<<

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas

Título: A CULTURA AFRICANA NAS MANIFESTAÇÕES BRASILEIRAS: MÚSICA E DANÇA ().

Autor: APARECIDA PASCHOALOTTO ALVES

Disciplina/Área: Arte

Colégio Estadual de Ensino Fundamental e PRODUÇÃO DIDÁTICO Médio “Durval Ramos Filho” PEDAGÓGICO

FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA PROFESSOR PDE 2014

Escola de Implementação do Projeto e sua localização:

Município da escola: Andirá

Núcleo Regional de Educação: Jacarezinho-Pr

Professor Orientador: Cleusa Erilene dos Santos Cacione

Instituição de Ensino Superior: Universidade Estadual de Londrina

Relação Interdisciplinar: História, Educação Física, Língua Portuguesa

A elaboração e aplicação da unidade didático-pedagógica justifica-se pela influência africana no processo de formação cultural do Brasil e corrobora também com a Lei 10.639/03 que prevê a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na educação básica. Objetiva-se oportunizar aos alunos do 8º Resumo: ano do ensino fundamental do Colégio “Durval Ramos Filho” a apreciação, vivência e conhecimento da música e dança brasileiras que tiveram influência da cultura afro, em especial o samba. Para a concretização dos objetivos utilizaremos na proposta de trabalho o quadro “Samba” do artista Heitor dos Prazeres, onde vemos a 1

junção entre os africanos e a dança, no território brasileiro, além da exploração de outras composições do gênero samba. O samba foi escolhido por representar a miscigenação de um povo, pois começou nos morros e favelas, mencionando o cotidiano das pessoas. Assim sendo, pretende-se que os alunos apreendam e valorizem a contribuição africana para a música brasileira, seus ritmos, instrumentos, danças e importância para o atual retrato da sociedade.

Palavras-chave: Música; dança; cultura afro; cultura brasileira

Formato do Material Didático: Unidade Didática Público: 8º ano do Ensino Fundamental

2

PRODUÇÃO DIDÁTICO PEDAGÓGICA

UNIDADE DIDÁTICA

PRAZERES. Heitor dos. Samba. In: Artes Plásticas. Disponível em: http:. Acessado em 30 de out. de 2014.

PARA COMPREENDER A ARTE DE UM POVO É PRECISO VER SUAS OBRAS NÃO COMO ALGO ISOLADO E SIM, CONHECER A CULTURA DA QUAL PROCEDEM (Hernandéz, 2000. p.261)

3

APRESENTAÇÃO

A Unidade Didática tem por objetivo elaborar atividades que dialoguem sobre a influência africana no processo de formação cultural do Brasil, a fim de reafirmar também a Lei 10.639/03, que esclarece sobre a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na educação básica. As atividades serão direcionadas no sentido de fazer com que os alunos do 8º ano do ensino fundamental do Colégio “Durval Ramos Filho” conheçam, analisem, apreciem, interpretem, relacionem o samba com a formação da cultura brasileira e reproduzam a dança, os instrumentos, as músicas, destacando-se assim a presença e elementos da cultura afro no samba. Diante do exposto este material pedagógico apresentará alternativas para o trabalho pedagógico com o quadro “Samba” do artista Heitor dos Prazeres, onde é retratado a dança, o negro, os instrumentos musicais, como também outras composições musicais desse gênero que destaquem a presença não somente do negro em sua composição, mas do povo e de sua contribuição cultural e social para o país. Assim, destaca-se que viver democraticamente em uma sociedade plural implica em saber respeitar a diversidade cultural presente nos diferentes grupos que a constituem. Conforme registros históricos de diferentes áreas do conhecimento, o Brasil é um celeiro cultural recheado não só por diferentes etnias, como por imigrantes de diferentes países que aqui chegaram trazendo na bagagem sua herança cultural. Desta forma, conhecer a diversidade etnocultural que compreende o patrimônio sociocultural brasileiro é um grande desafio que a escola tem pela frente. Busca-se também nessa unidade didática, a compreensão da dimensão social da cultura afro, por meio da arte. Para atingir essa meta utilizaremos músicas, leitura de obras, instrumentos de percussão e danças, visando, um entendimento da presença das raízes culturais africanas em nossa formação. A implementação da unidade didática ocorrerá no primeiro semestre de 2015 e culminará em uma exposição dos trabalhos realizados pelos alunos, em apresentações de danças e instrumentos musicais, onde será demonstrado para a

4

comunidade o quão a cultura brasileira é mesclada e rica em sua composição e todos seus contribuintes necessitam ser destacados.

