Os Nomes Próprios Nas Sociedades Indígenas Das Terras Baixas Da América Do Sui

Total Page:16

File Type:pdf, Size:1020Kb

Os Nomes Próprios Nas Sociedades Indígenas Das Terras Baixas Da América Do Sui Os Nomes Próprios nas Sociedades indígenas das Terras Baixas da América do Sui Marco Antonio Gonçalves A sociologia da nominação não é um te­ do estudo da onomástica dentro das cosmo- ma novo na Etnologia sul-americana. De um logias indígenas sul-americanas. modo geral, as monografias sobre esta região Apresentamos, de forma sumária e es­ fazem referência ao emprego dos nomes quemática, alguns sistemas onomásticos en­ pessoais, mas um interesse específico sobre contrados na literatura etnográfica sobre as os sistemas de nominação é algo recente terras baixas (Tupinambá, Aché-Guaiaki, (Lopes da Silva, 1984; Petesch, 1984). Apapocuva-Guanani, Nandeva-Guarani, Ta- O fio condutor deste trabalho é a inter­ piraré, Sirionó, Araweté, Yanomami, Jívaro, ferência seminal feita por Viveiros de Castro Txicão, Apinayé, Krahó, Krikati, Suyá, Kaya­ em nota a seu trabalho sobre os Araweté pó, Xikrin, Bororo, Xavante, Tukano, Kain- (1986). No jogo das comparações entre a gang, Suruí, Xinguano, Matis, Marubo, Pi- onomástica Araweté e as de outras socieda­ rahã). Nesta empresa, correremos o risco de des indígenas, o autor esboça um sistema de empobrecer as interpretações destes siste­ transformações. De um lado, estariam os mas de nominação, uma vez que teremos de “sistemas canibais” ou exonímicos (Tupi- recortá-los com vistas a uma formalização. nambá, Tupi-Guarani, Txicão, Yanomami) Buscaremos examiná-los a partir do esque­ e, de outro, “os sistemas centrípetos” ou ma proposto por Viveiros de Castro (1986), “dialéticos” (sistemas Timbira; Kayapó, Tu­ que estabelece um continuum entre os siste­ cano). Nos “sistemas canibais”, os nomes mas de nominação designados canibais e vêm de fora: dos deuses, dos mortos, dos ini­ centrípetos. Os sistemas canibais trabalham migos, dos animais; são sistemas onde se re­ a partir de uma ênfase em: individualização, cebe, essencialmente, o nome dos outros. aquisição, renomeação, séries diacrônicas, “Sistemas centrípetos” são aqueles em que história social e pessoal, abertura, distintivi- “os nomes designam relações sociais, podem dades suplementares. Os sistemas centrípe­ definir grupos corporados com uma identi­ tos trabalham a partir da classificação, da dade coletiva” (idem, p. 384). Se nos siste­ conservação, da transmissão, dos conjuntos mas “canibais” a onomástica é mediatizada sincrônicos, da referência mitológica, da con­ pela metafísica e tem uma função individua- tinuidade de identidades complementares. lizadora, nos “dialéticos” ela é da ordem da Nossa apresentação dos sistemas ono­ sociedade, e exibe uma função classificatõria.1 másticos procurará marcar que ênfase 6 da­ Viveiros de Castro avança a questão quando da aos sistemas, se “exonímicos” ou “endoní- atribui certas particularidades a cada um dos ti­ micos” (Viveiros de Castro, 1987, p. 279). pos de sistema onomástico (idem, p. 388), con­ Iniciaremos pelos Tupinambá. tribuindo, assim, para realçar a importância Na sociedade Tupinambá havia os no­ BIB, Rio de Janeiro, n. 33,1.° Semestre de 1992, pp. 51-72 51 mes de infância e os nomes de adulto. Os no­concediam a um homem poderes suficientes mes de infância “os tiram [...] dos animais para que pudesse suportar normalmente e selvagens e tomam para si muitos, com uma resistir vantajosamente às forças negativas diferença' porém: após o nascimento é dadodesencadeadas pelo morto, sem precisar re­ um nome, que menino usa somente até que petir todas as provas a que se submetiam os se torne capaz de guerrear e mate inimigos. iniciados”. Então recebe tantos nomes quanto inimigos Em outro lugar, diz que o jovem Tupi­ tenha matado” (Staden, 1974, p. 169). nambá deve passar por certos ritos, entre Os nomes de infância são também bus­ eles a troca de nomes, para ingressar na vida cados entre os nomes dos