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Negros terão destaque em novelas quando brancos pressionarem, por Jeff Benício

Emissoras vão adotar mais diversidade somente sob pressão dos astros da TV

(Terra, 07/05/2018 – acesse no site de origem)

Atores têm muito poder na televisão brasileira. Mas não sabem usá-lo para promover políticas em benefício da própria classe.

No momento, vê-se certa mobilização por conta da votação no STF que poderá extinguir a exigência do registro profissional de artista, chamado de DRT.

No geral, o ego e os interesses pessoais falam mais alto e há pouca união em defesa dos interesses de quem atua em TV, teatro e cinema.

Fabrício Boliveira, Roberta Rodrigues e João Acaiabe estão entre os poucos negros do elenco de ‘’ (Foto: João Cotta/TV Globo)

A pífia presença de negros nas novelas é consequência dessa falta de coesão.

A recorrente polêmica sobre o racismo na televisão voltou a gerar manchetes por conta de ‘Segundo Sol’, próximo folhetim das 21h da Globo. Ambientada na Bahia, estado com mais negros no Brasil, a trama não tem nenhum afrodescendente entre os protagonistas.

Os poucos negros escalados serão vistos em papéis secundários. Alguns como empregados de brancos ricos, como sempre.

Questionada, a Globo se fez de indiferente a princípio. Soltou uma daquelas previsíveis notas burocráticas para a imprensa.

A postura do canal mudou quando atores de ‘Segundo Sol’ solicitaram uma reunião com uma diretora de produção e contestaram a ausência de negros no elenco.

A pressão de algumas estrelas surtiu efeito. A Globo diz agora que vai rever futuras escalações para ampliar a diversidade étnica.

Não deixa de ser um avanço, ainda que tímido, à reivindicação de que a população brasileira, formada por 54% de negros e pardos, seja melhor representada nas novelas da mais poderosa TV do País.

Grupos do Movimento Negro protestaram anteriormente contra essa frequente disparidade racial na teledramaturgia. Na prática, houve pouco avanço.

Constata-se agora que foi necessário um coro de vozes de atores brancos para que a Globo realmente se mostre sensível à causa.

Impossível não fazer um paralelo com a própria libertação dos escravos no Brasil.

Foi necessária a pressão de brancos europeus, de Países nos quais a escravatura já havia sido revogada havia muito tempo, para que o Império enfim promulgasse aqui a Lei Áurea.

O Brasil está, vergonhosamente, entre as cinco últimas nações a dar fim ao regime de escravidão de negros.

Depois de 130 anos, o racismo ainda se mantém intrínseco à sociedade brasileira. A reduzida presença de negros nas novelas é prova incontestável de um problema social de pouca discussão e difícil solução.

Na Globo, há exemplos de sucesso do protagonismo negro. Taís Araújo brilhou como Preta, personagem principal de ‘Da Cor do Pecado’, novela exibida na faixa das 19h em 2004.

No momento, a atriz e seu marido, Lázaro Ramos, estão à frente de outra produção exitosa: o seriado ‘Mister Brau’, em sua quarta temporada, sempre com elogios da crítica e boa audiência.

A própria Taís havia rompido a barreira racial bem antes de chegar à Globo. Estrelou a bem-sucedida ‘Xica da Silva’, na Manchete, entre 1996 e 1997.

Não há cabimento afirmar que a maioria dos noveleiros prefere atores de pele clara nos papéis de destaque nas novelas.

Houve sim um caso ruidoso de protagonista negra rejeitada. Foi a Helena de ‘’ (2009), personagem defendida pela mesma Taís Araújo.

Mas a reação do público se deu por problemas dramatúrgico e dogmático, não pelo tom de pele da atriz.

Helena era uma personagem sem carisma e carregava o peso de ter feito um aborto para não perder uma chance de ouro na carreira de modelo – atitude esta que certamente teria sido reprovada pelo telespectador conservador mesmo que a atriz fosse branquíssima.