REFERENCIAL TEÓRICO

A Unidade Didática visa destacar a influência africana no processo de formação cultural brasileira, delineada com a chegada dos africanos no continente brasileiro, por intermédio do tráfico de escravos, com uma grande diversidade cultural vindos de várias regiões da África. A contribuição do negro em todos os segmentos da cultura brasileira é incontestável, seja na música, na dança, na culinária, na religiosidade, enfim toda nossa cultura tem um pedaço da África. Conforme afirmam Pan e Teles (2006, p.45), “Uma das várias influências da cultura africana para a identidade do povo brasileiro, foi na música com a percussão, constituindo um leque bastante significativo para a formação da cultura brasileira”. Com o advento da Lei 10.639/03, a qual prevê a obrigatoriedade do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira na educação básica, reforça-se na disciplina de Artes, a inserção deste conteúdo tanto na educação infantil como no ensino fundamental I e II como no Ensino Médio. A proposta de trabalho aqui apresentada foi inspirada no quadro: “Samba” de Heitor dos Prazeres, que manifesta sua arte pintando africanos com roupas coloridas, dançando ao som de instrumentos de percussão. De acordo com Alba Lírio, Heitor dos Prazeres se consagrou como um:

Expoente do cavaquinho que criou um método revolucionário para o instrumento. Compositor, instrumentista e letrista, em parceria com compôs a música carnavalesca Pierrô Apaixonado. Notabilizou-se como compositor de música popular. Em meados dos anos 30, época em que começou a pintar mulatas, malandros, o samba e o mundo da favela. Participou da Bienal de São Paulo em 1951. Fez diversas obras individuais no Brasil, mostras nacionais e internacionais. Uns de seus quadros foram adquiridos pela rainha da Inglaterra. (LÍRIO, 2003.p. 12)

Nas palavras de Heitor dos Prazeres, por Alba Lírio, “A pintura e a música sempre fizeram parte de minha vida, o meu era acompanhado por cavaquinho e violão, meu sorriso provocado pelas cócegas dos pincéis nas palmas de minhas mãos e nas solas dos meus pés”. (LÍRIO, 2003.p. 34) 5

Os ritmos de maior significação na formação cultural da música popular brasileira, segundo Caldas (2000) foram o Cateretê, o lundu e a habanera. De origem Cubana, a habanera, veio ao Brasil através de Portugal e é da fusão com o tango brasileiro, que deu origem ao maxixe. Desta forma reforça-se a função lúdica da música e o que ela representa para o povo brasileiro: diversão, lazer, marcando presença na sociedade brasileira com seus ritmos e estilos permitindo assim o melhor conhecimento da sociedade.Embora o foco deste trabalho não seja a abordagem sobre o uso e funções da música é importante registrar que a música tem outras funções alem de seu aspecto lúdico. Hummes (2004) registra em seu artigo Por que é importante o ensino de música? Considerações sobre as funções da música na sociedade e na escola as categorias elaboradas por Allan Merriam:

Merriam (1964) aponta uma diferença entre “usos” e “funções” da música. A maneira como uma música é usada pode determinar sua função, o que não significa que a música tenha sido elaborada para aquela função. Ele comenta que O “uso”, então, se refere à situação na qual a música é aplicada em ações humanas; a “função” diz respeito às razões para o seu emprego e, particularmente, os propósitos maiores de sua utilização. (Merriam, 1964, p. 209).