antepassados, con­adulta. O nome, aqui, localiza o jovem na es­ forme Hans Stadenpode observar (idem, p. trutura social (idem, p. 201). Sobre o nome 170). Segundo Metraux (1979, p. 97), forma­ adquirido da vítima, Fernandes comenta: “O va-se um conselho para eleger um nome para a nome adquirido por intermédio do massacre criança. O nome escolhido deveria exprimir a ritual não provinha estritamente desta, em­ personalidade da criança, bem como identificarbora seja provável que o sacrificante captas­ qual dentre seus parentes já falecidos teria res­ se através da ação sacrificatória, uma parte suscitado. Em toda a bibliografia consultada, o dos poderes do sacrificado, inerentes à por­ que se encontra com mais ênfase é a forma ção destrutível de sua pessoa[...] é permitido de adquirir nomes via os inimigos: “A maior interpretar o nome como sendo o símbolo honra de um homem é capturar e matar carismático do benefício recebido de uma muitos inimigos, recebendo um novo nome entidade sobrenatural através da vítima por cada novo inimigo morto. Ter muitos (idem, p. 312). nomes significa ter matado muitos inimigos, Uma outra fonte sobre os Tupinambá o que consideram uma alta honra” (Staden, explicita que os nomes não podem ser ditos 1974, p. 172). senão no momento dos rituais: “[...] os cava­ Monteiro (1949, p. 409) chegou mesmo leiros nunca fazem menção dos seus nomes, a dizer que os Tupinambá só se casavam senão quando há festa de vinhos[...]” (Mon­ após adquirir nomes ligados à guerra e ao teiro, 1949, pp. 409-10). canibalismo. Disse ainda que, “[...jtomando Outro processo de receber nome dá-se novos nomes, conforme aos contrários que através do fiího do cativo (inimigo) com uma matam dos quais chegam a ter cento e mais mulher Tupinambá, como registrou Montei­ apelidos, e em os relatar são mui miúdos, ro: “[...jlhe dão (ao prisioneiro) por mulher porque em todos os vinhos, que é a suma filha daquele que o tomou ou uma parenta festa deste gentio, assim recontam o modo das mais chegadas; e a causa é pela honra com que os tais nomes alcançaram, como se que daquele casamento lhe nasce, porque aquela fora a primeira a tal façanha aconte­ tendo filhos do tapuia, neles hão de tomar os cera; e daqui vem não haver criança que não mesmos nomes, e com a mesma solenidade saiba os nomes que cada um alcançou, ma­ que no pai, porque cuidam estes bárbaros, tando os inimigos, e isto é o que cantam e que na criança não tem a mãe parte alguma, contam[...]” (pp. 409-10). e que não concorre para a geração, e assim Cardim registra a relação entre nomes e dizem que não serve mais que um saco; e guerra entre os Tupinambá: “De todas as por esta causa comem os filhos que foram honras e gostos da vida, nenhum é tamanho gerados dos contrários...” (idem, p. 411). para este gentio como matar e tomar nomes Examinando as descrições sobre a ono­ nas cabeças de seus contrários...” (Cardim, mástica Tupinambá, observamos que a ênfa­ 1939, pp. 159-60). Fernandes (1963, p. 283) se recai nos nomes adquiridos mediante o sa­ dá uma interpretação do papel dos nomes crifício da vítima. O nome parece, por um la­ entre estes fndios: “O primeiro sacrifício ri­ do, estar associado a uma qualidade que se tual e as primeiras cerimônias de renomação adquire. Por outro lado, parece produzir 52 uma diferença. Aqui, o nome é o emblema os índios dizem: “eu sou a alma de fulano”. da diferença. À cada morte de inimigos, os O canibalismo é o meio pelo qual alguém se indivíduos, através dos nomes adquiridos, torna a alma de um morto. Na concepção contrapõem-se aos inimigos. Os nomes de­ nativa, a alma é um princípio neutro, impes­ notam o homicídio e a guerra, evocam os soal, sem influência sobre o novo ser vivo eventos da morte e do canibalismo. que habitará, sendo indiferente ao seu sexo. Os Tupinambá privilegiam o acúmulo O caso Kimiragi é elucidativo: Dokogi estava de nomes. Se identificam a guerra e o cani­ grávida quandoTerygi morreu. Os Guaiaki balismo como produtores de sua