Ao definir os atores do elenco de uma novela qualquer emissora toma cuidados por se tratar de um produto caríssimo e que pode gerar prejuízo considerável caso não conquiste o público.

Contudo, investir sempre nos mesmos atores brancos apenas por garantia é, além de uma atitude comodista e pouco criativa, uma lamentável contribuição à invisibilidade dos negros no mais poderoso veículo de comunicação de massa do País.

Isso só vai mudar sob pressão dos próprios atores, da imprensa e do público consumidor de ficção na TV. Tomara que essa iniciativa dos artistas de ‘Segundo Sol’ gere mais do que um ‘mea culpa’ da Globo.

Espera-se uma atitude efetiva que promova significativa inclusão em próximas produções do canal.

A televisão só tem a ganhar ao reproduzir a bela diversidade existente neste País tão miscigenado.

Justiça determina que TV Record exiba 16 horas de programas sobre religiões de matriz africana

Em sentença da 25ª Vara Federal de São Paulo, confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), a TV Record terá de exibir 16 programas, de uma hora cada um deles, produzidos nos estúdios da emissora por coletivos vinculados à prática de religiões afro-brasileiras. Os conteúdos, de ordem cultural e que mostrarão aspectos positivos dessa tradição, deverão ser apresentados durante 16 dias seguidos, no horário nobre, com três chamadas diárias.

(Folha de S.Paulo, 03/05/2018 – acesse no site de origem)

A determinação atende a uma ação iniciada em 2004 por coletivos que exigiam direito de resposta à recorrência de discursos preconceituosos em relação à cultura e religiões negras. A emissora ainda pode recorrer da sentença no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e no STF (Supremo Tribunal Federal). Mas, na concepção do advogado Hédio Silva Jr., um dos profissionais que representaram os coletivos afro no processo, o fato de a decisão haver sido unânime dificulta uma apelação bem-sucedida.

Silva Jr. também afirma que o tom dos conteúdos a serem exibidos, já em planejamento, não se caracterizará como uma revanche, mas sim como uma oportunidade de promover “uma cultura de paz”. “Os programas não serão pautados pelos ataques da Record ou da Igreja Universal do Reino de Deus. Iremos aproveitar esse espaço privilegiado para mostrar à sociedade brasileira a verdade sobre as religiões afro-brasileiras, o trabalho social desenvolvido nos templos e a necessidade de fomentarmos uma cultura de respeito recíproco e de convivência harmoniosa”, diz o advogado ao Preta, Preto, Pretinhos.

“A nossa luta continua, precisamos cada vez mais visibilizar as nossas vitórias diante de processos de intolerância, principalmente quando acontecem nos meios de comunicação”, afirma o babalaô Ivanir dos Santos, interlocutor da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa.

Denise Mota

Só 15% das produções da TV paga brasileira foram dirigidas por mulheres em 2017, por Ancelmo Gois

Não é só o cinema. A TV paga também é do clube do… Bolinha. Em 2017, 79% das obras brasileiras exibidas na TV por assinatura foram dirigidas por homens.

(O Globo, 29/03/2018 – acesse no site de origem) E 6% tiveram direção mista. Os dados serão divulgados hoje pela Ancine, no Observatório Brasileiro do Cinema e do Audiovisual.

Ou seja…

Somente 15% das produções foram dirigidas exclusivamente por mulheres.

E olha que, entre os graduados em cursos de audiovisual no país, 53% são mulheres. E, no universo das empresas produtoras, 52% dos empregos formais são delas.

Ação questiona decisões contra a participação de parlamentares em empresas de rádio e TV

O presidente da República, Michel Temer, apresentou Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 429) na qual pede que o Supremo Tribunal Federal declare a inconstitucionalidade de decisões judiciais que têm impedido a outorga ou a renovação de concessões de rádio e TV a detentores de mandato eletivo. Segundo a Advocacia-Geral da União (AGU), que representa o presidente na ação, decisões nesse sentido ofendem preceitos fundamentais como o do valor social do trabalho e da livre iniciativa, da primazia da lei, da livre expressão e da liberdade de associação. O processo foi distribuído à ministra Rosa Weber.