No século XIX surgiu à expressão musical urbana, através da mistura de negros, portugueses e sons indígenas, assim o samba se originou da mistura musical de origem africana e brasileira, tocado com instrumentos de percussão, acompanhados de cavaquinho e violão. As letras de retratam a vida e o cotidiano das pessoas que moram nas cidades, principalmente das camadas mais pobres. O samba, de origem africana, tem seu significado relacionado às danças típicas tribais do continente. Tem suas raízes fincadas na terra brasileira, no período do Brasil Colonial, com a vinda de mão de obra escrava. O primeiro samba gravado no Brasil foi Pelo Telefone, em 1917, a letra foi escrita por Mauro de Almeida e , cantado por Bahiano. Alguns anos depois o samba espalha-se nas ruas dos carnavais do Brasil, com seus principais sambistas: Heitor dos Prazeres e Sinhô . Na época de 1930, o samba é difundido no Brasil e as estações de rádio, começam a tocar os sambas para os lares. Os grandes expoentes e compositores 6

sambistas desta década: Noel Rosa (autor de Conversa de Botequim); Carlota (autora de As rosas não falam); (O Que a Baiana Tem); (Aquarela do Brasil) e Adorinan Barbosa ( Trem das Onze). Os sambas mais conhecidos e de sucesso são os da Bahia, do e de São Paulo. O samba baiano teve como influência o lundu e maxixe, suas letras são simples, seu ritmo é repetitivo e balanço rápido. O samba de roda surgiu na Bahia, século XIX, possui elementos da cultura afro-brasileiros. Os dançarinos dançam dentro de uma roda, com cantos e palmas, através de conjunto musical, utilizando o atabaque, a viola, o berimbau, pandeiro e chocalho. No meio dos paulistas o samba tem conotação de misturas de raças. Teve influência italiana, e as letras das músicas são bem elaboradas. Os principais tipos de samba, Samba-enredo, Samba de , , Samba-canção, Samba carnavalesco, Samba-exaltação, Samba de breque, e Sambalanço. Na cidade do Rio de Janeiro, o samba está relacionado com a vida nos morros, as letras retratam a vida urbana dos trabalhadores e as dificuldades da vida, porém sem perder o humor. O samba de morro possui algumas características estéticas que o identificam de imediato. “Sua forma musical, segundo Renato Almeida, é composta de uma única estrofe criada pelo mestre de harmonia e constantemente retomada em forma de estribilho poético pelos participantes”. (CALDAS, 2000, p.30). O Samba Exaltação, teve sua difusão através do rádio, pois foi a partir de 1930 que o rádio alcançou maior abrangência, em grande parte em função do interesse político do Estado, que percebe sua utilização como veículo capaz de divulgar, em todo território, o sentimento de nacionalismo predominante no governo de Getulio Vargas (1930-1945). A partir daquele instante, o disco foi à principal matéria prima das emissoras. Naquele momento, já estávamos vivendo os primeiros anos de euforia do rádio, começavam a surgir os grandes astros e estrelas da nossa música popular. O Samba Canção marcou a década de 50. Embora tenha surgido efetivamente na década de 40 com Ave Maria no morro de Herivaldo Martins, gravado pelo Trio de Ouro, em 1942, marca o início deste gênero musical, mas foi só em 1950 que ele ressurgiu com toda força. E, Vingança, de Lupicinio Rodrigues, 7

em 1951, interpretada por Linda Batista, foi uma das músicas expressivas do estilo da época. O Samba canção possuía um discurso mais ou menos padronizado. Em sua grande maioria abordava as desventuras do amor, culminando com a autopunição e o desejo de morte. Nada era mais importante que a presença da mulher amada. O poeta, embora sofrendo, quase morrendo de amor, prefere entender tudo, atribuir seu infortúnio ao destino e resignar-se diante da situação. É o que acontece em Deusa do asfalto, interpretada por Nelson Gonçalves. Após essa apresentação histórica um dos motivadores para a pesquisa e aplicação da Unidade Didática no ambiente escolar foi a Lei Nº 10.639/03, que vem reforçar o papel da História e Cultura Afro-brasileiras e Africanas na formação do povo brasileiro.