sociedade ofereceram o pênis deTerygi a Dokogi para (Viveiros de Castro e Carneiro Cunha, 1987), que ela o consumisse no ritual antropofági- os nomes são símbolos, a concretização desta co. A intenção da doação do pênis àquela concepção mais geral nos indivíduos. A re­ mulher grávida era devida ao desejo de que cordação dos nomes durante os rituais faz seu filho nascesse homem. Entretanto, nas­ reviver o modo como foram adquiridos, co­ ceu uma menina — chamadaKimiragi — locando em operação os temas do canibalis­ que passa a ser identificada como a “alma de mo e da guerra. Terygi” (idem, pp. 338-9). Nesse caso, a alma A prática da “produção de inimigos” procede do morto canibalizado. Entre os através do casamento de uma mulher Tupi­ Guaiaki temos, assim, as seguintes equações nambá com um inimigo produz também no­ onomásticas: mes. Na sociedade Tupinambá, os nomes chegam do exterior (da morte dos inimigos). Estão sempre vinculados à prática guerreira miilíi.er grávida — — — criança \ s corae | bikwa - nome de alguma e ao hábito canibal. Temos assim: caçador _ _ animal parte do animal mata (qualidade) hom icídio natureza sociedade T u p in a m b á--------------inimigo caça homens produção de nomes canibalismo I m arca da diferença bikua NOMES ALMA Entre os Guaiaki observa-se um sistema onomástico com propriedades semelhantes ao dos Tupinambá. Através do caso “belles • MULHER GRÁVIDA" cornes”, Clastres (1972, p. 252) explica o processo de nominação. A criança, ainda no ventre materno, recebe um nome referente a A partir destas duas equações vemos uma qualidade da caça (vaca) consumida que a onomástica se realiza de du;is forma:; por sua mãe: belos chifres. Neste momento pela natureza e pelos mortos canibalizadns. o feto passa a ter bikwa — essência da caça No caso do canibalismo funerário, incorpo­ transmitida ao feto. Uma forma de nomina­ ra-se a alma e esta engedra um processo no­ ção metonímica e particularizante: uma vaca vo de referência: “animanímia”.
Recommended publications
  • Peoples in the Brazilian Amazonia Indian Lands
    Brazilian Demographic Censuses and the “Indians”: difficulties in identifying and counting. Marta Maria Azevedo Researcher for the Instituto Socioambiental – ISA; and visiting researcher of the Núcleo de Estudos em População – NEPO / of the University of Campinas – UNICAMP PEOPLES IN THE BRAZILIAN AMAZONIA INDIAN LANDS source: Programa Brasil Socioambiental - ISA At the present moment there are in Brazil 184 native language- UF* POVO POP.** ANO*** LÍNG./TRON.**** OUTROS NOMES***** Case studies made by anthropologists register the vital events of a RO Aikanã 175 1995 Aikanã Aikaná, Massaká, Tubarão RO Ajuru 38 1990 Tupari speaking peoples and around 30 who identify themselves as “Indians”, RO Akunsu 7 1998 ? Akunt'su certain population during a large time period, which allows us to make RO Amondawa 80 2000 Tupi-Gurarani RO Arara 184 2000 Ramarama Karo even though they are Portuguese speaking. Two-hundred and sixteen RO Arikapu 2 1999 Jaboti Aricapu a few analyses about their populational dynamics. Such is the case, for RO Arikem ? ? Arikem Ariken peoples live in ‘Indian Territories’, either demarcated or in the RO Aruá 6 1997 Tupi-Mondé instance, of the work about the Araweté, made by Eduardo Viveiros de RO Cassupá ? ? Português RO/MT Cinta Larga 643 1993 Tupi-Mondé Matétamãe process of demarcation, and also in urban areas in the different RO Columbiara ? ? ? Corumbiara Castro. In his book (Araweté: o povo do Ipixuna – CEDI, 1992) there is an RO Gavião 436 2000 Tupi-Mondé Digüt RO Jaboti 67 1990 Jaboti regions of Brazil. The lands of some 30 groups extend across national RO Kanoe 84 1997 Kanoe Canoe appendix with the populational data registered by others, since the first RO Karipuna 20 2000 Tupi-Gurarani Caripuna RO Karitiana 360 2000 Arikem Caritiana burder, for ex.: 8,500 Ticuna live in Peru and Colombia while 32,000 RO Kwazá 25 1998 Língua isolada Coaiá, Koaiá contact with this people in 1976.
