called “protest song.” Although what was meant by MPB increased its comprehensiveness, it excluded some musical trends such as Jovem Guarda, regarded as a movement detached from Brazil’s political reality and supported by the mass media of communication that at the time served the interests the dictatorial regime brought by the 1964 coup d'état. Along with Caetano Veloso, Gilberto Gil, Edu Lobo, Elis Regina, Milton Nascimento and others, the name of Chico Buarque soon became associated with the definition of MPB itself. Maybe this association has contributed to the obscurity of a fundamental aspect of his work: his reflections on the concepts of music, people and Brasil (exactly what the letters MPB stand for). A more careful analysis of Chico’s production that deals with these themes shows an artist in constant questioning, opposing pre-established truths and absolute concepts. Thus, the image of people that comes from his compositions is marked by plurality, escaping from a univocal view. Likewise, the Brasil that emerges from Buarque’s music is far from being a completely defined entity. His thought concerning music deals with the social alteration effect of a song. Whereas many of Chico Buarque’s songs assert such power, other pieces contest him, displaying song works full of tension and questioning. When this questioning comes to the artist himself, the reflections become quite incisive. This is clearly seen in his theatrical plays in which the theme of betrayal is pointed out, an idea that is understood as one of the dangers that go with the relationship between the artist and the society that he thinks he represents. AGRADECIMENTOS Uma pesquisa que demorou vinte anos para ser apresentada deve a muita gente. À Adélia, a quem devo, mais do que a orientação, a própria conclusão da dissertação, dívida a que se acrescenta o que ela me presenteou com paciência, compreensão e afeto. Ao meu lado, sob a mesma orientação, estava o Nelson, a quem devo o apoio, a amizade e o companheirismo. À banca de qualificação, Marisa Lajolo e Suzi Sperber, pela leitura, pelas opiniões e pelas contribuições, feitas sempre de maneira generosa e atenta. Ao nome de Suzi, na banca de defesa, acrescenta-se o de Roberto Akira Goto, com observações precisas e sensíveis. Há vinte anos, tive a mesma consideração por parte dos primeiros leitores e orientadores: Kazumi Munakata, Alcir Lenharo e, notadamente, Roberto Schwarz. Aos colegas que sempre estimularam sua conclusão: Dácio e De Paula. E aos muitos amigos que continuaram acreditando que ela seria concluída, dos quais faço representantes Nivaldo, Renato, Paulo e Marco Antônio. À família Pimentel, presença constante. Às mulheres que me transmitiram o vírus Chico Buarque: Vera, Rosana e Regina. E àqueles que permitiram que o vírus tomasse conta da família: Cyro e Edyr. Ninguém pode avaliar melhor do que essas pessoas o que a conclusão desse trabalho representa para mim. DEDICATÓRIA À Bete, embora não possa dedicar a ela o que sempre foi dela, desde o começo. Ao Pedro e ao Vinícius, para que busquem sempre seguir suas paixões. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ........................................................................................... 8 BONS CONSELHOS (PERCURSOS CRÍTICOS) ................................... 8 UM ARTISTA BRASILEIRO (CHICO E A MPB) ............................... 23 CAPÍTULO 1 – ESSA TRALHA IMENSA CHAMADA BRASIL ........................ 29 UMA BOA DOSAGEM DE LIRISMO ................................................. 29 UM BRASIL QUE NÃO ESTÁ NEM AÍ .............................................. 34 CIVILIZAÇÃO ENCRUZILHADA ...................................................... 42 CAPÍTULO 2 – O POVARÉU SONÂMBULO ................................................ 52 OPERÁRIO PADRÃO EM DIA DE PESCAR ........................................ 54 MAMBEMBE ................................................................................ 58 QUEM CANTA COMIGO? .............................................................. 67 PÓS-PÓS MODERNIZAR ................................................................ 76 O POVARÉU SONÂMBULO ............................................................ 83 CAPÍTULO 3 – A ILUSÃO PASSAGEIRA ..................................................... 86 A BANDA PASSA EM DISPARADA ................................................... 91 UM SILÊNCIO TÃO DOENTE ......................................................... 100 PRA CONFESSAR QUE ANDEI SAMBANDO ERRADO ....................... 106 A PALAVRA DÓCIL ...................................................................... 112 CAPÍTULO 4 – A TRAIÇÃO DO ELOGIO ... ................................................ 117 CALABAR: OS MISTÉRIOS DA TRAIÇÃO ......................................... 117 RODA-VIVA: A ATITUDE TRAIÇOEIRA ............................................ 126 GOTA D’ÁGUA: A TRAIÇÃO COMO LEMA ...................................... 129 ÓPERA DO MALANDRO: