Osvaldo Ferraz Era Uma Vez... Um Conto Fantástico!
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Osvaldo Ferraz Era uma vez... um conto fantástico! Um conto fantástico. Outro lado que exploro dos meus parcos conhecimentos de escrever histórias e contos, desta vez enveredando pela trilha do romance, da aventura, onde drama e situações trágicas se misturam. Vamos ver até onde conseguiremos chegar. Obrigado pela visita Osvaldo Este é um livro contendo os melhores contos, todos eles inspirados nos romances que a história não contou, e sem sombra de dúvida são todos fictícios. Semelhanças com pessoas vivas ou mortas que porventura aparecem, são meras coincidências. Espero que se divirtam. CALCINHA De renda sua textura Moldando pele macia Traduz sonhos na cama escura Enquanto eu lhe tiraria Perfumada pelo desejo Eu te arranco com um beijo Arrepiando seus sentimentos Desvendando seus momentos Calafrios em pensamentos Que num toque se entregou A essência do amor De quem veio e lhe beijou. Everson Russo A calcinha de renda vermelha de Lola. Lola, apenas um nome. Sua mãe nunca lhe disse o porquê. Era um mistério, de onde surgiu? Afinal Lola era uma menina de dezessete anos, morena magra, sem formosura, seios pequeninos, pernas finas, cabelos encarapinhado e o pior, era pobre. Mas conseguia sustentar sua mãe que vivia em uma cadeira de rodas. Trabalhava em casa de família como diarista e nunca pensou em ter um namorado. Ela entendia como era e sabia que nenhum rapaz um dia iria se interessar por ela. Cresceu assim ali naquele bairro pobre, e só Valeria como amiga. Valeria era diferente. Mais espevitada. Saia à noite para as baladas e voltava tarde. Seus pais acostumaram com tudo e virou rotina na vida dela. Convidou várias vezes para ela ir também, mas Lola sabia que não seria bem vinda. Sabia que era feia, corpo magro e quem poderia se interessar por ela? Ramon era seu vizinho. Nascera ali ao lado da casa de Lola. Nunca foram amigos, pois Ramon também era meio esquisito. Não gostava do bairro que nascera e sabia que quando terminasse a faculdade ele iria embora dali. Trabalhava no Banco do Estado, serviço simples e salário pequeno. Quase todo gasto na faculdade São Judas no seu curso de Arquitetura e Urbanismo. Não sabia que teria possibilidade de algum dia ser um arquiteto famoso e isto não o incomodava. Queria trabalhar em um lugar onde fosse respeitado e que pudesse mostrar seu valor profissional. No banco não passava de um office- boy e poucos o respeitavam. Um dia Ramon ficou encucado. Tudo porque ele viu pendurado no varal da casa de Lola uma calcinha de renda vermelha. Seria dela? Teria que ser. Sua mãe nunca iria vestir uma calcinha assim. Ficou pensando nela com a calcinha de renda vermelha. Tentou fazer dela uma mulher sensual, mas não conseguiu. Não dava, Lola era o que é e nunca seria uma mulher atraente usando uma calcinha de renda vermelha. Foi Valeria quem inventou tudo. – Lola, nem sempre o corpo é tudo, o que o envolve também. Vou lhe dar uma calcinha de renda vermelha que tenho. Você não vai usar. Pendure-a no varal. Todos que passarem irão ver sua calcinha. Ficarão intrigados como você seria usando esta calcinha. Vai ser divertido saber que pelo menos terão pensado em você e quem sabe alguém poderá ter tesão? Lola riu. Tesão minha amiga? Nunca. Não com este corpo. – Valeria disse – Olha Lola sem querer ofender, mas para todo chinelo Velho tem um pé que adora ficar ali. Quando Valeria saiu deixando a calcinha de renda vermelha na sua cama, Lola olhou bem para ela. Riu pensando como ficaria vestido com ela. Ficou tentada. Sabia que não iria ser nenhuma beldade, mas a vontade chegou e foi tanta que ela se despiu e olhando no espelho foi colocando devagar a calcinha. Passou pelos seus joelhos e ali ela deixou parada. Viu seus ralos pelos cobrindo sua nudez entre as coxas. Fechou os olhos e pensou que poderia estar sendo observada por um homem em algum lugar. Pela primeira vez Lola sentiu sua condição de mulher. Teve desejos. Teve vontade de abraçar alguém, sentir o seu cheiro, teve vontade de ser possuída. Mas não sabia como. Nunca fora. Era virgem e nem tinha ideia de como seria. Abriu os olhos e se viu no espelho nua, tendo a cobrir-lhe as partes íntimas uma calcinha de renda vermelha. Tirou logo e não olhou mais no espelho. Vestiu seu vestido Velho de chita barata e saiu para o trabalho. Ninguém iria trabalhar para sustentá-la e uma vertigem erótica não poderia substituir o pobre dinheirinho que iria ganhar naquele dia. Saiu e viu muitos vizinhos olhando para ela. Sentiu vergonha. Alguém teria visto ela só de calcinha? Impossível. A janela estava fechada. Voltou e só de raiva pegou a calcinha de renda vermelha e a colocou no varal. Valeria quando chegou à tardinha riu quando viu a Calcinha de renda vermelha no varal de Lola. Foi até lá, mas ela ainda não havia chegado do seu trabalho. Mais tarde iria comentar com ela como todos os vizinhos estavam alvoraçados com a calcinha de renda vermelha presa no varal do seu quintal. Valeria não viu mais Lola naquela noite. Saiu como sempre fazia como uma mariposa noturna em busca de sua diversão, dos homens que amava. Nem prestou atenção na calcinha de renda vermelha que estava presa no varal do quintal de Lola. Naquele noite Ramon chegou tarde da faculdade. Quando ia entrar em sua casa reparou que a calcinha vermelha estava lá. - Que coisa pensou. Uma calcinha de renda vermelha a me importunar? Queria esquecer Lola e sua calcinha de renda vermelha. Tomou logo uma ducha fria. Precisava. Sentia que seu corpo tremia. Desejos? Como? Por Lola? Riu só de pensar. Não era Lola, era a calcinha de renda vermelha. Ela sim lhe dava uma sensação enorme de possuir Lola. Não iria olhar em seu rosto, iria esquecer seu corpo magro e sem graça, estava encantando era de ver Lola vestida com a calcinha de renda vermelha. Por vários dias a Calcinha de renda vermelha de Lola não saia da cabeça de Ramon. Até seus estudos estavam prejudicados. Na sala de aula da faculdade ele não se concentrava. Não tinha jeito. Ele tinha de ver Lola com a calcinha de renda vermelha. Enquanto isto não acontecesse ele não teria paz. Era um jovem tranquilo, calmo e sempre respeitador até mesmo em seus pensamentos. Agora não era mais assim. Passou a se masturbar com frequência sempre a pensar em Lola com sua calcinha de renda vermelha. Em seus sonhos eróticos a possuiu em todos os lugares. No cinema, no motel, em sua cama, na cama dela e em bosques de parques da cidade que conhecia. Lola, Lola e sua calcinha vermelha de renda. Tomou uma decisão. Iria conquistá-la. Acontecesse o que acontecesse. Mas iria demorar a conquista. Ele não podia chegar a ela e dizer – Lola, eu estou louco por você. Vista sua calcinha de renda vermelha e deixe-me olhar. – Não isto é coisa de doidos. Mas como conquistá-la? E a vizinhança o que iriam dizer? Afinal ele era um guapo bonito e tinha muitas moças do bairro que faziam tudo para um convite dele. Bastava ele sorrir e piscar os olhos que elas vinham correndo. Aquele dia não foi trabalhar. Ficou na varanda de sua casa esperando Lola sair ou chegar. Meio dia, quatro da tarde, seis e nada. Lola não aparecia. Ele não sabia, mas Lola o observava sorrateiramente atrás da cortina de sua casa. Ela também sonhou com ele. Um sonho lindo, ela sendo possuída pela primeira vez. Ele um cavalheiro entrou devagar para não machucar. Afinal Lola era virgem e sempre dói na primeira vez. Ele foi calmo. Sentiu sua dureza em seu íntimo. Sentiu suas caricias seus beijos e ela pela primeira vez chegou a um clímax que nunca tinha chegado. Acordou suando. Isto era errado. O que Valeria tinha feito? Era feitiço? Era apenas uma calcinha de renda vermelha, mas que transformou Lola e Ramon. Ambos sabiam que queira ou não um seria do outro. Teriam que fazer o que todo homem e mulher fazem. Lola sabia que quando Ramon a convidasse ela aceitaria no ato. Não precisava de preliminares. Ela queria ser possuída. Seja como for ela nunca pensaria mal dele. Ramon não aguentou mais. O dia inteiro esperando Lola chegar ou sair. Resolveu tomar uma decisão. Foi até sua casa. Bateu e a porta se abriu. Ele viu o céu a sua frente. Lola nua vestida com a calcinha de renda vermelha. Ele não sabia o que fazer. Sem membro endureceu. Ele queria abraçá-la, beijá- la, fazer tudo que achava direito. Mas entrou devagar em sua sala. Lola morena estava vermelha. O que Ramon poderia pensar dela? Receber ele assim nua só de calcinha de renda vermelha? Ela não era uma mulher de vida, não era uma moça oferecida. Ela era uma moça direita, virgem e que sabia não ter atrativos, mas aquela calcinha de renda vermelha a transformou. O jovem mais bonito do bairro a queria. Ela sabia disto. E depois? Sabia por ter lido que após o ato muitas vezes vem o arrependimento. E se ele se arrependesse? Seria só uma vez? Valeria a pena? Pelo sim e pelo não pegou ele pelo braço e o levou ao seu quarto. Ele fechou a porta devagar, olhou para ela nua só com a calcinha de renda vermelha. Parece que o mundo explodiu em goso. Um goso gostoso, animalesco, um goso de um homem e de uma mulher. Ramon achou que estava voando no céu. Achou que seu corpo estava experimentando um êxtase nunca antes conquistado.