    [Show full text]
  • Maize As Material Culture? Amazonian Theories of Persons and Things
    Miller, Maize as material culture? MAIZE AS MATERIAL CULTURE? AMAZONIAN THEORIES OF PERSONS AND THINGS THERESA MILLER Introduction: the ‘nature’ of materials in anthropological analyses As a significant sub-discipline within anthropology, material culture studies have been at the forefront of ground-breaking theories regarding the relationships between people and things. A whole genre of object biographies have been produced, based on Kopytoff’s (1986) article on the ‘social life of things’ (cf. Saunders 1999, Thomas 1999, Harrison 2003). Daniel Miller’s (1987) interpretation of Hegel’s dialectical materialism led to a serious discussion of how people and objects mutually reinforce and create each other. While Kopytoff’s theory has been widely criticized for its passive, semiotic approach (Thomas 1999, Holtorf 2002), Miller’s notion of ‘materiality’ (1987, 2010) moved away from the meanings of objects to focus on how they act within the field of social relations. As more anthropologists and archaeologists engage with material culture studies, however, the assumptions on which this sub-field have been based are being called into question. Rival’s edited volume (1998) includes ethnographic accounts attempting to reconcile the symbolic and material aspects of person ̶ thing relationships. Ingold (2007b) adopts a more radical view, bypassing a discussion of symbolism and critiquing ‘materiality’ for being an abstract category. His phenomenological approach calls for an analysis of the material substance and affects/effects of things. Instead of analysing the ‘thinginess’ of things, as is the case in materiality studies, Ingold advocates an exploration of how things are ‘thingly’; that is, how they emerge in the world of both people and things (Ingold 2007b: 9).
    [Show full text]
  • No País Dos Cinta Larga: Uma Etnografia Do Ritual
    JOÃO DAL POZ NETO N O P A Í S D O S C I N T A L A R G A Uma etnografia do ritual Dissertação de mestrado apresentada ao Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo São Paulo 1991 Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas Departamento de Antropologia Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social N O P A Í S D O S C I N T A L A R G A Uma etnografia do ritual João Dal Poz Neto Orientação: profa. dra. Manuela Carneiro da Cunha Redação final (revisada) da Dissertação defendida e aprovada em 27/08/1991 BANCA EXAMINADORA profa.dra. M. Manuela L. Carneiro da Cunha prof.dr. Eduardo Viveiros de Castro prof.dr. José Guilherme Cantor Magnani São Paulo 1991 in memoriam meu pai Alexandre Dal Poz meus amigos Raimundo Kabân Vicente Canhas Ezequiel Ramin Arthur Nantes Agradecimentos Foi um longo caminho, tantas pessoas, dum lado e outro. Se faço memória de alguns, são os que tiveram parte direta. De alguma maneira, dívidas antropológicas. Primeiro, por onde comecei. Ivar, Anni e Thomaz, que me levaram a primeira vez aos Cinta Larga, e Joãozinho e Inês, com quem convivi convivendo nas aldeias. Aprendi com eles mais do que por mim. Ao povo Cinta Larga, pãzérey: destemidos, hospitaleiros - se ninguém aceitou o papel de informante, porque não caberia entre amigos. E Paulo Kabân e Taterezinho, etnógrafos competentes. E Bubura Suruí, que fez o possível nas traduções dos cantos. E João, Parakida, Naki, Sabá, Manoel, Eduardo, Capitão, Roberto, Manezinho, Nasek, Pio, Japonês, Baiano, Pra-Frente, Gabriel, Pedrão, Chico, mulheres, crianças e as velhas senhoras - com eles conheci a floresta, e atravessei fronteiras.