Lei Nº 10.639/03

No ano de 2004, de acordo com o Parecer do Conselho Nacional de Educação a Lei 10.639/03 torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro- brasileiras e Africanas, em escolas públicas e particulares, o objetivo era retomar uma participação histórica que durante muito tempo foi deixada de lado, somente valorizando a participação do europeu na formação do país. Essa participação diz respeito a toda a cultura que foi transmitida ao povo brasileiro e miscigenada em sua constituição.

História dos africanos

Durante muita tempo a África foi representada no imaginário das pessoas como um continente onde se encontrava somente guerras, miséria, uma população pobre em condições subumanas de existência e desenvolvimento. Porém, atualmente destaca-se a contribuição e a diversidade cultural que a África detém essa multiplicidade cultural também é vista em suas danças, músicas, religiões, comidas, instrumentos musicais, medicina, roupas, entre outros elementos.

8

MATERIAL DIDÁTICO

O material didático será composto por instrumentos musicais, danças, letras de músicas, especificamente o samba, e as atividades trabalhadas visam contribuir para o destaque e valorização da cultura africana em nossa formação e manifestação cultural.

DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES

O objetivo pedagógico é apresentar atividades que contribuam para a construção do conhecimento sobre a cultura afro-brasileira, especificamente sua influência nas danças e músicas, como o samba que é tão representativo para o Brasil hoje.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ATIVIDADE 1

Iniciaremos, com a breve explanação sobre a África e com a apresentação do mapa do Brasil e da África.

a) Em seguida será apresentado o filme: “O Fio da Memória” (duração 1:59:54) de Eduardo Coutinho, onde a narrativa gira em torno das lembranças do Senhor Gabriel, que era filhos de escravos, nascido após a Abolição. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=UrIwQT_KKp8 (acesso em 22/11/2014)

O intuito é que os alunos percebam como o negro era reconhecido no período, através dos seus próprios olhos e sentimentos.

9

b) Como momento de apreciação e sensibilização a professora pedirá para os alunos reproduzirem em forma de desenho a mão livre três elementos que lhe chamaram atenção no filme.

c) Seguido de um questionário sobre o conteúdo do filme:  Quem é o personagem principal do filme?  Descreva-o:  Como o negro é visto na sociedade do período após a abolição?  Quais são os “sonhos e pensamentos” do Senhor Gabriel?

d) Será realizada também com os alunos uma entrevista sobre instrumentos musicais de percussão, com os seguintes questionamentos:  Alguém de vocês conhece algum instrumento de percussão?Cite-o.  Quem sabe tocar um instrumento de percussão?  Podemos recriá-los ou reproduzi-los na escola?

e) Os instrumentos de percussão serão apresentados para os alunos se familiarizarem com os sons produzidos.

INSTRUMENTOS DE PERCUSSÃO

Fig. 01. Instrumentos de Percussão. Fontehttp://www.mundomax.com.br/blog/instrumentos- musicais/os-instrumentos-de-percussao-e-seus-nomes/ 10

ATIVIDADE 2

Para a apreciação da música será demonstrado para os alunos a História do Samba e sua evolução, as diferenças e semelhanças entre Samba Morro, Samba Exaltação, Samba Canção, Samba Enredo e .

CONCEITUANDO O SAMBA

Neste momento vamos conversar um pouco sobre a História do Samba e suas vertentes:

História do Samba

O samba é uma dança ritmada, forte e acelerada em seu batuque e movimentos, em relação a sua origem, Perna (2005) destaca que a origem é africana e sua chegada no Brasil se deu com os escravos e sua dança o batuque africano. Presente em Angola, Congo, Portugal e Brasil, há registros desde o século XVII de sua manifestação entre os negros como forma de celebração, era realizado em rodas, com o som do batuque acompanhado por palmas. É considerado a raiz do samba. O nome samba vem da mistura de “[...] vários elementos africanos, entre os quais a palavra , significa umbigada” (PERNA, 2005, p.48). O primeiro samba gravado no Brasil foi “Pelo Telefone” no ano de 1917, cuja autoria era de Mauro de Almeida e Donga, seu intérprete foi Bahiano. Alguns anos depois o samba espalha-se pelas ruas e carnavais do país, seus maiores representantes no período foram: Heitor dos Prazeres e Sinhô Ismael Silva (TINHORÃO, 1998).

11

O Samba de Morro é produzido nos morros e favelas do Rio de Janeiro, retrata a vida dos trabalhadores urbanos e a vida dessas pessoas, o samba desponta em popularidade e força a partir do ano de 1922, pois surgem as escolas de samba.

O Samba Exaltação difundiu-se através do rádio no início dos anos de 1930, o nome se deve a sua abrangência e utilização, pois o interesse político do Estado utilizou-o para divulgar o sentimento nacionalista no governo de Getúlio Vargas (1930-1945).

Samba Canção surgiu em meados da década de 1940 o samba “Ave Maria no morro” de Herivaldo Martins, gravado pelo Trio de Ouro em 1942, um samba mais elaborado na melodia, tendo como temas principais o amor, a solidão e suas desventuras, podemos citar como grandes representantes do Samba Canção em seu ápice na década de 40 e 50, Jamelão, Elizeth Cardoso, Noel Rosa, , Nelson Gonçalves, entre outros representantes.

O Samba Enredo ganhou força em 1955 com as escolas de samba, onde os compositores passaram a realizar composições especificamente para os desfiles, onde através da música contavam à história que queriam transmitir.

Por fim, o Samba Reggae é um ritmo misturado com guitarra e outros instrumentos, tem influências do Reggae e do Funk, surgiu em 1996 na Bahia criado pelo maestro Neguinho do Samba e mestre Jackson.

12

MOMENTO MUSICAL

a) O objetivo com essa atividade é ouvir, apreciar e analisar as letras musicais.

Música: Pelo telefone (Donga, ano de gravação 1917). Disponível em: http://www.vagalume.com.br/donga/pelo-telefone.html#ixzz3Pk93A8wq (Acessado 18/10/2014)

PELO TELEFONE O chefe da folia Pelo telefone manda me avisar Que com alegria Não se questione para se brincar

Ai, ai, ai É deixar mágoas pra trás, ó rapaz Ai, ai, ai Fica triste se és capaz e verás

Tomara que tu apanhe Pra não tornar fazer isso Tirar amores dos outros Depois fazer teu feitiço

Ah, se a rolinha, sinhô, sinhô Se embaraçou, sinhô, sinhô É que a vizinha, sinhô, sinhô Nunca sambou, sinhô, sinhô Porque este samba, sinhô, sinhô De arrepiar, sinhô, sinhô Põe perna bamba, sinhô, sinhô

13

Mas faz rodar, sinhô, sinhô (...)

Música: Linda flor (Tom, 1927). Disponível em: http://www.vagalume.com.br/dalva- de-oliveira/ai-ioio-linda-flor.html#ixzz3PkwzLjPb. Acessado em 18/10/2014.

LINDA FLOR Ai, ioiô Eu nasci pra sofrer Foi olhar pra você Meus zoinho fechou E quando os óio eu abri Quis gritar, quis fugir Mas você Eu não sei porque Você me chamou

Ai, ioiô Tenha pena de mim Meu senhor do Bonfim Pode inté se zangar E se ele um dia souber Que você é que é O ioiô de iaiá

Chorei toda noite, pensei Nos beijo de amor que te dei Ioiô, meu benzinho do meu coração Me leva pra casa, me deixa mais não Chorei toda noite, pensei Nos beijos de amor que eu lhe dei Ioiô, meu benzinho do meu coração Me leva pra casa, me deixa mais não !

14

Samba enredo da Escola Imperatriz Leopoldinense, 1989, compositores: Niltinho Tristeza, Preto Jóia, Vicentinho e Jurandir. Disponível em: http://www.vagalume.com.br/imperatriz-leopoldinense/samba-enredo- 1989.html#ixzz3Pky5ufNH. Acessado em 18/10/2014

LIBERDADE, LIBERDADE! ABRE AS ASAS SOBRE NÓS!