(STF, 10/11/2016 – acesse no site de origem)

Na argumentação, a AGU afirma que o Ministério Público Federal tem ajuizado diversas ações civis públicas nas quais postula o cancelamento ou a não renovação das concessões, permissões e autorizações de serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens a empresas que tenham como sócios titulares de mandado eletivo. Além dessas ações, aponta que tramitam no MPF investigações preliminares sobre a matéria, inclusive com expedição de recomendações a parlamentares no sentido da sua exclusão do quadro societário dessas empresas. “Ocorre que o Poder Judiciário vem proferindo decisões conflitantes a respeito da matéria”, alega.

Segundo a AGU, os serviços de radiodifusão estão submetidos a atos reguladores próprios, e a participação de parlamentares não está proibida pela Constituição. “O artigo 222 da Constituição, que traz limitações à propriedade e ao quadro societário dessas empresas, não faz qualquer referência ao fato de determinado sócio ser detentor de mandato eletivo”, sustenta. “E se não há restrição constitucionalmente estabelecida nesse sentido, não pode sequer a lei fazê-lo”.

No pedido de liminar para suspender a tramitação de todas as ações que tratam do tema, a AGU aponta o risco de serem proferidas novas decisões que provoquem a suspensão dos serviços. “Vale ressaltar que a radiodifusão constitui o único meio de comunicação realmente universalizado no Brasil”, argumenta. “A suspensão do serviço e da concessão de novas outorgas ensejaria irremediável prejuízo à população, em detrimento da necessária continuidade do serviço público e implicaria danos particulares às pessoas jurídicas e físicas envolvidas em sua prestação”.

HBO defende cenas de estupro e violência contra mulher em série

(O Globo, 01/08/2016) Uma das novas séries da HBO mais aguardadas por público e critica é “Westworld”, uma adaptação televisiva do homônimo filme de Michael Crichton, de 1973 (no Brasil, o longa ganhou o subtítulo “Onde ninguém tem alma”), que conta a história de um parque temático futurista.

Prometida como “uma odisseia obscura sobre a aurora da consciência artificial e o futuro do pecado”, a série — cujo piloto foi exibido em evento da Associação de Críticos de Televisão dos EUA, a TCA, neste fim de semana — já gera polêmica por sua representação da violência sexual contra mulheres.

O “Hollywood Reporter” descreveu a controversa cena protagonizada por uma realista robô feminina (interpretada por Evan Rachel Wood) que é arrastada e estuprada por um vilão interpretado por Ed Harris.

Presentes ao painel da HBO no TCA, o presidente do canal, Casey Bloys, e a produtora executiva da série, Lisa Joy, foram bombardeados por perguntas sobre a cena. “Quando estávamos abordando um projeto sobre um parque cuja premissa é exatamente permitir ao visitante fazer o que deseja com impunidade e sem consequências, parecia um problema com o qual teríamos que lidar”, justificou Joy.

“Violência e abuso sexual são fatos da história humana desde seu início. Existe algo sobre nós — agradecidamente, não com a maioria de nós —, mas existem pessoas que se envolveram em casos de violência e que são vítimas dessa violência”, continuou a produtora. “A série trata de explorar estes crimes, posicionando-os, assim como o tormento dos personagens, dentro da narrativa e explorando suas histórias, espero, com dignidade e profundidade”.

Joy disse ainda que a representação de estupro em “Westworld” não foi concebida como uma “fetichização dos referidos atos”.

Bloys também respondeu sobre o assunto: “o ponto é que em ‘Westworld’ eles são robôs. Como você trata um robô com qualidades semelhantes às humanas? É um reflexo de como você iria tratar um humano? É um pouco diferente de ‘Game of thrones’, onde a violência é entre humanos. Mas o ponto principal aqui é: isso é algo em que pensamos? Sim, e acho que a crítica é válida… Acho que a crítica é o ponto de partida disso”. Rodrigo Santoro como Harlan Bell em ‘Westworld’ (Foto: Reprodução)

Concebido por J.J. Abrams e Jonathan Nolan, o híbrido de ficção científica e western tem em seu elenco Rodrigo Santoro, Thandie Newton, James Marsden e Anthony Hopkins, que interpreta o criador do parque temático.