    [Show full text]
  • Situação Sociolinguística Dos Gavião Kỳikatêjê
    DOI: 10.14393/DL27-v10n4a2016-3 Situação sociolinguística dos Gavião Kỳ ikatêjê Sociolinguistics situation of the Gavião Kỳikatêjê Lucivaldo Silva da Costa* Tereza Maracaipe Barboza** Concita Guaxipiguara Sompré *** RESUMO: O presente artigo tem como ABSTRACT: This paper aims to describe the objetivo principal descrever a situação sociolinguistic situation of the Gavião sociolinguística dos Gavião Kỳikatêjê da Kỳikatêjê Indians who live in the Mãe Maria Reserva Indígena Mãe Maria, localizados no Reservation, located in Brazil, in the southeast Brasil, na região Sudeste do estado do Pará, region of the state of Pará. They are speakers falantes da língua kỳikatêjê, da família Jê, do of the Kỳikatêjê language that belongs to the Tronco linguístico Macro-Jê. Por meio da Jê-family and to the Macro-Jê Stock. Using aplicação de questionários, entrevistas e questionnaires, interviews and observations in observações em lócus, pudemos observar que locus, it was observed that the mother tongue a língua materna dos Kỳikatêjê tem perdido of Kỳikatêjê speakers has lost ground to the espaço para a língua portuguesa em todos os Portuguese language, in all social areas within domínios sociais dentro da aldeia. Os the village. The results show the historical resultados apontam os aspectos históricos de aspects of interethnic contact and intergroup contato interétnico e intergrupal como um dos as one of the predominant factors in the fatores predominantes no enfraquecimento linguistic and cultural weakening of these linguístico e cultural desses povos face ao people in relation to the current intense atual contato intenso da sociedade envolvente contact of the surrounding society and the e as pressões da língua majoritária - o pressures of the majority language – the português entre os indígenas, os quais têm Portuguese language among the Indians, atuado na atual configuração sociolinguística which have been active in the current dos Gavião Kỳikatêjê.
    [Show full text]
  • Messias Furtado Da Silva INTERCULTURALIDADE NO
    UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIENCIAS Campus de Bauru PROGRAMA DE PÓS -GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PARA A CIÊNCIA Messias Furtado da Silva INTERCULTURALIDADE NO CURRÍCULO DA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NA ESCOLA INDÍGENA TATAKTI KỲIKATÊJÊ: POSSIBILIDADES DE REALIZAÇÃO DE UM PROJETO SOCIETÁRIO. Bauru-SP 2019 Messias Furtado da Silva INTERCULTURALIDADE NO CURRÍCULO DA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NA ESCOLA INDÍGENA TATAKTI KỲIKATÊJÊ: POSSIBILIDADES DE REALIZAÇÃO DE UM PROJETO SOCIETÁRIO. Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação para a Ciência da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus Bauru, como requisito à obtenção do título de Doutor em Educação para a Ciência (área de concentração Multidisciplinar) Orientador: Dr. Renato Eugênio da Silva Diniz Coorientadora: Dra. Joelma Cristina Parente Monteiro Alencar. Bauru-SP 2019 Messias Furtado da Silva INTERCULTURALIDADE NO CURRÍCULO DA DISCIPLINA DE CIÊNCIAS NA ESCOLA INDÍGENA TATAKTI KỲIKATÊJÊ: POSSIBILIDADES DE REALIZAÇÃO DE UM PROJETO SOCIETÁRIO. Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação para a Ciência da Faculdade de Ciências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus Bauru, como requisito à obtenção do título de Doutor em Educação para a Ciência (área de concentração Multidisciplinar) Orientador: Dr. Renato Eugênio da Silva Diniz Coorientadora: Dra. Joelma Cristina Parente Monteiro Alencar. Banca Examinadora: ----------------------------------------------------------------------
    [Show full text]
  • Variações Interétnicas Etnicidade, Conflito E Transformações
    Variações interétnicas etnicidade, conflito e transformações Organizadores Stephen Grant Baines Cristhian Teófilo da Silva David Ivan Rezende Fleischer Rodrigo Paranhos Faleiro Brasília, 2012 EDIÇÃO Universidade de Brasília – UnB Instituto Internacional de Educação do Brasil – IEB Centro de Pesquisa e Pós-Graduação Sobre as Américas – CEPPAC Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis – Ibama Produção Editorial Centro Nacional de Informação Ambiental – Cnia SCEN - Trecho 2 - Bloco C - Edifício-Sede do Ibama CEP 70818-900, Brasília, DF - Brasil Telefones: (61) 3316-1225/3316-1294 Fax: (61) 3307-1987 http://www.ibama.gov.br e-mail: [email protected] Equipe Técnica Capa e diagramação Paulo Luna Nornalização bibliográfica Helionidia C. Oliveira Revisão Maria José Teixeira Enrique Calaf Vitória Adail Brito Catalogação na Fonte Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis V299 Variações interétnicas: etnicidade, conflitos e transformações – Stephen Grant Baines... [et al.]. Organizadores. – Brasília: Ibama; UnB/Ceppac; IEB, 2012. 560 p. : il, color. ; 21 cm ISBN 978-85-7300-362-8 1. Etnia. 2.Índio. 3. Recursos naturais. 4. Desenvolvimento sustentável. I. Baines, Stephen Grant. II. Silva, Cristhian Teófilo da. III. Fleischer, David Ivan. IV. Faleiro, Rodrigo Paranhos. V. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis. VII. Cnia. VIII. IEB. IX. UnB. X. Título. CDU(2.ed.)502.175(047) Atribuição-Uso não-comercial-Compartilhamento pela mesma licença CC BY-NC-SA Impresso no Brasil Printed in Brazil Sumário Apresentação ..................................................................................11 Introdução ....................................................................................... 13 Primeira variação: identidade, movimento e territorialização Capítulo 1 Contatos interétnicos em regiões de fronteiras: a visão dos Ticuna e dos Galibi do Oiapoque.