Liberdade!, Liberdade! Abre as asas sobre nós E que a voz da igualdade Seja sempre a nossa voz, mas eu digo que vem Vem, vem reviver comigo amor O centenário em poesia Nesta pátria mãe querida O império decadente, muito rico incoerente Era fidalguia e por isso que surgem Surgem os tamborins, vem emoção A bateria vem, no pique da canção E a nobreza enfeita o luxo do salão, vem viver Vem viver o sonho que sonhei Ao longe faz-se ouvir Tem verde e branco por aí Brilhando na Sapucaí e da guerra Da guerra nunca mais Esqueceremos do patrono, o duque imortal A imigração floriu, de cultura o Brasil A música encanta, e o povo canta assim e da princesa Pra Isabel a heroína, que assinou a lei divina Negro dançou, comemorou, o fim da sina Na noite quinze e reluzente Com a bravura, finalmente 15

O Marechal que proclamou foi presidente Liberdade!, Liberdade! Abre as asas sobre nós E que a voz da igualdade Seja sempre a nossa voz, Liberdade!, Liberdade! Abre as asas sobre nós E que a voz da igualdade Seja sempre a nossa voz.

Música: Olhos coloridos (Sandra de Sá, LP 1982, compositor: Macau). Disponível em: http://www.vagalume.com.br/sandra-de-sa/olhos-coloridos.html. Acessado em 18/10/2014.

Os meus olhos coloridos Me fazem refletir Eu estou sempre na minha E não posso mais fugir

Meu cabelo enrolado Todos querem imitar Eles estão baratinados Também querem enrolar

Você ri da minha roupa Você ri do meu cabelo Você ri da minha pele Você ri do meu sorriso

A verdade é que você, Povo Brasileiro Tem sangue crioulo 16

Tem cabelo duro Sarará crioulo, sarará crioulo (2x) Após a reprodução das músicas será realizada as seguintes atividades: Providenciar as letras das músicas para serem entregues aos alunos; Destacar os autores, o ano, época em que as músicas foram escritas; Pesquisar e montar um glossário das palavras diferentes; Ouvir novamente as músicas; Analisar e compreender a situação retratada pela música; Pedir para que os alunos construam uma melodia e ritmo para essas letras, utilizando-se dos instrumentos de percussão já apresentados.

Num segundo momento os alunos terão acesso ao filme com danças afro e terão que observá-las e destacar as similaridades encontradas com as danças brasileiras. 1º Será apresentado instrumentos musicais de percussão da capoeira. 2º Haverá uma oficina sobre instrumentos de percussão e como construí-los, utilizando-se de materiais simples e recicláveis. 3º Os alunos realizarão uma pesquisa sobre a origem e história dos instrumentos utilizados nas músicas africanas.

ATIVIDADE 3

Na atividade 3 a proposta é que os alunos, já com embasamento sobre a África conheçam melhor sobre a cultura brasileira. Como exercício inicial ocorrerá:  Uma pesquisa realizada pelos alunos sobre a biografia e discografia de Ary Barroso;  E uma pesquisa em especial sobre a música “Aquarela do Brasil” (Ary Barroso, 1939) e sua representatividade até os dias atuais. Disponível em: http://www.vagalume.com.br/ary-barroso/aquarela-do-brasil.html. Acessado em 18/11/2014

17

AQUARELA DO BRASIL

Brasil Terra boa e gostosa Meu Brasil brasileiro Da morena sestrosa Meu mulato inzoneiro De olhar indiscreto Vou cantar-te nos meus versos Ô Brasil, samba que dá Ô Brasil, samba que dá Bamboleio, que faz gingar Bamboleio que faz gingar Ô Brasil, do meu amor Ô Brasil, do meu amor Terra de Nosso Senhor Terra de Nosso Senhor Brasil, Brasil Brasil, Brasil Pra mim, pra mim Pra mim, pra mim Oh, esse coqueiro que dá coco Onde eu amarro a minha rede Ah, abre a cortina do passado Nas noites claras de luar Tira a Mãe Preta,do serrado Brasil, Brasil Bota o Rei Congo, no congado Pra mim, pra mim Brasil, Brasil Ah, ouve essas fontes murmurantes Pra mim, pra mim Aonde eu mato a minha sede Deixa, cantar de novo o trovador E onde a lua vem brincar A merencória luz da lua Ah, este Brasil lindo e trigueiro Toda canção do meu amor É o meu Brasil, brasileiro Quero ver a Sa Dona, caminhando Terra de samba e pandeiro Pelos salões arrastando Brasil, Brasil O seu vestido rendado Pra mim, pra mim Brasil, Brasil Pra mim, pra mim Brasil