A série, que passou por uma produção tumultada, já tinha sido criticada por ter feito um anúncio polêmico. Em setembro do ano passado, foi divulgado que alguns figurantes teriam que assinar um contrato em que concordavam em participar de cenas com “situações sexuais explícitas”, incluindo “toques entre genitais” e “ser filmado de quatro enquanto outros atores nus aparecem por trás”.

“Westworld” estreia no próximo dia 2 de outubro.

Acesse o PDF: HBO defende cenas de estupro e violência contra mulher em série (O Globo, 01/08/2016) Enfim: Globo exibe 1ª cena de sexo gay da televisão brasileira

(HuffPost Brasil, 12/07/2016) Se o beijo gay foi durante décadas um tabu na TV Globo, que dirá uma cena de sexo de um casal LGBT?

A audiência mais conservadora nunca quis assistir a uma demonstração de carinho de homossexuais na TV aberta. E encontrava eco em atores, autores de novelas e, claro, nos executivos manda-chuva da emissora, que chegaram a censurar aquele que seria o primeiro beijo gay na tevê, na novela América (2005).

Leia mais: Cena de sexo gay em ‘Liberdade, liberdade’ é comemorada por classe artística (Extra, 13/07/2016)

Foram necessários quase dez anos até que a Globo se tornasse mais permeável à ideia e aceitasse o beijo de Félix (Mateus Solano) e Niko (Thiago Fragoso) no último capítulo de Amor à Vida (2014).

Ao contrário das projeções negativas e quadradas, o Brasil comemorou.

Nesta terça-feira (12), foi a vez de a Globo exibir a primeira relação sexual entre dois homens — em Liberdade, Liberdade.

#LiberdadeLiberdade pic.twitter.com/yn2Zm5gmpr

— Reality Social (@RealitySocial) 13 de julho de 2016

Após um desabafo sobre amizade verdadeira, Tolentino (Ricardo Pereira) e André () se arrancam beijos de desejo reprimido.

Eles tiram a roupa e se entregam à paixão que nutrem um pelo outro há tempos.

A troca de carícias e abraços marca a descoberta de corpos que ainda não se conheciam nus e livres. Diego Iraheta

Acesse no site de origem: Enfim: Globo exibe 1ª cena de sexo gay da televisão brasileira (HuffPost Brasil, 12/07/2016)

Uma em cada 5 horas na TV aberta é destinada a programação religiosa

(Folha de S. Paulo, 17/06/2016) Programas de natureza religiosa ocuparam 21,1% do tempo de programação de TV aberta em 2015 –ou uma em cada cinco horas–, segundo relatório da Ancine (Agência Nacional do Cinema) divulgado nesta quinta (16).

O gênero, segundo o documento, é líder histórico na grade televisiva. Foram classificados como programas religiosos as transmissões de missas, cultos ou rituais. Como o “Show da Fé”, de R.R. Soares, produzido pela Igreja Internacional da Graça de Deus e veiculado pela RedeTV! e pela Band. Ou a “Santa Missa” com Padre Marcelo Rossi, exibida pela Globo nas manhãs de domingo.

Entre as cinco principais emissoras de TV aberta no país, a campeã de locação de horários para igrejas é a Rede TV!, com 43,4% de sua grade destinada ao gênero. Na sequência vem a Record, com 21,7% 0 –o canal paulista é controlado pela Igreja Universal do Reino de Deus e vende seus horários da madrugada a produções da entidade neopentecostal.

Em terceiro lugar, vem a Band, com 16,4% de seu horário comprometido e em quarto a Gazeta, com 15,8%. Na liderança absoluta está a rede CNT, que destina 89% de sua grade a programas religiosos. O único canal que não vende espaço na programação é o SBT. Os dados da Ancine foram antecipados pelo jornal “O Globo” nesta quinta.