    [Show full text]
  • Apresentação
    Apresentação Não há dúvidas de que o caminho da descolonização é a eclosão do múltiplo em suas emergências de autorias, saberes, estratégias de luta. Ao revelar as fissuras nos mecanismos cristalizados de dominação, da invenção do outro subalterno, são acionadas reapropriações heterogêneas dos legados coloniais. Os movimentos de resistência reterritorializam a memória em disputa, desvendam a relação intrínseca entre memória e território e proporcionam leituras não hegemônicas das histórias e imaginários coloniais; recompõem trajetórias e reconfiguram nas narrativas e ritualidades as relações entre pessoas, corpos e com a alteridade. Na contramão das escrituras excludentes, das tecnologias de dominação e silenciamento da colonialidade do poder-saber maniqueísta, a reinserção e emergência da diferença nos e dos registros, nas etnogêneses, possibilitando o protagonismo indígena e a emergência de outros regimes de conhecimento, estimulada pela luta pelos reconhecimento dos direitos culturais e fundiários e pelos exercícios praticados nos estudos pós e decoloniais embaralham, invertem e revertem os caminho do pensamento único. Protagonistas destes múltiplos movimentos e estratégias de resistência, sujeitos de saberes e práticas localizadas, fronteiriças, outrora ocultas tornam possível se familiarizar com dinâmicas intersticiais, de rupturas e desconstrução das memórias oficiais, das oposições estáticas e descontextualizadas que percorrem as narrativas coloniais e nacionalistas. As trágicas investidas colonizadoras exigiram deflagrar estratégias de resistência ativa aos invasores; para os povos ameríndios, a abertura para o outro e não sua negação e aniquilação em favor do mesmo, configurou, desde os tempos coloniais, um recurso potente para domesticar o inimigo-invasor transformando-o em aliado valioso cuja dádiva para com os coletivos ameríndios nunca terá fim.
    [Show full text]
  • Línguas Indígenas Brasileiras
    LÍNGUAS INDÍGENAS BRASILEIRAS COMO CITAR ESTE TEXTO CHICAGO STYLE Rodrigues, Aryon Dall’Igna. 2013. Línguas indígenas brasileiras. Brasília: Laboratório de Línguas Indígenas da UnB. http://www.laliunb.com.br/ ABNT RODRIGUES, Aryon Dall’Igna. Línguas indígenas brasileiras. Brasília, DF: Laboratório de Línguas Indígenas da UnB, 2013. 29p. Disponível em: <http://www.laliunb.com.br>. Acesso em: [dia] [mês] [ano]. LÍNGUAS INDÍGENAS BRASILEIRAS Aryon Dall’Igna Rodrigues Laboratório de Línguas Indígenas Universidade de Brasília As línguas naturais são não apenas instrumentos de comunicação social, mas também os meios de que dispõem os seres humanos para elaborar, codificar e conservar seu conhecimento do mundo. Cada língua está intimamente ligada aos processos cognitivos e à experiência acumulada pelo povo que a fala através de sucessivas gerações. As descobertas que, elaboradas e reelaboradas pela inteligência ao longo de milênios, formaram o imenso acervo de conhecimentos integrados que é a cultura, têm sua expressão mais ampla e mais precisa na língua que se desenvolveu como parte e como instrumento dessa cultura. Tudo o que hoje os antropólogos vêm descobrindo junto aos povos indígenas, em matéria de ciência nativa, como etnobiologia, etnomatemática, etnoastronomia, em resumo como etnociência, só se torna realmente acessível ao pesquisador através da língua indígena. Perdida a língua de forma abrupta, sob pressão de outro povo que tenta impor outra cultura, perde-se a maior parte daquele conhecimento pela destruição do sistema de referência que o mantinha integrado e operante. Em geral, a cada língua indígena desaparecida corresponde um complexo cognitivo rico em especificidades que se perde para o povo afetado e para todo o gênero humano.