1) Depois realizarão uma análise sobre a letra da canção, observando: a. A imagem que a música passa sobre o país. b. O significado do título “Aquarela do Brasil”? c. Como o negro é retratado nessa aquarela? 18

2) Para uma melhor assimilação dos conteúdos apresentados, haverá a apresentação do filme: “Zé Carioca e Pato Donald em Aquarela do Brasil” (Duração: 41:56. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=_JvUgDz4eOg). Acessado em 19/11/2014. a) Depois em grupos os alunos partes da música “Aquarela do Brasil” e farão ilustrações.

ATIVIDADE 4

Através dos quadros de artistas como Debret e Heitor dos Pazeres, percebe- se a presença primordial do negro para a construção do país e da cultura brasileira. A intenção é despertar o olhar dos alunos para analisar as cores predominantes nos quadros, as linhas, as texturas, o corpo das pessoas, as roupas, ou seja, o quadro como um todo.

a) Após a interpretação e compreensão dos quadros os alunos recriarão as obras que mais consideraram significativas e deverão apresentar para a turmas as suas conclusões sobre o que está retratado na imagem, qual o contexto da obra, quem seriam as pessoas, o que estavam realizando e detalhes que lhe despertaram a curiosidade e atenção.

b) Em um segundo momento os alunos conhecerão o Histórico da Capoeira, seus instrumentos, movimentos e como ela chegou a nosso país.

19

Berimbau Agogô Afoxé

Fig.02 Instrumentos de capoeira. Fonte Acessado em 02 de Nov. de 2014.

Por fim, realizaremos a construção de um glossário com as palavras desconhecidas pelos adolescentes de origem africana, que foram associadas ao português e apresentações para a comunidade das danças africanas, capoeira, obras reproduzidas pelos alunos e todos os materiais confeccionados durante a implementação da presente Unidade Didática.

20

CRONOGRAMA

Propostas Ago Set Out Nov

Atividade I: 4 Apresentação horas África

Atividade II: 4 História do Samba horas e suas vertentes: Exercitando: 5 5 Momento Musical horas horas

Atividade III: África 3 e a cultura brasileira. horas

Atividade IV: 3 Sensibilização com artistas como horas Debret e Heitor dos Pazeres

Construção de um 6 glossário horas

Avaliação 2 horas

21

REFERÊNCIAS

BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação étnico-raciais e para o ensino de arte e cultura Afro-Brasileira e Africana. DF, out, 2004.

CALDAS, Waldenyr. Iniciação a Música Popular Brasileira. São Paulo: Editora Ática, Série Princípios, 3ª Ed. 2000.

HUMMES. Julia Maria. Por que é importante o ensino de música? Considerações sobre as funções da música na sociedade e na escola. Revista da ABEM, n.º 11, 2004.

LETRAS MUSICAIS: disponíveis em: http://www.vagalume.com.br/

LÍRIO, Alba. Heitor dos Prazeres: Sua Arte e seu Tempo. Belas Artes: 2003.

PAN, Mário e TELES Sandro. A influência africana na percussão do Brasil. Disponível em: http://tabuleirocultural.wordpress.com/2008/03/06 .Acesso 05 de jun. de 2014.

PARANÁ. Diretrizes Curriculares de Arte. Secretaria de Estado da Educação – Departamento da Educação Básica, Curitiba: SEED, 2006.

PERNA, M. A. Samba de Gafieira. 2ª ed. Rio de Janeiro: o autor, 2005.

PORTAL DA CULTURA AFRO. Capoeira. Disponível em: Acesso em 02 de Nov. de 2014.

TINHORÃO, José Ramos. História Social da Música Popular Brasileira. São Paulo, ed. 34, 1ª ed. 1998.

22

______.Música Popular um Tema em Debate. São Paulo, ed. 34, 3ª ed. 1998.

23