Junto com o jornalismo, o gênero religioso responde por um terço da programação da TV aberta. Os programas têm experimentado uma ascensão nos últimos quatro anos — de 13,6% em 2012 saltaram para os 21,1% atuais

Fé eletrônica

Embora careça de regulamentação específica, a venda de horários em emissoras de TV, que são concessões públicas, sejam eles religiosos ou não, é uma prática considerada irregular pelo Ministério Público Federal. Seria o equivalente a terceirizar um serviço permitido por uma licitação pública —em alguns casos, as emissoras chegam a veicular legendas explicitando que a produção não é de responsabilidade dos canais, mas de seus criadores.

Em sua defesa, as emissoras costumam alegar que trata-se de venda de espaço publicitário, segundo Pedro Ekman, diretor do Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social. No entanto, a legislação limita o espaço publicitário a 25% da programação —limite ultrapassado nos casos da RedeTV! e da rede CNT.

Procurada pela Folha por meio de sua assessoria de imprensa, a RedeTV! não se manifestou até a publicação desta nota. A reportagem não conseguiu contato com a CNT.

STF se manifestará sobre políticos sócios de emissoras de rádio ou TV

(Folha de S. Paulo, 06/12/2015) O STF (Supremo Tribunal Federal) terá que se manifestar sobre a situação de deputados e senadores sócios de emissoras de rádio ou TV.

Uma provocação sobre esse assunto foi protocolada na corte neste sábado (5) pelo PSOL. Chamada de ADPF (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), a petição foi elaborada em parceria com o Intervozes, entidade que milita na área de comunicação.

Em novembro, o Ministério Público Federal (MPF), com aval do procurador- geral, Rodrigo Janot, desencadeou ações civis públicas contra 40 parlamentares citados nos registros oficiais como sócios de emissoras de rádio ou TV.

Os 32 deputados e 8 senadores alvos do MPF estão listados na petição preparada para o STF. Entre eles estão alguns dos mais influentes políticos do país, como os senadores Aécio Neves, presidente do PSDB e retransmissor da rádio Jovem Pan em Betim (MG); José Agripino (DEM-RN), cuja família controla a Record em Natal; Fernando Collor (PTB-AL), com a Globo em seu Estado; Jader Barbalho (PMDB-PA) e Tasso Jereissati (PSDB-CE), ambos sócios de retransmissoras da Band.

Os autores da ADPF perguntam ao STF se esses casos são compatíveis com o dispositivo da Constituição que proíbe congressista de “firmar ou manter contrato com empresa concessionária de serviço público” (Art. 54). Um dos argumentos das peças que questionam as concessões nas mãos dos políticos é o do conflito de interesses, já que cabe ao Congresso apreciar atos de outorga e renovação de concessões.

As ações do Ministério Público, protocoladas na primeira instância da Justiça Federal, pedem suspensão das concessões de cada um dos 40 congressistas, além de uma condenação que obrigue a União a licitar novamente o serviço e se abster de dar novas outorgas aos citados.

Na ADPF, os ministros do Supremo não são provocados a condenar ou absolver casos individuais de parlamentares, mas a analisar a situação em geral à luz da Constituição. A manifestação da corte tende a balizar decisões do Judiciário por todo o país.

Collor, Agripino e outros políticos ouvidos pela Folha quando o MPF desencadeou as ações argumentam que a legislação permite participação de congressista em emissora, desde que não exerça função administrativa. O Código Brasileiro de Comunicações, de 1962, diz apenas que parlamentar não pode ser diretor de veículo. Não proíbe nem autoriza expressamente a possibilidade de ser sócio. Para o Ministério Público e para os autores da ADPF, a Constituição de 1988 afastou essa dúvida ao dizer que congressista não pode ter “contrato” com concessionárias de serviço público.

Procurado à época, Aécio não quis se manifestar. Tasso e Jader não responderam.