    [Show full text]
  • Ideology of Kisêdjê Political Leadership” André Drago University of São Paulo, Andre [email protected]
    Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America ISSN: 2572-3626 (online) Volume 15 Issue 1 Remembering William T. Vickers Article 14 (1942–2016) 6-15-2017 The olitP ical Man as a Sick Animal: On the “Ideology of Kisêdjê Political Leadership” André Drago University of São Paulo, [email protected] Follow this and additional works at: https://digitalcommons.trinity.edu/tipiti Part of the Archaeological Anthropology Commons, Civic and Community Engagement Commons, Family, Life Course, and Society Commons, Folklore Commons, Gender and Sexuality Commons, Human Geography Commons, Inequality and Stratification Commons, Latin American Studies Commons, Linguistic Anthropology Commons, Nature and Society Relations Commons, Public Policy Commons, Social and Cultural Anthropology Commons, and the Work, Economy and Organizations Commons Recommended Citation Drago, André (2017). "The oP litical Man as a Sick Animal: On the “Ideology of Kisêdjê Political Leadership”," Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America: Vol. 15: Iss. 1, Article 14, 77-97. Available at: https://digitalcommons.trinity.edu/tipiti/vol15/iss1/14 This Article is brought to you for free and open access by Digital Commons @ Trinity. It has been accepted for inclusion in Tipití: Journal of the Society for the Anthropology of Lowland South America by an authorized editor of Digital Commons @ Trinity. For more information, please contact [email protected]. ARTICLE ____________________________________________________________________________________ The Political Man as a Sick Animal: On the “Ideology of Kisêdjê Political Leadership” André Drago Centro de Estudos Ameríndios Universidade de São Paulo BRAZIL Introduction Pierre Clastres’ take on Amerindian politics drew upon an image as old as the first Iberian New World chronicles, namely, the “powerless chief,” a non-authority supposedly lacking any coercive and, therefore, effective means to rule.
    [Show full text]
  • The Human Rights Situation of Indigenous Peoples in Brazil
    The human rights situation of indigenous peoples in Brazil Joint submission for the third monitoring cycle of Brazil in the Universal Periodic Review mechanism of the UN Human Rights Council Joint submission led by: APIB – Articulação dos Povos Indígenas do Brasil APIB (Articulation of Indigenous Peoples of Brazil) was established in 2005 with the aim of strengthening the unity among indigenous peoples and the better coordination of the country’s indigenous peoples and organisations; unifying the fight and pleads of indigenous peoples, and the politics of the indigenous movement; and mobilizing indigenous peoples and organisations in Brazil against the threats to and assaults on indigenous rights. APIB is composed by indigenous representatives from the 5 country’s regions: APOINME, Conselho Terena, ARPINSUDESTE, Comissão Guarani Yvyrupá, ARPINSUL, ATY GUASSÚ and COIAB. Address: CLN 407 Bl. C Lojas 51/55 - 70.855-530 - Brasília-DF E-mail: [email protected] - https://mobilizacaonacionalindigena.wordpress.com/ RCA – Rede de Cooperação Amazônica Established in 2000, the RCA (Amazonian Cooperation Network) has the mission of promoting cooperation and the exchange of knowledge and experiences between indigenous and indigenist organisations active in Brazilian Amazonia, in order to strengthen the autonomy and increase the sustainability of indigenous peoples in Brazil. It is composed of 13 member organisations: AMAAIC, Apina, ATIX, CIR, CTI, CPI-AC, FOIRN, Hutukara, Iepé, ISA, OGM, opiac and Wyty-Cate. Address: Rua Professor Monjardino, 19 - 05625-160 – São Paulo – SP - Tel +55.11. 3746-7912 E-mail: [email protected] - www.rca.org.br Plataforma de Direitos Humanos - DHesca Brasil The Plataforma de Direitos Humanos (Human Rights Platform) – Dhesca Brasil – is a network formed by 40 civil society organisations that develops initiatives promoting and defending human rights, as well as the reparation of rights violations.