Ricardo Mendonça

Acesse o PDF: STF se manifestará sobre políticos sócios de emissoras de rádio ou TV (Folha de S. Paulo, 06/12/2015)

Existe mesmo racismo na televisão brasileira?, por Tony Goes

(Folha de S. Paulo, 27/11/2015) A resposta curta e grossa: claro que sim. É só comparar a proporção de negros e pardos na nossa população —mais de 50% — com o que se vê em qualquer programa, de qualquer gênero. Um desavisado que assistisse aos nossos canais poderia achar que negros e pardos são tão raros no Brasil quanto os paquistaneses.

A resposta complexa: sim, mas a situação está melhorando. Negros e pardos estão mais presentes em inúmeros programas, de todos os gêneros. A Globo conta com pelo menos três estrelas negras de primeira grandeza em seu elenco: Lázaro Ramos, Taís Araújo e Camila Pitanga. É pouco, óbvio, mas até os anos 1990 esse número não passava de zero.

Leia mais: Maju Coutinho sobre racismo: ‘Estou no JN numa posição que não é servindo cafezinho, de igual para igual’ (HuffPost Brasil, 29/11/2015) Criança aprende com os pais a ter atitudes racistas, diz escritora (Folha de S. Paulo, 27/11/2015)

Nos telejornais da mesma emissora, aproveitando a trilha aberta por Glória Maria, brilham Maria Júlia Coutinho e alguns outros nomes. Majú, inclusive, está sendo preparada para voos maiores. Além do talento e da competência, ela também é paulistana: um segmento mais do que estratégico para a Globo.

Mas esses exemplos ainda são pontuais. Apesar de avanços como a série “Mister Brau”, também da Globo, negros e pardos ainda são exceção na telinha. A mesma emissora comete deslizes surpreendentes, como na novela “I Love Paraisópolis” —onde os habitantes de uma das maiores favelas de São Paulo eram quase todos brancos.

É por isto que Solange Couto tem razão em reclamar da ausência de bons papéis na TV (a atriz se engajou na campanha “Senti na Pele”, lançada pelo jornalista Ernesto Xavier). Só discordo um pouco quando ela reclama de ter feito muitas escravas e empregadas. A grande Ruth de Souza, uma das maiores atrizes brasileiras de todos os tempos, diz que nunca se incomodou em interpretar escravas, contanto que o papel fosse bom.

Solange acusa os diretores que não a escalaram para personagens melhores, e é evidente que eles têm culpa no cartório. Mas o debate em torno desse assunto não será honesto se não fizermos esta pergunta: nossa TV é racista porque quem a produz é racista, ou… Porque quem a assiste também é?

Mais uma vez, a resposta é complexa. Não dá para negar a existência do racismo entre o público. Estão aí os comentários deploráveis e anônimos, que volta e meia afloram das cloacas para as páginas de celebridades negras nas redes sociais. O Brasil, que desde a abolição da escravatura se gabou de ser um país igualitário, foi forçado pela internet a encarar seu próprio racismo, ainda que de maneira enviesada.

Felizmente que, mais uma vez, a situação está melhorando. Uma das causas dessa melhora é a ascensão econômica das classes mais baixas, ainda majoritariamente formada por negros e pardos. Esse público quer se ver na TV, e os canais precisam atendê-lo. Além disso, o racismo vem diminuindo nas classe mais altas, principalmente entre os jovens.

Só que ainda falta muito, mas muito mesmo, para chegarmos perto da TV americana, onde os negros —que, proporcionalmente à população, são em menor número do que por aqui —ocupam um lugar muito mais preponderante. E isto numa sociedade onde o racismo é muito mais escancarado que no Brasil…

Acesse o PDF: Existe mesmo racismo na televisão brasileira?, por Tony Goes (Folha de S. Paulo, 27/11/2015)

Intervozes publica cartilha sobre ilegalidades praticadas no rádio e TV. Confira os locais de lançamento em todo o país!

(Intervozes, 15/10/2015) Propriedade de meios por políticos e controle de vários veículos, venda ilegal de espaço na programação, excesso de publicidade e violações de direitos humanos nos programas policialescos são alguns dos problemas presentes no sistema de comunicação brasileiro. Para informar sobre tais práticas e apresentar formas de enfrentá-las, o Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social lança a publicação “Caminhos para a luta pelo direito à comunicação no Brasil – como combater as ilegalidades praticadas no rádio e na TV”.

O estudo apresenta um panorama do setor de radiodifusão, discute os motivos pelos quais as infrações têm sido permitidas e aponta os impactos dessa lógica, como a concentração de poder e a exclusão das maiorias sociais dos espaços midiáticos. Com linguagem simples e ilustrações que ajudam a compreender um assunto abordado frequentemente de forma tecnicista, a publicação debate a regulação da mídia, prática democrática presente na maioria das democracias do mundo, bem como os desafios para sua efetivação no Brasil.

O texto destaca ações exemplares e também instrumentos normativos estabelecidos no país e em tratados internacionais que permitem, desde já, que o Estado rompa com a postura permissiva e cumpra o papel de garantir o interesse público no setor. Em cada seção, são apresentadas as principais regras que tratam dos temas abordados, o que poderá facilitar a ação da sociedade civil e dos órgãos fiscalizadores no combate às violações.

“Caminhos para a luta pelo direito à comunicação no Brasil” será lançada em eventos que integram a Semana Nacional pela Democratização da Comunicação no Ceará, Paraíba, Bahia, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Como diz o texto, o Intervozes espera, com isso, “fortalecer a luta por mudanças, garantindo informações sobre o tema e ampliando o convite para que você também se aproprie desse debate e defenda o direito à comunicação”.

CLIQUE AQUI para acessar a cartilha em pdf.

Serviço

Lançamentos da cartilha “Caminhos para a luta pelo direito à comunicação no Brasil – como combater as ilegalidades praticadas no rádio e na TV”

Paraíba/João Pessoa 15/10 (quinta-feira) Seminário pela Democratização da Comunicação – 16h às 17h: Abertura e mesa-redonda: “O princípio básico é a comunicação!”. – 17h às 18h – Mesa redonda: “Liberdade de expressão, liberdade de imprensa e liberdade de empresa”. Local: a confirmar

Ceará/Fortaleza 16/10 (sexta-feira): – 17h às 22h: #comcultura – feira pela democratização da comunicação Debates, apresentações artísticas e exposição. Local: Praça Verde do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

Bahia/Salvador 17/10 (sábado) – 16h: Comemoração do Dia Nacional pela Democratização da Comunicação – confraternização e atividades culturais: Mostra Tela Preta; sarau poético; música + Lançamento da Cartilha do Intervozes: “Caminhos para a Luta pelo Direito à Comunicação no Brasil” Local: Instituto de Mídia Étnica

Distrito Federal/Brasília 19/10 (segunda-feira): – 19h: Balaiada – Okupa Praça Pública pela Democratização da Comunicação Balaio Café (CLN 201, bloco B).

São Paulo/São Paulo 19/10 (segunda-feira): – 19h: As ilegalidades da TV que você não vê! Aula Pública com CineProjeção: lançamento da cartilha do Intervozes – “Caminhos para a luta pelo direito à comunicação no Brasil” Local: Vão livre do MASP.

Rio de Janeiro/Rio de Janeiro 21/10 (quarta-feira) -18h30: Roda de conversa ‘Cidade conectada: comunicação e direitos no Rio de Janeiro’ Local: 22º andar do Clube de Engenharia (Av. Rio Branco, 124 – Centro, Rio de Janeiro). Com Comitê Popular da Copa e Olimpíadas, MTST, Fórum da Juventude de Manguinhos e Intervozes.

Acesse no site de origem: Intervozes publica cartilha sobre ilegalidades praticadas no rádio e TV. Confira os locais de lançamento em todo o país! (Intervozes, 15/10/2015)