    [Show full text]
  • Universidade Federal Do Sul E Sudeste Do Pará Instituto De Ciências Humanas Faculdade De Ciências Da Educação
    UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO PARKAPREKTI KOKAPROTI JOKUKREKAPREKRE O ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA MATERNA KYIKATEJÊ: O DESAFIO DA MANUTENÇÃO DA ORALIDADE NOS DIÁLOGOS COTIDIANOS MARABÁ/PA 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO SUL E SUDESTE DO PARÁ INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO PARKAPREKTI KOKAPROTI JOKUKREKAPREKRE O ENSINO E APRENDIZAGEM DA LÍNGUA MATERNA KYIKATEJÊ: O DESAFIO DA MANUTENÇÃO DA ORALIDADE NOS DIÁLOGOS COTIDIANOS Trabalho de Conclusão de Curso - TCC apresentado à Faculdade de Ciências da Educação da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará como requisito parcial para obtenção do título de Graduação em Pedagogia, sob orientação da Profª Drª Ana Clédina Rodrigues Gomes. MARABÁ/PA 2017 Monografia apresentada como requisito necessário para obtenção do título de Licenciada em Pedagogia, submetida à avaliação da banca examinadora aprovada pelo colegiado do Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará. CONCEITO: ________________ APROVADO EM ___ /___ /___ BANCA EXAMINADORA ___________________________________________________________________ Profª. Drª. Ana Clédina Rodrigues Gomes (Orientadora) ___________________________________________________________________ Profª. Ma.Vanja Elizabeth Sousa Costa (Examinadora Interna) ___________________________________________________________________ Prof. Me.Janailson Macedo Luiz (Examinador Externo) Dedico este trabalho à Jõpeptyti Jonhopore Akrãkaprekti, minha avó materna, pelo incentivo que me deu na preservação de minha língua materna. AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me concedido chegar até aqui. À minha família, que sempre me apoiou para que eu viesse a obter esta conquista. Aos professores do curso de Pedagogia, que deixaram em mim sementes de conhecimentos que irei guardar eternamente. Aos meus colegas de sala de aula, por estarem sempre juntos nesta caminhada árdua, mas gratificante.
    [Show full text]
  • Five Hundred Years of Brazil's Social- Linguistic History: a Retrospective1
    doi: http://dx.doi.org/10.5007/1984- 8412. 2018v 15n2p309 3 FIVE HUNDRED YEARS OF BRAZIL’S SOCIAL- LINGUISTIC HISTORY: A RETROSPECTIVE1 QUINHENTOS ANOS DE HISTÓRIA SOCIAL-LINGUÍSTICA DO BRASIL: UMA RETROSPECTIVA QUINIENTOS AÑOS DE HISTORIA SOCIAL-LINGÜÍSTICA DE BRASIL: UNA RETROSPECTIVA Wagner Argolo Nobre∗ União Metropolitana de Educação e Cultura ABSTRACT: In this article, we traced the five hundred years of Brazil’s social-linguistic history, commenting and criticizing moments that we considered crucial along the way. Hence, we began in the 16th century, with the arrival of the Portuguese colonizers, dealing with aspects such as the adoption of Tupinambá as the language for the initial contact, together with its consequences. Later in the same century, we approached the arrival of Africans and the linguistic consequences that this important demographic fact would bring to the linguistic contact scene in the following centuries. Finally, we dealt with the Post-Independence Brazilian linguistic situation, emphasizing the remaining indigenous languages, the European and Asiatic immigration languages, which arrived during the 19th century, and the current frame of the Portuguese language in Brazil. KEYWORDS: Historical Linguistics. Brazil. Multilingualism. Linguistic contact. RESUMO: Neste artigo, procuramos traçar os quinhentos anos de história social-linguística do Brasil, abordando, comentando e criticando momentos que consideramos cruciais ao longo de tal percurso. Assim, começamos pelo século XVI, com a chegada dos colonizadores portugueses, tratando de aspectos como a adoção do tupinambá, por parte destes, como língua de contato inicial, assim como de suas consequências. Em seguida, ainda no mesmo século, abordamos a chegada dos africanos e as consequências linguísticas que este importante fator demográfico traria para o cenário de contato linguístico nos séculos seguintes.
    [Show full text]